O que esperar das manifestações de 7 de Setembro?


Data cívica será marcada por gestos políticos de Lula e Jair Bolsonaro e terá o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes como centro das atenções

Por Gabriel de Sousa
Atualização:

BRASÍLIA – O feriado da Independência do Brasil, celebrado neste sábado, 7, será marcado por gestos políticos e pela figura do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no centro das atenções. Em Brasília, o ministro estará ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma sinalização de proximidade entre os dois. Na Avenida Paulista, em São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai ser o protagonista de uma manifestação que vai pedir o impeachment do magistrado.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai participar de um desfile cívico, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai conduzir uma manifestação na Avenida Paulista Foto: Taba Benedicto e Wilton Junior/Estadão

O ato na Paulista, convocado por Bolsonaro, ocorre após o ministro do STF se tornar personagem central de polêmicas que envolveram a Corte em agosto. Em Brasília, Lula quer Moraes ao lado dele, na tribuna de autoridades do desfile cívico. O objetivo é transmitir uma mensagem de solidariedade ao magistrado, além de evidenciar um contraponto ao ex-presidente.

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A solenidade que Lula vai participar é a cerimônia oficial do governo federal, realizado anualmente para celebrar a Independência. Na cerimônia, ocorre o desfile de membros das Forças Armadas e veículos militares. Neste ano, também haverá homenagens a membros da segurança pública que auxiliaram os trabalhos de resgate da tragédia climática que acometeu o Rio Grande do Sul em maio.

Uma das entidades que participariam do desfile era o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que foi convidada pelo governo Lula. O Planalto, porém, recuou e desistiu de chamar o movimento para a solenidade.

Além de Lula e Moraes, a tribuna de autoridades vai contar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente do STF, Luís Roberto Barroso. Também estarão presentes os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica, além de ministros de Estado.

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Para incluir Moraes na tribuna de autoridades no desfile cívico de 7 de Setembro em Brasília, Lula deixou de lado um costume adotado pelos presidentes. Normalmente, são convidados os chefes dos Três Poderes para acompanhar a solenidade, mas Lula pediu ao ministro da Defesa, José Múcio, que convidasse todos os ministros do STF. Essa foi a forma encontrada para chamar Moraes para o evento.

“Eu convidei o ministro Alexandre, em nome do presidente, e ele respondeu prontamente que vai ao nosso desfile do 7 de Setembro. Estou chamando todos os ministros do STF”, disse Múcio à Coluna da Vera Rosa.

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A leitura política feita por aliados é que Lula quer mostrar solidariedade a Moraes no momento em que os aliados de Bolsonaro vão às ruas pedir a cabeça do ministro. Demonstrar contraponto ao ex-presidente, reforçando a polarização na data cívica, também foi uma escolha do petista.

Para Lula, Moraes foi um dos responsáveis por salvar a democracia quando houve a tentativa de golpe, em 8 de janeiro de 2023. Desde que iniciou o terceiro mandato na Presidência, o petista selou uma aliança com o STF para governar.

Onde e que horas será o desfile cívico em Brasília?

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  • Local: Esplanada dos Ministérios
  • Horário: 8h45

A manifestação convocada por Bolsonaro é uma resposta à discussão envolvendo inquéritos relatados por Moraes. No início do mês passado, foi divulgado que Moraes utilizou o aparato do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fora dos ritos processuais para embasar decisões contra aliados do ex-presidente. Duas semanas depois, foi deflagrada uma crise entre o magistrado e o bilionário Elon Musk, que terminou com a suspensão do X (antigo Twitter) em todo o País.

Musk estará nos holofotes da manifestação e vai ser tratado como herói pelos bolsonaristas. Um boneco de 20 metros de altura deve ficar ao lado do carro de som do grupo Movimento #ForaMoraes. Ao lado de Musk, Moraes será representado por outro boneco gigante com uma “cabeça de ovo” – forma como bolsonaristas se referem ao ministro. Abaixo, os textos: “Supremo Tirano Federal” e “Democracy or Moraes”.

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Aliados do ex-presidente esperam uma manifestação maior do que a realizada em fevereiro, que reuniu cerca de 600 mil pessoas, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP). Naquela ocasião, Bolsonaro convocou apoiadores para a Avenida Paulista para se defender das acusações do inquérito que o coloca como o artífice de um golpe de Estado após as eleições de 2022.

