Lula quer se aproximar dos EUA em reunião na embaixada americana; entenda o que está em jogo


Encontro também é uma tentativa de petista abrir canal com Washington e conseguir desfazer desconfianças de lado a lado

Por Beatriz Bulla
Atualização:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à presidência pelo PT, vai se reunir com a principal autoridade dos Estados Unidos no Brasil, o encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília, Douglas Koneff, nesta quarta-feira, 21. Aliados do ex-presidente afirmam, nos bastidores, que um reconhecimento rápido de eventual vitória por parte de americanos e demais governos internacionais, depois de proclamado o vencedor pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ajudará a conter possível contestação de Jair Bolsonaro ao resultado das urnas.

O governo Joe Biden sofreu com a insistência de Donald Trump em questionar o resultado eleitoral em 2020 nos EUA. O processo formal de transição de governo ficou bloqueado por 15 dias no país, após a derrota de Trump, e a retórica do republicano possibilitou a invasão do Capitólio por parte de uma turba trumpista no dia 6 de janeiro de 2021. Cinco pessoas foram mortas na ocasião. A preocupação com os ataques de Bolsonaro às urnas no Brasil já fez o governo dos EUA manifestar, de forma reiterada e pública, a confiança no atual sistema eleitoral brasileiro.

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O presidente Lula durante ato de campanha com representantes do setor do turismo em São Paulo; petista lidera as pesquisas de intenção de voto Foto: Fernando Bizerra/EFE

O encontro também é uma tentativa de Lula abrir canal com Washington e conseguir desfazer desconfianças de lado a lado. Enquanto presidente, Lula manteve um bom relacionamento com os americanos, mas, no governo Dilma Rousseff (PT), a relação EUA-Brasil ficou estremecida após denúncias de que a brasileira fora espionada pela Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA). Desde a prisão de Lula na Lava Jato, os EUA passaram a ser novamente alvo de críticas por petistas, que costumam dizer que os americanos tinham interesse em interferir na investigação, algo que o próprio ex-presidente já sugeriu. Washington também vê com atenção a ascensão de governos de esquerda na América Latina – especialmente pelo que isso pode significar em termos de apoio a ditaduras como Cuba, Venezuela e Nicarágua.

Durante o governo Biden, os Estados Unidos mantêm um distanciamento calculado de Bolsonaro, que tem uma agenda política contrária à defendida pelo americano. Em junho, os dois presidentes se reuniram pessoalmente pela primeira vez, em Los Angeles, por uma conjuntura desfavorável a Biden. O presidente dos EUA precisava atrair o Brasil para a Cúpula das Américas, que corria o risco de ser esvaziada. Até então, Biden evitava encontrar ou falar por telefone com Bolsonaro. Também não manteve diálogo com o brasileiro depois de conhecê-lo pessoalmente. Não é segredo que o democrata e atual presidente dos EUA não nutre simpatia alguma pelo mandatário brasileiro, um fã declarado de Trump.

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A reunião entre o petista e o principal diplomata americano no Brasil vinha sendo articulada há meses. Nos últimos dias chegou-se a considerar que o encontro só sairia após a eleição, até que acabou marcado para amanhã. A reunião acontecerá, portanto, no momento em que Lula aparece com chance de vencer a eleição no primeiro turno, segundo as últimas pesquisas de intenção de voto. O agregador de pesquisas eleitorais do Estadão Dados mostra Lula com 50% dos votos válidos, nesta terça-feira, 20. Segundo a embaixada americana, “as datas das reuniões não têm ligação com outros eventos e dependem exclusivamente da disponibilidade dos candidatos”.

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As tratativas foram feitas de maneira reservada pelos dois lados. Por meio de sua assessoria, a embaixada americana no Brasil afirmou nesta terça-feira, 20, que “como prática, diplomatas norte-americanos da Embaixada e Consulados dos EUA se reúnem regularmente, de forma privada, com partidos políticos e candidatos”. “Vemos como uma valiosa oportunidade para o governo dos EUA ouvir as perspectivas sobre eventos atuais e opiniões políticas sobre questões de interesse mútuo. Nós planejamos continuar com este esforço para encontrar com todos os principais candidatos presidenciais das eleições de outubro”, diz a embaixada.

O encontro deve contar com a participação do ex-chanceler Celso Amorim e do senador Jaques Wagner (PT), um dos principais interlocutores de Lula com representantes estrangeiros. Em abril, segundo fontes, Wagner esteve em Washington para conversas com integrantes do governo americano.

Lula promete em seus discursos retomar o protagonismo internacional do Brasil que, segundo ele, foi perdido durante os anos de Bolsonaro no poder, especialmente em razão do posicionamento do atual governo a respeito da proteção ambiental. Nas últimas semanas, Lula se reuniu com embaixadores do Brics, com exceção da China, e diplomatas europeus da França, Alemanha, Suíça, Holanda e Polônia. A intenção da campanha é marcar conversas ainda com diplomatas africanos e sul-americanos.

