Não pode e não pode


Embate político no Brasil deixou de ter nexo. Passou a ser um exercício de fanatismo.

Por J.R. Guzzo

O preço do barril de petróleo acaba de passar dos US$ 120. Um ano atrás, no meio de junho de 2021, estava em US$ 75. Esse é o preço internacional, ou seja, quanto um barril realmente vale no mundo dos fatos objetivos. Fala-se, aqui, num “preço brasileiro”, que deveria refletir os custos de produção internos e ser aplicado para o petróleo extraído no Brasil, mas essa é apenas uma miragem a mais. O mundo é um só e o preço real é um só, US$ 120 pelas últimas cotações, e isso quer dizer, muito simplesmente, que o petróleo custa hoje 60% mais caro do que custava há um ano. É possível acontecer um negócio desses e não haver consequência nenhuma no preço dos combustíveis para a população? É claro que não – mas é exatamente isso que “a sociedade”, por meio dos políticos, dos formadores de opinião e das classes intelectuais, está exigindo.

Quando um produto tão vital para a economia e o bem-estar das pessoas como o petróleo sobe 60% no espaço de um ano, está claro que não vai haver solução feliz. Foto: Alex Silva/Estadão

A gritaria, como sempre, é para “o governo” resolver o problema. Os preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha “não podem” estar tão caros, e “o governo” tem de fazer “alguma coisa” para resolver isso – e fazer sem que haja sacrifício para as populações “menos favorecidas”, para a classe média, para o sistema de transportes, para a indústria e para as finanças dos 26 Estados que hoje são os maiores beneficiários, via imposto cobrado direto na bomba, dos preços calamitosos a que o petróleo chegou. Admite-se, com muita má vontade, que o governo não pode fazer nada para mexer nos US$ 120 que custa o barril. Mas exige-se que, a partir daí, a autoridade pública dê um jeito para vender combustível pelo preço do ano passado – e, ao mesmo tempo, que mantenha intacta a sua integridade fiscal, não atrapalhe as contas públicas e, mais que tudo, não faça demagogia num ano eleitoral. Preço baixo, sim. Aplausos por baixar o preço, não.

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Quando um produto tão vital para a economia e o bem-estar das pessoas como o petróleo sobe 60% no espaço de um ano, está claro que não vai haver solução feliz. Está claro que alguém vai se machucar, e que não é possível ir a lugar nenhum com a ideia geral de que vão se resolver problemas de preço com o avanço da justiça social e outras coisas virtuosas. Mas no Brasil de hoje exige-se não apenas a solução a custo zero; ela também não pode ser creditada ao governo, pois isso seria propaganda eleitoral. Reduzir impostos, por exemplo, ou ressarcir os Estados pelos cortes que eles fizerem em seus tributos, como o governo propôs – não pode. É fazer campanha. É populismo. É piorar os problemas.

O embate político no Brasil deixou de ter nexo. Passou a ser um exercício de fanatismo.

O preço do barril de petróleo acaba de passar dos US$ 120. Um ano atrás, no meio de junho de 2021, estava em US$ 75. Esse é o preço internacional, ou seja, quanto um barril realmente vale no mundo dos fatos objetivos. Fala-se, aqui, num “preço brasileiro”, que deveria refletir os custos de produção internos e ser aplicado para o petróleo extraído no Brasil, mas essa é apenas uma miragem a mais. O mundo é um só e o preço real é um só, US$ 120 pelas últimas cotações, e isso quer dizer, muito simplesmente, que o petróleo custa hoje 60% mais caro do que custava há um ano. É possível acontecer um negócio desses e não haver consequência nenhuma no preço dos combustíveis para a população? É claro que não – mas é exatamente isso que “a sociedade”, por meio dos políticos, dos formadores de opinião e das classes intelectuais, está exigindo.

Quando um produto tão vital para a economia e o bem-estar das pessoas como o petróleo sobe 60% no espaço de um ano, está claro que não vai haver solução feliz. Foto: Alex Silva/Estadão

A gritaria, como sempre, é para “o governo” resolver o problema. Os preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha “não podem” estar tão caros, e “o governo” tem de fazer “alguma coisa” para resolver isso – e fazer sem que haja sacrifício para as populações “menos favorecidas”, para a classe média, para o sistema de transportes, para a indústria e para as finanças dos 26 Estados que hoje são os maiores beneficiários, via imposto cobrado direto na bomba, dos preços calamitosos a que o petróleo chegou. Admite-se, com muita má vontade, que o governo não pode fazer nada para mexer nos US$ 120 que custa o barril. Mas exige-se que, a partir daí, a autoridade pública dê um jeito para vender combustível pelo preço do ano passado – e, ao mesmo tempo, que mantenha intacta a sua integridade fiscal, não atrapalhe as contas públicas e, mais que tudo, não faça demagogia num ano eleitoral. Preço baixo, sim. Aplausos por baixar o preço, não.

