O pesadelo da desigualdade no Brasil; leia análise de João Barone


Os versos de Gilberto Gil numa parceria com Os Paralamas do Sucesso - ‘ó mundo tão desigual’ - continuam atuais

Por João Barone
Atualização:

“Ó mundo tão desigual, tudo é tão desigual, de um lado esse carnaval, do outro a fome total”, escreveu o genial Gilberto Gil na canção A novidade, parceria com Os Paralamas do Sucesso de 1986. A música conta de forma lírica sobre uma sereia que veio dar na praia e o paradoxo criado entre os poetas que ansiavam pelos beijos da deusa e os esfomeados querendo devorar seu rabo de peixe.

Essa ode que disserta sobre as diferenças e contradições humanas continua atual e extrapola para o problema que mais assola a humanidade: a desigualdade social. Muito além das metáforas poéticas, constatamos que, infelizmente, esse problema continua crescendo no Brasil, com trágicas consequências.

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Enquanto aumenta o número de milionários nos Estados Unidos e na China, nesse exato momento mais um bote repleto de refugiados afunda entre a África e a Europa. No Brasil, mais uma safra recorde de grãos não chega para conter a fome de 30 milhões de brasileiros.

“Ó mundo tão desigual”... O tema resvala inevitavelmente para o campo ideológico num desgastado debate se este grave problema deveria ser ou não parte das políticas governamentais. Assistimos assim a infindável repetição de platitudes como a utopia de uma sociedade perfeita e equalitária, ao mesmo tempo em que vemos como os direitos básicos de cidadania continuam sendo negados para a maior parte da população nas grandes concentrações urbanas ou nos rincões do interior do país.

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Esses problemas se agravaram e a miséria ainda não foi eliminada efetivamente por nenhum governo. Falar da necessidade premente de políticas sociais efetivas qualifica seus defensores como “socialistas” ou mesmo “comunistas”, acusação dos que alegam que a pobreza “é problema dos pobres”.

Estes resumos toscos de argumentações rasas não alteram um fato comprovado: a ausência do estado vai causando efeitos nefastos em nossa sociedade, em especial nos índices de violência - tanto urbana quanto no campo - com grupos milicianos e do tráfico ocupando o vácuo administrativo deixado nas cidades, oprimindo suas populações. Já no interior, vemos que implementar uma justa reforma agrária num país do tamanho do Brasil esbarra nos grileiros e latifundiários inescrupulosos que roubam terras e desmatam a floresta para lucrar com gado, plantation e garimpo ilegal, tudo isso ao preço de muitas vidas.

Os estragos pela falta de planejamento e mau uso dos recursos públicos arrecadados com nossos impostos refletem diretamente nas frias estatísticas do aumento da desigualdade com números que escondem a dor e o drama da população vítima do verdadeiro choque social que testemunhamos diariamente.

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Desde 1985 comecei a viajar o Brasil de cima a baixo, quando descobri um país rico em recursos materiais e no potencial de sua gente trabalhadora, mas refém das más práticas políticas, do coronelismo, dos currais eleitorais, da falta de vontade dos donos do poder em realizar uma tão necessária revolução educacional para tirar o povo da indigência, talvez a medida que seria mais eficaz para elevar solidamente o patamar social da nação.

Nos últimos quatro anos, o Brasil esteve sequestrado por um governo explicitamente neofascista, destruidor e avesso às causas sociais, que foi afortunadamente derrotado nas urnas. Com o novo momento político, algumas medidas anteriormente criadas com sucesso foram retomadas para diminuir a desigualdade no país, como o combate à fome, a manutenção das cotas de ensino superior, o acesso à moradia e saúde popular, a defesa do meio ambiente e dos povos originários, mas ainda há muito o que fazer.

É preciso derrubar a miséria e oferecer cidadania ao povo como metas fundamentais de uma séria política de estado, longe de qualquer disputa ideológica, mas sim como questão essencialmente humanitária. É necessário entender e aceitar de forma enfática que o Brasil só vai dar certo no dia em que sumirem dos jornais as tenebrosas notícias de mais uma criança assassinada por uma bala perdida, de mais agentes do estado mortos na equivocada “guerra ao tráfico” ou de políticos picaretas eleitos para enriquecer ilicitamente.

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O Brasil precisa deixar de ser o país com os maiores números de estupros de vulneráveis, de assassinatos de LGBTQIA+, que possui vergonhosamente um dos sistemas políticos mais caros e ineficientes do mundo. Enquanto não mudarmos esse quadro dantesco, seguiremos vivenciando o pesadelo da desigualdade no país, que nos impede de viver uma plena democracia.

