Pacheco e ministro de Lula vão contra proposta de Zema e tentam solução para dívida de MG


Presidente do Senado e ministro discutem com Lula alternativa para resolver dívida de R$ 160 bilhões de Minas Gerais sem que a principal medida de contenção de gastos recaia sobre os servidores

Por Pedro Augusto Figueiredo

Aliados há anos, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), iniciaram uma articulação para minar o governador Romeu Zema (Novo), ganhar protagonismo regional ao propor uma alternativa para a dívida de Minas Gerais que não recaia sobre os servidores públicos e de quebra se cacifarem para disputar o comando do Estado em 2026. Diante do movimento, o próprio governador enviou um ofício a Pacheco em que pede ajuda na negociação com o governo federal. Procurado, o governo de Minas Gerais não se posicionou, mas o secretário de Governo de Zema afirmou que “toda ajuda é bem-vinda”.

O principal pilar da estratégia é aproveitar a ausência de uma relação entre Zema e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e costurar com o presidente uma solução mais palatável para o Estado ingressar no Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Em 11 meses, o governador ainda não teve uma reunião individual com Lula e é crítico contumaz da gestão petista, enquanto Pacheco se reuniu duas vezes, a última delas nesta segunda-feira, 13, com o presidente da República para discutir soluções para a situação fiscal de Minas Gerais.

“Reiterei ao presidente Lula minhas preocupações, diante da crise fiscal do estado, e a solicitação para que possamos equacionar a questão da dívida com uma proposta que haverá de ser formulada, em breve, para análise da União”, disse o presidente do Senado. Ele afirmou que vai procurar se reunir com Zema nos próximos dias.

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Em entrevista a jornalistas mineiros após a aprovação da reforma tributária, Pacheco já havia esboçado uma nova proposta: realizar uma espécie de auditoria para calcular o valor real da dívida estadual, repassar o controle de estatais para a União — as principais são Cemig, Copasa e Codemig — como forma de abater o débito e utilizar créditos que Minas tenha com o governo federal para também pagar a dívida.

A proposta de Zema e que está em discussão com o Tesouro Nacional e a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) prevê como principal medida de contenção de gastos conceder apenas duas recomposições inflacionárias, de 3% cada, nos próximos nove anos.

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A medida, impopular entre os funcionários públicos e os deputados estaduais, aumentaria a defasagem salarial em relação à inflação, atualmente em cerca 35% desde 2015 para a maior parte das categorias do funcionalismo. O governador propõe ainda privatizar a Codemig, estatal lucrativa que explora nióbio, limitar concursos públicos e instituir um teto de gastos estadual.

A senha para Pacheco entrar no tema foi dada por Alexandre Silveira durante evento com empresários mineiros no dia 30 de outubro. O ministro declarou que falta humildade ao governo Zema para entender que o presidente do Senado é o interlocutor ideal para negociar uma proposta melhor com o governo Lula.

Na visão de Pacheco, a proposta de Zema vai sacrificar a carreira dos servidores públicos e vender ativos do Estado, como estatais, sem resolver o problema da dívida com a União, que segundo ele aumentaria dos atuais R$ 160 bilhões para mais de R$ 200 bilhões em nove anos.

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“Eu não quero que Minas Gerais e seus servidores públicos sejam sacrificados pela falta de diálogo político. Isso não pode acontecer. E nem que nossos ativos sejam liquidados a qualquer preço para poder liquidar uma dívida que se tornará do mesmo jeito impagável ao longo do tempo se não houver uma ação muito contundente desde já”, declarou Rodrigo Pacheco.

Governo Zema pede ajuda de Pacheco e apresenta três alternativas

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Parte da proposta apresentada por Pacheco já é encapada há meses pela oposição a Zema em Minas Gerais. O deputado estadual Ulysses Gomes (PT-MG), líder do bloco, pontua que quem propõe as ações para equilibrar as contas públicas é o governo estadual.

“Apesar de ressaltar a importância do movimento que o senador Rodrigo Pacheco está fazendo, e o ministro [Alexandre Silveira] tentou fazer, nada adiantará se não houver, da parte principal, que é o governo do Estado, o interesse em readequar o plano de forma mais justa”, disse ele.

