BRASÍLIA - Candidato do PT à Assembleia de São Paulo, Constantino Cury Neto já esteve no Prona, PHS e PSB. Médico e colecionador de obras de arte, ele tem nas paredes de sua casa e de familiares pinturas de alguns dos maiores artistas brasileiros, como Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral. A coleção, estimada em R$ 12 milhões, coloca o petista na cabeça da lista de candidatos com ouro, quadros, joias e coleções mais valiosos.
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Das mais de 29 mil pessoas que se inscreveram para disputar as eleições deste ano, um seleto grupo de 193 declarou ao menos alguma preciosidade, como livros raros, pedras preciosas, gravuras históricas e obras de arte. São R$ 62,6 milhões em itens pouco usuais acumulados por cidadãos com renda média.
A indicação de bens é autodeclaratória e não é submetida ao escrutínio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Trabalho há 34 anos dia e noite, está tudo declarado no Imposto de Renda. Como é tudo legal, não tenho razão para não mostrar. Sou apaixonado por arte e coleciono desde os meus 18 anos. O que não é certo são os candidatos que têm mansão milionária e dizem que custa R$ 500 mil”, afirmou Cury Neto.
Aos 24 anos, Matheus Ankim (MDB-RJ) declarou à Justiça Eleitoral R$ 2,8 milhões em peças em ouro e prata. É um patrimônio diversificado que, segundo ele, inclui ainda edições raras de livros, alguns autografados. A biblioteca possui obras históricas de Machado de Assis, Monteiro Lobato e Rui Barbosa.
“Coleciono livros e gravuras há muitos anos. São objetos de herança e alguns foram adquiridos”, disse. Um piano centenário também faz parte do patrimônio do candidato, que somou R$ 7,9 milhões.
Ankim é apadrinhado de Carlos Marun (MDB), ex-ministro de Michel Temer e integrante da “tropa de choque” do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (ex-MDB, hoje PTB). O jovem afirmou que a fortuna foi herdada dos avós, produtores rurais no Rio e em parte do Espírito Santo. Além de rentista, ele disse atuar como consultor empresarial.
Apesar do patrimônio milionário, a empresa que Ankim declarou à Justiça Eleitoral está inativa na Receita Federal. O candidato alegou que foi um erro burocrático da sua equipe de contabilidade.
Na corrida por uma vaga de deputado estadual no Pará, Ailson Souto (PP) disse ter em seu patrimônio R$ 9 milhões em quadros e joias. O TSE não exige o detalhamento dos bens, e a equipe do candidato não quis informar à reportagem quais são as obras de arte do acervo.
As preciosidades de Souto equivalem a 2% de seu patrimônio, que teve evolução patrimonial surpreendente em dez anos. Quando concorreu a vereador de Porto de Moz (PA), em 2012, declarou R$ 15 mil em bens. Agora, são R$ 448 milhões, sendo R$ 390 milhões em lavouras de soja e R$ 39 milhões em criptomoedas.
Luiz Pastore (MDB-DF) é, este ano, o primeiro-suplente de Flávia Arruda (PL-DF), ex-ministra do governo Jair Bolsonaro (PL) e candidata ao Senado. O emedebista é um dos candidatos mais ricos, com R$ 453,5 milhões declarados. Dessa fortuna, R$ 9 milhões correspondem a “objetos, móveis e obras de arte”. A equipe de Pastore, porém, não especificou os itens.