Múcio diz que seu bilhete de saída depende de Lula: ‘Sou sócio afetivo do PT’


Ministro da Defesa já pediu a presidente para deixar o governo, mas sua substituição enfrenta dificuldades e decisão é adiada

Por Vera Rosa
Atualização:

BRASÍLIA – Passava de meio dia quando o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, desceu a rampa do Palácio do Planalto, após participar da cerimônia para marcar os dois anos dos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023. Bem atrás do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dirigiu-se à Praça dos Três Poderes disposto a engrossar ali a manifestação, promovida pelo PT, em que todos ali deram um abraço simbólico à democracia.

Na descida da rampa, porém, Múcio parou para cumprimentar pessoas que queriam fazer uma selfie com ele. Quando, finalmente, chegou à Praça, Lula tinha acabado de sair do local.

Lula conversa com Múcio: ministro da Defesa quer sair do governo por alegar cansaço, mas presidente pede para ele ficar. Foto: Wilton Junior/Estadão
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Um homem o abordou e, confundindo-o com algum ministro do PT, disse que era filiado ao partido e precisava agradecer “Xandão” – como é conhecido o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes – por suas decisões contra golpistas.

“Eu sou sócio afetivo do PT”, respondeu Múcio, que enfrenta críticas do partido por defender as Forças Armadas. Na última reunião do Diretório Nacional do PT, em dezembro, integrantes da cúpula petista cobraram novamente a demissão de Múcio.

Ainda no fim do ano passado, após o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do general e ex-ministro Braga Netto, hoje preso, e de outros 38 investigados pela Polícia Federal, Múcio voltou a dizer a Lula que considerava ser a hora de deixar o governo. Afirmou que a família o queria mais por perto, aos 76 anos, e alegou cansaço. Não com a pressão do PT, mas com os inúmeros problemas na Defesa.

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Na prática, Múcio enfrenta pressões de todos os lados, além do corte de despesas no ministério, que têm afetado projetos estratégicos. Mas o presidente pediu para ele ficar até que as turbulências com os militares estejam resolvidas.

“Nós ainda estamos conversando. Ele é que tem o bilhete de saída”, disse Múcio ao Estadão. “Meu partido se chama Lula. Faço o que ele mandar.”

Candidatos devem deixar governo em abril de 2026

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O presidente enfrenta dificuldades em encontrar um substituto para Múcio. Pesa também o fato do pouco tempo que resta entre a reforma ministerial e a desincompatibilização para quem for disputar cargos eletivos, em 2026. Pela Lei Eleitoral, quem quiser concorrer às eleições terá de deixar o governo no início de abril do ano que vem.

Esse cenário também entrou na conta de Lula, que mandou Múcio “segurar a onda” por mais um tempo. “Tudo ficou para depois. Vamos ver”, desconversou o ministro.

Embora sob reserva comandantes militares avaliem que o governo não deveria promover cerimônias para lembrar o 8 de Janeiro, sob o argumento de que isso incentiva ainda mais a polarização no País, todos compareceram ao ato desta quarta-feira, 8.

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Lula com a primeira-dama Janja, o vice Geraldo Alckmin e outras autoridades, na descida da rampa, em direção à Praça dos Três Poderes. Foto: Wilton Junior/Estadão

“Há tempos que sonho com o dia em que a gente vá fazer uma solenidade como essa após o encerramento de todos os inquéritos, com todos os culpados presos, sejam eles quem forem”, afirmou Múcio. “Somente aí essa nuvem de suspeição que paira sobre a cabeça de muita gente vai se dissipar.”

O ministro ficou muito aborrecido com o episódio do vídeo postado pela Marinha nas redes sociais, em 1.º de dezembro. Com 1 minuto e 16 segundos, a gravação, em homenagem ao Dia do Marinheiro, foi divulgada justamente no momento em que o governo discutia o pacote do corte de gastos no Congresso. A peça, que rebatia acusações de privilégios militares, acabou sendo retirada do ar a pedido de Lula e do próprio Múcio.

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Agora, o titular da Defesa quer levar o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, para uma conversa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na tentativa de acalmar os ânimos.

Olsen conversou na última sexta-feira, 3, com Lula, levado por Múcio, e disse que a intenção do vídeo não foi criticar o corte de gastos. O almirante justificou a peça com a alegação de que a Marinha precisava mostrar o seu trabalho diante das acusações de mordomia, mas admitiu o erro.

Lula deu o assunto por encerrado. Haddad, porém, não esconde que ainda está aborrecido. O vídeo da Marinha apresentava até mesmo um sósia de Haddad, rastejando na lama. “Vocês terão que se acostumar com uma vida de sacrifícios”, dizia uma voz em off, em claro recado para a equipe econômica. “Privilégios? Vem pra Marinha”, afirmava uma jovem, no fim da peça.