Quando um produto tão vital para a economia e o bem-estar das pessoas como o petróleo sobe 60% no espaço de um ano, está claro que não vai haver solução feliz. Está claro que alguém vai se machucar, e que não é possível ir a lugar nenhum com a ideia geral de que vão se resolver problemas de preço com o avanço da justiça social e outras coisas virtuosas. Mas no Brasil de hoje exige-se não apenas a solução a custo zero; ela também não pode ser creditada ao governo, pois isso seria propaganda eleitoral. Reduzir impostos, por exemplo, ou ressarcir os Estados pelos cortes que eles fizerem em seus tributos, como o governo propôs – não pode. É fazer campanha. É populismo. É piorar os problemas.

O embate político no Brasil deixou de ter nexo. Passou a ser um exercício de fanatismo.

O preço do barril de petróleo acaba de passar dos US$ 120. Um ano atrás, no meio de junho de 2021, estava em US$ 75. Esse é o preço internacional, ou seja, quanto um barril realmente vale no mundo dos fatos objetivos. Fala-se, aqui, num “preço brasileiro”, que deveria refletir os custos de produção internos e ser aplicado para o petróleo extraído no Brasil, mas essa é apenas uma miragem a mais. O mundo é um só e o preço real é um só, US$ 120 pelas últimas cotações, e isso quer dizer, muito simplesmente, que o petróleo custa hoje 60% mais caro do que custava há um ano. É possível acontecer um negócio desses e não haver consequência nenhuma no preço dos combustíveis para a população? É claro que não – mas é exatamente isso que “a sociedade”, por meio dos políticos, dos formadores de opinião e das classes intelectuais, está exigindo.

Quando um produto tão vital para a economia e o bem-estar das pessoas como o petróleo sobe 60% no espaço de um ano, está claro que não vai haver solução feliz. Foto: Alex Silva/Estadão

A gritaria, como sempre, é para “o governo” resolver o problema. Os preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha “não podem” estar tão caros, e “o governo” tem de fazer “alguma coisa” para resolver isso – e fazer sem que haja sacrifício para as populações “menos favorecidas”, para a classe média, para o sistema de transportes, para a indústria e para as finanças dos 26 Estados que hoje são os maiores beneficiários, via imposto cobrado direto na bomba, dos preços calamitosos a que o petróleo chegou. Admite-se, com muita má vontade, que o governo não pode fazer nada para mexer nos US$ 120 que custa o barril. Mas exige-se que, a partir daí, a autoridade pública dê um jeito para vender combustível pelo preço do ano passado – e, ao mesmo tempo, que mantenha intacta a sua integridade fiscal, não atrapalhe as contas públicas e, mais que tudo, não faça demagogia num ano eleitoral. Preço baixo, sim. Aplausos por baixar o preço, não.

Quando um produto tão vital para a economia e o bem-estar das pessoas como o petróleo sobe 60% no espaço de um ano, está claro que não vai haver solução feliz. Está claro que alguém vai se machucar, e que não é possível ir a lugar nenhum com a ideia geral de que vão se resolver problemas de preço com o avanço da justiça social e outras coisas virtuosas. Mas no Brasil de hoje exige-se não apenas a solução a custo zero; ela também não pode ser creditada ao governo, pois isso seria propaganda eleitoral. Reduzir impostos, por exemplo, ou ressarcir os Estados pelos cortes que eles fizerem em seus tributos, como o governo propôs – não pode. É fazer campanha. É populismo. É piorar os problemas.

O embate político no Brasil deixou de ter nexo. Passou a ser um exercício de fanatismo.

O preço do barril de petróleo acaba de passar dos US$ 120. Um ano atrás, no meio de junho de 2021, estava em US$ 75. Esse é o preço internacional, ou seja, quanto um barril realmente vale no mundo dos fatos objetivos. Fala-se, aqui, num “preço brasileiro”, que deveria refletir os custos de produção internos e ser aplicado para o petróleo extraído no Brasil, mas essa é apenas uma miragem a mais. O mundo é um só e o preço real é um só, US$ 120 pelas últimas cotações, e isso quer dizer, muito simplesmente, que o petróleo custa hoje 60% mais caro do que custava há um ano. É possível acontecer um negócio desses e não haver consequência nenhuma no preço dos combustíveis para a população? É claro que não – mas é exatamente isso que “a sociedade”, por meio dos políticos, dos formadores de opinião e das classes intelectuais, está exigindo.

