Atualizado às 22h40
O ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, um dos principais delatores da Operação Lava Jato, está na lista do HSBC entregue por um ex-funcionário do banco para autoridades e jornais de todo o mundo, o que resultou no escândalo conhecido como Swissleaks. Entre as mais de 100 mil referências a personalidades, uma das fichas trata do brasileiro que está no centro do escândalo envolvendo a estatal brasileira.
Nos próximos dias, uma força-tarefa da Polícia Federal e do Ministério Público Federal irá a Paris buscar oficialmente os dados referentes a essa relação bancária entre o HSBC e Costa com um juiz da capital francesa.
A partir da investigação será possível saber se o ex-diretor teve um relacionamento bancário com o HSBC não informado em sua delação premiada ou se é o mesmo delatado por ele aos investigadores da Lava Jato. Caso essa relação com o HSBC revelada no Swissleaks não seja a mesma da relatada na delação, Costa poderá perder os benefícios do acordo pelo qual se comprometeu a colaborar com a Lava Jato em troca de redução de pena.
A decisão dos investigadores brasileiros de pedir os dados para a França e não para a Suíça decorre do fato de que, em Paris, o ex-funcionário do HSBC que entregou os dados, Hervé Falciani, não é tido como um criminoso, enquanto para os suíços ele roubou dados protegidos do banco. Aos suíços, o Ministério Público vai pedir que considere que o País tem o direito de usar as provas recebidas da França porque a retirada da lista do HSBC não se tratou de uma ato provocado pelo Brasil.
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O Ministério Público Federal indicou que foi informado por fontes que tiveram acesso à lista de que o nome de Costa aparecia de fato no caso Swissleaks.
Delação. Em seu acordo de delação premiada, Costa indicou que, no dia 13 de setembro de 2012, ele possuía “na conta 1501054, em nome da empresa Quinus Services S.A, no HSBC Bank, o montante de US$ 9.584.302,89 (nove milhões, quinhentos e oitenta e quatro mil e trezentos e dois reais e oitenta e nove centavos de dólares americanos)”. A empresa offshore, segundo ele, foi aberta pelo doleiro Bernardo Freiburghaus e, depois de 2012, o valor foi repartido a outros quatro bancos.
Em sua ficha do banco de Genebra revelada pelo Swissleaks, porém, não está designado se o ex-diretor da Petrobrás mantinha uma conta em seu nome ou se era apenas beneficiário de um fundo, de outras empresas ou simplesmente transitou com dinheiro pelo banco. O documento está listado no grupo de pessoas com “relações bancárias” com o HSBC. As fichas fazem referência a dados bancários até 2007.
O nome de Costa foi identificado graças ao acesso à lista fornecido pelo jornal suíço Le Temps, um dos meios de comunicação com um acordo para a difusão dos nomes do HSBC. A investigação do caso foi feita pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, em inglês) em parceria com o jornal francês Le Monde, que obteve os dados do HSBC em primeira mão. O Estado não tem acesso à documentação e obteve informações repassadas pelo jornal Le Temps. No Brasil o consórcio envolve o portal UOL e o jornal O Globo.
Na ficha em que consta o nome de Costa há a indicação de seu ano de nascimento, 1954, e o endereço: “Rua Tvaldo de Azambuja, casa 30, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Brazil”. Trata-se da Rua Ivaldo de Azambuja, onde o ex-diretor da Petrobrás possui um imóvel. O documento traz ainda um número, 5090192330, uma referência a seu registro no banco. Não há na ficha nem o número de uma conta nem valores. A data da relação entre o brasileiro e o banco também não consta.
Barusco. Costa não é o único nome da Petrobrás na lista do HSBC. O documento também traz o do ex-gerente Pedro Barusco Filho, o que já era conhecido diante de sua própria declaração à Polícia Federal. Segundo sua ficha, a conta foi mantida entre 1998 e 2005 e, em certo momento, chegou a ter US$ 992 mil. Uma das informações que constam do documento é a ordem para que nenhuma correspondência seja enviada ao endereço de Barusco no Brasil, no Rio.
Outro citado na Lava Jato com conta no HSBC suíço é Henry Hoyer de Carvalho, suspeito de ter operado propinas do esquema da Petrobrás para beneficiar o PP. / COLABOROU RICARDO BRANDT