Movimentos de apoio a Tabata e Boulos colocam candidatos em rota de colisão por causa de voto útil


Intelectuais, artistas e ex-ministros formam dois grupos e assinam manifestos em apoio às campanhas de Guilherme Boulos e de Tabata Amaral

Por Karina Ferreira
Atualização:

Na reta final das eleições de 2024, intelectuais, ex-ministros e artistas assinaram documentos em apoio aos candidatos à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB). Os movimentos remetem à frente ampla formada no pleito de 2022, para impedir que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) continuasse no poder, mas acabam colocando em rota de colisão os dois candidatos que são do mesmo espectro político – pertencem a partidos da esquerda.

A carta assinada em favor de Boulos defende o voto útil, convocando “todas as pessoas comprometidas com a democracia e o futuro da República” para impedir que “dois candidatos do campo bolsonarista”, nominando o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), cheguem ao segundo turno. Já o documento em prol da deputada federal apela para que o eleitor não faça “supostos cálculos de conveniência”, se referindo a possibilidade de optarem pelo voto útil.

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Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) durante debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo na TV Record no último sábado, 28. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O manifesto pelo candidato do PSOL também admite que alguns dos signatários provavelmente não escolheriam ele na primeira etapa da votação, mas assim o farão para “evitar o desfecho trágico de um segundo turno entre dois bolsonaristas”. Mais de 160 intelectuais e artistas assinam o manifesto.

Entre eles, o jornalista e professor Eugênio Bucci; o jornalista Juca Kfouri; a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz; o neurocientista Sidarta Ribeiro; a escritora e filósofa Marilena Chauí; o cientista político e professor André Singer; Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog; o escritor e dramaturgo Marcelo Rubens Paiva; o ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro; o ex-jogador de futebol Raí e o apresentador de TV Zeca Camargo.

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Já a carta de apoio a Tabata é assinada por 31 nomes, entre economistas, ex-ministros e intelectuais, como o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Jr.; o ex-ministro da Casa Civil Clovis Carvalho; ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero; o ex-chefe da Casa Civil da Prefeitura Orlando Faria; o ex-CEO do Itaú Candido Bracher; a jurista Flávia Piovesan; o ex-embaixador na Austrália Fernando de Mello Barreto; o presidente da Academia Paulista de Educação Hubert Alqueres, entre outros, além de grupos de trabalho dos signatários, conselhos político e estratégico e consultores especialistas.

O documento, assinado por “cidadãos e cidadãs em apoio a Tabata Amaral”, pede que o eleitor vote “com a mesma coragem” da candidata e diz que “cada voto nela é um ato de força e amor em direção a uma cidade inclusiva e justa”.

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Segundo a pesquisa Real Time Big Data divulgada nesta quarta-feira, 2, Boulos, Nunes e Marçal estão em empatados tecnicamente na liderança da disputa pelo cargo de prefeito. A quatro dias do primeiro turno, Boulos tem 26% das intenções de voto, enquanto os outros dois têm 25% cada. Tabata aparece na sequência, com 11%. Nos resultados mais recentes dos principais institutos de pesquisa, o cenário de empate se repete, com pouca variação numérica.

Nos possíveis cenários de segundo turno, Boulos perde para Nunes e empata com Marçal – resultados desconsiderados no argumento do movimento que defende o voto útil no candidato do PSOL. A mesma pesquisa mostra que Nunes venceria Boulos por 48% a 35%, enquanto no confronto Boulos versus Marçal, o resultado seria 40% e 39%, respectivamente.

O movimento de apoio a Tabata, por sua vez, faz uma tentativa de compensar a baixa intenção de voto da candidata com o argumento de que ela é a única que venceria tanto de Marçal quanto de Nunes numa eventual segunda etapa do pleito.

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A última pesquisa Atlas, divulgada nesta segunda-feira, 30, testou Tabata contra os adversários. A deputada ganha de Marçal por 56% a 38% e de Nunes por 44% a 42%, mas perde de Boulos por 37% a 35%. Nos cenários com o prefeito e com o deputado federal, a deputada empata dentro da margem de erro.

Para que essas hipóteses de segundo turno se concretizem, contudo, a candidato do PSB precisa, em quatro dias, reverter a diferença de 14 pontos porcentuais que tem dos adversários.

