No ano em que, pela primeira vez, o presidente da República desfiliou-se do partido pelo qual se elegeu, ao menos oito congressistas deixaram suas respectivas siglas. O caso mais recente é o do deputado federal Marco Feliciano (SP), que teve sua expulsão do Podemos confirmada pela executiva nacional do partido nessa segunda-feira, 6.
Confira abaixo os membros do Congresso Nacional que foram expulsos ou decidiram deixar seus partidos.
Alexandre Frota (PSL)
A saída forçada de Alexandre Frota do PSL ocorreu após uma série de críticas ao presidente Jair Bolsonaro e seus filhos. Ele atacou colegas de bancada e foi criticado por se abster na votação do 2º turno da reforma da Previdência na Câmara.
Com a expulsão, Frota manteve seu mandato parlamentar e acabou filiando-se ao PSDB em seguida, após convite do governador de São Paulo, João Doria.
Átila Lira (PSB)
Um dos deputados do PSB que desrespeitaram a orientação do partido e votou a favor da reforma da Previdência, Átila Lira (PI) foi o único parlamentar expulso como consequência do caso até o momento. Ele foi julgado individualmente pela executiva nacional do PSB, por ter sido considerado reincidente.
Assim como Lira, outros dez deputados da bancada do PSB votaram a favor da reforma na primeira votação na Câmara, apesar de o partido ser contra a proposta. O mesmo ocorreu com deputados do PDT, que foram suspensos de suas atividades partidárias mas não saíram definitivamente das siglas. Lira filiou-se ao PP.
Selma Arruda (PSL)
O desentendimento da senadora Selma Arruda com o PSL ficou insustentável com a articulação da CPI da Lava Toga, que propunha investigação contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Após apoiar a criação da CPI, Selma foi pressionada por colegas a voltar atrás. O senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, articulava pela derrubada do requerimento de CPI. Chamada de 'Moro de Saias' por sua atuação como juíza, Selma se recusou a retirar a assinatura e, em seguida, filiou-se ao Podemos. Pela regra do Senado, ela está livre para mudar de partido sem perder o mandato. Em dezembro, o Tribunal Superior Eleitoral cassou o mandato de Selma por caixa 2 e abuso de poder econômico na campanha de 2018. Apesar de o resultado do julgamento do TSE já ter sido publicado, ainda falta a Mesa Diretora do Senado declarar oficialmente a vacância do cargo, o que deve acontecer em fevereiro.
Flávio Bolsonaro (PSL)
Com o lançamento do Aliança pelo Brasil, partido ainda a ser criado, o filho primogênito do presidente Jair Bolsonaro seguiu o pai e assinou sua desfiliação do PSL. Ele deve ser o vice-presidente do Aliança. Para tirar o partido do papel, será necessário reunir cerca de 492 mil assinaturas. A participação nas eleições municipais de 2020 só pode ocorrer caso o processo seja homologado até 4 de abril. Flávio mantém o mandato de senador, mesmo sem partido.
Bia Kicis (PSL)
Em um desdobramento da crise interna no PSL, o partido resolveu expulsar a deputada federal Bia Kicis (DF) no mês passado. Ela pertence à ala bolsonarista do partido, que tem articulado pela criação da Aliança pelo Brasil.
O presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), justificou a expulsão alegando que Bia Kicis teria praticado "grave infração ética" e infidelidade partidária". A expulsão é um desdobramento da crise interna no partido, que resultou em 14 deputados suspensos de suas atividades - entre eles, Eduardo Bolsonaro (SP)
Jorge Kajuru (PSB)
Em setembro, o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) trocou de partido pela segunda vez desde sua eleição para o cargo. Eleito pelo PRP, ele filiou-se ao PSB antes mesmo de assumir o cargo. Sua permanência na sigla durou pouco mais de sete meses. Ele deixou o partido em julho, alegando divergências com orientações do partido, e filiou-se ao Cidadania cerca de dois meses depois.
Marcos do Val (Cidadania)
Eleito no Cidadania (ex-PPS), o senador Marcos do Val (ES) decidiu em julho que iria trocar de partido e se filiar ao Podemos, do candidato derrotado à Presidência Alvaro Dias (PR). Na nota que divulgou sobre a mudança, Marcos do Val não explicou o motivo, e ressaltou que mantinha boas relações com as lideranças do Cidadania.
Marco Feliciano (Podemos)
O Podemos decidiu expulsar o deputado Marco Feliciano (SP) em dezembro, o que foi confirmado pela executiva nacional do partido nesta segunda, 6. A denúncia que originou a expulsão cita uma série de acusações, entre elas os gastos de R$ 157 mil referentes a um tratamento odontológico pago pela Câmara, revelado pelo Estado. A assessoria do deputado diz que ele mantém conversas com o presidente Jair Bolsonaro, mas não confirma se ele entrará no Aliança Pelo Brasil.