Caso Marielle: o que se sabe até agora sobre a delação de Ronnie Lessa


Ex-policial militar do Rio de Janeiro é apontado como o executor da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes

Por Rayanderson Guerra
Atualização:

RIO – O ex-policial militar do Rio de Janeiro Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF), segundo o colunista Lauro Jardim, de O Globo. A delação de Lessa ainda precisa ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Em nota divulgada na noite de terça-feira, 23, a Polícia Federal informou que, até o momento, ocorreu apenas uma delação premiada nas investigações do caso envolvendo o assassinato de Marielle e Anderson, a de Élcio Queiroz, que conduziu o veículo usado no dia do crime.

“A Polícia Federal informa que está conduzindo há cerca de onze meses as investigações referentes aos homicídios da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes. Ao longo desse período, a Polícia Federal trabalhou em parceria com outros órgãos, notadamente o Ministério Público, com critérios técnicos e o necessário sigilo das diligências realizadas. Até o momento, ocorreu uma única delação na apuração do caso, devidamente homologada pelo Poder Judiciário”, informou a PF.

continua após a publicidade
Ronnie Lessa, apontado como autor dos disparos contra Marielle, e Élcio Queiroz, suspeito de dirigir o carro Foto: Divulgação/PCERJ

O executor do crime, conforme apontam as investigações do caso, teria citado o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE) Domingos Inácio Brazão como o autor intelectual dos assassinatos em 14 de março de 2018, segundo o site The Intercept Brasil.

O advogado de Lessa, Bruno Castro, não confirma o acordo entre o seu cliente e a PF. Ele ameaça deixar a defesa do ex-PM caso seja confirmada a delação. “Se ele delatar, eu saio do caso”, disse ao Estadão.

continua após a publicidade

A investigação para apurar os mandantes das execuções tramita no Superior Tribunal de Justiça e, segundo o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, deve ter um desfecho no primeiro trimestre deste ano.

Os nomes dos mandantes são o elo que falta para solucionar o crime. De acordo com as investigações da Polícia Federal, Lessa e Élcio Queiroz, condutor do carro usado na execução, foram os executores de Marielle e Anderson. Ex-policial militar do Rio, Élcio foi o primeiro envolvido no crime a assumir a coparticipação no assassinato.

Élcio foi expulso das fileiras da corporação em 2015 por fazer segurança ilegal em uma casa de jogos de azar na capital fluminense e passou a atuar à margem da lei. Após quatro anos preso, Élcio Queiroz decidiu falar. O ex-PM confessou em delação premiada que dirigia o veículo usado na execução, participou de todo o planejamento e deu detalhes do atentado.

continua após a publicidade

Nesta terça, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que é “natural que existam novos atos de investigação” a partir dos desdobramentos da delação de Élcio Queiroz, que “podem levar a outras delações”.

Regularização fundiária pode ter motivado o crime

Uma das linhas de investigação da Polícia Federal sobre a motivação do crime é uma disputa por terra na zona oeste do Rio, segundo O Globo. Em delação, Lessa teria dito que Marielle virou alvo por defender a ocupação de terrenos por pessoas de baixa renda e que o processo fosse acompanhamento por órgãos como o Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio e o Núcleo de Terra e Habitação, da Defensoria Pública do Rio.

continua após a publicidade

De acordo com Lessa, o mandante do assassinato buscava a regularização de um condomínio na região de Jacarepaguá sem respeitar o critério de área de interesse social. O objetivo seria obter o título de propriedade para especulação imobiliária. Em entrevista ao Estadão, o general Richard Nunes, então secretário da Segurança Pública do Rio, em dezembro de 2018, afirmou que a vereadora foi morta porque milicianos acreditaram que ela podia atrapalhar os negócios ligados à grilagem de terras.

Conselheiro do TCE volta a ser citado na investigação

Domingos Inácio Brazão volta agora a ser alvo de delação dos executores do assassinato de Marielle e Anderson, segundo o Intercept Brasil. Em outubro do ano passado, Élcio Queiroz citou Brazão em delação, o que fez com que o caso fosse remetido ao STJ.

continua após a publicidade
Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio Foto: TCE/RJ

O advogado Márcio Palma, que defende Brazão, diz que, por mais de uma ocasião, pediu acesso à investigação, tendo seus pedidos sido negados, “motivo pelo qual desconhece o teor dos elementos contidos no inquérito”.