No mesmo dia que Silveira cobrou que Zema procurasse Pacheco para intermediar a negociação com o governo Lula, o governador de Minas enviou ofício pedindo o apoio do presidente do Senado. Apesar de datado do dia 31 de outubro, o documento passou a circular entre deputados estaduais somente nesta segunda-feira, 13.

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Zema sugere três alternativas ao plano inicialmente proposto por ele. “No primeiro cenário, o saldo devedor atual é congelado, isto é, não evolui mais ao longo do tempo e o pagamento é parcelado em 29 anos, sendo os primeiros nove anos no modelo previsto no RRF e o saldo final dividido igualitariamente nos 20 anos subsequentes. Para o cenário 2, foi adotada a mesma metodologia anterior, abatendo o valor previsto da Codemig no estoque atual. No terceiro cenário, foi abatido o valor da Codemig e o estoque evolui nas condições atuais dos contratos com a União”, diz o documento.

O vice-governador, Mateus Simões (Novo-MG), representou Zema em uma reunião do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). O pedido foi para que as dívidas dos Estados com a União passem a ser corrigidas apenas pela meta de inflação, hoje em 3%, e não pela fórmula atual, onde uma taxa nominal de juros de 4% é somada à inflação anual.

“O ministro se mostrou sensível ao problema e estamos inaugurando então um novo momento de negociação com o governo federal na direção de resolver um problema histórico da estrutura nossa da dívida, que na nossa opinião hoje o estoque é 15% maior do que deveria ser por conta da forma de cálculo do juro atualmente praticado”, declarou Simões.

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Vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (de gravata laranja) representou Zema em reunião com Haddad na qual Estados pediram mudança no cálculo dos juros da dívida Foto: Cristiano Machado / Imprensa MG

Há ceticismo entre os políticos mineiros se a iniciativa de Rodrigo Pacheco vai prosperar. O prazo é curto: Minas Gerais precisa aderir ao RRF até o dia 20 de dezembro. O Estado não paga a dívida com a União há cinco anos e, sem a adesão, teria que quitar R$ 18 bilhões já em 2024. Uma vez no programa, o valor cai para R$ 4 bilhões.

Além disso, a proposta sugerida por ele deve exigir alterações na lei que criou o RRF. O governo Lula anunciou no primeiro semestre que vai propor alterações à legislação, mas ainda não apresentou o projeto ao Congresso. Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Goiás também integram o programa de renegociação de dívidas.

“Toda ajuda é bem-vinda. Só que os Estados que vivem a mesma realidade que nós, que têm figuras e mentes brilhantes e influentes também em Brasília, nunca conseguiram outro caminho para resolver o problema da dívida deles que não fosse o Regime de Recuperação Fiscal. Esse assunto está rodando aqui em Minas há muitos anos, na Assembleia Legislativa desde 2019. Ninguém conseguiu, desde então, outro caminho que não o regime de recuperação”, resumiu Gustavo Valadares (PMN), secretário de Governo de Minas Gerais, ao Estadão.

Aliados há anos, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), iniciaram uma articulação para minar o governador Romeu Zema (Novo), ganhar protagonismo regional ao propor uma alternativa para a dívida de Minas Gerais que não recaia sobre os servidores públicos e de quebra se cacifarem para disputar o comando do Estado em 2026. Diante do movimento, o próprio governador enviou um ofício a Pacheco em que pede ajuda na negociação com o governo federal. Procurado, o governo de Minas Gerais não se posicionou, mas o secretário de Governo de Zema afirmou que “toda ajuda é bem-vinda”.

O principal pilar da estratégia é aproveitar a ausência de uma relação entre Zema e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e costurar com o presidente uma solução mais palatável para o Estado ingressar no Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Em 11 meses, o governador ainda não teve uma reunião individual com Lula e é crítico contumaz da gestão petista, enquanto Pacheco se reuniu duas vezes, a última delas nesta segunda-feira, 13, com o presidente da República para discutir soluções para a situação fiscal de Minas Gerais.

“Reiterei ao presidente Lula minhas preocupações, diante da crise fiscal do estado, e a solicitação para que possamos equacionar a questão da dívida com uma proposta que haverá de ser formulada, em breve, para análise da União”, disse o presidente do Senado. Ele afirmou que vai procurar se reunir com Zema nos próximos dias.