Última manifestação bolsonarista na Paulista ocorreu em fevereiro deste ano Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Ao Estadão, o pastor evangélico Silas Malafaia, que é um dos organizadores da manifestação da Paulista, afirmou que o discurso de Bolsonaro aos apoiadores não vai ter ataques a Moraes, devido ao fato de ele estar sendo investigado em inquéritos relatados pelo ministro. No 7 de Setembro de 2021, quando ainda estava na Presidência, o ex-presidente chamou o magistrado de “canalha”.

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“Bolsonaro não vai falar isso porque está em inquérito. Mas ele vai falar sobre liberdades, o que está acontecendo no Brasil, cerceamento de liberdades, sem tocar no Alexandre de Moraes”, disse Malafaia.

Segundo o pastor, o tema central da manifestação será o pedido de impeachment de Moraes, que deve ser protocolado no Congresso Nacional na próxima segunda, 9. Malafaia adiantou que fará o discurso mais inflamado contra o ministro. Em fevereiro, ele disse que o magistrado tinha “sangue nas mãos” e atacou o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso.

“O mote da brincadeira é pedir o impeachment dele. Esse que é o tema central, o resto é confete. (...) Vai ser o mais duro e incisivo discurso até hoje, não vai ser brinquedo não. Vai ser quente demais”, afirmou o pastor evangélico.

Onde e que horas será o ato na Paulista?

  • Local: cruzamento da Avenida Paulista e da Rua Peixoto Gomide
  • Horário: 14 horas

Desfile e manifestação vão ser marcadas por gestos políticos

Para Thiago Valenciano, doutor em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a manifestação será utilizada por Bolsonaro para reforçar a sua imagem como líder da direita durante o período da campanha eleitoral. O especialista observa também que o ex-presidente vai endossar a ideia de que ele é um antagonista de Moraes, diante das polêmicas que envolvem o ministro.

“A estratégia é concentrar para multiplicar, para depois tirar fotos e dizer que teve milhões na Paulista. A crítica e a tônica devem ser a mesma, ele vai falar que ele é um defensor da pátria e uma pessoa necessária para que o País volte a retomar a liberdade. O pedido de impeachment vai ser para reforçar isso que ele está falando”, disse.

Valenciano também observa que a presença de Moraes no desfile cívico pode ser encarado como uma provocação a Bolsonaro. Para Valenciano, Lula quer mostrar que, diferentemente do ex-presidente, adota uma postura harmoniosa com a Corte e vai aproveitar a data para disparar essa mensagem.

“Pode ser visto como uma provocação. É óbvio que a mensagem será de que o Lula está a favor das instituições democráticas. O recado indireto que ele vai passar é esse”, afirmou.

BRASÍLIA – O feriado da Independência do Brasil, celebrado neste sábado, 7, será marcado por gestos políticos e pela figura do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no centro das atenções. Em Brasília, o ministro estará ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma sinalização de proximidade entre os dois. Na Avenida Paulista, em São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai ser o protagonista de uma manifestação que vai pedir o impeachment do magistrado.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai participar de um desfile cívico, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai conduzir uma manifestação na Avenida Paulista Foto: Taba Benedicto e Wilton Junior/Estadão

O ato na Paulista, convocado por Bolsonaro, ocorre após o ministro do STF se tornar personagem central de polêmicas que envolveram a Corte em agosto. Em Brasília, Lula quer Moraes ao lado dele, na tribuna de autoridades do desfile cívico. O objetivo é transmitir uma mensagem de solidariedade ao magistrado, além de evidenciar um contraponto ao ex-presidente.

A solenidade que Lula vai participar é a cerimônia oficial do governo federal, realizado anualmente para celebrar a Independência. Na cerimônia, ocorre o desfile de membros das Forças Armadas e veículos militares. Neste ano, também haverá homenagens a membros da segurança pública que auxiliaram os trabalhos de resgate da tragédia climática que acometeu o Rio Grande do Sul em maio.

Uma das entidades que participariam do desfile era o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que foi convidada pelo governo Lula. O Planalto, porém, recuou e desistiu de chamar o movimento para a solenidade.

Além de Lula e Moraes, a tribuna de autoridades vai contar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente do STF, Luís Roberto Barroso. Também estarão presentes os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica, além de ministros de Estado.

Para incluir Moraes na tribuna de autoridades no desfile cívico de 7 de Setembro em Brasília, Lula deixou de lado um costume adotado pelos presidentes. Normalmente, são convidados os chefes dos Três Poderes para acompanhar a solenidade, mas Lula pediu ao ministro da Defesa, José Múcio, que convidasse todos os ministros do STF. Essa foi a forma encontrada para chamar Moraes para o evento.

