O que é voto útil? Entenda estratégia de candidatos em SP


Conceito descreve ‘cálculo’ geralmente utilizado pelos eleitores em pleitos com disputas acirradas, quando decidem não votar no candidato preferido, mas sim naquele com mais condições de vencer

Por Karina Ferreira

Em disputas eleitorais acirradas, como a protagonizada por São Paulo neste ano – com os resultados das principais pesquisas apontando um empate técnico, tanto na primeira posição como na segunda –, é comum o termo “voto útil” ganhar popularidade.

O conceito da ciência política descreve um caráter racional do comportamento do eleitor, que faz uma espécie de cálculo para atingir um objetivo, geralmente o de impedir que um candidato que ele não goste consiga se eleger ou passar para a segunda etapa do pleito. Dessa forma, o eleitor opta por votar não em seu candidato preferido, mas sim naquele que julga ter mais chances de vitória.

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“O cidadão tende a ter uma expectativa de que seu voto seja útil, ou seja, que ele vai fazer diferença na eleição. Se ele votar num candidato muito inexpressivo, esse voto tende a não fazer muita diferença, porque de qualquer forma o candidato não vai se eleger”, explicou a professora de Ciência Política e coordenadora do Laboratório de Eleições, Partidos e Política Comparada (Lappcom), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mayra Goulart.

Os candidatos Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Tabata Amaral, José Luiz Datena e Marina Helena. Foto: Felipe Rau/Estadão e Werther Santana/Estadão

Em eleições mais polarizadas, em que o cenário de segundo turno é antecipado e ganha força na campanha eleitoral do primeiro turno, há uma invocação maior por parte das campanhas dos principais representantes dos dois polos para atrair o voto de quem escolheria candidatos que apresentam menores resultados nas intenções de voto, explica a professora.

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Em cenários como o da eleição paulistana deste ano, em que na semana final do pleito há dois representantes de um mesmo espetro político bem posicionados nas pesquisas, mas em indeterminação de posições com um candidato de outra ideologia, as estratégias de voto útil podem ter finalidades distintas.

O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), por exemplo, que divide votos de eleitores de direita com o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), se coloca como uma opção de voto útil para impedir que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que polariza com ambos, seja eleito.

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Esse foi o argumento utilizado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em uma peça de propaganda eleitoral, em que afirma que um dos motivos que o fazem preferir Nunes é “não querer que a esquerda ganhe”. Em uma tentativa de unificar os votos da direita, o governador afirma que Marçal é “a porta de entrada para Boulos”, porque em um eventual segundo turno entre os dois, como mostram as pesquisas, o deputado federal aparece numericamente à frente de Marçal, vencendo do ex-coach.

Como mostrou o Estadão, também há outro motivo para os eleitores cogitarem o voto útil em Nunes. Segundo a pesquisa qualitativa realizada pelo Instituto Travessia, eleitores também pensam em votar no atual prefeito para impedir não necessariamente que Boulos vença, mas que Marçal, a quem nutrem maior rejeição, não dispute a eventual segunda etapa do pleito.

A transferência tática de voto também pode ocorrer para um candidato melhor posicionado nas pesquisas e que seja ideologicamente mais parecido com o candidato que originalmente o eleitor preferia votar, caso estivesse com porcentagens de intenção de voto maiores – também mirando em barrar um determinado candidato.

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Possível afetada com a dinâmica do voto útil, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) já fez apelos para que seu eleitor não recorra à transferência do voto para Boulos, como, segundo ela, defende a campanha do psolista.

“Me parece que isso é um voto inútil, apostar em alguém que quando chega no segundo turno não tem a menor chance. Voto útil é com a gente”, disse em sabatina ao Estadão na metade do mês. A candidata tem apostado em divulgar resultados que a colocam como única opção que ganharia de Nunes e de Marçal em um eventual segundo turno. A economista Marina Helena (Novo), que é numericamente a sexta colocada nas principais pesquisas, também pediu para que seus eleitores não recorram à estratégia no debate da TV Record no último dia 28.

Voto útil pode ‘implodir’ candidatura ainda competitiva, diz especialista

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A professora da UFRJ analisa que o risco de o eleitor decidir pelo voto útil é o de “implodir” uma candidatura que ainda seja competitiva. “Isso falando das três principais candidaturas. No tocante às demais, é mesmo muito difícil”, advertiu Mayra, se referindo à possibilidade das pesquisas estarem mostrando resultados divergentes da realidade, como a tendência a haver um “voto envergonhado” em Marçal, subnotificada nos levantamentos.