Em entrevista a jornalistas mineiros após a aprovação da reforma tributária, Pacheco já havia esboçado uma nova proposta: realizar uma espécie de auditoria para calcular o valor real da dívida estadual, repassar o controle de estatais para a União — as principais são Cemig, Copasa e Codemig — como forma de abater o débito e utilizar créditos que Minas tenha com o governo federal para também pagar a dívida.

A proposta de Zema e que está em discussão com o Tesouro Nacional e a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) prevê como principal medida de contenção de gastos conceder apenas duas recomposições inflacionárias, de 3% cada, nos próximos nove anos.

A medida, impopular entre os funcionários públicos e os deputados estaduais, aumentaria a defasagem salarial em relação à inflação, atualmente em cerca 35% desde 2015 para a maior parte das categorias do funcionalismo. O governador propõe ainda privatizar a Codemig, estatal lucrativa que explora nióbio, limitar concursos públicos e instituir um teto de gastos estadual.

A senha para Pacheco entrar no tema foi dada por Alexandre Silveira durante evento com empresários mineiros no dia 30 de outubro. O ministro declarou que falta humildade ao governo Zema para entender que o presidente do Senado é o interlocutor ideal para negociar uma proposta melhor com o governo Lula.

Na visão de Pacheco, a proposta de Zema vai sacrificar a carreira dos servidores públicos e vender ativos do Estado, como estatais, sem resolver o problema da dívida com a União, que segundo ele aumentaria dos atuais R$ 160 bilhões para mais de R$ 200 bilhões em nove anos.

“Eu não quero que Minas Gerais e seus servidores públicos sejam sacrificados pela falta de diálogo político. Isso não pode acontecer. E nem que nossos ativos sejam liquidados a qualquer preço para poder liquidar uma dívida que se tornará do mesmo jeito impagável ao longo do tempo se não houver uma ação muito contundente desde já”, declarou Rodrigo Pacheco.

Governo Zema pede ajuda de Pacheco e apresenta três alternativas

Parte da proposta apresentada por Pacheco já é encapada há meses pela oposição a Zema em Minas Gerais. O deputado estadual Ulysses Gomes (PT-MG), líder do bloco, pontua que quem propõe as ações para equilibrar as contas públicas é o governo estadual.

“Apesar de ressaltar a importância do movimento que o senador Rodrigo Pacheco está fazendo, e o ministro [Alexandre Silveira] tentou fazer, nada adiantará se não houver, da parte principal, que é o governo do Estado, o interesse em readequar o plano de forma mais justa”, disse ele.

No mesmo dia que Silveira cobrou que Zema procurasse Pacheco para intermediar a negociação com o governo Lula, o governador de Minas enviou ofício pedindo o apoio do presidente do Senado. Apesar de datado do dia 31 de outubro, o documento passou a circular entre deputados estaduais somente nesta segunda-feira, 13.

Zema sugere três alternativas ao plano inicialmente proposto por ele. “No primeiro cenário, o saldo devedor atual é congelado, isto é, não evolui mais ao longo do tempo e o pagamento é parcelado em 29 anos, sendo os primeiros nove anos no modelo previsto no RRF e o saldo final dividido igualitariamente nos 20 anos subsequentes. Para o cenário 2, foi adotada a mesma metodologia anterior, abatendo o valor previsto da Codemig no estoque atual. No terceiro cenário, foi abatido o valor da Codemig e o estoque evolui nas condições atuais dos contratos com a União”, diz o documento.

O vice-governador, Mateus Simões (Novo-MG), representou Zema em uma reunião do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). O pedido foi para que as dívidas dos Estados com a União passem a ser corrigidas apenas pela meta de inflação, hoje em 3%, e não pela fórmula atual, onde uma taxa nominal de juros de 4% é somada à inflação anual.

“O ministro se mostrou sensível ao problema e estamos inaugurando então um novo momento de negociação com o governo federal na direção de resolver um problema histórico da estrutura nossa da dívida, que na nossa opinião hoje o estoque é 15% maior do que deveria ser por conta da forma de cálculo do juro atualmente praticado”, declarou Simões.

Vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (de gravata laranja) representou Zema em reunião com Haddad na qual Estados pediram mudança no cálculo dos juros da dívida Foto: Cristiano Machado / Imprensa MG

Há ceticismo entre os políticos mineiros se a iniciativa de Rodrigo Pacheco vai prosperar. O prazo é curto: Minas Gerais precisa aderir ao RRF até o dia 20 de dezembro. O Estado não paga a dívida com a União há cinco anos e, sem a adesão, teria que quitar R$ 18 bilhões já em 2024. Uma vez no programa, o valor cai para R$ 4 bilhões.