“Eu convidei o ministro Alexandre, em nome do presidente, e ele respondeu prontamente que vai ao nosso desfile do 7 de Setembro. Estou chamando todos os ministros do STF”, disse Múcio à Coluna da Vera Rosa.

A leitura política feita por aliados é que Lula quer mostrar solidariedade a Moraes no momento em que os aliados de Bolsonaro vão às ruas pedir a cabeça do ministro. Demonstrar contraponto ao ex-presidente, reforçando a polarização na data cívica, também foi uma escolha do petista.

Para Lula, Moraes foi um dos responsáveis por salvar a democracia quando houve a tentativa de golpe, em 8 de janeiro de 2023. Desde que iniciou o terceiro mandato na Presidência, o petista selou uma aliança com o STF para governar.

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  • Local: Esplanada dos Ministérios
  • Horário: 8h45

A manifestação convocada por Bolsonaro é uma resposta à discussão envolvendo inquéritos relatados por Moraes. No início do mês passado, foi divulgado que Moraes utilizou o aparato do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fora dos ritos processuais para embasar decisões contra aliados do ex-presidente. Duas semanas depois, foi deflagrada uma crise entre o magistrado e o bilionário Elon Musk, que terminou com a suspensão do X (antigo Twitter) em todo o País.

Musk estará nos holofotes da manifestação e vai ser tratado como herói pelos bolsonaristas. Um boneco de 20 metros de altura deve ficar ao lado do carro de som do grupo Movimento #ForaMoraes. Ao lado de Musk, Moraes será representado por outro boneco gigante com uma “cabeça de ovo” – forma como bolsonaristas se referem ao ministro. Abaixo, os textos: “Supremo Tirano Federal” e “Democracy or Moraes”.

Aliados do ex-presidente esperam uma manifestação maior do que a realizada em fevereiro, que reuniu cerca de 600 mil pessoas, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP). Naquela ocasião, Bolsonaro convocou apoiadores para a Avenida Paulista para se defender das acusações do inquérito que o coloca como o artífice de um golpe de Estado após as eleições de 2022.

Última manifestação bolsonarista na Paulista ocorreu em fevereiro deste ano Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Ao Estadão, o pastor evangélico Silas Malafaia, que é um dos organizadores da manifestação da Paulista, afirmou que o discurso de Bolsonaro aos apoiadores não vai ter ataques a Moraes, devido ao fato de ele estar sendo investigado em inquéritos relatados pelo ministro. No 7 de Setembro de 2021, quando ainda estava na Presidência, o ex-presidente chamou o magistrado de “canalha”.

“Bolsonaro não vai falar isso porque está em inquérito. Mas ele vai falar sobre liberdades, o que está acontecendo no Brasil, cerceamento de liberdades, sem tocar no Alexandre de Moraes”, disse Malafaia.

Segundo o pastor, o tema central da manifestação será o pedido de impeachment de Moraes, que deve ser protocolado no Congresso Nacional na próxima segunda, 9. Malafaia adiantou que fará o discurso mais inflamado contra o ministro. Em fevereiro, ele disse que o magistrado tinha “sangue nas mãos” e atacou o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso.

“O mote da brincadeira é pedir o impeachment dele. Esse que é o tema central, o resto é confete. (...) Vai ser o mais duro e incisivo discurso até hoje, não vai ser brinquedo não. Vai ser quente demais”, afirmou o pastor evangélico.

Onde e que horas será o ato na Paulista?

  • Local: cruzamento da Avenida Paulista e da Rua Peixoto Gomide
  • Horário: 14 horas

Desfile e manifestação vão ser marcadas por gestos políticos

Para Thiago Valenciano, doutor em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a manifestação será utilizada por Bolsonaro para reforçar a sua imagem como líder da direita durante o período da campanha eleitoral. O especialista observa também que o ex-presidente vai endossar a ideia de que ele é um antagonista de Moraes, diante das polêmicas que envolvem o ministro.

“A estratégia é concentrar para multiplicar, para depois tirar fotos e dizer que teve milhões na Paulista. A crítica e a tônica devem ser a mesma, ele vai falar que ele é um defensor da pátria e uma pessoa necessária para que o País volte a retomar a liberdade. O pedido de impeachment vai ser para reforçar isso que ele está falando”, disse.

Valenciano também observa que a presença de Moraes no desfile cívico pode ser encarado como uma provocação a Bolsonaro. Para Valenciano, Lula quer mostrar que, diferentemente do ex-presidente, adota uma postura harmoniosa com a Corte e vai aproveitar a data para disparar essa mensagem.

