‘Não se trata de suavizar, mas abrir espaço ao diálogo’, diz chanceler Mauro Vieira sobre Nicarágua


Ministro das Relações Exteriores afirma que não houve hesitação do Brasil ao se posicionar sobre o regime de Ortega

Por Beatriz Bulla e Marcelo Godoy
Atualização:
Entrevista comMauro VieiraMinistro das Relações Exteriores

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, avalia que o Brasil não hesitou para se posicionar a respeito do regime de Daniel Ortega, na Nicarágua, no Conselho de Direitos Humanos da ONU. O Brasil decidiu não aderir a uma declaração de 54 países feita em Genebra, na última sexta-feira, com condenações ao regime de Ortega. A reação do governo brasileiro só aconteceu quatro dias depois, diante da reação interna e externa com o silêncio do País.

“Não se trata de suavizar, e sim de abrir espaço para o diálogo, que é parte essencial da diplomacia. O primeiro passo, na opinião do Brasil, deve ser sempre a tentativa de buscar um entendimento, quem conhece a história da política externa brasileira sabe disso”, afirmou o chanceler ao Estadão, em respostas encaminhadas através de sua assessoria.

Por que o governo decidiu não endossar a declaração de 54 países com condenações ao regime de Ortega?

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Porque havia diferenças de linguagem e de enfoque, que não foi possível superar dentro do chamado “core group”. E porque, para o Brasil, não cabe neste momento a ênfase em sanções e é fundamental a abertura de um diálogo com o governo da Nicarágua e com todos os atores relevantes naquele país, como consta da nossa manifestação, e não consta na do grupo. Não abrimos mão de tentar o diálogo, não somente neste caso, é uma questão de princípio da diplomacia brasileira.

O que desagrada a diplomacia brasileira na declaração?

Não se trata de agradar ou desagradar, mas nosso enfoque é distinto, e não foi possível chegar a um consenso, por isso a declaração em separado do Brasil, o que acontece com muita frequência em reuniões multilaterais como a do Conselho.

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Mauro Vieira durante visita ao Paraguai na quinta-feira, 9 Foto: Rubén Peña/EFE

A hesitação em condenar ataques à democracia na Nicarágua encontra respaldo na tradição diplomática do Itamaraty?

Não houve qualquer hesitação deste governo. O âmbito do debate era o Conselho de Direitos Humanos. Como o assunto estava pautado para debate no Conselho de Direitos Humanos, achamos melhor tentar a via da negociação com os parceiros do core group, e esgotar os canais, antes de qualquer manifestação pública, que veio na reunião do próprio Conselho.

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O que o Brasil espera ao trabalhar para suavizar a resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre a Nicarágua?

Não se trata de suavizar, e sim de abrir espaço para o diálogo, que é parte essencial da diplomacia. O primeiro passo, na opinião do Brasil, deve ser sempre a tentativa de buscar um entendimento, quem conhece a história da política externa brasileira sabe disso.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, avalia que o Brasil não hesitou para se posicionar a respeito do regime de Daniel Ortega, na Nicarágua, no Conselho de Direitos Humanos da ONU. O Brasil decidiu não aderir a uma declaração de 54 países feita em Genebra, na última sexta-feira, com condenações ao regime de Ortega. A reação do governo brasileiro só aconteceu quatro dias depois, diante da reação interna e externa com o silêncio do País.

“Não se trata de suavizar, e sim de abrir espaço para o diálogo, que é parte essencial da diplomacia. O primeiro passo, na opinião do Brasil, deve ser sempre a tentativa de buscar um entendimento, quem conhece a história da política externa brasileira sabe disso”, afirmou o chanceler ao Estadão, em respostas encaminhadas através de sua assessoria.

Por que o governo decidiu não endossar a declaração de 54 países com condenações ao regime de Ortega?

Porque havia diferenças de linguagem e de enfoque, que não foi possível superar dentro do chamado “core group”. E porque, para o Brasil, não cabe neste momento a ênfase em sanções e é fundamental a abertura de um diálogo com o governo da Nicarágua e com todos os atores relevantes naquele país, como consta da nossa manifestação, e não consta na do grupo. Não abrimos mão de tentar o diálogo, não somente neste caso, é uma questão de princípio da diplomacia brasileira.