Apesar de ser de um partido de esquerda, Tabata tenta atrair eleitores de Nunes e Marçal. Entre as estratégias para chegar à segunda fase das eleições, a candidata acena, por exemplo, aos evangélicos. Segundo a última pesquisa Atlas, 39,3% desses eleitores votam em Marçal. No penúltimo debate da corrida eleitoral, promovido pela Folha/Uol neste segunda-feira, 30, a candidata chegou a intervir em meio ao embate sobre quem sabia citar versículos, protagonizado por Nunes e Marçal, se dirigindo ao eleitor e afirmando que “a igreja salvou sua vida”, mas que “uma verdadeira cristã” não usa a religião para angariar votos.

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Outra foco desses movimentos favoráveis aos candidatos às vésperas do pleito é a grande fatia do eleitorado que ainda não decidiu em quem votar. Na pesquisa espontânea da Quaest, em que não são apresentados nomes dos candidatos aos eleitores, 45% se disseram indecisos.

O Datafolha do último dia 26 mostrou que 28% ainda não sabem em quem votar. A parcela de mulheres é alta – 35% se dizem indecisas. O público feminino, por exemplo, é um dos alvos das campanhas. De olho nesse segmento, Tabata e Boulos aproveitaram o deslize do adversário no último debate e rebateram a declaração de Marçal de que “mulher não vota em mulher porque é inteligente”.

Manifesto em apoio a Guilherme Boulos

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Manifesto Frente Ampla

Em poucos dias iremos às urnas definir o futuro das nossas cidades. Serão as primeiras eleições depois de o Brasil ter vivido uma das jornadas democráticas mais importantes de sua história: a construção de uma ampla frente em defesa da democracia nas eleições presidenciais de 2022. A vitória foi grande, mas não definitiva. O bolsonarismo se reorganizou e continua ativo, sem recuar um milímetro em seu programa, cujo cerne é destruir os direitos mais básicos da república brasileira.

Neste exato momento, bolsonaristas de todo o país se articulam para transformar o próximo domingo em um momento de virada. Esse bloco antidemocrático tem dois objetivos: dar uma grande demonstração de força e colocar as máquinas de muitas prefeituras importantes do Brasil a serviço da candidatura presidencial do bolsonarismo em 2026.

A situação de São Paulo — a maior cidade do país — é especialmente preocupante, porque estamos diante do risco da passagem ao segundo turno de dois candidatos do campo bolsonarista: Pablo Marçal e Ricardo Nunes. Um resultado como este representaria a consagração, pelo voto popular, da violência política, do negacionismo científico, do descaso com os mais pobres, do desprezo para com a cultura, pelas minorias, pela democracia e pelas instituições democráticas.

A frente ampla que impediu Bolsonaro de permanecer no poder precisa se levantar novamente para evitar que este segundo turno de vitória do bolsonarismo aconteça. Quando olhamos para as pesquisas, fica evidente como o candidato que reúne as melhores condições de evitar o desfecho trágico de um segundo turno entre dois bolsonaristas é Guilherme Boulos. Possivelmente, alguns dos signatários deste manifesto têm preferências por outras candidaturas e só votaria em Boulos no segundo turno, mas reconhecem que estamos diante de um risco que a cidade e o país não podem correr. Diante disso, fazemos um chamado a todas as pessoas comprometidas com a democracia e o futuro da república para que votemos já neste domingo, dia 6 de outubro de 2024, em Guilherme Boulos.

Manifesto em apoio a Tabata Amaral

Carta Aberta à Cidade de São Paulo: Vamos votar pelo futuro

São Paulo se reinventa todos os dias. Em outubro, é a chance de torná-la melhor.

Tabata Amaral representa coragem, competência e compromisso com a inclusão social.

Em seis anos como deputada federal, ela aprovou 20 projetos de lei fundamentais em áreas como educação, proteção social e meio ambiente. Sua capacidade de construir consensos está provad

São Paulo é complexa, com desafios substanciais. A próxima prefeita tem de compreender isso. Tem de ser líder, séria, corajosa, eficiente e cercada por especialistas e pessoas respeitadas da política.

Esta liderança é Tabata. Votar nela é optar por mais igualdade e mais oportunidades para todas as pessoas.

Mulheres como Tabata na política são essenciais. Ética e transparente, ela tem feito a diferença na vida dos brasileiros. Agora, ela pode transformar a vida dos paulistanos.

Neste primeiro turno, não vamos adiar nossos sonhos. Podemos escolher, agora, uma São Paulo melhor. Não é hora de supostos cálculos de conveniência.