A professora também avalia que, na reta final da campanha, há um maior engajamento nas redes, sobretudo no WhatsApp por parte da direita (o que favorece Marçal, um candidato nativo digital), e nas ruas, promovido pela esquerda (onde Boulos tem melhor desempenho) – fatores que ainda podem modificar os números da urna no próximo dia 6.

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Em disputas eleitorais acirradas, como a protagonizada por São Paulo neste ano – com os resultados das principais pesquisas apontando um empate técnico, tanto na primeira posição como na segunda –, é comum o termo “voto útil” ganhar popularidade.

O conceito da ciência política descreve um caráter racional do comportamento do eleitor, que faz uma espécie de cálculo para atingir um objetivo, geralmente o de impedir que um candidato que ele não goste consiga se eleger ou passar para a segunda etapa do pleito. Dessa forma, o eleitor opta por votar não em seu candidato preferido, mas sim naquele que julga ter mais chances de vitória.

“O cidadão tende a ter uma expectativa de que seu voto seja útil, ou seja, que ele vai fazer diferença na eleição. Se ele votar num candidato muito inexpressivo, esse voto tende a não fazer muita diferença, porque de qualquer forma o candidato não vai se eleger”, explicou a professora de Ciência Política e coordenadora do Laboratório de Eleições, Partidos e Política Comparada (Lappcom), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mayra Goulart.

Os candidatos Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Tabata Amaral, José Luiz Datena e Marina Helena. Foto: Felipe Rau/Estadão e Werther Santana/Estadão

Em eleições mais polarizadas, em que o cenário de segundo turno é antecipado e ganha força na campanha eleitoral do primeiro turno, há uma invocação maior por parte das campanhas dos principais representantes dos dois polos para atrair o voto de quem escolheria candidatos que apresentam menores resultados nas intenções de voto, explica a professora.

Em cenários como o da eleição paulistana deste ano, em que na semana final do pleito há dois representantes de um mesmo espetro político bem posicionados nas pesquisas, mas em indeterminação de posições com um candidato de outra ideologia, as estratégias de voto útil podem ter finalidades distintas.

O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), por exemplo, que divide votos de eleitores de direita com o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), se coloca como uma opção de voto útil para impedir que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que polariza com ambos, seja eleito.

Esse foi o argumento utilizado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em uma peça de propaganda eleitoral, em que afirma que um dos motivos que o fazem preferir Nunes é “não querer que a esquerda ganhe”. Em uma tentativa de unificar os votos da direita, o governador afirma que Marçal é “a porta de entrada para Boulos”, porque em um eventual segundo turno entre os dois, como mostram as pesquisas, o deputado federal aparece numericamente à frente de Marçal, vencendo do ex-coach.

Como mostrou o Estadão, também há outro motivo para os eleitores cogitarem o voto útil em Nunes. Segundo a pesquisa qualitativa realizada pelo Instituto Travessia, eleitores também pensam em votar no atual prefeito para impedir não necessariamente que Boulos vença, mas que Marçal, a quem nutrem maior rejeição, não dispute a eventual segunda etapa do pleito.

A transferência tática de voto também pode ocorrer para um candidato melhor posicionado nas pesquisas e que seja ideologicamente mais parecido com o candidato que originalmente o eleitor preferia votar, caso estivesse com porcentagens de intenção de voto maiores – também mirando em barrar um determinado candidato.

Possível afetada com a dinâmica do voto útil, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) já fez apelos para que seu eleitor não recorra à transferência do voto para Boulos, como, segundo ela, defende a campanha do psolista.

“Me parece que isso é um voto inútil, apostar em alguém que quando chega no segundo turno não tem a menor chance. Voto útil é com a gente”, disse em sabatina ao Estadão na metade do mês. A candidata tem apostado em divulgar resultados que a colocam como única opção que ganharia de Nunes e de Marçal em um eventual segundo turno. A economista Marina Helena (Novo), que é numericamente a sexta colocada nas principais pesquisas, também pediu para que seus eleitores não recorram à estratégia no debate da TV Record no último dia 28.

Voto útil pode ‘implodir’ candidatura ainda competitiva, diz especialista

A professora da UFRJ analisa que o risco de o eleitor decidir pelo voto útil é o de “implodir” uma candidatura que ainda seja competitiva. “Isso falando das três principais candidaturas. No tocante às demais, é mesmo muito difícil”, advertiu Mayra, se referindo à possibilidade das pesquisas estarem mostrando resultados divergentes da realidade, como a tendência a haver um “voto envergonhado” em Marçal, subnotificada nos levantamentos.