“Para além de tais informações, esclarece não conhecer os personagens da trama delituosa. Esclarece, ainda, que jamais teve qualquer envolvimento com eles e tampouco relação com os fatos. Diante das especulações que buscam envolvê-lo no delito, destaca que as matérias apresentam razões inverossímeis para tentar lhe trazer para o bojo das investigações, evidenciando assim a inexistência de motivação que possa lhe vincular ao caso. Por fim, coloca-se à disposição para todo esclarecimento e espera que os fatos sejam concretamente esclarecidos, de modo a encerrar a tentativa de lhe associar ao trágico enredo”, diz por nota enviada ao Estadão.

continua após a publicidade

Em entrevista ao Globo publicada nesta quarta-feira, 24, Brazão afirmou que o ex-policial militar do Rio “deve estar querendo proteger alguém” ao citá-lo em delação premiada como mandante do crime.

“Lessa deve estar querendo proteger alguém. A polícia tem que descobrir quem. Nunca fui apresentado à Marielle, ao Anderson, nem tampouco a Lessa e Élcio de Queiroz. Jamais estive com eles. Não tenho meu nome envolvido com milicianos. A PF não irá participar de uma armação dessas, porque tudo que se fala numa delação tem que ser confirmado”, disse.

Anielle e viúva de Marielle se manifestaram

Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial e irmã da vereadora Marielle, cobrou, nesta terça-feira, a resolução do crime. Em uma publicação no X, Anielle disse que “é um dever do Estado brasileiro” responder quem mandou matar a vereadora e o motorista e por quê.

“Recebi as últimas notícias do caso Marielle e Anderson e reafirmo o que dizemos desde que a tiraram de nós: não descansaremos enquanto não houver justiça”, publicou no X.

Viúva de Marielle, Mônica Benício também se manifestou após o suposto acordo entre Ronnie Lessa e a Polícia Federal. Em nota divulgada nas redes sociais nesta terça-feira, Mônica diz que a família aguarda que a delação de Lessa “apresente de fato novos elementos probatórios que representem um avanço significativo na busca por justiça”.

“É necessário ressaltar que, até o momento, não houve atualizações oficiais por parte das autoridades envolvidas, e a delação ainda precisa ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça para confirmar sua validade”, escreveu.

RIO – O ex-policial militar do Rio de Janeiro Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF), segundo o colunista Lauro Jardim, de O Globo. A delação de Lessa ainda precisa ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Em nota divulgada na noite de terça-feira, 23, a Polícia Federal informou que, até o momento, ocorreu apenas uma delação premiada nas investigações do caso envolvendo o assassinato de Marielle e Anderson, a de Élcio Queiroz, que conduziu o veículo usado no dia do crime.

“A Polícia Federal informa que está conduzindo há cerca de onze meses as investigações referentes aos homicídios da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes. Ao longo desse período, a Polícia Federal trabalhou em parceria com outros órgãos, notadamente o Ministério Público, com critérios técnicos e o necessário sigilo das diligências realizadas. Até o momento, ocorreu uma única delação na apuração do caso, devidamente homologada pelo Poder Judiciário”, informou a PF.

Ronnie Lessa, apontado como autor dos disparos contra Marielle, e Élcio Queiroz, suspeito de dirigir o carro Foto: Divulgação/PCERJ

O executor do crime, conforme apontam as investigações do caso, teria citado o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE) Domingos Inácio Brazão como o autor intelectual dos assassinatos em 14 de março de 2018, segundo o site The Intercept Brasil.

O advogado de Lessa, Bruno Castro, não confirma o acordo entre o seu cliente e a PF. Ele ameaça deixar a defesa do ex-PM caso seja confirmada a delação. “Se ele delatar, eu saio do caso”, disse ao Estadão.

A investigação para apurar os mandantes das execuções tramita no Superior Tribunal de Justiça e, segundo o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, deve ter um desfecho no primeiro trimestre deste ano.

Os nomes dos mandantes são o elo que falta para solucionar o crime. De acordo com as investigações da Polícia Federal, Lessa e Élcio Queiroz, condutor do carro usado na execução, foram os executores de Marielle e Anderson. Ex-policial militar do Rio, Élcio foi o primeiro envolvido no crime a assumir a coparticipação no assassinato.