Quando um produto tão vital para a economia e o bem-estar das pessoas como o petróleo sobe 60% no espaço de um ano, está claro que não vai haver solução feliz. Foto: Alex Silva/Estadão

A gritaria, como sempre, é para “o governo” resolver o problema. Os preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha “não podem” estar tão caros, e “o governo” tem de fazer “alguma coisa” para resolver isso – e fazer sem que haja sacrifício para as populações “menos favorecidas”, para a classe média, para o sistema de transportes, para a indústria e para as finanças dos 26 Estados que hoje são os maiores beneficiários, via imposto cobrado direto na bomba, dos preços calamitosos a que o petróleo chegou. Admite-se, com muita má vontade, que o governo não pode fazer nada para mexer nos US$ 120 que custa o barril. Mas exige-se que, a partir daí, a autoridade pública dê um jeito para vender combustível pelo preço do ano passado – e, ao mesmo tempo, que mantenha intacta a sua integridade fiscal, não atrapalhe as contas públicas e, mais que tudo, não faça demagogia num ano eleitoral. Preço baixo, sim. Aplausos por baixar o preço, não.

Quando um produto tão vital para a economia e o bem-estar das pessoas como o petróleo sobe 60% no espaço de um ano, está claro que não vai haver solução feliz. Está claro que alguém vai se machucar, e que não é possível ir a lugar nenhum com a ideia geral de que vão se resolver problemas de preço com o avanço da justiça social e outras coisas virtuosas. Mas no Brasil de hoje exige-se não apenas a solução a custo zero; ela também não pode ser creditada ao governo, pois isso seria propaganda eleitoral. Reduzir impostos, por exemplo, ou ressarcir os Estados pelos cortes que eles fizerem em seus tributos, como o governo propôs – não pode. É fazer campanha. É populismo. É piorar os problemas.

O embate político no Brasil deixou de ter nexo. Passou a ser um exercício de fanatismo.

O preço do barril de petróleo acaba de passar dos US$ 120. Um ano atrás, no meio de junho de 2021, estava em US$ 75. Esse é o preço internacional, ou seja, quanto um barril realmente vale no mundo dos fatos objetivos. Fala-se, aqui, num “preço brasileiro”, que deveria refletir os custos de produção internos e ser aplicado para o petróleo extraído no Brasil, mas essa é apenas uma miragem a mais. O mundo é um só e o preço real é um só, US$ 120 pelas últimas cotações, e isso quer dizer, muito simplesmente, que o petróleo custa hoje 60% mais caro do que custava há um ano. É possível acontecer um negócio desses e não haver consequência nenhuma no preço dos combustíveis para a população? É claro que não – mas é exatamente isso que “a sociedade”, por meio dos políticos, dos formadores de opinião e das classes intelectuais, está exigindo.

Quando um produto tão vital para a economia e o bem-estar das pessoas como o petróleo sobe 60% no espaço de um ano, está claro que não vai haver solução feliz. Foto: Alex Silva/Estadão

A gritaria, como sempre, é para “o governo” resolver o problema. Os preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha “não podem” estar tão caros, e “o governo” tem de fazer “alguma coisa” para resolver isso – e fazer sem que haja sacrifício para as populações “menos favorecidas”, para a classe média, para o sistema de transportes, para a indústria e para as finanças dos 26 Estados que hoje são os maiores beneficiários, via imposto cobrado direto na bomba, dos preços calamitosos a que o petróleo chegou. Admite-se, com muita má vontade, que o governo não pode fazer nada para mexer nos US$ 120 que custa o barril. Mas exige-se que, a partir daí, a autoridade pública dê um jeito para vender combustível pelo preço do ano passado – e, ao mesmo tempo, que mantenha intacta a sua integridade fiscal, não atrapalhe as contas públicas e, mais que tudo, não faça demagogia num ano eleitoral. Preço baixo, sim. Aplausos por baixar o preço, não.

Quando um produto tão vital para a economia e o bem-estar das pessoas como o petróleo sobe 60% no espaço de um ano, está claro que não vai haver solução feliz. Está claro que alguém vai se machucar, e que não é possível ir a lugar nenhum com a ideia geral de que vão se resolver problemas de preço com o avanço da justiça social e outras coisas virtuosas. Mas no Brasil de hoje exige-se não apenas a solução a custo zero; ela também não pode ser creditada ao governo, pois isso seria propaganda eleitoral. Reduzir impostos, por exemplo, ou ressarcir os Estados pelos cortes que eles fizerem em seus tributos, como o governo propôs – não pode. É fazer campanha. É populismo. É piorar os problemas.

O embate político no Brasil deixou de ter nexo. Passou a ser um exercício de fanatismo.

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