A professora também avalia que, na reta final da campanha, há um maior engajamento nas redes, sobretudo no WhatsApp por parte da direita (o que favorece Marçal, um candidato nativo digital), e nas ruas, promovido pela esquerda (onde Boulos tem melhor desempenho) – fatores que ainda podem modificar os números da urna no próximo dia 6.

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Em disputas eleitorais acirradas, como a protagonizada por São Paulo neste ano – com os resultados das principais pesquisas apontando um empate técnico, tanto na primeira posição como na segunda –, é comum o termo “voto útil” ganhar popularidade.

O conceito da ciência política descreve um caráter racional do comportamento do eleitor, que faz uma espécie de cálculo para atingir um objetivo, geralmente o de impedir que um candidato que ele não goste consiga se eleger ou passar para a segunda etapa do pleito. Dessa forma, o eleitor opta por votar não em seu candidato preferido, mas sim naquele que julga ter mais chances de vitória.

“O cidadão tende a ter uma expectativa de que seu voto seja útil, ou seja, que ele vai fazer diferença na eleição. Se ele votar num candidato muito inexpressivo, esse voto tende a não fazer muita diferença, porque de qualquer forma o candidato não vai se eleger”, explicou a professora de Ciência Política e coordenadora do Laboratório de Eleições, Partidos e Política Comparada (Lappcom), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mayra Goulart.

Os candidatos Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Tabata Amaral, José Luiz Datena e Marina Helena. Foto: Felipe Rau/Estadão e Werther Santana/Estadão

Em eleições mais polarizadas, em que o cenário de segundo turno é antecipado e ganha força na campanha eleitoral do primeiro turno, há uma invocação maior por parte das campanhas dos principais representantes dos dois polos para atrair o voto de quem escolheria candidatos que apresentam menores resultados nas intenções de voto, explica a professora.

Em cenários como o da eleição paulistana deste ano, em que na semana final do pleito há dois representantes de um mesmo espetro político bem posicionados nas pesquisas, mas em indeterminação de posições com um candidato de outra ideologia, as estratégias de voto útil podem ter finalidades distintas.

O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), por exemplo, que divide votos de eleitores de direita com o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), se coloca como uma opção de voto útil para impedir que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que polariza com ambos, seja eleito.

Esse foi o argumento utilizado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em uma peça de propaganda eleitoral, em que afirma que um dos motivos que o fazem preferir Nunes é “não querer que a esquerda ganhe”. Em uma tentativa de unificar os votos da direita, o governador afirma que Marçal é “a porta de entrada para Boulos”, porque em um eventual segundo turno entre os dois, como mostram as pesquisas, o deputado federal aparece numericamente à frente de Marçal, vencendo do ex-coach.

Como mostrou o Estadão, também há outro motivo para os eleitores cogitarem o voto útil em Nunes. Segundo a pesquisa qualitativa realizada pelo Instituto Travessia, eleitores também pensam em votar no atual prefeito para impedir não necessariamente que Boulos vença, mas que Marçal, a quem nutrem maior rejeição, não dispute a eventual segunda etapa do pleito.

A transferência tática de voto também pode ocorrer para um candidato melhor posicionado nas pesquisas e que seja ideologicamente mais parecido com o candidato que originalmente o eleitor preferia votar, caso estivesse com porcentagens de intenção de voto maiores – também mirando em barrar um determinado candidato.

Possível afetada com a dinâmica do voto útil, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) já fez apelos para que seu eleitor não recorra à transferência do voto para Boulos, como, segundo ela, defende a campanha do psolista.

“Me parece que isso é um voto inútil, apostar em alguém que quando chega no segundo turno não tem a menor chance. Voto útil é com a gente”, disse em sabatina ao Estadão na metade do mês. A candidata tem apostado em divulgar resultados que a colocam como única opção que ganharia de Nunes e de Marçal em um eventual segundo turno. A economista Marina Helena (Novo), que é numericamente a sexta colocada nas principais pesquisas, também pediu para que seus eleitores não recorram à estratégia no debate da TV Record no último dia 28.

Voto útil pode ‘implodir’ candidatura ainda competitiva, diz especialista

A professora da UFRJ analisa que o risco de o eleitor decidir pelo voto útil é o de “implodir” uma candidatura que ainda seja competitiva. “Isso falando das três principais candidaturas. No tocante às demais, é mesmo muito difícil”, advertiu Mayra, se referindo à possibilidade das pesquisas estarem mostrando resultados divergentes da realidade, como a tendência a haver um “voto envergonhado” em Marçal, subnotificada nos levantamentos.

A professora também avalia que, na reta final da campanha, há um maior engajamento nas redes, sobretudo no WhatsApp por parte da direita (o que favorece Marçal, um candidato nativo digital), e nas ruas, promovido pela esquerda (onde Boulos tem melhor desempenho) – fatores que ainda podem modificar os números da urna no próximo dia 6.