Além disso, a proposta sugerida por ele deve exigir alterações na lei que criou o RRF. O governo Lula anunciou no primeiro semestre que vai propor alterações à legislação, mas ainda não apresentou o projeto ao Congresso. Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Goiás também integram o programa de renegociação de dívidas.

“Toda ajuda é bem-vinda. Só que os Estados que vivem a mesma realidade que nós, que têm figuras e mentes brilhantes e influentes também em Brasília, nunca conseguiram outro caminho para resolver o problema da dívida deles que não fosse o Regime de Recuperação Fiscal. Esse assunto está rodando aqui em Minas há muitos anos, na Assembleia Legislativa desde 2019. Ninguém conseguiu, desde então, outro caminho que não o regime de recuperação”, resumiu Gustavo Valadares (PMN), secretário de Governo de Minas Gerais, ao Estadão.

Aliados há anos, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), iniciaram uma articulação para minar o governador Romeu Zema (Novo), ganhar protagonismo regional ao propor uma alternativa para a dívida de Minas Gerais que não recaia sobre os servidores públicos e de quebra se cacifarem para disputar o comando do Estado em 2026. Diante do movimento, o próprio governador enviou um ofício a Pacheco em que pede ajuda na negociação com o governo federal. Procurado, o governo de Minas Gerais não se posicionou, mas o secretário de Governo de Zema afirmou que “toda ajuda é bem-vinda”.

O principal pilar da estratégia é aproveitar a ausência de uma relação entre Zema e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e costurar com o presidente uma solução mais palatável para o Estado ingressar no Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Em 11 meses, o governador ainda não teve uma reunião individual com Lula e é crítico contumaz da gestão petista, enquanto Pacheco se reuniu duas vezes, a última delas nesta segunda-feira, 13, com o presidente da República para discutir soluções para a situação fiscal de Minas Gerais.

“Reiterei ao presidente Lula minhas preocupações, diante da crise fiscal do estado, e a solicitação para que possamos equacionar a questão da dívida com uma proposta que haverá de ser formulada, em breve, para análise da União”, disse o presidente do Senado. Ele afirmou que vai procurar se reunir com Zema nos próximos dias.

Em entrevista a jornalistas mineiros após a aprovação da reforma tributária, Pacheco já havia esboçado uma nova proposta: realizar uma espécie de auditoria para calcular o valor real da dívida estadual, repassar o controle de estatais para a União — as principais são Cemig, Copasa e Codemig — como forma de abater o débito e utilizar créditos que Minas tenha com o governo federal para também pagar a dívida.

A proposta de Zema e que está em discussão com o Tesouro Nacional e a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) prevê como principal medida de contenção de gastos conceder apenas duas recomposições inflacionárias, de 3% cada, nos próximos nove anos.

A medida, impopular entre os funcionários públicos e os deputados estaduais, aumentaria a defasagem salarial em relação à inflação, atualmente em cerca 35% desde 2015 para a maior parte das categorias do funcionalismo. O governador propõe ainda privatizar a Codemig, estatal lucrativa que explora nióbio, limitar concursos públicos e instituir um teto de gastos estadual.

A senha para Pacheco entrar no tema foi dada por Alexandre Silveira durante evento com empresários mineiros no dia 30 de outubro. O ministro declarou que falta humildade ao governo Zema para entender que o presidente do Senado é o interlocutor ideal para negociar uma proposta melhor com o governo Lula.

Na visão de Pacheco, a proposta de Zema vai sacrificar a carreira dos servidores públicos e vender ativos do Estado, como estatais, sem resolver o problema da dívida com a União, que segundo ele aumentaria dos atuais R$ 160 bilhões para mais de R$ 200 bilhões em nove anos.

“Eu não quero que Minas Gerais e seus servidores públicos sejam sacrificados pela falta de diálogo político. Isso não pode acontecer. E nem que nossos ativos sejam liquidados a qualquer preço para poder liquidar uma dívida que se tornará do mesmo jeito impagável ao longo do tempo se não houver uma ação muito contundente desde já”, declarou Rodrigo Pacheco.

