Nova York - A abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobrás teria resultado prático zero, avalia o vice-presidente da República e presidente de honra do PMDB, Michel Temer. Para ele, o interesse em abrir a investigação só pode ter razões eleitorais.
"Eu sou contra a abertura (da CPI) por uma razão jurídica óbvia", disse o vice-presidente a um pequeno grupo de jornalistas em Nova York, onde veio fazer duas apresentações para investidores e economistas estrangeiros. "O objetivo de uma CPI é apurar os fatos e encaminhar ao Ministério Público para que verifique se deve abrir ação penal ou não. No instante em que a Política Federal e o MP já abriram um inquérito, qual a razão para uma CPI? Só pode ser uma razão eleitoral, não há outra", afirmou o vice-presidente. "O resultado prático dela é zero, é nenhum", afirmou aos jornalistas.
Para Temer, os problemas da Petrobrás com a compra da refinaria em Pasadena não devem ter maiores repercussões na campanha eleitoral e nem ter impacto negativo na imagem de gestora da presidente Dilma Rousseff (PT). Em primeiro lugar, disse o vice-presidente, o conselho de administração da petroleira não era formado apenas por Dilma. "Havia figuras exponenciais do empresariado brasileiro e da administração pública e todos eles votaram a favor", diz ele. Além disso, havia pareceres favoráveis à compra.
O vice-presidente minimizou ainda os resultados da última pesquisa do Ibope, que mostrou queda da aprovação de Dilma. "A pesquisa de hoje não é a pesquisa de amanhã. O fato de cair 4, 5 pontos não significa nada nesse momento. Eu reitero: em junho (de 2013) ela veio pra 30 pontos, depois voltou para 47. Nós vamos conversar sobre pesquisa no dia 4 de outubro", afirmou.
Palestra. Michel Temer apresentou uma palestra na manhã de desta sexta-feira, 4, na qual falou das ascensão social do Brasil e na parte de perguntas e respostas foi questionado sobre o rebaixamento do rating soberano do País, mas não sobre a Petrobrás. Temer avalia que como não houve perda do grau de investimento, o impacto é menor na imagem do País. "Nesse momento não afeta, não há consequência direta", disse depois aos jornalistas. "Você vê uma notícia de que está todo mundo desestimulado (com o Brasil) e, ao contrário, você vê investidores aplicando. Por isso eu acho que não há repercussão negativa para o Brasil", disse ele, destacando que participou no último mês da inauguração de dois grandes projetos, um deles da BMW.
Na segunda-feira, 7, Temer fará nova palestra em Nova York. Segundo ele, a ideia é passar uma boa imagem do Brasil, de um País que respeita as regras e contratos. "Uma coisa é a conjuntura, a outra é o aspecto global do País."