RIO – A Polícia Federal (PF) e o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), prenderam nesta quarta-feira, 28, o dono de ferro-velho Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha, acusado de ser o responsável pelo desmanche do veículo usado pelos assassinos da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018.
Orelha foi denunciado pelo Ministério Público em agosto de 2023 por impedir e embaraçar as investigações do caso. Ele foi preso em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ).
De acordo com a PF, o preso foi conduzido à Superintendência Regional, no Rio, e será encaminhado ao sistema prisional.
Os investigadores chegaram ao nome de Edilson Barbosa, como um dos suspeitos, após a delação premiada do ex-policial militar Élcio Queiroz. No depoimento, Queiroz admitiu ter sido o motorista do veículo utilizado no ataque contra Marielle e acusa o também ex-PM Ronnie Lessa de ser o autor dos disparos. Segundo Élcio Queiroz, o veículo Cobalt foi destroçado por ordem de Ronnie Lessa.
“Após jogar os pedaços da placa e as cápsulas, deixamos o Maxwell (Simões, ex-bombeiro) na casa da mãe dele, porque ele disse que iria ‘agitar’ o sumiço do carro. Ele falou que iria procurar um conhecido nosso, cujo apelido era Orelha, que já teve agência de automóvel e trabalhava com seguro de carro e hoje em dia tem uma sorveteria (...) Depois disso fiquei sabendo através do Maxwell que esse carro de fato sumiu e que foi para o morro da Pedreira, onde havia um desmanche de carro. Quando eu perguntei para o Orelha se havia dado sumiço no carro, ele me cortava e desconversava”, afirmou Élcio em delação.
O encontro com Orelha foi o último momento em que Élcio e Lessa teriam tido contato com o automóvel, segundo a delação. “Foi desse modo que nos desfizemos do veículo e das cápsulas”, disse.
Segundo as investigações, o ex-bombeiro Maxwell Simões, o Suel, citado no depoimento, teria ajudado a ocultar armas um dia após prisões de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, denunciados como autores dos crimes.
Executores tentaram destruir provas
A PF informou que, após executar Marielle, os investigados teriam jogado pedaços da placa do veículo utilizado no crime nas linhas férreas dos trens urbanos do Rio de Janeiro. Dois dias após a execução, Orelha recebeu a ordem de “sumir com o automóvel”. O destino teria sido um desmanche no Morro da Pedreira, na Zona Norte da cidade.
O Estadão tenta contato com a defesa Edilson Barbosa dos Santos.