BRASÍLIA - O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, se reuniu, nesta terça-feira, 18, com o líder do PP na Câmara, deputado federal André Fufuca (MA), e o deputado federal Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE), no Palácio do Planalto. O encontro ocorre em meio às negociações do governo por uma possível reforma ministerial para acomodar partidos do Centrão na Esplanada.
De acordo com relatos obtidos pelo Estadão/Broadcast, a conversa de Padilha com Fufuca foi para tratar sobre espaços dos partidos no governo. A agenda com Silvio Costa Filho está prevista para as 16h. O encontro foi feito com o objetivo de aproximar o governo dos possíveis novos integrantes da Esplanada.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), devem se encontrar presencialmente em Brasília ainda nesta semana. O petista articula a entrega de ministérios a indicados do PP e do Republicanos, mas partidos de esquerda, como o próprio PT e o PSB, temem perder espaço na Esplanada.
A promessa de Lula de acomodar o Centrão no governo foi essencial, no último dia 7, para a aprovação do projeto de lei que retoma o voto de desempate a favor da Receita Federal nos julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Essa proposta é uma das prioridades do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao lado da reforma tributária, também aprovada pelos deputados naquela semana.
Embora a entrada de partidos como o PP e o Republicanos no primeiro escalão do governo Lula já tenha sido acertada, ainda falta a definição sobre quais pastas o Centrão vai, de fato, ocupar. Lira estava de férias nos Estados Unidos na semana passada, mas deve retornar a Brasília a partir de hoje. Lula, por sua vez, está em Bruxelas, na Bélgica, para participar da 3ª Reunião de Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e União Europeia (UE), mas a previsão é que volte ao Brasil na quarta-feira, 19. Após as reuniões de hoje, Padilha pretende se encontrar com Lula para tratar sobre as conversas que teve.
A ideia inicial era que Fufuca assumisse o Ministério do Desenvolvimento Social, hoje comandado pelo petista Wellington Dias. O desempenho do ex-governador do Piauí no governo é criticado até mesmo por petistas, mas Lula resolveu blindar a pasta, que é responsável pelo Bolsa Família, bandeira histórica do petismo. Um outro ministério, portanto, deve ser oferecido a Fufuca. Lula também já mandou o recado de que não deve tirar Nísia Trindade do Ministério da Saúde.
No caso do Republicanos, Silvio Costa Filho é cotado para assumir o Ministério do Esporte, hoje sob o comando de Ana Moser, mas também pode haver alternativas. O parlamentar deve assumir um cargo no governo como “cota pessoal” de Lula, já que o partido tem em suas fileiras o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ex-ministro de Jair Bolsonaro e possível candidato à Presidência em 2026.
A reforma ministerial começou na semana passada com a troca no Ministério do Turismo, que era aguardada havia semanas pelo União Brasil. Saiu Daniela Carneiro, que pediu desfiliação do partido, e entrou Celso Sabino, escolhido pela bancada na Câmara. Os deputados não se sentiam representados nem por Daniela, nem pelos ministros Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) e Juscelino Filho (Comunicações), indicados pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP).
O governo tem tentado se aproximar do Centrão após uma uma série de reclamações dos partidos sobre a demora na liberação de emendas, a falta de nomeações de aliados para cargos regionais e até mesmo o tratamento dispensado por ministros aos parlamentares. O auge da tensão entre Executivo e Legislativo ocorreu na votação da MP da Esplanada no fim de maio, quando a Câmara cogitou derrubar a estrutural ministerial de Lula para mandar um recado de insatisfação com a articulação política.
Um dia depois da votação, Lira disse que é natural o Palácio do Planalto Planalto oferecer ministérios a partidos para atraí-los à base, já que esse foi o modelo de coalizão escolhido por Lula para governar. Desde então, os ministros palacianos Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais), que eram os principais alvos das críticas dos deputados, também passaram a tentar uma maior aproximação com o Congresso.