“Pode ser visto como uma provocação. É óbvio que a mensagem será de que o Lula está a favor das instituições democráticas. O recado indireto que ele vai passar é esse”, afirmou.

BRASÍLIA – O feriado da Independência do Brasil, celebrado neste sábado, 7, será marcado por gestos políticos e pela figura do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no centro das atenções. Em Brasília, o ministro estará ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma sinalização de proximidade entre os dois. Na Avenida Paulista, em São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai ser o protagonista de uma manifestação que vai pedir o impeachment do magistrado.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai participar de um desfile cívico, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai conduzir uma manifestação na Avenida Paulista Foto: Taba Benedicto e Wilton Junior/Estadão

O ato na Paulista, convocado por Bolsonaro, ocorre após o ministro do STF se tornar personagem central de polêmicas que envolveram a Corte em agosto. Em Brasília, Lula quer Moraes ao lado dele, na tribuna de autoridades do desfile cívico. O objetivo é transmitir uma mensagem de solidariedade ao magistrado, além de evidenciar um contraponto ao ex-presidente.

A solenidade que Lula vai participar é a cerimônia oficial do governo federal, realizado anualmente para celebrar a Independência. Na cerimônia, ocorre o desfile de membros das Forças Armadas e veículos militares. Neste ano, também haverá homenagens a membros da segurança pública que auxiliaram os trabalhos de resgate da tragédia climática que acometeu o Rio Grande do Sul em maio.

Uma das entidades que participariam do desfile era o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que foi convidada pelo governo Lula. O Planalto, porém, recuou e desistiu de chamar o movimento para a solenidade.

Além de Lula e Moraes, a tribuna de autoridades vai contar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente do STF, Luís Roberto Barroso. Também estarão presentes os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica, além de ministros de Estado.

Para incluir Moraes na tribuna de autoridades no desfile cívico de 7 de Setembro em Brasília, Lula deixou de lado um costume adotado pelos presidentes. Normalmente, são convidados os chefes dos Três Poderes para acompanhar a solenidade, mas Lula pediu ao ministro da Defesa, José Múcio, que convidasse todos os ministros do STF. Essa foi a forma encontrada para chamar Moraes para o evento.

“Eu convidei o ministro Alexandre, em nome do presidente, e ele respondeu prontamente que vai ao nosso desfile do 7 de Setembro. Estou chamando todos os ministros do STF”, disse Múcio à Coluna da Vera Rosa.

A leitura política feita por aliados é que Lula quer mostrar solidariedade a Moraes no momento em que os aliados de Bolsonaro vão às ruas pedir a cabeça do ministro. Demonstrar contraponto ao ex-presidente, reforçando a polarização na data cívica, também foi uma escolha do petista.

Para Lula, Moraes foi um dos responsáveis por salvar a democracia quando houve a tentativa de golpe, em 8 de janeiro de 2023. Desde que iniciou o terceiro mandato na Presidência, o petista selou uma aliança com o STF para governar.

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A manifestação convocada por Bolsonaro é uma resposta à discussão envolvendo inquéritos relatados por Moraes. No início do mês passado, foi divulgado que Moraes utilizou o aparato do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fora dos ritos processuais para embasar decisões contra aliados do ex-presidente. Duas semanas depois, foi deflagrada uma crise entre o magistrado e o bilionário Elon Musk, que terminou com a suspensão do X (antigo Twitter) em todo o País.

Musk estará nos holofotes da manifestação e vai ser tratado como herói pelos bolsonaristas. Um boneco de 20 metros de altura deve ficar ao lado do carro de som do grupo Movimento #ForaMoraes. Ao lado de Musk, Moraes será representado por outro boneco gigante com uma “cabeça de ovo” – forma como bolsonaristas se referem ao ministro. Abaixo, os textos: “Supremo Tirano Federal” e “Democracy or Moraes”.

Aliados do ex-presidente esperam uma manifestação maior do que a realizada em fevereiro, que reuniu cerca de 600 mil pessoas, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP). Naquela ocasião, Bolsonaro convocou apoiadores para a Avenida Paulista para se defender das acusações do inquérito que o coloca como o artífice de um golpe de Estado após as eleições de 2022.

