O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou Maria Alice Dantas, mulher do banqueiro do Opportunity, Daniel Dantas, como "laranja" do grupo. Ela movimentou R$ 21 milhões do esquema. Verônica, irmã do banqueiro, aparece como "sócia" de 150 empresas. "Deparamos com uma organização criminosa muito bem estruturada, que mantém pessoas infiltradas em diversos órgãos", disse na última terça-feira o delegado Protógenes Queiroz, encarregado da investigação. Veja também: STF deve julgar hoje habeas-corpus de Dantas Prisão não afeta venda da BrT à Oi, diz ministro Imagens da Operação Satiagraha Opine sobre a prisão de Dantas, Nahas e Pitta Entenda como funcionava o esquema criminoso PF prende Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta Dantas ofereceu suborno de US$ 1 milhão para escapar da prisão, diz MP Entenda o nome da Operação Satiagraha, que prendeu Dantas Junto com Dantas, foram presos na terça o megainvestidor Naji Nahas, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, e mais 14 pessoas. "A organização tinha como líder e cabeça um famoso banqueiro, Dantas. Identificamos outra organização, comandada por Nahas, voltada ao mercado de capitais e tendo como alvos principais o desvio de recursos públicos e riquezas do País. Uma situação muito perniciosa para o País, que nos deixa assustados com o nível de intimidação e poder de corromper." Os presos são suspeitos de participar de esquema de desvio de recursos públicos, corrupção, fraude no mercado de ações, gestão fraudulenta de instituição financeira, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A Operação Satiagraha mobilizou 300 agentes federais e foi desencadeada às 5h30 em São Paulo, Rio, Bahia e no Distrito Federal para o cumprimento de 24 ordens de prisão e 56 mandados de busca e apreensão. O esquema teria movimentado US$ 1,9 bilhão ilicitamente. Segundo a PF, Dantas e Nahas eram os "capos" de duas organizações criminosas que atuavam separadamente e há pelo menos três anos se uniram para promover desfalques no erário, remessas ilegais para paraísos fiscais, concessão de empréstimos vedados e uso indevido de informação privilegiada. "As duas organizações envolvem uma engenharia financeira que pouco se viu", declarou disse o procurador da República Rodrigo de Grandis. "Criaram um fundo vinculado às Ilhas Cayman para investimentos de residentes no Brasil e no exterior sem comunicação à Receita e ao Banco Central, o que caracteriza evasão de divisas e fraude." A origem da ofensiva é o mensalão - suposta compra de apoio ao governo no Congresso. A procuradoria em São Paulo recebeu papéis sobre pessoas sem foro privilegiado. Foram identificados depósitos da Telemig e da Amazônia Celular, que têm participação financeira e societária de Dantas, em contas de Marcos Valério, acusado de operar o mensalão. Segundo a PF, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, envolvido com o mensalão, mantém ligações com Nahas e Dantas. A Justiça autorizou acesso aos dados sobre as ações do Opportunity, extraídos de um disco rígido do servidor de rede do banco que a PF apreendeu em 2004 na Operação Chacal. (Com Fausto Macedo, Marcelo Godoy, Rodrigo Pereira, Roberto Almeida, Fabiana Cimieri, Felipe Werneck e Mônica Ciarelli, de O Estado de S. Paulo)