O futuro é agora. Vamos votar com a mesma coragem de Tabata. Cada voto nela é um ato de força e amor em direção a uma cidade inclusiva e justa.

Vamos votar TABATA 40. Com esperança e convicção.

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Na reta final das eleições de 2024, intelectuais, ex-ministros e artistas assinaram documentos em apoio aos candidatos à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB). Os movimentos remetem à frente ampla formada no pleito de 2022, para impedir que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) continuasse no poder, mas acabam colocando em rota de colisão os dois candidatos que são do mesmo espectro político – pertencem a partidos da esquerda.

A carta assinada em favor de Boulos defende o voto útil, convocando “todas as pessoas comprometidas com a democracia e o futuro da República” para impedir que “dois candidatos do campo bolsonarista”, nominando o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), cheguem ao segundo turno. Já o documento em prol da deputada federal apela para que o eleitor não faça “supostos cálculos de conveniência”, se referindo a possibilidade de optarem pelo voto útil.

Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) durante debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo na TV Record no último sábado, 28. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O manifesto pelo candidato do PSOL também admite que alguns dos signatários provavelmente não escolheriam ele na primeira etapa da votação, mas assim o farão para “evitar o desfecho trágico de um segundo turno entre dois bolsonaristas”. Mais de 160 intelectuais e artistas assinam o manifesto.

Entre eles, o jornalista e professor Eugênio Bucci; o jornalista Juca Kfouri; a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz; o neurocientista Sidarta Ribeiro; a escritora e filósofa Marilena Chauí; o cientista político e professor André Singer; Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog; o escritor e dramaturgo Marcelo Rubens Paiva; o ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro; o ex-jogador de futebol Raí e o apresentador de TV Zeca Camargo.

Já a carta de apoio a Tabata é assinada por 31 nomes, entre economistas, ex-ministros e intelectuais, como o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Jr.; o ex-ministro da Casa Civil Clovis Carvalho; ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero; o ex-chefe da Casa Civil da Prefeitura Orlando Faria; o ex-CEO do Itaú Candido Bracher; a jurista Flávia Piovesan; o ex-embaixador na Austrália Fernando de Mello Barreto; o presidente da Academia Paulista de Educação Hubert Alqueres, entre outros, além de grupos de trabalho dos signatários, conselhos político e estratégico e consultores especialistas.

O documento, assinado por “cidadãos e cidadãs em apoio a Tabata Amaral”, pede que o eleitor vote “com a mesma coragem” da candidata e diz que “cada voto nela é um ato de força e amor em direção a uma cidade inclusiva e justa”.

Segundo a pesquisa Real Time Big Data divulgada nesta quarta-feira, 2, Boulos, Nunes e Marçal estão em empatados tecnicamente na liderança da disputa pelo cargo de prefeito. A quatro dias do primeiro turno, Boulos tem 26% das intenções de voto, enquanto os outros dois têm 25% cada. Tabata aparece na sequência, com 11%. Nos resultados mais recentes dos principais institutos de pesquisa, o cenário de empate se repete, com pouca variação numérica.

Nos possíveis cenários de segundo turno, Boulos perde para Nunes e empata com Marçal – resultados desconsiderados no argumento do movimento que defende o voto útil no candidato do PSOL. A mesma pesquisa mostra que Nunes venceria Boulos por 48% a 35%, enquanto no confronto Boulos versus Marçal, o resultado seria 40% e 39%, respectivamente.

O movimento de apoio a Tabata, por sua vez, faz uma tentativa de compensar a baixa intenção de voto da candidata com o argumento de que ela é a única que venceria tanto de Marçal quanto de Nunes numa eventual segunda etapa do pleito.

A última pesquisa Atlas, divulgada nesta segunda-feira, 30, testou Tabata contra os adversários. A deputada ganha de Marçal por 56% a 38% e de Nunes por 44% a 42%, mas perde de Boulos por 37% a 35%. Nos cenários com o prefeito e com o deputado federal, a deputada empata dentro da margem de erro.

Para que essas hipóteses de segundo turno se concretizem, contudo, a candidato do PSB precisa, em quatro dias, reverter a diferença de 14 pontos porcentuais que tem dos adversários.