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi a Londres acompanhar o funeral da rainha Elizabeth II, que morreu no dia 8 de setembro

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à presidência pelo PT, vai se reunir com a principal autoridade dos Estados Unidos no Brasil, o encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília, Douglas Koneff, nesta quarta-feira, 21. Aliados do ex-presidente afirmam, nos bastidores, que um reconhecimento rápido de eventual vitória por parte de americanos e demais governos internacionais, depois de proclamado o vencedor pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ajudará a conter possível contestação de Jair Bolsonaro ao resultado das urnas.

O governo Joe Biden sofreu com a insistência de Donald Trump em questionar o resultado eleitoral em 2020 nos EUA. O processo formal de transição de governo ficou bloqueado por 15 dias no país, após a derrota de Trump, e a retórica do republicano possibilitou a invasão do Capitólio por parte de uma turba trumpista no dia 6 de janeiro de 2021. Cinco pessoas foram mortas na ocasião. A preocupação com os ataques de Bolsonaro às urnas no Brasil já fez o governo dos EUA manifestar, de forma reiterada e pública, a confiança no atual sistema eleitoral brasileiro.

O presidente Lula durante ato de campanha com representantes do setor do turismo em São Paulo; petista lidera as pesquisas de intenção de voto Foto: Fernando Bizerra/EFE

O encontro também é uma tentativa de Lula abrir canal com Washington e conseguir desfazer desconfianças de lado a lado. Enquanto presidente, Lula manteve um bom relacionamento com os americanos, mas, no governo Dilma Rousseff (PT), a relação EUA-Brasil ficou estremecida após denúncias de que a brasileira fora espionada pela Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA). Desde a prisão de Lula na Lava Jato, os EUA passaram a ser novamente alvo de críticas por petistas, que costumam dizer que os americanos tinham interesse em interferir na investigação, algo que o próprio ex-presidente já sugeriu. Washington também vê com atenção a ascensão de governos de esquerda na América Latina – especialmente pelo que isso pode significar em termos de apoio a ditaduras como Cuba, Venezuela e Nicarágua.

Durante o governo Biden, os Estados Unidos mantêm um distanciamento calculado de Bolsonaro, que tem uma agenda política contrária à defendida pelo americano. Em junho, os dois presidentes se reuniram pessoalmente pela primeira vez, em Los Angeles, por uma conjuntura desfavorável a Biden. O presidente dos EUA precisava atrair o Brasil para a Cúpula das Américas, que corria o risco de ser esvaziada. Até então, Biden evitava encontrar ou falar por telefone com Bolsonaro. Também não manteve diálogo com o brasileiro depois de conhecê-lo pessoalmente. Não é segredo que o democrata e atual presidente dos EUA não nutre simpatia alguma pelo mandatário brasileiro, um fã declarado de Trump.

A reunião entre o petista e o principal diplomata americano no Brasil vinha sendo articulada há meses. Nos últimos dias chegou-se a considerar que o encontro só sairia após a eleição, até que acabou marcado para amanhã. A reunião acontecerá, portanto, no momento em que Lula aparece com chance de vencer a eleição no primeiro turno, segundo as últimas pesquisas de intenção de voto. O agregador de pesquisas eleitorais do Estadão Dados mostra Lula com 50% dos votos válidos, nesta terça-feira, 20. Segundo a embaixada americana, “as datas das reuniões não têm ligação com outros eventos e dependem exclusivamente da disponibilidade dos candidatos”.

As tratativas foram feitas de maneira reservada pelos dois lados. Por meio de sua assessoria, a embaixada americana no Brasil afirmou nesta terça-feira, 20, que “como prática, diplomatas norte-americanos da Embaixada e Consulados dos EUA se reúnem regularmente, de forma privada, com partidos políticos e candidatos”. “Vemos como uma valiosa oportunidade para o governo dos EUA ouvir as perspectivas sobre eventos atuais e opiniões políticas sobre questões de interesse mútuo. Nós planejamos continuar com este esforço para encontrar com todos os principais candidatos presidenciais das eleições de outubro”, diz a embaixada.

O encontro deve contar com a participação do ex-chanceler Celso Amorim e do senador Jaques Wagner (PT), um dos principais interlocutores de Lula com representantes estrangeiros. Em abril, segundo fontes, Wagner esteve em Washington para conversas com integrantes do governo americano.

Lula promete em seus discursos retomar o protagonismo internacional do Brasil que, segundo ele, foi perdido durante os anos de Bolsonaro no poder, especialmente em razão do posicionamento do atual governo a respeito da proteção ambiental. Nas últimas semanas, Lula se reuniu com embaixadores do Brics, com exceção da China, e diplomatas europeus da França, Alemanha, Suíça, Holanda e Polônia. A intenção da campanha é marcar conversas ainda com diplomatas africanos e sul-americanos.

