PORTO ALEGRE - O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse na manhã desta sexta-feira, 20, que a morte do ministro Teori Zavascki deve atrasar a homologação de delações como a da Odebrecht.
"A morte do ministro Zavazcki por certo vai fazer com que a gente tenha em relação à Operação Lava Jato um pouco mais de tempo agora para que as chamadas delações sejam homologadas ou não. Perde-se tempo, sim, mas o presidente Michel (Temer) vai indicar segundo ele com a maior brevidade possível um novo ministro", disse Padilha.
O ministro está em Porto Alegre onde acertou com o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), detalhes sobre ajuda financeira do governo federal ao estado.
Padilha confirmou que Temer deve indicar o mais breve possível o substituto de Teori no STF, mas evitou dar pistas sobre nomes ou perfis dos candidatos. Segundo ele, a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, tem instrumentos regimentais para agilizar o andamento da Lava Jato.
"Independe do novo ministro o andamento do processo. A ministra Cármen Lúcia certamente vai colocar o regimento (do STF) acima de qualquer outra questão para que a gente tenha com a maior brevidade possível o retorno", disse Padilha.
Indicação. De acordo com ele, o fato de indicar um ministro do Supremo que pode relatar uma ação na qual o próprio presidente da República é citado não constrange o governo.
"A observância da Constituição da República não constrange ninguém. O presidente tem uma atribuição que foi delegada pela Constituição e vai seguramente corresponder à plenitude do quer diz o texto constitucional", afirmou.
Indagado se o atraso na homologação das delações dá um fôlego ao governo, Padilha respondeu: "Não. O governo tem que governar. A Lava Jato, o poder Judiciário, Ministério Público Federal e Polícia Federal é que tem que fazer com que ela ande com a maior brevidade possível".
Embora tenha dito que Cármen Lúcia tem instrumentos para agilizar a investigação, Padilha evitou comentar a preferência do governo quanto à relatoria da Lava Jato.
"A questão da relatoria é do Judiciário. Não vou opinar sobre ela porque só pode prejudicar quem opina", esquivou-se.
Teorias. Padilha minimizou ainda os boatos que correm na internet sobre o acidente que vitimou Teori. “O que se vê é que a imaginação humana é absolutamente ilimitada. Nenhum comentário”, disse o ministro.
Indagado sobre as declarações de Francisco Zavascki, filho de Teori, à Rádio Estadão de que “seria ruim para o Brasil ter um ministro do STF assassinado”, Padilha mudou o tom do discurso e defendeu investigações profundas sobre as causas do acidente.
“Penso que deve ser feita investigação com a maior profundidade mas é um tema que não está afeito ao Executivo. Tanto a Polícia Federal quanto o Ministério Público Federal já disseram ontem à noite que vão investigar”.