Última manifestação bolsonarista na Paulista ocorreu em fevereiro deste ano Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Ao Estadão, o pastor evangélico Silas Malafaia, que é um dos organizadores da manifestação da Paulista, afirmou que o discurso de Bolsonaro aos apoiadores não vai ter ataques a Moraes, devido ao fato de ele estar sendo investigado em inquéritos relatados pelo ministro. No 7 de Setembro de 2021, quando ainda estava na Presidência, o ex-presidente chamou o magistrado de “canalha”.

“Bolsonaro não vai falar isso porque está em inquérito. Mas ele vai falar sobre liberdades, o que está acontecendo no Brasil, cerceamento de liberdades, sem tocar no Alexandre de Moraes”, disse Malafaia.

Segundo o pastor, o tema central da manifestação será o pedido de impeachment de Moraes, que deve ser protocolado no Congresso Nacional na próxima segunda, 9. Malafaia adiantou que fará o discurso mais inflamado contra o ministro. Em fevereiro, ele disse que o magistrado tinha “sangue nas mãos” e atacou o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso.

“O mote da brincadeira é pedir o impeachment dele. Esse que é o tema central, o resto é confete. (...) Vai ser o mais duro e incisivo discurso até hoje, não vai ser brinquedo não. Vai ser quente demais”, afirmou o pastor evangélico.

Onde e que horas será o ato na Paulista?

  • Local: cruzamento da Avenida Paulista e da Rua Peixoto Gomide
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Desfile e manifestação vão ser marcadas por gestos políticos

Para Thiago Valenciano, doutor em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a manifestação será utilizada por Bolsonaro para reforçar a sua imagem como líder da direita durante o período da campanha eleitoral. O especialista observa também que o ex-presidente vai endossar a ideia de que ele é um antagonista de Moraes, diante das polêmicas que envolvem o ministro.

“A estratégia é concentrar para multiplicar, para depois tirar fotos e dizer que teve milhões na Paulista. A crítica e a tônica devem ser a mesma, ele vai falar que ele é um defensor da pátria e uma pessoa necessária para que o País volte a retomar a liberdade. O pedido de impeachment vai ser para reforçar isso que ele está falando”, disse.

Valenciano também observa que a presença de Moraes no desfile cívico pode ser encarado como uma provocação a Bolsonaro. Para Valenciano, Lula quer mostrar que, diferentemente do ex-presidente, adota uma postura harmoniosa com a Corte e vai aproveitar a data para disparar essa mensagem.

“Pode ser visto como uma provocação. É óbvio que a mensagem será de que o Lula está a favor das instituições democráticas. O recado indireto que ele vai passar é esse”, afirmou.

BRASÍLIA – O feriado da Independência do Brasil, celebrado neste sábado, 7, será marcado por gestos políticos e pela figura do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no centro das atenções. Em Brasília, o ministro estará ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma sinalização de proximidade entre os dois. Na Avenida Paulista, em São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai ser o protagonista de uma manifestação que vai pedir o impeachment do magistrado.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai participar de um desfile cívico, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai conduzir uma manifestação na Avenida Paulista Foto: Taba Benedicto e Wilton Junior/Estadão

O ato na Paulista, convocado por Bolsonaro, ocorre após o ministro do STF se tornar personagem central de polêmicas que envolveram a Corte em agosto. Em Brasília, Lula quer Moraes ao lado dele, na tribuna de autoridades do desfile cívico. O objetivo é transmitir uma mensagem de solidariedade ao magistrado, além de evidenciar um contraponto ao ex-presidente.

A solenidade que Lula vai participar é a cerimônia oficial do governo federal, realizado anualmente para celebrar a Independência. Na cerimônia, ocorre o desfile de membros das Forças Armadas e veículos militares. Neste ano, também haverá homenagens a membros da segurança pública que auxiliaram os trabalhos de resgate da tragédia climática que acometeu o Rio Grande do Sul em maio.

Uma das entidades que participariam do desfile era o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que foi convidada pelo governo Lula. O Planalto, porém, recuou e desistiu de chamar o movimento para a solenidade.

Além de Lula e Moraes, a tribuna de autoridades vai contar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente do STF, Luís Roberto Barroso. Também estarão presentes os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica, além de ministros de Estado.

Para incluir Moraes na tribuna de autoridades no desfile cívico de 7 de Setembro em Brasília, Lula deixou de lado um costume adotado pelos presidentes. Normalmente, são convidados os chefes dos Três Poderes para acompanhar a solenidade, mas Lula pediu ao ministro da Defesa, José Múcio, que convidasse todos os ministros do STF. Essa foi a forma encontrada para chamar Moraes para o evento.