Cidadania irrestrita já!

(João Barone é baterista da banda Os Paralamas do Sucesso e colunista convidado do Estadão)

“Ó mundo tão desigual, tudo é tão desigual, de um lado esse carnaval, do outro a fome total”, escreveu o genial Gilberto Gil na canção A novidade, parceria com Os Paralamas do Sucesso de 1986. A música conta de forma lírica sobre uma sereia que veio dar na praia e o paradoxo criado entre os poetas que ansiavam pelos beijos da deusa e os esfomeados querendo devorar seu rabo de peixe.

Essa ode que disserta sobre as diferenças e contradições humanas continua atual e extrapola para o problema que mais assola a humanidade: a desigualdade social. Muito além das metáforas poéticas, constatamos que, infelizmente, esse problema continua crescendo no Brasil, com trágicas consequências.

Enquanto aumenta o número de milionários nos Estados Unidos e na China, nesse exato momento mais um bote repleto de refugiados afunda entre a África e a Europa. No Brasil, mais uma safra recorde de grãos não chega para conter a fome de 30 milhões de brasileiros.

“Ó mundo tão desigual”... O tema resvala inevitavelmente para o campo ideológico num desgastado debate se este grave problema deveria ser ou não parte das políticas governamentais. Assistimos assim a infindável repetição de platitudes como a utopia de uma sociedade perfeita e equalitária, ao mesmo tempo em que vemos como os direitos básicos de cidadania continuam sendo negados para a maior parte da população nas grandes concentrações urbanas ou nos rincões do interior do país.

Esses problemas se agravaram e a miséria ainda não foi eliminada efetivamente por nenhum governo. Falar da necessidade premente de políticas sociais efetivas qualifica seus defensores como “socialistas” ou mesmo “comunistas”, acusação dos que alegam que a pobreza “é problema dos pobres”.

Estes resumos toscos de argumentações rasas não alteram um fato comprovado: a ausência do estado vai causando efeitos nefastos em nossa sociedade, em especial nos índices de violência - tanto urbana quanto no campo - com grupos milicianos e do tráfico ocupando o vácuo administrativo deixado nas cidades, oprimindo suas populações. Já no interior, vemos que implementar uma justa reforma agrária num país do tamanho do Brasil esbarra nos grileiros e latifundiários inescrupulosos que roubam terras e desmatam a floresta para lucrar com gado, plantation e garimpo ilegal, tudo isso ao preço de muitas vidas.

Os estragos pela falta de planejamento e mau uso dos recursos públicos arrecadados com nossos impostos refletem diretamente nas frias estatísticas do aumento da desigualdade com números que escondem a dor e o drama da população vítima do verdadeiro choque social que testemunhamos diariamente.

Desde 1985 comecei a viajar o Brasil de cima a baixo, quando descobri um país rico em recursos materiais e no potencial de sua gente trabalhadora, mas refém das más práticas políticas, do coronelismo, dos currais eleitorais, da falta de vontade dos donos do poder em realizar uma tão necessária revolução educacional para tirar o povo da indigência, talvez a medida que seria mais eficaz para elevar solidamente o patamar social da nação.

Nos últimos quatro anos, o Brasil esteve sequestrado por um governo explicitamente neofascista, destruidor e avesso às causas sociais, que foi afortunadamente derrotado nas urnas. Com o novo momento político, algumas medidas anteriormente criadas com sucesso foram retomadas para diminuir a desigualdade no país, como o combate à fome, a manutenção das cotas de ensino superior, o acesso à moradia e saúde popular, a defesa do meio ambiente e dos povos originários, mas ainda há muito o que fazer.

É preciso derrubar a miséria e oferecer cidadania ao povo como metas fundamentais de uma séria política de estado, longe de qualquer disputa ideológica, mas sim como questão essencialmente humanitária. É necessário entender e aceitar de forma enfática que o Brasil só vai dar certo no dia em que sumirem dos jornais as tenebrosas notícias de mais uma criança assassinada por uma bala perdida, de mais agentes do estado mortos na equivocada “guerra ao tráfico” ou de políticos picaretas eleitos para enriquecer ilicitamente.

O Brasil precisa deixar de ser o país com os maiores números de estupros de vulneráveis, de assassinatos de LGBTQIA+, que possui vergonhosamente um dos sistemas políticos mais caros e ineficientes do mundo. Enquanto não mudarmos esse quadro dantesco, seguiremos vivenciando o pesadelo da desigualdade no país, que nos impede de viver uma plena democracia.

