Nunes diz que não aceita imposição de vice, apesar de dobradinha de Tarcísio e Bolsonaro por coronel


Alinhamento entre ex-presidente e governador, seus dois principais aliados no pleito, aumenta a pressão sobre o prefeito de São Paulo na escolha do número 2 da chapa

Por Samuel Lima

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta terça-feira, 11, que não aceitará imposição na escolha para o posto de vice na sua chapa pela reeleição de quem quer que seja, apesar do apoio público dado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador paulista, Tarcísio de Freitas, (Republicanos), ao coronel da reserva da Polícia Militar Ricardo Mello Araújo.

“Todos serão escutados. Agora, assim, imposição… Vou te dizer muito sinceramente: eu não aceitaria de ninguém, de jeito nenhum”, declarou o prefeito a jornalistas após evento de assinatura de decreto de desapropriação de imóveis ociosos no centro de São Paulo. Ao mesmo tempo, negou sofrer pressão de Bolsonaro e Tarcísio no tema.

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Nunes reconheceu, entretanto, que o PL terá maior peso na indicação por possuir a maior bancada na Câmara dos Deputados e oferecer o maior tempo de propaganda gratuita em rádio e televisão ao emedebista. “Entre o PL e o segundo tem uma distância enorme, e claro que o PL vai fazer uso legítimo desse tamanho que o partido tem.”

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao lado do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB); o emedebista vive dilema na escolha do vice da chapa nas eleições de 2024. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Governador pede agilidade na definição

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O prefeito também comentou sobre as declarações do governador nesta segunda-feira, 10, em que este demonstrou estar alinhado com a preferência de seu padrinho político. Depois de fazer campanha nos bastidores pela vereadora Sonaira Fernandes (PL), Tarcísio disse publicamente que Mello Araújo é a melhor escolha para a vaga. “Vou estar fechado com o presidente Bolsonaro”, disse ele. “Até pela mudança no cenário, é importante fazer esse acerto o mais rápido possível.”

Essa mudança guarda relação com a entrada do coach Pablo Marçal (PRTB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo, com desempenho relevante nas pesquisas. Na semana passada, ele esteve em Brasília para se aproximar de políticos bolsonaristas e encontrar pessoalmente o ex-presidente. Marçal saiu da reunião dizendo que Bolsonaro abandonaria Nunes, relato depois desmentido. Ainda assim, o gesto foi interpretado como uma forma de pressionar o prefeito a escolher Araújo.

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Segundo Nunes, ele e o governador tiveram uma conversa rápida durante um evento em homenagem ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na Assembleia Legislativa do Estado (Alesp). “No final só que eu falei: tenho um monte de jornalista me mandando mensagem, o que você falou?”, relatou o prefeito. Tarcísio teria respondido que “a gente precisa resolver logo e reconhecer o trabalho que ele fez no Ceagesp”, segundo relato de Nunes.

Sob indicação de Bolsonaro, Mello Araújo ocupou o cargo de diretor da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), empresa pública federal, de outubro de 2020 até o final do mandato do ex-presidente. Antes, o currículo tinha apenas passagens na PM. Ele foi comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) por cerca de três anos, entre 2017 e 2019.

O bolsonarista Ricardo Mello Araújo, coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo, acena ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Alan Santos/PR (15/12/2020)
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Em princípio, o prefeito manterá a intenção de anunciar a escolha apenas no prazo das convenções partidárias, entre o final de julho e o início de agosto. Ele reclama da antecipação do assunto e argumenta que o ex-prefeito Bruno Covas, do PSDB, apenas o escolheu em meio à convenção do MDB em 2020.

Crise entre os aliados

A dobradinha de Bolsonaro e Tarcísio pela indicação do militar irritou parte da base aliada do prefeito. Deputados do Progressistas se rebelaram e ameaçam não participar da campanha caso isso se confirme. “Eu não subo em palanque se ele escolher esse cara aí. Esse cara foi um péssimo administrador no Ceagesp, foi uma m**** como PM e agora vai colocar ele de vice-prefeito? Não falta mais nada, né? Manda o Bolsonaro acordar. Ele acaba atrapalhando ao invés de ajudar”, disse o deputado estadual Delegado Olim (PP), ao Estadão.

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Nunes, no entanto, minimizou o assunto e disse que é possível que o nome escolhido não seja unanimidade entre os partidos que o apoiam. “Eu não tenho nenhuma objeção de ser (o coronel Mello Araújo). O que eu preciso é que, numa grande frente ampla, a gente tenha o maior consenso possível com relação aos nomes. Ontem eu já vi alguns deputados do PP dizendo que não aceitam, ou melhor, que não gostariam que fosse o coronel Mello. Então, como vai funcionar isso? É sentar e conversar e ter maioria para definir um nome.”