“Eu convidei o ministro Alexandre, em nome do presidente, e ele respondeu prontamente que vai ao nosso desfile do 7 de Setembro. Estou chamando todos os ministros do STF”, disse Múcio à Coluna da Vera Rosa.

A leitura política feita por aliados é que Lula quer mostrar solidariedade a Moraes no momento em que os aliados de Bolsonaro vão às ruas pedir a cabeça do ministro. Demonstrar contraponto ao ex-presidente, reforçando a polarização na data cívica, também foi uma escolha do petista.

Para Lula, Moraes foi um dos responsáveis por salvar a democracia quando houve a tentativa de golpe, em 8 de janeiro de 2023. Desde que iniciou o terceiro mandato na Presidência, o petista selou uma aliança com o STF para governar.

Onde e que horas será o desfile cívico em Brasília?

  • Local: Esplanada dos Ministérios
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A manifestação convocada por Bolsonaro é uma resposta à discussão envolvendo inquéritos relatados por Moraes. No início do mês passado, foi divulgado que Moraes utilizou o aparato do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fora dos ritos processuais para embasar decisões contra aliados do ex-presidente. Duas semanas depois, foi deflagrada uma crise entre o magistrado e o bilionário Elon Musk, que terminou com a suspensão do X (antigo Twitter) em todo o País.

Musk estará nos holofotes da manifestação e vai ser tratado como herói pelos bolsonaristas. Um boneco de 20 metros de altura deve ficar ao lado do carro de som do grupo Movimento #ForaMoraes. Ao lado de Musk, Moraes será representado por outro boneco gigante com uma “cabeça de ovo” – forma como bolsonaristas se referem ao ministro. Abaixo, os textos: “Supremo Tirano Federal” e “Democracy or Moraes”.

Aliados do ex-presidente esperam uma manifestação maior do que a realizada em fevereiro, que reuniu cerca de 600 mil pessoas, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP). Naquela ocasião, Bolsonaro convocou apoiadores para a Avenida Paulista para se defender das acusações do inquérito que o coloca como o artífice de um golpe de Estado após as eleições de 2022.

Última manifestação bolsonarista na Paulista ocorreu em fevereiro deste ano Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Ao Estadão, o pastor evangélico Silas Malafaia, que é um dos organizadores da manifestação da Paulista, afirmou que o discurso de Bolsonaro aos apoiadores não vai ter ataques a Moraes, devido ao fato de ele estar sendo investigado em inquéritos relatados pelo ministro. No 7 de Setembro de 2021, quando ainda estava na Presidência, o ex-presidente chamou o magistrado de “canalha”.

“Bolsonaro não vai falar isso porque está em inquérito. Mas ele vai falar sobre liberdades, o que está acontecendo no Brasil, cerceamento de liberdades, sem tocar no Alexandre de Moraes”, disse Malafaia.

Segundo o pastor, o tema central da manifestação será o pedido de impeachment de Moraes, que deve ser protocolado no Congresso Nacional na próxima segunda, 9. Malafaia adiantou que fará o discurso mais inflamado contra o ministro. Em fevereiro, ele disse que o magistrado tinha “sangue nas mãos” e atacou o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso.

“O mote da brincadeira é pedir o impeachment dele. Esse que é o tema central, o resto é confete. (...) Vai ser o mais duro e incisivo discurso até hoje, não vai ser brinquedo não. Vai ser quente demais”, afirmou o pastor evangélico.

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Para Thiago Valenciano, doutor em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a manifestação será utilizada por Bolsonaro para reforçar a sua imagem como líder da direita durante o período da campanha eleitoral. O especialista observa também que o ex-presidente vai endossar a ideia de que ele é um antagonista de Moraes, diante das polêmicas que envolvem o ministro.

“A estratégia é concentrar para multiplicar, para depois tirar fotos e dizer que teve milhões na Paulista. A crítica e a tônica devem ser a mesma, ele vai falar que ele é um defensor da pátria e uma pessoa necessária para que o País volte a retomar a liberdade. O pedido de impeachment vai ser para reforçar isso que ele está falando”, disse.

Valenciano também observa que a presença de Moraes no desfile cívico pode ser encarado como uma provocação a Bolsonaro. Para Valenciano, Lula quer mostrar que, diferentemente do ex-presidente, adota uma postura harmoniosa com a Corte e vai aproveitar a data para disparar essa mensagem.

“Pode ser visto como uma provocação. É óbvio que a mensagem será de que o Lula está a favor das instituições democráticas. O recado indireto que ele vai passar é esse”, afirmou.

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