Governo Zema pede ajuda de Pacheco e apresenta três alternativas

Parte da proposta apresentada por Pacheco já é encapada há meses pela oposição a Zema em Minas Gerais. O deputado estadual Ulysses Gomes (PT-MG), líder do bloco, pontua que quem propõe as ações para equilibrar as contas públicas é o governo estadual.

“Apesar de ressaltar a importância do movimento que o senador Rodrigo Pacheco está fazendo, e o ministro [Alexandre Silveira] tentou fazer, nada adiantará se não houver, da parte principal, que é o governo do Estado, o interesse em readequar o plano de forma mais justa”, disse ele.

No mesmo dia que Silveira cobrou que Zema procurasse Pacheco para intermediar a negociação com o governo Lula, o governador de Minas enviou ofício pedindo o apoio do presidente do Senado. Apesar de datado do dia 31 de outubro, o documento passou a circular entre deputados estaduais somente nesta segunda-feira, 13.

Zema sugere três alternativas ao plano inicialmente proposto por ele. “No primeiro cenário, o saldo devedor atual é congelado, isto é, não evolui mais ao longo do tempo e o pagamento é parcelado em 29 anos, sendo os primeiros nove anos no modelo previsto no RRF e o saldo final dividido igualitariamente nos 20 anos subsequentes. Para o cenário 2, foi adotada a mesma metodologia anterior, abatendo o valor previsto da Codemig no estoque atual. No terceiro cenário, foi abatido o valor da Codemig e o estoque evolui nas condições atuais dos contratos com a União”, diz o documento.

O vice-governador, Mateus Simões (Novo-MG), representou Zema em uma reunião do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). O pedido foi para que as dívidas dos Estados com a União passem a ser corrigidas apenas pela meta de inflação, hoje em 3%, e não pela fórmula atual, onde uma taxa nominal de juros de 4% é somada à inflação anual.

“O ministro se mostrou sensível ao problema e estamos inaugurando então um novo momento de negociação com o governo federal na direção de resolver um problema histórico da estrutura nossa da dívida, que na nossa opinião hoje o estoque é 15% maior do que deveria ser por conta da forma de cálculo do juro atualmente praticado”, declarou Simões.

Vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (de gravata laranja) representou Zema em reunião com Haddad na qual Estados pediram mudança no cálculo dos juros da dívida Foto: Cristiano Machado / Imprensa MG

Há ceticismo entre os políticos mineiros se a iniciativa de Rodrigo Pacheco vai prosperar. O prazo é curto: Minas Gerais precisa aderir ao RRF até o dia 20 de dezembro. O Estado não paga a dívida com a União há cinco anos e, sem a adesão, teria que quitar R$ 18 bilhões já em 2024. Uma vez no programa, o valor cai para R$ 4 bilhões.

Além disso, a proposta sugerida por ele deve exigir alterações na lei que criou o RRF. O governo Lula anunciou no primeiro semestre que vai propor alterações à legislação, mas ainda não apresentou o projeto ao Congresso. Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Goiás também integram o programa de renegociação de dívidas.

“Toda ajuda é bem-vinda. Só que os Estados que vivem a mesma realidade que nós, que têm figuras e mentes brilhantes e influentes também em Brasília, nunca conseguiram outro caminho para resolver o problema da dívida deles que não fosse o Regime de Recuperação Fiscal. Esse assunto está rodando aqui em Minas há muitos anos, na Assembleia Legislativa desde 2019. Ninguém conseguiu, desde então, outro caminho que não o regime de recuperação”, resumiu Gustavo Valadares (PMN), secretário de Governo de Minas Gerais, ao Estadão.

Aliados há anos, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), iniciaram uma articulação para minar o governador Romeu Zema (Novo), ganhar protagonismo regional ao propor uma alternativa para a dívida de Minas Gerais que não recaia sobre os servidores públicos e de quebra se cacifarem para disputar o comando do Estado em 2026. Diante do movimento, o próprio governador enviou um ofício a Pacheco em que pede ajuda na negociação com o governo federal. Procurado, o governo de Minas Gerais não se posicionou, mas o secretário de Governo de Zema afirmou que “toda ajuda é bem-vinda”.

