“Missão dada é missão cumprida.” O novo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, é considerado por colegas um cumpridor de missões determinadas pelos superiores. E no novo cargo terá um chefe que não aceita hesitação diante de suas ordens: o presidente Jair Bolsonaro.
Um colega resume a forma de atuação: se for preciso sair do ponto A para chegar ao ponto B, ele vai cumprir a ordem, não importa o que tiver de enfrentar pelo caminho. Nas Forças Armadas quem controla a tropa são os coronéis, e eles têm muito respeito pelo general Braga Netto. Um respeito que se assemelha ao que demonstram pelo ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas.
No governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Braga Netto foi adido junto à embaixada do Brasil na Polônia, de 2005 a 2007. Em 2009, foi nomeado chefe do Estado-maior do Comando Militar do Oeste. Dois anos depois, assumiu o cargo de adido militar do Exército junto à embaixada brasileira nos Estados Unidos.
O general foi nomeado pelo então presidente Michel Temer, em fevereiro de 2018, para o cargo de interventor federal na Secretaria de Segurança Pública. Não foram raras as vezes em que ele apareceu de surpresa para acompanhar as operações realizadas. Também encontrou espaço para momentos mais descontraídos de confraternização com a equipe.
Apesar do semblante sério em eventos públicos, no meio militar é considerado uma pessoa brincalhona, e que coloca a mão na massa quando precisa. Segundo colegas de Braga Netto, o respeito do ministro entre os seus pares se deve à formação intelectual – ele sempre foi considerado um aluno brilhante em todos os cursos que fez. No governo, sua relação com o ministro Eduardo Ramos, general como ele, é considerada de cumplicidade. Ramos, que têm vários desafetos nas Forças Armadas, assumiu a Casa Civil com o deslocamento de Braga Netto para a Defesa.
Já Bolsonaro coloca Braga Netto e o general Heleno, ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional, na mesma balança das relações. São os dois generais que ele mais ouve hoje no governo.
Em 2020, Braga Neto esteve ao lado da ala político-militar que contrariou o ministro da Economia, Paulo Guedes, e patrocinou o Pró-Brasil, programa de investimentos em obras que acabou não saindo do papel. O programa foi lançado em solenidade, em abril do ano passado, sem a presença de integrantes da equipe econômica.
A repercussão foi tão grande no mercado financeiro, que Paulo Guedes acabou conseguindo que o governo engavetasse o programa, que, na prática, seria uma porta aberta para a flexibilização do teto de gastos, a regra que limita o crescimento das despesas acima da inflação.