Apesar de ser de um partido de esquerda, Tabata tenta atrair eleitores de Nunes e Marçal. Entre as estratégias para chegar à segunda fase das eleições, a candidata acena, por exemplo, aos evangélicos. Segundo a última pesquisa Atlas, 39,3% desses eleitores votam em Marçal. No penúltimo debate da corrida eleitoral, promovido pela Folha/Uol neste segunda-feira, 30, a candidata chegou a intervir em meio ao embate sobre quem sabia citar versículos, protagonizado por Nunes e Marçal, se dirigindo ao eleitor e afirmando que “a igreja salvou sua vida”, mas que “uma verdadeira cristã” não usa a religião para angariar votos.

Outra foco desses movimentos favoráveis aos candidatos às vésperas do pleito é a grande fatia do eleitorado que ainda não decidiu em quem votar. Na pesquisa espontânea da Quaest, em que não são apresentados nomes dos candidatos aos eleitores, 45% se disseram indecisos.

O Datafolha do último dia 26 mostrou que 28% ainda não sabem em quem votar. A parcela de mulheres é alta – 35% se dizem indecisas. O público feminino, por exemplo, é um dos alvos das campanhas. De olho nesse segmento, Tabata e Boulos aproveitaram o deslize do adversário no último debate e rebateram a declaração de Marçal de que “mulher não vota em mulher porque é inteligente”.

Manifesto em apoio a Guilherme Boulos

Manifesto Frente Ampla

Em poucos dias iremos às urnas definir o futuro das nossas cidades. Serão as primeiras eleições depois de o Brasil ter vivido uma das jornadas democráticas mais importantes de sua história: a construção de uma ampla frente em defesa da democracia nas eleições presidenciais de 2022. A vitória foi grande, mas não definitiva. O bolsonarismo se reorganizou e continua ativo, sem recuar um milímetro em seu programa, cujo cerne é destruir os direitos mais básicos da república brasileira.

Neste exato momento, bolsonaristas de todo o país se articulam para transformar o próximo domingo em um momento de virada. Esse bloco antidemocrático tem dois objetivos: dar uma grande demonstração de força e colocar as máquinas de muitas prefeituras importantes do Brasil a serviço da candidatura presidencial do bolsonarismo em 2026.

A situação de São Paulo — a maior cidade do país — é especialmente preocupante, porque estamos diante do risco da passagem ao segundo turno de dois candidatos do campo bolsonarista: Pablo Marçal e Ricardo Nunes. Um resultado como este representaria a consagração, pelo voto popular, da violência política, do negacionismo científico, do descaso com os mais pobres, do desprezo para com a cultura, pelas minorias, pela democracia e pelas instituições democráticas.

A frente ampla que impediu Bolsonaro de permanecer no poder precisa se levantar novamente para evitar que este segundo turno de vitória do bolsonarismo aconteça. Quando olhamos para as pesquisas, fica evidente como o candidato que reúne as melhores condições de evitar o desfecho trágico de um segundo turno entre dois bolsonaristas é Guilherme Boulos. Possivelmente, alguns dos signatários deste manifesto têm preferências por outras candidaturas e só votaria em Boulos no segundo turno, mas reconhecem que estamos diante de um risco que a cidade e o país não podem correr. Diante disso, fazemos um chamado a todas as pessoas comprometidas com a democracia e o futuro da república para que votemos já neste domingo, dia 6 de outubro de 2024, em Guilherme Boulos.

Manifesto em apoio a Tabata Amaral

Carta Aberta à Cidade de São Paulo: Vamos votar pelo futuro

São Paulo se reinventa todos os dias. Em outubro, é a chance de torná-la melhor.

Tabata Amaral representa coragem, competência e compromisso com a inclusão social.

Em seis anos como deputada federal, ela aprovou 20 projetos de lei fundamentais em áreas como educação, proteção social e meio ambiente. Sua capacidade de construir consensos está provad

São Paulo é complexa, com desafios substanciais. A próxima prefeita tem de compreender isso. Tem de ser líder, séria, corajosa, eficiente e cercada por especialistas e pessoas respeitadas da política.

Esta liderança é Tabata. Votar nela é optar por mais igualdade e mais oportunidades para todas as pessoas.

Mulheres como Tabata na política são essenciais. Ética e transparente, ela tem feito a diferença na vida dos brasileiros. Agora, ela pode transformar a vida dos paulistanos.

Neste primeiro turno, não vamos adiar nossos sonhos. Podemos escolher, agora, uma São Paulo melhor. Não é hora de supostos cálculos de conveniência.

