BRASÍLIA -O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) causou um tumulto nesta noite na Câmara ao colocar no sistema de som do Plenário da Casa o áudio interceptado do telefonema da presidente Dilma Rousseff ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A oposição reagiu imediatamente com gritos de “renúncia”.
A sessão estava esvaziada em virtude da reunião de líderes, que acontece na Presidência da Casa, para discutir a votação da comissão especial do impeachment, nesta quinta-feira, 17. Com o tumulto, os parlamentares de oposição e governistas correram para o Plenário para acompanhar o protesto. Deputados petistas ficaram atônitos e deixaram aos poucos o local.
Atos pelo País após a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil
Por volta das 19h15, a oposição gritava e impedia o discurso do líder do PT, deputado Afonso Florence (PT-BA). Oposicionistas cantavam: “olê olê olá, ladrão, ladrão”, ironizando o famoso grito de guerra dos petistas “olê olê olê olá, Lula, Lula”. Também gritam “Lula na cadeia”.
Instantes antes da manifestação, o vice-líder do governo na Casa, Orlando Silva (PCdoB-SP), minimizava o conteúdo da gravação divulgada hoje. “Me causa espécie o grampo da presidente da República. Temos de ouvir a íntegra”, disse. “A casa caiu. A presidente está fazendo obstrução da Justiça. Entendemos que ela é passível de interdição. Vamos pedir a renúncia de Dilma e que se cumpra voz de prisão ao ex-presidente Lula”, afirmou o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM). “Não tem outro caminho senão a renúncia”, reforçou o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA).
“Se espera que amanhã (quinta-feira), a partir das 6h da manhã, a Polícia Federal esteja na porta da residência do ex-presidente Lula”, disse o deputado Mendonça Filho (DEM-PE). “Renúncia é o mínimo que ela poderia oferecer ao povo brasileiro”, completou.
“O governo acabou. Ambos não merecem outro lugar, senão a prisão”, afirmou Rubens Bueno (PR), líder do PPS.
O vice-líder do PSDB na Câmara, deputado Betinho Gomes (PE), afirmou que ingressará com uma denúncia formal na Organização das Nações Unidas (ONU) apontando que o Brasil feriu convenção da entidade de 2003 para combate à corrupção ao nomear Lula para o ministério. De acordo com o deputado, a formalização da denúncia será feita assim que a nomeação seja oficializada no Diário Oficial da União (DOU).