“Uma coisa que eu não vou fazer, que nem o meu adversário fez, é pegar uma pessoa e ‘democraticamente’ dizer vai ser essa e pronto, acabou”, acrescentou Nunes, alfinetando o principal oponente, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que recebeu como indicação de vice do PT a ex-prefeita Marta Suplicy. “Eu sou democrático verdadeiro, vou escutar todo mundo.”

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta terça-feira, 11, que não aceitará imposição na escolha para o posto de vice na sua chapa pela reeleição de quem quer que seja, apesar do apoio público dado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador paulista, Tarcísio de Freitas, (Republicanos), ao coronel da reserva da Polícia Militar Ricardo Mello Araújo.

“Todos serão escutados. Agora, assim, imposição… Vou te dizer muito sinceramente: eu não aceitaria de ninguém, de jeito nenhum”, declarou o prefeito a jornalistas após evento de assinatura de decreto de desapropriação de imóveis ociosos no centro de São Paulo. Ao mesmo tempo, negou sofrer pressão de Bolsonaro e Tarcísio no tema.

Nunes reconheceu, entretanto, que o PL terá maior peso na indicação por possuir a maior bancada na Câmara dos Deputados e oferecer o maior tempo de propaganda gratuita em rádio e televisão ao emedebista. “Entre o PL e o segundo tem uma distância enorme, e claro que o PL vai fazer uso legítimo desse tamanho que o partido tem.”

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao lado do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB); o emedebista vive dilema na escolha do vice da chapa nas eleições de 2024. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Governador pede agilidade na definição

O prefeito também comentou sobre as declarações do governador nesta segunda-feira, 10, em que este demonstrou estar alinhado com a preferência de seu padrinho político. Depois de fazer campanha nos bastidores pela vereadora Sonaira Fernandes (PL), Tarcísio disse publicamente que Mello Araújo é a melhor escolha para a vaga. “Vou estar fechado com o presidente Bolsonaro”, disse ele. “Até pela mudança no cenário, é importante fazer esse acerto o mais rápido possível.”

Essa mudança guarda relação com a entrada do coach Pablo Marçal (PRTB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo, com desempenho relevante nas pesquisas. Na semana passada, ele esteve em Brasília para se aproximar de políticos bolsonaristas e encontrar pessoalmente o ex-presidente. Marçal saiu da reunião dizendo que Bolsonaro abandonaria Nunes, relato depois desmentido. Ainda assim, o gesto foi interpretado como uma forma de pressionar o prefeito a escolher Araújo.

Segundo Nunes, ele e o governador tiveram uma conversa rápida durante um evento em homenagem ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na Assembleia Legislativa do Estado (Alesp). “No final só que eu falei: tenho um monte de jornalista me mandando mensagem, o que você falou?”, relatou o prefeito. Tarcísio teria respondido que “a gente precisa resolver logo e reconhecer o trabalho que ele fez no Ceagesp”, segundo relato de Nunes.

Sob indicação de Bolsonaro, Mello Araújo ocupou o cargo de diretor da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), empresa pública federal, de outubro de 2020 até o final do mandato do ex-presidente. Antes, o currículo tinha apenas passagens na PM. Ele foi comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) por cerca de três anos, entre 2017 e 2019.

O bolsonarista Ricardo Mello Araújo, coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo, acena ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Alan Santos/PR (15/12/2020)

Em princípio, o prefeito manterá a intenção de anunciar a escolha apenas no prazo das convenções partidárias, entre o final de julho e o início de agosto. Ele reclama da antecipação do assunto e argumenta que o ex-prefeito Bruno Covas, do PSDB, apenas o escolheu em meio à convenção do MDB em 2020.

Crise entre os aliados

A dobradinha de Bolsonaro e Tarcísio pela indicação do militar irritou parte da base aliada do prefeito. Deputados do Progressistas se rebelaram e ameaçam não participar da campanha caso isso se confirme. “Eu não subo em palanque se ele escolher esse cara aí. Esse cara foi um péssimo administrador no Ceagesp, foi uma m**** como PM e agora vai colocar ele de vice-prefeito? Não falta mais nada, né? Manda o Bolsonaro acordar. Ele acaba atrapalhando ao invés de ajudar”, disse o deputado estadual Delegado Olim (PP), ao Estadão.

Nunes, no entanto, minimizou o assunto e disse que é possível que o nome escolhido não seja unanimidade entre os partidos que o apoiam. “Eu não tenho nenhuma objeção de ser (o coronel Mello Araújo). O que eu preciso é que, numa grande frente ampla, a gente tenha o maior consenso possível com relação aos nomes. Ontem eu já vi alguns deputados do PP dizendo que não aceitam, ou melhor, que não gostariam que fosse o coronel Mello. Então, como vai funcionar isso? É sentar e conversar e ter maioria para definir um nome.”

“Uma coisa que eu não vou fazer, que nem o meu adversário fez, é pegar uma pessoa e ‘democraticamente’ dizer vai ser essa e pronto, acabou”, acrescentou Nunes, alfinetando o principal oponente, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que recebeu como indicação de vice do PT a ex-prefeita Marta Suplicy. “Eu sou democrático verdadeiro, vou escutar todo mundo.”