Cidadania irrestrita já!

(João Barone é baterista da banda Os Paralamas do Sucesso e colunista convidado do Estadão)

“Ó mundo tão desigual, tudo é tão desigual, de um lado esse carnaval, do outro a fome total”, escreveu o genial Gilberto Gil na canção A novidade, parceria com Os Paralamas do Sucesso de 1986. A música conta de forma lírica sobre uma sereia que veio dar na praia e o paradoxo criado entre os poetas que ansiavam pelos beijos da deusa e os esfomeados querendo devorar seu rabo de peixe.

Essa ode que disserta sobre as diferenças e contradições humanas continua atual e extrapola para o problema que mais assola a humanidade: a desigualdade social. Muito além das metáforas poéticas, constatamos que, infelizmente, esse problema continua crescendo no Brasil, com trágicas consequências.

Enquanto aumenta o número de milionários nos Estados Unidos e na China, nesse exato momento mais um bote repleto de refugiados afunda entre a África e a Europa. No Brasil, mais uma safra recorde de grãos não chega para conter a fome de 30 milhões de brasileiros.

“Ó mundo tão desigual”... O tema resvala inevitavelmente para o campo ideológico num desgastado debate se este grave problema deveria ser ou não parte das políticas governamentais. Assistimos assim a infindável repetição de platitudes como a utopia de uma sociedade perfeita e equalitária, ao mesmo tempo em que vemos como os direitos básicos de cidadania continuam sendo negados para a maior parte da população nas grandes concentrações urbanas ou nos rincões do interior do país.

Esses problemas se agravaram e a miséria ainda não foi eliminada efetivamente por nenhum governo. Falar da necessidade premente de políticas sociais efetivas qualifica seus defensores como “socialistas” ou mesmo “comunistas”, acusação dos que alegam que a pobreza “é problema dos pobres”.

Estes resumos toscos de argumentações rasas não alteram um fato comprovado: a ausência do estado vai causando efeitos nefastos em nossa sociedade, em especial nos índices de violência - tanto urbana quanto no campo - com grupos milicianos e do tráfico ocupando o vácuo administrativo deixado nas cidades, oprimindo suas populações. Já no interior, vemos que implementar uma justa reforma agrária num país do tamanho do Brasil esbarra nos grileiros e latifundiários inescrupulosos que roubam terras e desmatam a floresta para lucrar com gado, plantation e garimpo ilegal, tudo isso ao preço de muitas vidas.

Os estragos pela falta de planejamento e mau uso dos recursos públicos arrecadados com nossos impostos refletem diretamente nas frias estatísticas do aumento da desigualdade com números que escondem a dor e o drama da população vítima do verdadeiro choque social que testemunhamos diariamente.

Desde 1985 comecei a viajar o Brasil de cima a baixo, quando descobri um país rico em recursos materiais e no potencial de sua gente trabalhadora, mas refém das más práticas políticas, do coronelismo, dos currais eleitorais, da falta de vontade dos donos do poder em realizar uma tão necessária revolução educacional para tirar o povo da indigência, talvez a medida que seria mais eficaz para elevar solidamente o patamar social da nação.

Nos últimos quatro anos, o Brasil esteve sequestrado por um governo explicitamente neofascista, destruidor e avesso às causas sociais, que foi afortunadamente derrotado nas urnas. Com o novo momento político, algumas medidas anteriormente criadas com sucesso foram retomadas para diminuir a desigualdade no país, como o combate à fome, a manutenção das cotas de ensino superior, o acesso à moradia e saúde popular, a defesa do meio ambiente e dos povos originários, mas ainda há muito o que fazer.

É preciso derrubar a miséria e oferecer cidadania ao povo como metas fundamentais de uma séria política de estado, longe de qualquer disputa ideológica, mas sim como questão essencialmente humanitária. É necessário entender e aceitar de forma enfática que o Brasil só vai dar certo no dia em que sumirem dos jornais as tenebrosas notícias de mais uma criança assassinada por uma bala perdida, de mais agentes do estado mortos na equivocada “guerra ao tráfico” ou de políticos picaretas eleitos para enriquecer ilicitamente.

O Brasil precisa deixar de ser o país com os maiores números de estupros de vulneráveis, de assassinatos de LGBTQIA+, que possui vergonhosamente um dos sistemas políticos mais caros e ineficientes do mundo. Enquanto não mudarmos esse quadro dantesco, seguiremos vivenciando o pesadelo da desigualdade no país, que nos impede de viver uma plena democracia.

Cidadania irrestrita já!