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Em disputas eleitorais acirradas, como a protagonizada por São Paulo neste ano – com os resultados das principais pesquisas apontando um empate técnico, tanto na primeira posição como na segunda –, é comum o termo “voto útil” ganhar popularidade.

O conceito da ciência política descreve um caráter racional do comportamento do eleitor, que faz uma espécie de cálculo para atingir um objetivo, geralmente o de impedir que um candidato que ele não goste consiga se eleger ou passar para a segunda etapa do pleito. Dessa forma, o eleitor opta por votar não em seu candidato preferido, mas sim naquele que julga ter mais chances de vitória.

“O cidadão tende a ter uma expectativa de que seu voto seja útil, ou seja, que ele vai fazer diferença na eleição. Se ele votar num candidato muito inexpressivo, esse voto tende a não fazer muita diferença, porque de qualquer forma o candidato não vai se eleger”, explicou a professora de Ciência Política e coordenadora do Laboratório de Eleições, Partidos e Política Comparada (Lappcom), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mayra Goulart.

Os candidatos Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Tabata Amaral, José Luiz Datena e Marina Helena. Foto: Felipe Rau/Estadão e Werther Santana/Estadão

Em eleições mais polarizadas, em que o cenário de segundo turno é antecipado e ganha força na campanha eleitoral do primeiro turno, há uma invocação maior por parte das campanhas dos principais representantes dos dois polos para atrair o voto de quem escolheria candidatos que apresentam menores resultados nas intenções de voto, explica a professora.

Em cenários como o da eleição paulistana deste ano, em que na semana final do pleito há dois representantes de um mesmo espetro político bem posicionados nas pesquisas, mas em indeterminação de posições com um candidato de outra ideologia, as estratégias de voto útil podem ter finalidades distintas.

O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), por exemplo, que divide votos de eleitores de direita com o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), se coloca como uma opção de voto útil para impedir que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que polariza com ambos, seja eleito.

Esse foi o argumento utilizado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em uma peça de propaganda eleitoral, em que afirma que um dos motivos que o fazem preferir Nunes é “não querer que a esquerda ganhe”. Em uma tentativa de unificar os votos da direita, o governador afirma que Marçal é “a porta de entrada para Boulos”, porque em um eventual segundo turno entre os dois, como mostram as pesquisas, o deputado federal aparece numericamente à frente de Marçal, vencendo do ex-coach.

Como mostrou o Estadão, também há outro motivo para os eleitores cogitarem o voto útil em Nunes. Segundo a pesquisa qualitativa realizada pelo Instituto Travessia, eleitores também pensam em votar no atual prefeito para impedir não necessariamente que Boulos vença, mas que Marçal, a quem nutrem maior rejeição, não dispute a eventual segunda etapa do pleito.

A transferência tática de voto também pode ocorrer para um candidato melhor posicionado nas pesquisas e que seja ideologicamente mais parecido com o candidato que originalmente o eleitor preferia votar, caso estivesse com porcentagens de intenção de voto maiores – também mirando em barrar um determinado candidato.

Possível afetada com a dinâmica do voto útil, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) já fez apelos para que seu eleitor não recorra à transferência do voto para Boulos, como, segundo ela, defende a campanha do psolista.

“Me parece que isso é um voto inútil, apostar em alguém que quando chega no segundo turno não tem a menor chance. Voto útil é com a gente”, disse em sabatina ao Estadão na metade do mês. A candidata tem apostado em divulgar resultados que a colocam como única opção que ganharia de Nunes e de Marçal em um eventual segundo turno. A economista Marina Helena (Novo), que é numericamente a sexta colocada nas principais pesquisas, também pediu para que seus eleitores não recorram à estratégia no debate da TV Record no último dia 28.

Voto útil pode ‘implodir’ candidatura ainda competitiva, diz especialista

A professora da UFRJ analisa que o risco de o eleitor decidir pelo voto útil é o de “implodir” uma candidatura que ainda seja competitiva. “Isso falando das três principais candidaturas. No tocante às demais, é mesmo muito difícil”, advertiu Mayra, se referindo à possibilidade das pesquisas estarem mostrando resultados divergentes da realidade, como a tendência a haver um “voto envergonhado” em Marçal, subnotificada nos levantamentos.

A professora também avalia que, na reta final da campanha, há um maior engajamento nas redes, sobretudo no WhatsApp por parte da direita (o que favorece Marçal, um candidato nativo digital), e nas ruas, promovido pela esquerda (onde Boulos tem melhor desempenho) – fatores que ainda podem modificar os números da urna no próximo dia 6.