Élcio foi expulso das fileiras da corporação em 2015 por fazer segurança ilegal em uma casa de jogos de azar na capital fluminense e passou a atuar à margem da lei. Após quatro anos preso, Élcio Queiroz decidiu falar. O ex-PM confessou em delação premiada que dirigia o veículo usado na execução, participou de todo o planejamento e deu detalhes do atentado.

Nesta terça, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que é “natural que existam novos atos de investigação” a partir dos desdobramentos da delação de Élcio Queiroz, que “podem levar a outras delações”.

Regularização fundiária pode ter motivado o crime

Uma das linhas de investigação da Polícia Federal sobre a motivação do crime é uma disputa por terra na zona oeste do Rio, segundo O Globo. Em delação, Lessa teria dito que Marielle virou alvo por defender a ocupação de terrenos por pessoas de baixa renda e que o processo fosse acompanhamento por órgãos como o Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio e o Núcleo de Terra e Habitação, da Defensoria Pública do Rio.

De acordo com Lessa, o mandante do assassinato buscava a regularização de um condomínio na região de Jacarepaguá sem respeitar o critério de área de interesse social. O objetivo seria obter o título de propriedade para especulação imobiliária. Em entrevista ao Estadão, o general Richard Nunes, então secretário da Segurança Pública do Rio, em dezembro de 2018, afirmou que a vereadora foi morta porque milicianos acreditaram que ela podia atrapalhar os negócios ligados à grilagem de terras.

Conselheiro do TCE volta a ser citado na investigação

Domingos Inácio Brazão volta agora a ser alvo de delação dos executores do assassinato de Marielle e Anderson, segundo o Intercept Brasil. Em outubro do ano passado, Élcio Queiroz citou Brazão em delação, o que fez com que o caso fosse remetido ao STJ.

Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio Foto: TCE/RJ

O advogado Márcio Palma, que defende Brazão, diz que, por mais de uma ocasião, pediu acesso à investigação, tendo seus pedidos sido negados, “motivo pelo qual desconhece o teor dos elementos contidos no inquérito”.

“Para além de tais informações, esclarece não conhecer os personagens da trama delituosa. Esclarece, ainda, que jamais teve qualquer envolvimento com eles e tampouco relação com os fatos. Diante das especulações que buscam envolvê-lo no delito, destaca que as matérias apresentam razões inverossímeis para tentar lhe trazer para o bojo das investigações, evidenciando assim a inexistência de motivação que possa lhe vincular ao caso. Por fim, coloca-se à disposição para todo esclarecimento e espera que os fatos sejam concretamente esclarecidos, de modo a encerrar a tentativa de lhe associar ao trágico enredo”, diz por nota enviada ao Estadão.

Em entrevista ao Globo publicada nesta quarta-feira, 24, Brazão afirmou que o ex-policial militar do Rio “deve estar querendo proteger alguém” ao citá-lo em delação premiada como mandante do crime.

“Lessa deve estar querendo proteger alguém. A polícia tem que descobrir quem. Nunca fui apresentado à Marielle, ao Anderson, nem tampouco a Lessa e Élcio de Queiroz. Jamais estive com eles. Não tenho meu nome envolvido com milicianos. A PF não irá participar de uma armação dessas, porque tudo que se fala numa delação tem que ser confirmado”, disse.

Anielle e viúva de Marielle se manifestaram

Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial e irmã da vereadora Marielle, cobrou, nesta terça-feira, a resolução do crime. Em uma publicação no X, Anielle disse que “é um dever do Estado brasileiro” responder quem mandou matar a vereadora e o motorista e por quê.

“Recebi as últimas notícias do caso Marielle e Anderson e reafirmo o que dizemos desde que a tiraram de nós: não descansaremos enquanto não houver justiça”, publicou no X.

Viúva de Marielle, Mônica Benício também se manifestou após o suposto acordo entre Ronnie Lessa e a Polícia Federal. Em nota divulgada nas redes sociais nesta terça-feira, Mônica diz que a família aguarda que a delação de Lessa “apresente de fato novos elementos probatórios que representem um avanço significativo na busca por justiça”.