O principal pilar da estratégia é aproveitar a ausência de uma relação entre Zema e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e costurar com o presidente uma solução mais palatável para o Estado ingressar no Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Em 11 meses, o governador ainda não teve uma reunião individual com Lula e é crítico contumaz da gestão petista, enquanto Pacheco se reuniu duas vezes, a última delas nesta segunda-feira, 13, com o presidente da República para discutir soluções para a situação fiscal de Minas Gerais.

“Reiterei ao presidente Lula minhas preocupações, diante da crise fiscal do estado, e a solicitação para que possamos equacionar a questão da dívida com uma proposta que haverá de ser formulada, em breve, para análise da União”, disse o presidente do Senado. Ele afirmou que vai procurar se reunir com Zema nos próximos dias.

Em entrevista a jornalistas mineiros após a aprovação da reforma tributária, Pacheco já havia esboçado uma nova proposta: realizar uma espécie de auditoria para calcular o valor real da dívida estadual, repassar o controle de estatais para a União — as principais são Cemig, Copasa e Codemig — como forma de abater o débito e utilizar créditos que Minas tenha com o governo federal para também pagar a dívida.

A proposta de Zema e que está em discussão com o Tesouro Nacional e a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) prevê como principal medida de contenção de gastos conceder apenas duas recomposições inflacionárias, de 3% cada, nos próximos nove anos.

A medida, impopular entre os funcionários públicos e os deputados estaduais, aumentaria a defasagem salarial em relação à inflação, atualmente em cerca 35% desde 2015 para a maior parte das categorias do funcionalismo. O governador propõe ainda privatizar a Codemig, estatal lucrativa que explora nióbio, limitar concursos públicos e instituir um teto de gastos estadual.

A senha para Pacheco entrar no tema foi dada por Alexandre Silveira durante evento com empresários mineiros no dia 30 de outubro. O ministro declarou que falta humildade ao governo Zema para entender que o presidente do Senado é o interlocutor ideal para negociar uma proposta melhor com o governo Lula.

Na visão de Pacheco, a proposta de Zema vai sacrificar a carreira dos servidores públicos e vender ativos do Estado, como estatais, sem resolver o problema da dívida com a União, que segundo ele aumentaria dos atuais R$ 160 bilhões para mais de R$ 200 bilhões em nove anos.

“Eu não quero que Minas Gerais e seus servidores públicos sejam sacrificados pela falta de diálogo político. Isso não pode acontecer. E nem que nossos ativos sejam liquidados a qualquer preço para poder liquidar uma dívida que se tornará do mesmo jeito impagável ao longo do tempo se não houver uma ação muito contundente desde já”, declarou Rodrigo Pacheco.

Governo Zema pede ajuda de Pacheco e apresenta três alternativas

Parte da proposta apresentada por Pacheco já é encapada há meses pela oposição a Zema em Minas Gerais. O deputado estadual Ulysses Gomes (PT-MG), líder do bloco, pontua que quem propõe as ações para equilibrar as contas públicas é o governo estadual.

“Apesar de ressaltar a importância do movimento que o senador Rodrigo Pacheco está fazendo, e o ministro [Alexandre Silveira] tentou fazer, nada adiantará se não houver, da parte principal, que é o governo do Estado, o interesse em readequar o plano de forma mais justa”, disse ele.

No mesmo dia que Silveira cobrou que Zema procurasse Pacheco para intermediar a negociação com o governo Lula, o governador de Minas enviou ofício pedindo o apoio do presidente do Senado. Apesar de datado do dia 31 de outubro, o documento passou a circular entre deputados estaduais somente nesta segunda-feira, 13.

Zema sugere três alternativas ao plano inicialmente proposto por ele. “No primeiro cenário, o saldo devedor atual é congelado, isto é, não evolui mais ao longo do tempo e o pagamento é parcelado em 29 anos, sendo os primeiros nove anos no modelo previsto no RRF e o saldo final dividido igualitariamente nos 20 anos subsequentes. Para o cenário 2, foi adotada a mesma metodologia anterior, abatendo o valor previsto da Codemig no estoque atual. No terceiro cenário, foi abatido o valor da Codemig e o estoque evolui nas condições atuais dos contratos com a União”, diz o documento.

O vice-governador, Mateus Simões (Novo-MG), representou Zema em uma reunião do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). O pedido foi para que as dívidas dos Estados com a União passem a ser corrigidas apenas pela meta de inflação, hoje em 3%, e não pela fórmula atual, onde uma taxa nominal de juros de 4% é somada à inflação anual.