BRASÍLIA – Passava de meio dia quando o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, desceu a rampa do Palácio do Planalto, após participar da cerimônia para marcar os dois anos dos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023. Bem atrás do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dirigiu-se à Praça dos Três Poderes disposto a engrossar ali a manifestação, promovida pelo PT, em que todos ali deram um abraço simbólico à democracia.

Na descida da rampa, porém, Múcio parou para cumprimentar pessoas que queriam fazer uma selfie com ele. Quando, finalmente, chegou à Praça, Lula tinha acabado de sair do local.

Lula conversa com Múcio: ministro da Defesa quer sair do governo por alegar cansaço, mas presidente pede para ele ficar. Foto: Wilton Junior/Estadão

Um homem o abordou e, confundindo-o com algum ministro do PT, disse que era filiado ao partido e precisava agradecer “Xandão” – como é conhecido o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes – por suas decisões contra golpistas.

“Eu sou sócio afetivo do PT”, respondeu Múcio, que enfrenta críticas do partido por defender as Forças Armadas. Na última reunião do Diretório Nacional do PT, em dezembro, integrantes da cúpula petista cobraram novamente a demissão de Múcio.

Ainda no fim do ano passado, após o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do general e ex-ministro Braga Netto, hoje preso, e de outros 38 investigados pela Polícia Federal, Múcio voltou a dizer a Lula que considerava ser a hora de deixar o governo. Afirmou que a família o queria mais por perto, aos 76 anos, e alegou cansaço. Não com a pressão do PT, mas com os inúmeros problemas na Defesa.

Na prática, Múcio enfrenta pressões de todos os lados, além do corte de despesas no ministério, que têm afetado projetos estratégicos. Mas o presidente pediu para ele ficar até que as turbulências com os militares estejam resolvidas.

“Nós ainda estamos conversando. Ele é que tem o bilhete de saída”, disse Múcio ao Estadão. “Meu partido se chama Lula. Faço o que ele mandar.”

Candidatos devem deixar governo em abril de 2026

O presidente enfrenta dificuldades em encontrar um substituto para Múcio. Pesa também o fato do pouco tempo que resta entre a reforma ministerial e a desincompatibilização para quem for disputar cargos eletivos, em 2026. Pela Lei Eleitoral, quem quiser concorrer às eleições terá de deixar o governo no início de abril do ano que vem.

Esse cenário também entrou na conta de Lula, que mandou Múcio “segurar a onda” por mais um tempo. “Tudo ficou para depois. Vamos ver”, desconversou o ministro.

Embora sob reserva comandantes militares avaliem que o governo não deveria promover cerimônias para lembrar o 8 de Janeiro, sob o argumento de que isso incentiva ainda mais a polarização no País, todos compareceram ao ato desta quarta-feira, 8.

Lula com a primeira-dama Janja, o vice Geraldo Alckmin e outras autoridades, na descida da rampa, em direção à Praça dos Três Poderes. Foto: Wilton Junior/Estadão

“Há tempos que sonho com o dia em que a gente vá fazer uma solenidade como essa após o encerramento de todos os inquéritos, com todos os culpados presos, sejam eles quem forem”, afirmou Múcio. “Somente aí essa nuvem de suspeição que paira sobre a cabeça de muita gente vai se dissipar.”

O ministro ficou muito aborrecido com o episódio do vídeo postado pela Marinha nas redes sociais, em 1.º de dezembro. Com 1 minuto e 16 segundos, a gravação, em homenagem ao Dia do Marinheiro, foi divulgada justamente no momento em que o governo discutia o pacote do corte de gastos no Congresso. A peça, que rebatia acusações de privilégios militares, acabou sendo retirada do ar a pedido de Lula e do próprio Múcio.

Agora, o titular da Defesa quer levar o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, para uma conversa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na tentativa de acalmar os ânimos.

Olsen conversou na última sexta-feira, 3, com Lula, levado por Múcio, e disse que a intenção do vídeo não foi criticar o corte de gastos. O almirante justificou a peça com a alegação de que a Marinha precisava mostrar o seu trabalho diante das acusações de mordomia, mas admitiu o erro.

Lula deu o assunto por encerrado. Haddad, porém, não esconde que ainda está aborrecido. O vídeo da Marinha apresentava até mesmo um sósia de Haddad, rastejando na lama. “Vocês terão que se acostumar com uma vida de sacrifícios”, dizia uma voz em off, em claro recado para a equipe econômica. “Privilégios? Vem pra Marinha”, afirmava uma jovem, no fim da peça.