“É necessário ressaltar que, até o momento, não houve atualizações oficiais por parte das autoridades envolvidas, e a delação ainda precisa ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça para confirmar sua validade”, escreveu.

RIO – O ex-policial militar do Rio de Janeiro Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF), segundo o colunista Lauro Jardim, de O Globo. A delação de Lessa ainda precisa ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Em nota divulgada na noite de terça-feira, 23, a Polícia Federal informou que, até o momento, ocorreu apenas uma delação premiada nas investigações do caso envolvendo o assassinato de Marielle e Anderson, a de Élcio Queiroz, que conduziu o veículo usado no dia do crime.

“A Polícia Federal informa que está conduzindo há cerca de onze meses as investigações referentes aos homicídios da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes. Ao longo desse período, a Polícia Federal trabalhou em parceria com outros órgãos, notadamente o Ministério Público, com critérios técnicos e o necessário sigilo das diligências realizadas. Até o momento, ocorreu uma única delação na apuração do caso, devidamente homologada pelo Poder Judiciário”, informou a PF.

Ronnie Lessa, apontado como autor dos disparos contra Marielle, e Élcio Queiroz, suspeito de dirigir o carro Foto: Divulgação/PCERJ

O executor do crime, conforme apontam as investigações do caso, teria citado o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE) Domingos Inácio Brazão como o autor intelectual dos assassinatos em 14 de março de 2018, segundo o site The Intercept Brasil.

O advogado de Lessa, Bruno Castro, não confirma o acordo entre o seu cliente e a PF. Ele ameaça deixar a defesa do ex-PM caso seja confirmada a delação. “Se ele delatar, eu saio do caso”, disse ao Estadão.

A investigação para apurar os mandantes das execuções tramita no Superior Tribunal de Justiça e, segundo o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, deve ter um desfecho no primeiro trimestre deste ano.

Os nomes dos mandantes são o elo que falta para solucionar o crime. De acordo com as investigações da Polícia Federal, Lessa e Élcio Queiroz, condutor do carro usado na execução, foram os executores de Marielle e Anderson. Ex-policial militar do Rio, Élcio foi o primeiro envolvido no crime a assumir a coparticipação no assassinato.

Élcio foi expulso das fileiras da corporação em 2015 por fazer segurança ilegal em uma casa de jogos de azar na capital fluminense e passou a atuar à margem da lei. Após quatro anos preso, Élcio Queiroz decidiu falar. O ex-PM confessou em delação premiada que dirigia o veículo usado na execução, participou de todo o planejamento e deu detalhes do atentado.

Nesta terça, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que é “natural que existam novos atos de investigação” a partir dos desdobramentos da delação de Élcio Queiroz, que “podem levar a outras delações”.

Regularização fundiária pode ter motivado o crime

Uma das linhas de investigação da Polícia Federal sobre a motivação do crime é uma disputa por terra na zona oeste do Rio, segundo O Globo. Em delação, Lessa teria dito que Marielle virou alvo por defender a ocupação de terrenos por pessoas de baixa renda e que o processo fosse acompanhamento por órgãos como o Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio e o Núcleo de Terra e Habitação, da Defensoria Pública do Rio.

De acordo com Lessa, o mandante do assassinato buscava a regularização de um condomínio na região de Jacarepaguá sem respeitar o critério de área de interesse social. O objetivo seria obter o título de propriedade para especulação imobiliária. Em entrevista ao Estadão, o general Richard Nunes, então secretário da Segurança Pública do Rio, em dezembro de 2018, afirmou que a vereadora foi morta porque milicianos acreditaram que ela podia atrapalhar os negócios ligados à grilagem de terras.

Conselheiro do TCE volta a ser citado na investigação

Domingos Inácio Brazão volta agora a ser alvo de delação dos executores do assassinato de Marielle e Anderson, segundo o Intercept Brasil. Em outubro do ano passado, Élcio Queiroz citou Brazão em delação, o que fez com que o caso fosse remetido ao STJ.

Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio Foto: TCE/RJ

O advogado Márcio Palma, que defende Brazão, diz que, por mais de uma ocasião, pediu acesso à investigação, tendo seus pedidos sido negados, “motivo pelo qual desconhece o teor dos elementos contidos no inquérito”.

