Logo após o começo da operação Tempus Veritatis, desencadeada pela Polícia Federal (PF), milhares de interações foram registradas nas redes sociais. Um levantamento do Instituto Democracia em Xeque mostra que parlamentares de oposição ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conseguiram maior engajamento nas plataformas. Os dados compilados levam em conta publicações e interações realizadas entre os dias 8 e 9 de fevereiro (até a manhã desta sexta-feira) entre 720 perfis no Facebook, 651 no Instagram e 206 no X, antigo Twitter.
Dos dez perfis com maior engajamento sobre o tema no X, oito são da direita e apenas dois da esquerda. No Facebook, são seis perfis da direita e quatro da esquerda entre os maiores engajamentos.
Com relação ao X, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi a líder no quesito engajamento, seguida pelo também deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP). “Zambelli também alegou se tratar de tentativa de destruir a oposição, fazendo alusões com a Venezuela. Na oposição, também se destacaram Bia Kicis (PL-DF), Rogerio Marinho (PL-RN), Júlia Zanatta (PL-SC), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Magno Malta (PL-ES) e Marcel Van Hattem (Novo-RS), todos alinhados nas alegações de que se trata de perseguição. Os parlamentares divulgaram a coletiva de imprensa feita em conjunto e também fizeram ataques à justiça, considerando os magistrados parciais e suspeitos para dar encaminhamentos ao caso”, aponta o levantamento.
No Facebook, Humberto Costa (PT-PE) foi o parlamentar com mais engajamento no dia 8. “O petista realizou 15 publicações repercutindo e comemorando a operação deflagrada pela PF. O segundo lugar, e com engajamento próximo ao de Costa, o deputado federal Filipe Barros (PL-PR) veiculou nove posts alegando se tratar de perseguição e tentativa de retirar o PL das disputas municipais de 2024″, diz trecho do estudo do instituto. No total, apenas no Facebook, os parlamentares de esquerda somaram quase 70 mil pessoas engajadas, enquanto parlamentares bolsonaristas somaram pouco mais de 81 mil.
Entre as narrativas observadas pelo instituto estão a de perseguição ao ex-presidente Bolsonaro, ao PL e à oposição. Há ainda citação, na sequência, de abuso nas ações do Supremo Tribunal Federal (STF) e do ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a operação contra aliados de Bolsonaro, e que não se dá golpe sem tanque de guerra ou armas. “Como declarou Eduardo Bolsonaro (PL-SP), em live na noite de quinta-feira ‘golpe não se dá no papel’, mas sim ‘na ponta do fuzil’”, cita o estudo.
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Por outro lado, as narrativas de integrantes da base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva foram sobre acreditar em Bolsonaro preso, acusar o ex-vice-presidente, hoje senador, Hamilton Mourão (Republicanos-RS) de incitar reação contra a operação da PF e comemorar o andamento da investigação. “Na quinta-feira, assim que a operação foi deflagrada, parlamentares do segmento foram imediatamente para as redes dar a notícia e comemorar. Muitas das postagens tinham chamadas de ‘Urgente!’, ‘Bomba!’, ‘Grave!’ e ‘Gravíssimo’”, aponta o relatório.