BRASÍLIA – Passava de meio dia quando o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, desceu a rampa do Palácio do Planalto, após participar da cerimônia para marcar os dois anos dos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023. Bem atrás do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dirigiu-se à Praça dos Três Poderes disposto a engrossar ali a manifestação, promovida pelo PT, em que todos ali deram um abraço simbólico à democracia.

Na descida da rampa, porém, Múcio parou para cumprimentar pessoas que queriam fazer uma selfie com ele. Quando, finalmente, chegou à Praça, Lula tinha acabado de sair do local.

Lula conversa com Múcio: ministro da Defesa quer sair do governo por alegar cansaço, mas presidente pede para ele ficar. Foto: Wilton Junior/Estadão

Um homem o abordou e, confundindo-o com algum ministro do PT, disse que era filiado ao partido e precisava agradecer “Xandão” – como é conhecido o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes – por suas decisões contra golpistas.

“Eu sou sócio afetivo do PT”, respondeu Múcio, que enfrenta críticas do partido por defender as Forças Armadas. Na última reunião do Diretório Nacional do PT, em dezembro, integrantes da cúpula petista cobraram novamente a demissão de Múcio.

Ainda no fim do ano passado, após o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do general e ex-ministro Braga Netto, hoje preso, e de outros 38 investigados pela Polícia Federal, Múcio voltou a dizer a Lula que considerava ser a hora de deixar o governo. Afirmou que a família o queria mais por perto, aos 76 anos, e alegou cansaço. Não com a pressão do PT, mas com os inúmeros problemas na Defesa.

Na prática, Múcio enfrenta pressões de todos os lados, além do corte de despesas no ministério, que têm afetado projetos estratégicos. Mas o presidente pediu para ele ficar até que as turbulências com os militares estejam resolvidas.

“Nós ainda estamos conversando. Ele é que tem o bilhete de saída”, disse Múcio ao Estadão. “Meu partido se chama Lula. Faço o que ele mandar.”

Candidatos devem deixar governo em abril de 2026

O presidente enfrenta dificuldades em encontrar um substituto para Múcio. Pesa também o fato do pouco tempo que resta entre a reforma ministerial e a desincompatibilização para quem for disputar cargos eletivos, em 2026. Pela Lei Eleitoral, quem quiser concorrer às eleições terá de deixar o governo no início de abril do ano que vem.

Esse cenário também entrou na conta de Lula, que mandou Múcio “segurar a onda” por mais um tempo. “Tudo ficou para depois. Vamos ver”, desconversou o ministro.

Embora sob reserva comandantes militares avaliem que o governo não deveria promover cerimônias para lembrar o 8 de Janeiro, sob o argumento de que isso incentiva ainda mais a polarização no País, todos compareceram ao ato desta quarta-feira, 8.

Lula com a primeira-dama Janja, o vice Geraldo Alckmin e outras autoridades, na descida da rampa, em direção à Praça dos Três Poderes. Foto: Wilton Junior/Estadão

“Há tempos que sonho com o dia em que a gente vá fazer uma solenidade como essa após o encerramento de todos os inquéritos, com todos os culpados presos, sejam eles quem forem”, afirmou Múcio. “Somente aí essa nuvem de suspeição que paira sobre a cabeça de muita gente vai se dissipar.”

O ministro ficou muito aborrecido com o episódio do vídeo postado pela Marinha nas redes sociais, em 1.º de dezembro. Com 1 minuto e 16 segundos, a gravação, em homenagem ao Dia do Marinheiro, foi divulgada justamente no momento em que o governo discutia o pacote do corte de gastos no Congresso. A peça, que rebatia acusações de privilégios militares, acabou sendo retirada do ar a pedido de Lula e do próprio Múcio.

Agora, o titular da Defesa quer levar o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, para uma conversa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na tentativa de acalmar os ânimos.

Olsen conversou na última sexta-feira, 3, com Lula, levado por Múcio, e disse que a intenção do vídeo não foi criticar o corte de gastos. O almirante justificou a peça com a alegação de que a Marinha precisava mostrar o seu trabalho diante das acusações de mordomia, mas admitiu o erro.

Lula deu o assunto por encerrado. Haddad, porém, não esconde que ainda está aborrecido. O vídeo da Marinha apresentava até mesmo um sósia de Haddad, rastejando na lama. “Vocês terão que se acostumar com uma vida de sacrifícios”, dizia uma voz em off, em claro recado para a equipe econômica. “Privilégios? Vem pra Marinha”, afirmava uma jovem, no fim da peça.

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