O futuro é agora. Vamos votar com a mesma coragem de Tabata. Cada voto nela é um ato de força e amor em direção a uma cidade inclusiva e justa.

Vamos votar TABATA 40. Com esperança e convicção.

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Na reta final das eleições de 2024, intelectuais, ex-ministros e artistas assinaram documentos em apoio aos candidatos à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB). Os movimentos remetem à frente ampla formada no pleito de 2022, para impedir que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) continuasse no poder, mas acabam colocando em rota de colisão os dois candidatos que são do mesmo espectro político – pertencem a partidos da esquerda.

A carta assinada em favor de Boulos defende o voto útil, convocando “todas as pessoas comprometidas com a democracia e o futuro da República” para impedir que “dois candidatos do campo bolsonarista”, nominando o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), cheguem ao segundo turno. Já o documento em prol da deputada federal apela para que o eleitor não faça “supostos cálculos de conveniência”, se referindo a possibilidade de optarem pelo voto útil.

Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) durante debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo na TV Record no último sábado, 28. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O manifesto pelo candidato do PSOL também admite que alguns dos signatários provavelmente não escolheriam ele na primeira etapa da votação, mas assim o farão para “evitar o desfecho trágico de um segundo turno entre dois bolsonaristas”. Mais de 160 intelectuais e artistas assinam o manifesto.

Entre eles, o jornalista e professor Eugênio Bucci; o jornalista Juca Kfouri; a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz; o neurocientista Sidarta Ribeiro; a escritora e filósofa Marilena Chauí; o cientista político e professor André Singer; Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog; o escritor e dramaturgo Marcelo Rubens Paiva; o ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro; o ex-jogador de futebol Raí e o apresentador de TV Zeca Camargo.

Já a carta de apoio a Tabata é assinada por 31 nomes, entre economistas, ex-ministros e intelectuais, como o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Jr.; o ex-ministro da Casa Civil Clovis Carvalho; ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero; o ex-chefe da Casa Civil da Prefeitura Orlando Faria; o ex-CEO do Itaú Candido Bracher; a jurista Flávia Piovesan; o ex-embaixador na Austrália Fernando de Mello Barreto; o presidente da Academia Paulista de Educação Hubert Alqueres, entre outros, além de grupos de trabalho dos signatários, conselhos político e estratégico e consultores especialistas.

O documento, assinado por “cidadãos e cidadãs em apoio a Tabata Amaral”, pede que o eleitor vote “com a mesma coragem” da candidata e diz que “cada voto nela é um ato de força e amor em direção a uma cidade inclusiva e justa”.

Segundo a pesquisa Real Time Big Data divulgada nesta quarta-feira, 2, Boulos, Nunes e Marçal estão em empatados tecnicamente na liderança da disputa pelo cargo de prefeito. A quatro dias do primeiro turno, Boulos tem 26% das intenções de voto, enquanto os outros dois têm 25% cada. Tabata aparece na sequência, com 11%. Nos resultados mais recentes dos principais institutos de pesquisa, o cenário de empate se repete, com pouca variação numérica.

Nos possíveis cenários de segundo turno, Boulos perde para Nunes e empata com Marçal – resultados desconsiderados no argumento do movimento que defende o voto útil no candidato do PSOL. A mesma pesquisa mostra que Nunes venceria Boulos por 48% a 35%, enquanto no confronto Boulos versus Marçal, o resultado seria 40% e 39%, respectivamente.

O movimento de apoio a Tabata, por sua vez, faz uma tentativa de compensar a baixa intenção de voto da candidata com o argumento de que ela é a única que venceria tanto de Marçal quanto de Nunes numa eventual segunda etapa do pleito.

A última pesquisa Atlas, divulgada nesta segunda-feira, 30, testou Tabata contra os adversários. A deputada ganha de Marçal por 56% a 38% e de Nunes por 44% a 42%, mas perde de Boulos por 37% a 35%. Nos cenários com o prefeito e com o deputado federal, a deputada empata dentro da margem de erro.

Para que essas hipóteses de segundo turno se concretizem, contudo, a candidato do PSB precisa, em quatro dias, reverter a diferença de 14 pontos porcentuais que tem dos adversários.

