BRASÍLIA - Contrariados com a possibilidade de um adiamento na discussão da reforma da Previdência, integrantes da cúpula do PSDB comemoram a decisão do governo Temer de enviar ao Congresso a proposta, antes das eleições municipais de outubro.
O anúncio do envio foi feito no final da tarde desta terça-feira, 6, pelo ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. Apesar de o ministro não divulgar a data, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), viu na iniciativa o cumprimento daquilo que o presidente Michel Temer vinha prometendo antes de assumir o cargo, no lugar da presidente afastada Dilma Rousseff. A decisão do governo foi discutida ao longo do dia entre Geddel e Aécio.
“Ao enviar essa proposta o governo demonstra a firmeza que dele se espera e que nós confiamos que ele tenha. (...) Sempre compreendi que o Michel interino tinha limitações que o Michel efetivo não tem. Acho que é uma sinalização clara dele daquilo que ele tem nos afirmado, que fará o que precisa ser feito. Ele terá apoio integral do PSDB”, afirmou Aécio Neves ao Estado.
O senador e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, potenciais candidatos presidenciais em 2018, criticaram nesta segunda-feira, 5, a possibilidade de o governo adiar a discussão da proposta, em razão do possível impacto negativo num ano eleitoral.
“O mais difícil não foi afastar a presidente Dilma. Ela caiu porque perdeu as condições mínimas de governabilidade. O grande desafio está por vir. É aqui que não podemos errar. A verdade, é que uma página foi virada, mas uma outra ainda não foi escrita”, considerou Aécio.
Líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), também ampliou o coro de que o governo não pode deixar de discutir o tema da reforma da previdência, mesmo ele sendo considerado impopular.
“O Brasil precisa ter sinais objetivos de mudança. Não há mais espaço para mentiras e enganação. É preciso ser dito a verdade em relação à previdência brasileira. Há uma necessidade de mudanças para evitar uma situação caótica a médio prazo. Então, encarar os problemas, discutir com a sociedade e com o Congresso eu vejo como um sinal muito positivo”, ressaltou.
Pouco antes do anúncio de Geddel, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), defendeu que a discussão sobre a implementação de mudanças na Previdência Social fossem realizada o “quanto antes”. “Se o governo já tiver o esboço para discutir com o Congresso e com a sociedade, está na hora. Não tem que esperar eleição. Tem que ser feito logo, as claras. O Brasil não aguenta mais subterfúgios”, afirmou Eunício.
Reajuste. Apesar do apoio à decisão do Palácio quanto ao envio da reforma previdenciário ao Congresso, os tucanos ressaltaram que o partido se manterá contrários à aprovação do reajuste dos ministros do Supremo Tribunal Federal. O requerimento de urgência para dar celeridade à votação da proposta deverá ser votado nesta quinta-feira, 8, no plenário do Senado.
O avanço da discussão da matéria também foi defendida por Geddel nesta terça-feira. “Eu defendo a rejeição do requerimento para que esse projeto seja examinado pela Comissão de Assuntos Econômicos, como todos os demais projetos do funcionalismo foram. Por que o projetos dos ministros do Supremo e do Procurador Geral da República tem um status especial? Esse projeto tem uma repercussão enorme não apenas no orçamento da União como também nos Estados”, afirmou o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (SP). “A posição do PSDB é clara. Não somos contra aumento para o Supremo mas para qualquer aumento numa hora como essa. Achamos inoportuno neste momento”, disse Aécio.