“O ministro se mostrou sensível ao problema e estamos inaugurando então um novo momento de negociação com o governo federal na direção de resolver um problema histórico da estrutura nossa da dívida, que na nossa opinião hoje o estoque é 15% maior do que deveria ser por conta da forma de cálculo do juro atualmente praticado”, declarou Simões.

Vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (de gravata laranja) representou Zema em reunião com Haddad na qual Estados pediram mudança no cálculo dos juros da dívida Foto: Cristiano Machado / Imprensa MG

Há ceticismo entre os políticos mineiros se a iniciativa de Rodrigo Pacheco vai prosperar. O prazo é curto: Minas Gerais precisa aderir ao RRF até o dia 20 de dezembro. O Estado não paga a dívida com a União há cinco anos e, sem a adesão, teria que quitar R$ 18 bilhões já em 2024. Uma vez no programa, o valor cai para R$ 4 bilhões.

Além disso, a proposta sugerida por ele deve exigir alterações na lei que criou o RRF. O governo Lula anunciou no primeiro semestre que vai propor alterações à legislação, mas ainda não apresentou o projeto ao Congresso. Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Goiás também integram o programa de renegociação de dívidas.

“Toda ajuda é bem-vinda. Só que os Estados que vivem a mesma realidade que nós, que têm figuras e mentes brilhantes e influentes também em Brasília, nunca conseguiram outro caminho para resolver o problema da dívida deles que não fosse o Regime de Recuperação Fiscal. Esse assunto está rodando aqui em Minas há muitos anos, na Assembleia Legislativa desde 2019. Ninguém conseguiu, desde então, outro caminho que não o regime de recuperação”, resumiu Gustavo Valadares (PMN), secretário de Governo de Minas Gerais, ao Estadão.

Aliados há anos, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), iniciaram uma articulação para minar o governador Romeu Zema (Novo), ganhar protagonismo regional ao propor uma alternativa para a dívida de Minas Gerais que não recaia sobre os servidores públicos e de quebra se cacifarem para disputar o comando do Estado em 2026. Diante do movimento, o próprio governador enviou um ofício a Pacheco em que pede ajuda na negociação com o governo federal. Procurado, o governo de Minas Gerais não se posicionou, mas o secretário de Governo de Zema afirmou que “toda ajuda é bem-vinda”.

O principal pilar da estratégia é aproveitar a ausência de uma relação entre Zema e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e costurar com o presidente uma solução mais palatável para o Estado ingressar no Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Em 11 meses, o governador ainda não teve uma reunião individual com Lula e é crítico contumaz da gestão petista, enquanto Pacheco se reuniu duas vezes, a última delas nesta segunda-feira, 13, com o presidente da República para discutir soluções para a situação fiscal de Minas Gerais.

“Reiterei ao presidente Lula minhas preocupações, diante da crise fiscal do estado, e a solicitação para que possamos equacionar a questão da dívida com uma proposta que haverá de ser formulada, em breve, para análise da União”, disse o presidente do Senado. Ele afirmou que vai procurar se reunir com Zema nos próximos dias.

Em entrevista a jornalistas mineiros após a aprovação da reforma tributária, Pacheco já havia esboçado uma nova proposta: realizar uma espécie de auditoria para calcular o valor real da dívida estadual, repassar o controle de estatais para a União — as principais são Cemig, Copasa e Codemig — como forma de abater o débito e utilizar créditos que Minas tenha com o governo federal para também pagar a dívida.

A proposta de Zema e que está em discussão com o Tesouro Nacional e a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) prevê como principal medida de contenção de gastos conceder apenas duas recomposições inflacionárias, de 3% cada, nos próximos nove anos.

A medida, impopular entre os funcionários públicos e os deputados estaduais, aumentaria a defasagem salarial em relação à inflação, atualmente em cerca 35% desde 2015 para a maior parte das categorias do funcionalismo. O governador propõe ainda privatizar a Codemig, estatal lucrativa que explora nióbio, limitar concursos públicos e instituir um teto de gastos estadual.

A senha para Pacheco entrar no tema foi dada por Alexandre Silveira durante evento com empresários mineiros no dia 30 de outubro. O ministro declarou que falta humildade ao governo Zema para entender que o presidente do Senado é o interlocutor ideal para negociar uma proposta melhor com o governo Lula.