Apesar de ser de um partido de esquerda, Tabata tenta atrair eleitores de Nunes e Marçal. Entre as estratégias para chegar à segunda fase das eleições, a candidata acena, por exemplo, aos evangélicos. Segundo a última pesquisa Atlas, 39,3% desses eleitores votam em Marçal. No penúltimo debate da corrida eleitoral, promovido pela Folha/Uol neste segunda-feira, 30, a candidata chegou a intervir em meio ao embate sobre quem sabia citar versículos, protagonizado por Nunes e Marçal, se dirigindo ao eleitor e afirmando que “a igreja salvou sua vida”, mas que “uma verdadeira cristã” não usa a religião para angariar votos.

Outra foco desses movimentos favoráveis aos candidatos às vésperas do pleito é a grande fatia do eleitorado que ainda não decidiu em quem votar. Na pesquisa espontânea da Quaest, em que não são apresentados nomes dos candidatos aos eleitores, 45% se disseram indecisos.

O Datafolha do último dia 26 mostrou que 28% ainda não sabem em quem votar. A parcela de mulheres é alta – 35% se dizem indecisas. O público feminino, por exemplo, é um dos alvos das campanhas. De olho nesse segmento, Tabata e Boulos aproveitaram o deslize do adversário no último debate e rebateram a declaração de Marçal de que “mulher não vota em mulher porque é inteligente”.

Manifesto em apoio a Guilherme Boulos

Manifesto Frente Ampla

Em poucos dias iremos às urnas definir o futuro das nossas cidades. Serão as primeiras eleições depois de o Brasil ter vivido uma das jornadas democráticas mais importantes de sua história: a construção de uma ampla frente em defesa da democracia nas eleições presidenciais de 2022. A vitória foi grande, mas não definitiva. O bolsonarismo se reorganizou e continua ativo, sem recuar um milímetro em seu programa, cujo cerne é destruir os direitos mais básicos da república brasileira.

Neste exato momento, bolsonaristas de todo o país se articulam para transformar o próximo domingo em um momento de virada. Esse bloco antidemocrático tem dois objetivos: dar uma grande demonstração de força e colocar as máquinas de muitas prefeituras importantes do Brasil a serviço da candidatura presidencial do bolsonarismo em 2026.

A situação de São Paulo — a maior cidade do país — é especialmente preocupante, porque estamos diante do risco da passagem ao segundo turno de dois candidatos do campo bolsonarista: Pablo Marçal e Ricardo Nunes. Um resultado como este representaria a consagração, pelo voto popular, da violência política, do negacionismo científico, do descaso com os mais pobres, do desprezo para com a cultura, pelas minorias, pela democracia e pelas instituições democráticas.

A frente ampla que impediu Bolsonaro de permanecer no poder precisa se levantar novamente para evitar que este segundo turno de vitória do bolsonarismo aconteça. Quando olhamos para as pesquisas, fica evidente como o candidato que reúne as melhores condições de evitar o desfecho trágico de um segundo turno entre dois bolsonaristas é Guilherme Boulos. Possivelmente, alguns dos signatários deste manifesto têm preferências por outras candidaturas e só votaria em Boulos no segundo turno, mas reconhecem que estamos diante de um risco que a cidade e o país não podem correr. Diante disso, fazemos um chamado a todas as pessoas comprometidas com a democracia e o futuro da república para que votemos já neste domingo, dia 6 de outubro de 2024, em Guilherme Boulos.

Manifesto em apoio a Tabata Amaral

Carta Aberta à Cidade de São Paulo: Vamos votar pelo futuro

São Paulo se reinventa todos os dias. Em outubro, é a chance de torná-la melhor.

Tabata Amaral representa coragem, competência e compromisso com a inclusão social.

Em seis anos como deputada federal, ela aprovou 20 projetos de lei fundamentais em áreas como educação, proteção social e meio ambiente. Sua capacidade de construir consensos está provad

São Paulo é complexa, com desafios substanciais. A próxima prefeita tem de compreender isso. Tem de ser líder, séria, corajosa, eficiente e cercada por especialistas e pessoas respeitadas da política.

Esta liderança é Tabata. Votar nela é optar por mais igualdade e mais oportunidades para todas as pessoas.

Mulheres como Tabata na política são essenciais. Ética e transparente, ela tem feito a diferença na vida dos brasileiros. Agora, ela pode transformar a vida dos paulistanos.

Neste primeiro turno, não vamos adiar nossos sonhos. Podemos escolher, agora, uma São Paulo melhor. Não é hora de supostos cálculos de conveniência.

O futuro é agora. Vamos votar com a mesma coragem de Tabata. Cada voto nela é um ato de força e amor em direção a uma cidade inclusiva e justa.