“Para além de tais informações, esclarece não conhecer os personagens da trama delituosa. Esclarece, ainda, que jamais teve qualquer envolvimento com eles e tampouco relação com os fatos. Diante das especulações que buscam envolvê-lo no delito, destaca que as matérias apresentam razões inverossímeis para tentar lhe trazer para o bojo das investigações, evidenciando assim a inexistência de motivação que possa lhe vincular ao caso. Por fim, coloca-se à disposição para todo esclarecimento e espera que os fatos sejam concretamente esclarecidos, de modo a encerrar a tentativa de lhe associar ao trágico enredo”, diz por nota enviada ao Estadão.

Em entrevista ao Globo publicada nesta quarta-feira, 24, Brazão afirmou que o ex-policial militar do Rio “deve estar querendo proteger alguém” ao citá-lo em delação premiada como mandante do crime.

“Lessa deve estar querendo proteger alguém. A polícia tem que descobrir quem. Nunca fui apresentado à Marielle, ao Anderson, nem tampouco a Lessa e Élcio de Queiroz. Jamais estive com eles. Não tenho meu nome envolvido com milicianos. A PF não irá participar de uma armação dessas, porque tudo que se fala numa delação tem que ser confirmado”, disse.

Anielle e viúva de Marielle se manifestaram

Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial e irmã da vereadora Marielle, cobrou, nesta terça-feira, a resolução do crime. Em uma publicação no X, Anielle disse que “é um dever do Estado brasileiro” responder quem mandou matar a vereadora e o motorista e por quê.

“Recebi as últimas notícias do caso Marielle e Anderson e reafirmo o que dizemos desde que a tiraram de nós: não descansaremos enquanto não houver justiça”, publicou no X.

Viúva de Marielle, Mônica Benício também se manifestou após o suposto acordo entre Ronnie Lessa e a Polícia Federal. Em nota divulgada nas redes sociais nesta terça-feira, Mônica diz que a família aguarda que a delação de Lessa “apresente de fato novos elementos probatórios que representem um avanço significativo na busca por justiça”.

“É necessário ressaltar que, até o momento, não houve atualizações oficiais por parte das autoridades envolvidas, e a delação ainda precisa ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça para confirmar sua validade”, escreveu.

RIO – O ex-policial militar do Rio de Janeiro Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF), segundo o colunista Lauro Jardim, de O Globo. A delação de Lessa ainda precisa ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Em nota divulgada na noite de terça-feira, 23, a Polícia Federal informou que, até o momento, ocorreu apenas uma delação premiada nas investigações do caso envolvendo o assassinato de Marielle e Anderson, a de Élcio Queiroz, que conduziu o veículo usado no dia do crime.

“A Polícia Federal informa que está conduzindo há cerca de onze meses as investigações referentes aos homicídios da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes. Ao longo desse período, a Polícia Federal trabalhou em parceria com outros órgãos, notadamente o Ministério Público, com critérios técnicos e o necessário sigilo das diligências realizadas. Até o momento, ocorreu uma única delação na apuração do caso, devidamente homologada pelo Poder Judiciário”, informou a PF.

Ronnie Lessa, apontado como autor dos disparos contra Marielle, e Élcio Queiroz, suspeito de dirigir o carro Foto: Divulgação/PCERJ

O executor do crime, conforme apontam as investigações do caso, teria citado o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE) Domingos Inácio Brazão como o autor intelectual dos assassinatos em 14 de março de 2018, segundo o site The Intercept Brasil.

O advogado de Lessa, Bruno Castro, não confirma o acordo entre o seu cliente e a PF. Ele ameaça deixar a defesa do ex-PM caso seja confirmada a delação. “Se ele delatar, eu saio do caso”, disse ao Estadão.

A investigação para apurar os mandantes das execuções tramita no Superior Tribunal de Justiça e, segundo o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, deve ter um desfecho no primeiro trimestre deste ano.

Os nomes dos mandantes são o elo que falta para solucionar o crime. De acordo com as investigações da Polícia Federal, Lessa e Élcio Queiroz, condutor do carro usado na execução, foram os executores de Marielle e Anderson. Ex-policial militar do Rio, Élcio foi o primeiro envolvido no crime a assumir a coparticipação no assassinato.