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Em disputas eleitorais acirradas, como a protagonizada por São Paulo neste ano – com os resultados das principais pesquisas apontando um empate técnico, tanto na primeira posição como na segunda –, é comum o termo “voto útil” ganhar popularidade.

O conceito da ciência política descreve um caráter racional do comportamento do eleitor, que faz uma espécie de cálculo para atingir um objetivo, geralmente o de impedir que um candidato que ele não goste consiga se eleger ou passar para a segunda etapa do pleito. Dessa forma, o eleitor opta por votar não em seu candidato preferido, mas sim naquele que julga ter mais chances de vitória.

“O cidadão tende a ter uma expectativa de que seu voto seja útil, ou seja, que ele vai fazer diferença na eleição. Se ele votar num candidato muito inexpressivo, esse voto tende a não fazer muita diferença, porque de qualquer forma o candidato não vai se eleger”, explicou a professora de Ciência Política e coordenadora do Laboratório de Eleições, Partidos e Política Comparada (Lappcom), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mayra Goulart.

Os candidatos Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Tabata Amaral, José Luiz Datena e Marina Helena. Foto: Felipe Rau/Estadão e Werther Santana/Estadão

Em eleições mais polarizadas, em que o cenário de segundo turno é antecipado e ganha força na campanha eleitoral do primeiro turno, há uma invocação maior por parte das campanhas dos principais representantes dos dois polos para atrair o voto de quem escolheria candidatos que apresentam menores resultados nas intenções de voto, explica a professora.

Em cenários como o da eleição paulistana deste ano, em que na semana final do pleito há dois representantes de um mesmo espetro político bem posicionados nas pesquisas, mas em indeterminação de posições com um candidato de outra ideologia, as estratégias de voto útil podem ter finalidades distintas.

O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), por exemplo, que divide votos de eleitores de direita com o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), se coloca como uma opção de voto útil para impedir que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que polariza com ambos, seja eleito.

Esse foi o argumento utilizado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em uma peça de propaganda eleitoral, em que afirma que um dos motivos que o fazem preferir Nunes é “não querer que a esquerda ganhe”. Em uma tentativa de unificar os votos da direita, o governador afirma que Marçal é “a porta de entrada para Boulos”, porque em um eventual segundo turno entre os dois, como mostram as pesquisas, o deputado federal aparece numericamente à frente de Marçal, vencendo do ex-coach.

Como mostrou o Estadão, também há outro motivo para os eleitores cogitarem o voto útil em Nunes. Segundo a pesquisa qualitativa realizada pelo Instituto Travessia, eleitores também pensam em votar no atual prefeito para impedir não necessariamente que Boulos vença, mas que Marçal, a quem nutrem maior rejeição, não dispute a eventual segunda etapa do pleito.

A transferência tática de voto também pode ocorrer para um candidato melhor posicionado nas pesquisas e que seja ideologicamente mais parecido com o candidato que originalmente o eleitor preferia votar, caso estivesse com porcentagens de intenção de voto maiores – também mirando em barrar um determinado candidato.

Possível afetada com a dinâmica do voto útil, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) já fez apelos para que seu eleitor não recorra à transferência do voto para Boulos, como, segundo ela, defende a campanha do psolista.

“Me parece que isso é um voto inútil, apostar em alguém que quando chega no segundo turno não tem a menor chance. Voto útil é com a gente”, disse em sabatina ao Estadão na metade do mês. A candidata tem apostado em divulgar resultados que a colocam como única opção que ganharia de Nunes e de Marçal em um eventual segundo turno. A economista Marina Helena (Novo), que é numericamente a sexta colocada nas principais pesquisas, também pediu para que seus eleitores não recorram à estratégia no debate da TV Record no último dia 28.

Voto útil pode ‘implodir’ candidatura ainda competitiva, diz especialista

A professora da UFRJ analisa que o risco de o eleitor decidir pelo voto útil é o de “implodir” uma candidatura que ainda seja competitiva. “Isso falando das três principais candidaturas. No tocante às demais, é mesmo muito difícil”, advertiu Mayra, se referindo à possibilidade das pesquisas estarem mostrando resultados divergentes da realidade, como a tendência a haver um “voto envergonhado” em Marçal, subnotificada nos levantamentos.

A professora também avalia que, na reta final da campanha, há um maior engajamento nas redes, sobretudo no WhatsApp por parte da direita (o que favorece Marçal, um candidato nativo digital), e nas ruas, promovido pela esquerda (onde Boulos tem melhor desempenho) – fatores que ainda podem modificar os números da urna no próximo dia 6.

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