Vamos votar TABATA 40. Com esperança e convicção.

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Na reta final das eleições de 2024, intelectuais, ex-ministros e artistas assinaram documentos em apoio aos candidatos à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB). Os movimentos remetem à frente ampla formada no pleito de 2022, para impedir que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) continuasse no poder, mas acabam colocando em rota de colisão os dois candidatos que são do mesmo espectro político – pertencem a partidos da esquerda.

A carta assinada em favor de Boulos defende o voto útil, convocando “todas as pessoas comprometidas com a democracia e o futuro da República” para impedir que “dois candidatos do campo bolsonarista”, nominando o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), cheguem ao segundo turno. Já o documento em prol da deputada federal apela para que o eleitor não faça “supostos cálculos de conveniência”, se referindo a possibilidade de optarem pelo voto útil.

Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) durante debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo na TV Record no último sábado, 28. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O manifesto pelo candidato do PSOL também admite que alguns dos signatários provavelmente não escolheriam ele na primeira etapa da votação, mas assim o farão para “evitar o desfecho trágico de um segundo turno entre dois bolsonaristas”. Mais de 160 intelectuais e artistas assinam o manifesto.

Entre eles, o jornalista e professor Eugênio Bucci; o jornalista Juca Kfouri; a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz; o neurocientista Sidarta Ribeiro; a escritora e filósofa Marilena Chauí; o cientista político e professor André Singer; Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog; o escritor e dramaturgo Marcelo Rubens Paiva; o ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro; o ex-jogador de futebol Raí e o apresentador de TV Zeca Camargo.

Já a carta de apoio a Tabata é assinada por 31 nomes, entre economistas, ex-ministros e intelectuais, como o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Jr.; o ex-ministro da Casa Civil Clovis Carvalho; ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero; o ex-chefe da Casa Civil da Prefeitura Orlando Faria; o ex-CEO do Itaú Candido Bracher; a jurista Flávia Piovesan; o ex-embaixador na Austrália Fernando de Mello Barreto; o presidente da Academia Paulista de Educação Hubert Alqueres, entre outros, além de grupos de trabalho dos signatários, conselhos político e estratégico e consultores especialistas.

O documento, assinado por “cidadãos e cidadãs em apoio a Tabata Amaral”, pede que o eleitor vote “com a mesma coragem” da candidata e diz que “cada voto nela é um ato de força e amor em direção a uma cidade inclusiva e justa”.

Segundo a pesquisa Real Time Big Data divulgada nesta quarta-feira, 2, Boulos, Nunes e Marçal estão em empatados tecnicamente na liderança da disputa pelo cargo de prefeito. A quatro dias do primeiro turno, Boulos tem 26% das intenções de voto, enquanto os outros dois têm 25% cada. Tabata aparece na sequência, com 11%. Nos resultados mais recentes dos principais institutos de pesquisa, o cenário de empate se repete, com pouca variação numérica.

Nos possíveis cenários de segundo turno, Boulos perde para Nunes e empata com Marçal – resultados desconsiderados no argumento do movimento que defende o voto útil no candidato do PSOL. A mesma pesquisa mostra que Nunes venceria Boulos por 48% a 35%, enquanto no confronto Boulos versus Marçal, o resultado seria 40% e 39%, respectivamente.

O movimento de apoio a Tabata, por sua vez, faz uma tentativa de compensar a baixa intenção de voto da candidata com o argumento de que ela é a única que venceria tanto de Marçal quanto de Nunes numa eventual segunda etapa do pleito.

A última pesquisa Atlas, divulgada nesta segunda-feira, 30, testou Tabata contra os adversários. A deputada ganha de Marçal por 56% a 38% e de Nunes por 44% a 42%, mas perde de Boulos por 37% a 35%. Nos cenários com o prefeito e com o deputado federal, a deputada empata dentro da margem de erro.

Para que essas hipóteses de segundo turno se concretizem, contudo, a candidato do PSB precisa, em quatro dias, reverter a diferença de 14 pontos porcentuais que tem dos adversários.

Apesar de ser de um partido de esquerda, Tabata tenta atrair eleitores de Nunes e Marçal. Entre as estratégias para chegar à segunda fase das eleições, a candidata acena, por exemplo, aos evangélicos. Segundo a última pesquisa Atlas, 39,3% desses eleitores votam em Marçal. No penúltimo debate da corrida eleitoral, promovido pela Folha/Uol neste segunda-feira, 30, a candidata chegou a intervir em meio ao embate sobre quem sabia citar versículos, protagonizado por Nunes e Marçal, se dirigindo ao eleitor e afirmando que “a igreja salvou sua vida”, mas que “uma verdadeira cristã” não usa a religião para angariar votos.