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta terça-feira, 11, que não aceitará imposição na escolha para o posto de vice na sua chapa pela reeleição de quem quer que seja, apesar do apoio público dado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador paulista, Tarcísio de Freitas, (Republicanos), ao coronel da reserva da Polícia Militar Ricardo Mello Araújo.

“Todos serão escutados. Agora, assim, imposição… Vou te dizer muito sinceramente: eu não aceitaria de ninguém, de jeito nenhum”, declarou o prefeito a jornalistas após evento de assinatura de decreto de desapropriação de imóveis ociosos no centro de São Paulo. Ao mesmo tempo, negou sofrer pressão de Bolsonaro e Tarcísio no tema.

Nunes reconheceu, entretanto, que o PL terá maior peso na indicação por possuir a maior bancada na Câmara dos Deputados e oferecer o maior tempo de propaganda gratuita em rádio e televisão ao emedebista. “Entre o PL e o segundo tem uma distância enorme, e claro que o PL vai fazer uso legítimo desse tamanho que o partido tem.”

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao lado do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB); o emedebista vive dilema na escolha do vice da chapa nas eleições de 2024. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Governador pede agilidade na definição

O prefeito também comentou sobre as declarações do governador nesta segunda-feira, 10, em que este demonstrou estar alinhado com a preferência de seu padrinho político. Depois de fazer campanha nos bastidores pela vereadora Sonaira Fernandes (PL), Tarcísio disse publicamente que Mello Araújo é a melhor escolha para a vaga. “Vou estar fechado com o presidente Bolsonaro”, disse ele. “Até pela mudança no cenário, é importante fazer esse acerto o mais rápido possível.”

Essa mudança guarda relação com a entrada do coach Pablo Marçal (PRTB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo, com desempenho relevante nas pesquisas. Na semana passada, ele esteve em Brasília para se aproximar de políticos bolsonaristas e encontrar pessoalmente o ex-presidente. Marçal saiu da reunião dizendo que Bolsonaro abandonaria Nunes, relato depois desmentido. Ainda assim, o gesto foi interpretado como uma forma de pressionar o prefeito a escolher Araújo.

Segundo Nunes, ele e o governador tiveram uma conversa rápida durante um evento em homenagem ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na Assembleia Legislativa do Estado (Alesp). “No final só que eu falei: tenho um monte de jornalista me mandando mensagem, o que você falou?”, relatou o prefeito. Tarcísio teria respondido que “a gente precisa resolver logo e reconhecer o trabalho que ele fez no Ceagesp”, segundo relato de Nunes.

Sob indicação de Bolsonaro, Mello Araújo ocupou o cargo de diretor da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), empresa pública federal, de outubro de 2020 até o final do mandato do ex-presidente. Antes, o currículo tinha apenas passagens na PM. Ele foi comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) por cerca de três anos, entre 2017 e 2019.

O bolsonarista Ricardo Mello Araújo, coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo, acena ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Alan Santos/PR (15/12/2020)

Em princípio, o prefeito manterá a intenção de anunciar a escolha apenas no prazo das convenções partidárias, entre o final de julho e o início de agosto. Ele reclama da antecipação do assunto e argumenta que o ex-prefeito Bruno Covas, do PSDB, apenas o escolheu em meio à convenção do MDB em 2020.

Crise entre os aliados

A dobradinha de Bolsonaro e Tarcísio pela indicação do militar irritou parte da base aliada do prefeito. Deputados do Progressistas se rebelaram e ameaçam não participar da campanha caso isso se confirme. “Eu não subo em palanque se ele escolher esse cara aí. Esse cara foi um péssimo administrador no Ceagesp, foi uma m**** como PM e agora vai colocar ele de vice-prefeito? Não falta mais nada, né? Manda o Bolsonaro acordar. Ele acaba atrapalhando ao invés de ajudar”, disse o deputado estadual Delegado Olim (PP), ao Estadão.

Nunes, no entanto, minimizou o assunto e disse que é possível que o nome escolhido não seja unanimidade entre os partidos que o apoiam. “Eu não tenho nenhuma objeção de ser (o coronel Mello Araújo). O que eu preciso é que, numa grande frente ampla, a gente tenha o maior consenso possível com relação aos nomes. Ontem eu já vi alguns deputados do PP dizendo que não aceitam, ou melhor, que não gostariam que fosse o coronel Mello. Então, como vai funcionar isso? É sentar e conversar e ter maioria para definir um nome.”

“Uma coisa que eu não vou fazer, que nem o meu adversário fez, é pegar uma pessoa e ‘democraticamente’ dizer vai ser essa e pronto, acabou”, acrescentou Nunes, alfinetando o principal oponente, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que recebeu como indicação de vice do PT a ex-prefeita Marta Suplicy. “Eu sou democrático verdadeiro, vou escutar todo mundo.”

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