Integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) usaram dois tratores para destruir, entre a tarde de sábado e a manhã deste domingo, cerca de 13 hectares de uma lavoura de sorgo da fazenda São Domingos, em Sandovalina, no Pontal do Paranapanema, invadida desde a quinta-feira. Os arados tombaram a terra sobre as plantas que estavam soltando cachos. O sorgo é um grão usado na composição de rações animais e tem valor nutritivo semelhante ao do milho. Os sem-terra disseram que vão cultivar alimentos na área. Os militantes transferiram para as terras da fazenda parte dos barracos que tinham montado em área de segurança da Usina Hidrelétrica Taquaruçu, pertencente à empresa Duke Energy. Segundo a Polícia Militar, entre 1.200 e 1.500 militantes permaneciam neste domingo nas duas áreas invadidas. A cultura de sorgo pertence a dois arrendatários e deveria ser colhida em cerca de 45 dias. O coordenador do MST, Laércio Barbosa, alegou que as terras são devolutas e devem ser transformadas em assentamento. "A fazenda foi desapropriada, mas os donos entraram com recurso só para ganhar tempo." Segundo ele, os arrendatários tinha conhecimento dessa situação. O advogado dos produtores, Coraldino Vendramini, entra nesta segunda-feira, no fórum de Pirapozinho, cidade sede da Comarca, com pedido de reintegração de posse da fazenda. Ele vai requerer a prisão dos líderes dos sem-terra pelos crimes de dano e de esbulho possessório. "Vou pedir também a apreensão dos tratores para tentar salvar o que sobrou da lavoura." O coordenador do MST já avisou que, se houver a reintegração de posse, os sem-terra vão para outra fazenda. "Nossa luta contra o latifúndio não vai parar." UDR vê leniência O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, disse que Segundo ele, o comando da Polícia Militar na região mostrou-se leniente em relação aos sem-terra. "A instituição, que é mantida com o dinheiro público, tem o dever de zelar pela segurança dos cidadãos e de seu patrimõnio, mas não o fez." O ruralista alertou que a retomada das invasões de fazendas na região pelo MST pode acarretar conflitos como o que causou a morte de um sem-terra e deixou cinco feridos, sábado, na fazenda Santa Filomena, em Planaltina, no Paraná. A entidade pretende enviar ofícios aos órgãos de segurança do Estado alertando para esse risco. Segundo Garcia, a política do governo federal de "conivência" com o MST estimula ações criminosas, como a invasão de propriedades e a destruição de bens. A UDR vai colocar-se á disposição dos arrendatários e dos donos da fazenda para entrar com ações contra o Estado, exigindo indenização pelos prejuízos que sofreram.
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