Na visão de Pacheco, a proposta de Zema vai sacrificar a carreira dos servidores públicos e vender ativos do Estado, como estatais, sem resolver o problema da dívida com a União, que segundo ele aumentaria dos atuais R$ 160 bilhões para mais de R$ 200 bilhões em nove anos.

“Eu não quero que Minas Gerais e seus servidores públicos sejam sacrificados pela falta de diálogo político. Isso não pode acontecer. E nem que nossos ativos sejam liquidados a qualquer preço para poder liquidar uma dívida que se tornará do mesmo jeito impagável ao longo do tempo se não houver uma ação muito contundente desde já”, declarou Rodrigo Pacheco.

Governo Zema pede ajuda de Pacheco e apresenta três alternativas

Parte da proposta apresentada por Pacheco já é encapada há meses pela oposição a Zema em Minas Gerais. O deputado estadual Ulysses Gomes (PT-MG), líder do bloco, pontua que quem propõe as ações para equilibrar as contas públicas é o governo estadual.

“Apesar de ressaltar a importância do movimento que o senador Rodrigo Pacheco está fazendo, e o ministro [Alexandre Silveira] tentou fazer, nada adiantará se não houver, da parte principal, que é o governo do Estado, o interesse em readequar o plano de forma mais justa”, disse ele.

No mesmo dia que Silveira cobrou que Zema procurasse Pacheco para intermediar a negociação com o governo Lula, o governador de Minas enviou ofício pedindo o apoio do presidente do Senado. Apesar de datado do dia 31 de outubro, o documento passou a circular entre deputados estaduais somente nesta segunda-feira, 13.

Zema sugere três alternativas ao plano inicialmente proposto por ele. “No primeiro cenário, o saldo devedor atual é congelado, isto é, não evolui mais ao longo do tempo e o pagamento é parcelado em 29 anos, sendo os primeiros nove anos no modelo previsto no RRF e o saldo final dividido igualitariamente nos 20 anos subsequentes. Para o cenário 2, foi adotada a mesma metodologia anterior, abatendo o valor previsto da Codemig no estoque atual. No terceiro cenário, foi abatido o valor da Codemig e o estoque evolui nas condições atuais dos contratos com a União”, diz o documento.

O vice-governador, Mateus Simões (Novo-MG), representou Zema em uma reunião do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). O pedido foi para que as dívidas dos Estados com a União passem a ser corrigidas apenas pela meta de inflação, hoje em 3%, e não pela fórmula atual, onde uma taxa nominal de juros de 4% é somada à inflação anual.

“O ministro se mostrou sensível ao problema e estamos inaugurando então um novo momento de negociação com o governo federal na direção de resolver um problema histórico da estrutura nossa da dívida, que na nossa opinião hoje o estoque é 15% maior do que deveria ser por conta da forma de cálculo do juro atualmente praticado”, declarou Simões.

Vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (de gravata laranja) representou Zema em reunião com Haddad na qual Estados pediram mudança no cálculo dos juros da dívida Foto: Cristiano Machado / Imprensa MG

Há ceticismo entre os políticos mineiros se a iniciativa de Rodrigo Pacheco vai prosperar. O prazo é curto: Minas Gerais precisa aderir ao RRF até o dia 20 de dezembro. O Estado não paga a dívida com a União há cinco anos e, sem a adesão, teria que quitar R$ 18 bilhões já em 2024. Uma vez no programa, o valor cai para R$ 4 bilhões.

Além disso, a proposta sugerida por ele deve exigir alterações na lei que criou o RRF. O governo Lula anunciou no primeiro semestre que vai propor alterações à legislação, mas ainda não apresentou o projeto ao Congresso. Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Goiás também integram o programa de renegociação de dívidas.

“Toda ajuda é bem-vinda. Só que os Estados que vivem a mesma realidade que nós, que têm figuras e mentes brilhantes e influentes também em Brasília, nunca conseguiram outro caminho para resolver o problema da dívida deles que não fosse o Regime de Recuperação Fiscal. Esse assunto está rodando aqui em Minas há muitos anos, na Assembleia Legislativa desde 2019. Ninguém conseguiu, desde então, outro caminho que não o regime de recuperação”, resumiu Gustavo Valadares (PMN), secretário de Governo de Minas Gerais, ao Estadão.

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