Élcio foi expulso das fileiras da corporação em 2015 por fazer segurança ilegal em uma casa de jogos de azar na capital fluminense e passou a atuar à margem da lei. Após quatro anos preso, Élcio Queiroz decidiu falar. O ex-PM confessou em delação premiada que dirigia o veículo usado na execução, participou de todo o planejamento e deu detalhes do atentado.

Nesta terça, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que é “natural que existam novos atos de investigação” a partir dos desdobramentos da delação de Élcio Queiroz, que “podem levar a outras delações”.

Regularização fundiária pode ter motivado o crime

Uma das linhas de investigação da Polícia Federal sobre a motivação do crime é uma disputa por terra na zona oeste do Rio, segundo O Globo. Em delação, Lessa teria dito que Marielle virou alvo por defender a ocupação de terrenos por pessoas de baixa renda e que o processo fosse acompanhamento por órgãos como o Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio e o Núcleo de Terra e Habitação, da Defensoria Pública do Rio.

De acordo com Lessa, o mandante do assassinato buscava a regularização de um condomínio na região de Jacarepaguá sem respeitar o critério de área de interesse social. O objetivo seria obter o título de propriedade para especulação imobiliária. Em entrevista ao Estadão, o general Richard Nunes, então secretário da Segurança Pública do Rio, em dezembro de 2018, afirmou que a vereadora foi morta porque milicianos acreditaram que ela podia atrapalhar os negócios ligados à grilagem de terras.

Conselheiro do TCE volta a ser citado na investigação

Domingos Inácio Brazão volta agora a ser alvo de delação dos executores do assassinato de Marielle e Anderson, segundo o Intercept Brasil. Em outubro do ano passado, Élcio Queiroz citou Brazão em delação, o que fez com que o caso fosse remetido ao STJ.

Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio Foto: TCE/RJ

O advogado Márcio Palma, que defende Brazão, diz que, por mais de uma ocasião, pediu acesso à investigação, tendo seus pedidos sido negados, “motivo pelo qual desconhece o teor dos elementos contidos no inquérito”.

“Para além de tais informações, esclarece não conhecer os personagens da trama delituosa. Esclarece, ainda, que jamais teve qualquer envolvimento com eles e tampouco relação com os fatos. Diante das especulações que buscam envolvê-lo no delito, destaca que as matérias apresentam razões inverossímeis para tentar lhe trazer para o bojo das investigações, evidenciando assim a inexistência de motivação que possa lhe vincular ao caso. Por fim, coloca-se à disposição para todo esclarecimento e espera que os fatos sejam concretamente esclarecidos, de modo a encerrar a tentativa de lhe associar ao trágico enredo”, diz por nota enviada ao Estadão.

Em entrevista ao Globo publicada nesta quarta-feira, 24, Brazão afirmou que o ex-policial militar do Rio “deve estar querendo proteger alguém” ao citá-lo em delação premiada como mandante do crime.

“Lessa deve estar querendo proteger alguém. A polícia tem que descobrir quem. Nunca fui apresentado à Marielle, ao Anderson, nem tampouco a Lessa e Élcio de Queiroz. Jamais estive com eles. Não tenho meu nome envolvido com milicianos. A PF não irá participar de uma armação dessas, porque tudo que se fala numa delação tem que ser confirmado”, disse.

Anielle e viúva de Marielle se manifestaram

Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial e irmã da vereadora Marielle, cobrou, nesta terça-feira, a resolução do crime. Em uma publicação no X, Anielle disse que “é um dever do Estado brasileiro” responder quem mandou matar a vereadora e o motorista e por quê.

“Recebi as últimas notícias do caso Marielle e Anderson e reafirmo o que dizemos desde que a tiraram de nós: não descansaremos enquanto não houver justiça”, publicou no X.

Viúva de Marielle, Mônica Benício também se manifestou após o suposto acordo entre Ronnie Lessa e a Polícia Federal. Em nota divulgada nas redes sociais nesta terça-feira, Mônica diz que a família aguarda que a delação de Lessa “apresente de fato novos elementos probatórios que representem um avanço significativo na busca por justiça”.

“É necessário ressaltar que, até o momento, não houve atualizações oficiais por parte das autoridades envolvidas, e a delação ainda precisa ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça para confirmar sua validade”, escreveu.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.