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à presidência pelo PT, vai se reunir com a principal autoridade dos Estados Unidos no Brasil, o encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília, Douglas Koneff, nesta quarta-feira, 21. Aliados do ex-presidente afirmam, nos bastidores, que um reconhecimento rápido de eventual vitória por parte de americanos e demais governos internacionais, depois de proclamado o vencedor pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ajudará a conter possível contestação de Jair Bolsonaro ao resultado das urnas.

O governo Joe Biden sofreu com a insistência de Donald Trump em questionar o resultado eleitoral em 2020 nos EUA. O processo formal de transição de governo ficou bloqueado por 15 dias no país, após a derrota de Trump, e a retórica do republicano possibilitou a invasão do Capitólio por parte de uma turba trumpista no dia 6 de janeiro de 2021. Cinco pessoas foram mortas na ocasião. A preocupação com os ataques de Bolsonaro às urnas no Brasil já fez o governo dos EUA manifestar, de forma reiterada e pública, a confiança no atual sistema eleitoral brasileiro.

O presidente Lula durante ato de campanha com representantes do setor do turismo em São Paulo; petista lidera as pesquisas de intenção de voto Foto: Fernando Bizerra/EFE

O encontro também é uma tentativa de Lula abrir canal com Washington e conseguir desfazer desconfianças de lado a lado. Enquanto presidente, Lula manteve um bom relacionamento com os americanos, mas, no governo Dilma Rousseff (PT), a relação EUA-Brasil ficou estremecida após denúncias de que a brasileira fora espionada pela Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA). Desde a prisão de Lula na Lava Jato, os EUA passaram a ser novamente alvo de críticas por petistas, que costumam dizer que os americanos tinham interesse em interferir na investigação, algo que o próprio ex-presidente já sugeriu. Washington também vê com atenção a ascensão de governos de esquerda na América Latina – especialmente pelo que isso pode significar em termos de apoio a ditaduras como Cuba, Venezuela e Nicarágua.

Durante o governo Biden, os Estados Unidos mantêm um distanciamento calculado de Bolsonaro, que tem uma agenda política contrária à defendida pelo americano. Em junho, os dois presidentes se reuniram pessoalmente pela primeira vez, em Los Angeles, por uma conjuntura desfavorável a Biden. O presidente dos EUA precisava atrair o Brasil para a Cúpula das Américas, que corria o risco de ser esvaziada. Até então, Biden evitava encontrar ou falar por telefone com Bolsonaro. Também não manteve diálogo com o brasileiro depois de conhecê-lo pessoalmente. Não é segredo que o democrata e atual presidente dos EUA não nutre simpatia alguma pelo mandatário brasileiro, um fã declarado de Trump.

A reunião entre o petista e o principal diplomata americano no Brasil vinha sendo articulada há meses. Nos últimos dias chegou-se a considerar que o encontro só sairia após a eleição, até que acabou marcado para amanhã. A reunião acontecerá, portanto, no momento em que Lula aparece com chance de vencer a eleição no primeiro turno, segundo as últimas pesquisas de intenção de voto. O agregador de pesquisas eleitorais do Estadão Dados mostra Lula com 50% dos votos válidos, nesta terça-feira, 20. Segundo a embaixada americana, “as datas das reuniões não têm ligação com outros eventos e dependem exclusivamente da disponibilidade dos candidatos”.

As tratativas foram feitas de maneira reservada pelos dois lados. Por meio de sua assessoria, a embaixada americana no Brasil afirmou nesta terça-feira, 20, que “como prática, diplomatas norte-americanos da Embaixada e Consulados dos EUA se reúnem regularmente, de forma privada, com partidos políticos e candidatos”. “Vemos como uma valiosa oportunidade para o governo dos EUA ouvir as perspectivas sobre eventos atuais e opiniões políticas sobre questões de interesse mútuo. Nós planejamos continuar com este esforço para encontrar com todos os principais candidatos presidenciais das eleições de outubro”, diz a embaixada.

O encontro deve contar com a participação do ex-chanceler Celso Amorim e do senador Jaques Wagner (PT), um dos principais interlocutores de Lula com representantes estrangeiros. Em abril, segundo fontes, Wagner esteve em Washington para conversas com integrantes do governo americano.

Lula promete em seus discursos retomar o protagonismo internacional do Brasil que, segundo ele, foi perdido durante os anos de Bolsonaro no poder, especialmente em razão do posicionamento do atual governo a respeito da proteção ambiental. Nas últimas semanas, Lula se reuniu com embaixadores do Brics, com exceção da China, e diplomatas europeus da França, Alemanha, Suíça, Holanda e Polônia. A intenção da campanha é marcar conversas ainda com diplomatas africanos e sul-americanos.

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