O que desagrada a diplomacia brasileira na declaração?

Não se trata de agradar ou desagradar, mas nosso enfoque é distinto, e não foi possível chegar a um consenso, por isso a declaração em separado do Brasil, o que acontece com muita frequência em reuniões multilaterais como a do Conselho.

Mauro Vieira durante visita ao Paraguai na quinta-feira, 9 Foto: Rubén Peña/EFE

A hesitação em condenar ataques à democracia na Nicarágua encontra respaldo na tradição diplomática do Itamaraty?

Não houve qualquer hesitação deste governo. O âmbito do debate era o Conselho de Direitos Humanos. Como o assunto estava pautado para debate no Conselho de Direitos Humanos, achamos melhor tentar a via da negociação com os parceiros do core group, e esgotar os canais, antes de qualquer manifestação pública, que veio na reunião do próprio Conselho.

O que o Brasil espera ao trabalhar para suavizar a resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre a Nicarágua?

Não se trata de suavizar, e sim de abrir espaço para o diálogo, que é parte essencial da diplomacia. O primeiro passo, na opinião do Brasil, deve ser sempre a tentativa de buscar um entendimento, quem conhece a história da política externa brasileira sabe disso.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, avalia que o Brasil não hesitou para se posicionar a respeito do regime de Daniel Ortega, na Nicarágua, no Conselho de Direitos Humanos da ONU. O Brasil decidiu não aderir a uma declaração de 54 países feita em Genebra, na última sexta-feira, com condenações ao regime de Ortega. A reação do governo brasileiro só aconteceu quatro dias depois, diante da reação interna e externa com o silêncio do País.

“Não se trata de suavizar, e sim de abrir espaço para o diálogo, que é parte essencial da diplomacia. O primeiro passo, na opinião do Brasil, deve ser sempre a tentativa de buscar um entendimento, quem conhece a história da política externa brasileira sabe disso”, afirmou o chanceler ao Estadão, em respostas encaminhadas através de sua assessoria.

Por que o governo decidiu não endossar a declaração de 54 países com condenações ao regime de Ortega?

Porque havia diferenças de linguagem e de enfoque, que não foi possível superar dentro do chamado “core group”. E porque, para o Brasil, não cabe neste momento a ênfase em sanções e é fundamental a abertura de um diálogo com o governo da Nicarágua e com todos os atores relevantes naquele país, como consta da nossa manifestação, e não consta na do grupo. Não abrimos mão de tentar o diálogo, não somente neste caso, é uma questão de princípio da diplomacia brasileira.

O que desagrada a diplomacia brasileira na declaração?

Não se trata de agradar ou desagradar, mas nosso enfoque é distinto, e não foi possível chegar a um consenso, por isso a declaração em separado do Brasil, o que acontece com muita frequência em reuniões multilaterais como a do Conselho.

Mauro Vieira durante visita ao Paraguai na quinta-feira, 9 Foto: Rubén Peña/EFE

A hesitação em condenar ataques à democracia na Nicarágua encontra respaldo na tradição diplomática do Itamaraty?

Não houve qualquer hesitação deste governo. O âmbito do debate era o Conselho de Direitos Humanos. Como o assunto estava pautado para debate no Conselho de Direitos Humanos, achamos melhor tentar a via da negociação com os parceiros do core group, e esgotar os canais, antes de qualquer manifestação pública, que veio na reunião do próprio Conselho.

O que o Brasil espera ao trabalhar para suavizar a resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre a Nicarágua?

Não se trata de suavizar, e sim de abrir espaço para o diálogo, que é parte essencial da diplomacia. O primeiro passo, na opinião do Brasil, deve ser sempre a tentativa de buscar um entendimento, quem conhece a história da política externa brasileira sabe disso.

Entrevista por Beatriz Bulla

Repórter que cobre o poder -- economia, política e internacional. Trabalha hoje em São Paulo. Já passou por Brasília e foi correspondente em Washington (EUA). Formada em jornalismo e em direito, foi também pesquisadora visitante na Universidade Columbia, em Nova York.

Marcelo Godoy

Repórter especial do Estadão e escritor. É autor do livro A Casa da Vovó, prêmios Jabuti (2015) e Sérgio Buarque de Holanda, da Biblioteca Nacional (2015). É jornalista formado pela Casper Líbero.

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