(João Barone é baterista da banda Os Paralamas do Sucesso e colunista convidado do Estadão)

“Ó mundo tão desigual, tudo é tão desigual, de um lado esse carnaval, do outro a fome total”, escreveu o genial Gilberto Gil na canção A novidade, parceria com Os Paralamas do Sucesso de 1986. A música conta de forma lírica sobre uma sereia que veio dar na praia e o paradoxo criado entre os poetas que ansiavam pelos beijos da deusa e os esfomeados querendo devorar seu rabo de peixe.

Essa ode que disserta sobre as diferenças e contradições humanas continua atual e extrapola para o problema que mais assola a humanidade: a desigualdade social. Muito além das metáforas poéticas, constatamos que, infelizmente, esse problema continua crescendo no Brasil, com trágicas consequências.

Enquanto aumenta o número de milionários nos Estados Unidos e na China, nesse exato momento mais um bote repleto de refugiados afunda entre a África e a Europa. No Brasil, mais uma safra recorde de grãos não chega para conter a fome de 30 milhões de brasileiros.

“Ó mundo tão desigual”... O tema resvala inevitavelmente para o campo ideológico num desgastado debate se este grave problema deveria ser ou não parte das políticas governamentais. Assistimos assim a infindável repetição de platitudes como a utopia de uma sociedade perfeita e equalitária, ao mesmo tempo em que vemos como os direitos básicos de cidadania continuam sendo negados para a maior parte da população nas grandes concentrações urbanas ou nos rincões do interior do país.

Esses problemas se agravaram e a miséria ainda não foi eliminada efetivamente por nenhum governo. Falar da necessidade premente de políticas sociais efetivas qualifica seus defensores como “socialistas” ou mesmo “comunistas”, acusação dos que alegam que a pobreza “é problema dos pobres”.

Estes resumos toscos de argumentações rasas não alteram um fato comprovado: a ausência do estado vai causando efeitos nefastos em nossa sociedade, em especial nos índices de violência - tanto urbana quanto no campo - com grupos milicianos e do tráfico ocupando o vácuo administrativo deixado nas cidades, oprimindo suas populações. Já no interior, vemos que implementar uma justa reforma agrária num país do tamanho do Brasil esbarra nos grileiros e latifundiários inescrupulosos que roubam terras e desmatam a floresta para lucrar com gado, plantation e garimpo ilegal, tudo isso ao preço de muitas vidas.

Os estragos pela falta de planejamento e mau uso dos recursos públicos arrecadados com nossos impostos refletem diretamente nas frias estatísticas do aumento da desigualdade com números que escondem a dor e o drama da população vítima do verdadeiro choque social que testemunhamos diariamente.

Desde 1985 comecei a viajar o Brasil de cima a baixo, quando descobri um país rico em recursos materiais e no potencial de sua gente trabalhadora, mas refém das más práticas políticas, do coronelismo, dos currais eleitorais, da falta de vontade dos donos do poder em realizar uma tão necessária revolução educacional para tirar o povo da indigência, talvez a medida que seria mais eficaz para elevar solidamente o patamar social da nação.

Nos últimos quatro anos, o Brasil esteve sequestrado por um governo explicitamente neofascista, destruidor e avesso às causas sociais, que foi afortunadamente derrotado nas urnas. Com o novo momento político, algumas medidas anteriormente criadas com sucesso foram retomadas para diminuir a desigualdade no país, como o combate à fome, a manutenção das cotas de ensino superior, o acesso à moradia e saúde popular, a defesa do meio ambiente e dos povos originários, mas ainda há muito o que fazer.

É preciso derrubar a miséria e oferecer cidadania ao povo como metas fundamentais de uma séria política de estado, longe de qualquer disputa ideológica, mas sim como questão essencialmente humanitária. É necessário entender e aceitar de forma enfática que o Brasil só vai dar certo no dia em que sumirem dos jornais as tenebrosas notícias de mais uma criança assassinada por uma bala perdida, de mais agentes do estado mortos na equivocada “guerra ao tráfico” ou de políticos picaretas eleitos para enriquecer ilicitamente.

O Brasil precisa deixar de ser o país com os maiores números de estupros de vulneráveis, de assassinatos de LGBTQIA+, que possui vergonhosamente um dos sistemas políticos mais caros e ineficientes do mundo. Enquanto não mudarmos esse quadro dantesco, seguiremos vivenciando o pesadelo da desigualdade no país, que nos impede de viver uma plena democracia.

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(João Barone é baterista da banda Os Paralamas do Sucesso e colunista convidado do Estadão)

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