Outra foco desses movimentos favoráveis aos candidatos às vésperas do pleito é a grande fatia do eleitorado que ainda não decidiu em quem votar. Na pesquisa espontânea da Quaest, em que não são apresentados nomes dos candidatos aos eleitores, 45% se disseram indecisos.

O Datafolha do último dia 26 mostrou que 28% ainda não sabem em quem votar. A parcela de mulheres é alta – 35% se dizem indecisas. O público feminino, por exemplo, é um dos alvos das campanhas. De olho nesse segmento, Tabata e Boulos aproveitaram o deslize do adversário no último debate e rebateram a declaração de Marçal de que “mulher não vota em mulher porque é inteligente”.

Manifesto em apoio a Guilherme Boulos

Manifesto Frente Ampla

Em poucos dias iremos às urnas definir o futuro das nossas cidades. Serão as primeiras eleições depois de o Brasil ter vivido uma das jornadas democráticas mais importantes de sua história: a construção de uma ampla frente em defesa da democracia nas eleições presidenciais de 2022. A vitória foi grande, mas não definitiva. O bolsonarismo se reorganizou e continua ativo, sem recuar um milímetro em seu programa, cujo cerne é destruir os direitos mais básicos da república brasileira.

Neste exato momento, bolsonaristas de todo o país se articulam para transformar o próximo domingo em um momento de virada. Esse bloco antidemocrático tem dois objetivos: dar uma grande demonstração de força e colocar as máquinas de muitas prefeituras importantes do Brasil a serviço da candidatura presidencial do bolsonarismo em 2026.

A situação de São Paulo — a maior cidade do país — é especialmente preocupante, porque estamos diante do risco da passagem ao segundo turno de dois candidatos do campo bolsonarista: Pablo Marçal e Ricardo Nunes. Um resultado como este representaria a consagração, pelo voto popular, da violência política, do negacionismo científico, do descaso com os mais pobres, do desprezo para com a cultura, pelas minorias, pela democracia e pelas instituições democráticas.

A frente ampla que impediu Bolsonaro de permanecer no poder precisa se levantar novamente para evitar que este segundo turno de vitória do bolsonarismo aconteça. Quando olhamos para as pesquisas, fica evidente como o candidato que reúne as melhores condições de evitar o desfecho trágico de um segundo turno entre dois bolsonaristas é Guilherme Boulos. Possivelmente, alguns dos signatários deste manifesto têm preferências por outras candidaturas e só votaria em Boulos no segundo turno, mas reconhecem que estamos diante de um risco que a cidade e o país não podem correr. Diante disso, fazemos um chamado a todas as pessoas comprometidas com a democracia e o futuro da república para que votemos já neste domingo, dia 6 de outubro de 2024, em Guilherme Boulos.

Manifesto em apoio a Tabata Amaral

Carta Aberta à Cidade de São Paulo: Vamos votar pelo futuro

São Paulo se reinventa todos os dias. Em outubro, é a chance de torná-la melhor.

Tabata Amaral representa coragem, competência e compromisso com a inclusão social.

Em seis anos como deputada federal, ela aprovou 20 projetos de lei fundamentais em áreas como educação, proteção social e meio ambiente. Sua capacidade de construir consensos está provad

São Paulo é complexa, com desafios substanciais. A próxima prefeita tem de compreender isso. Tem de ser líder, séria, corajosa, eficiente e cercada por especialistas e pessoas respeitadas da política.

Esta liderança é Tabata. Votar nela é optar por mais igualdade e mais oportunidades para todas as pessoas.

Mulheres como Tabata na política são essenciais. Ética e transparente, ela tem feito a diferença na vida dos brasileiros. Agora, ela pode transformar a vida dos paulistanos.

Neste primeiro turno, não vamos adiar nossos sonhos. Podemos escolher, agora, uma São Paulo melhor. Não é hora de supostos cálculos de conveniência.

O futuro é agora. Vamos votar com a mesma coragem de Tabata. Cada voto nela é um ato de força e amor em direção a uma cidade inclusiva e justa.

Vamos votar TABATA 40. Com esperança e convicção.

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