O governador Geraldo Alckmin anunciou hoje que o desmonte das 12 centrais de comunicação do Primeiro Comando da Capital (PCC) permitiu identificar mais de 200 integrantes da organização criminosa e descobrir dezenas de operações que vinham sendo planejadas por eles. "Demos um tiro no coração do crime organizado", avaliou Alckmin. A polícia investigou as centrais durante dois meses e, neste tempo, gravou mais de 400 horas de conversas telefônicas entre presos e integrantes de quadrilhas ligadas ao PCC. "Com estas gravações, assaltos a bancos, seqüestros e operações de tráfico de drogas foram descobertos a tempo", informou o governador. Em uma destas conversas, informou hoje o delegado Rui Fontes, da delegacia de Roubo a Bancos, o traficante Luís Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, conversou vários minutos com chefes do PCC, no mês passado, poucos dias antes de ser preso na Colômbia. Fontes chefiou a equipe de policiais que trabalhou nas investigações e mostrou hoje para Alckmin detalhes do funcionamento das centrais. "Integrantes do PCC, dentro ou fora dos presídios, ligavam para as centrais de um telefone celular pré-pago e as centrais estabeleciam a comunicação entre eles", disse. De acordo com Fontes, o sistema era sofisticado e foi planejado por pessoas muito bem informadas. "As centrais aproximavam criminosos de quadrilhas diferentes, mas que agiam numa mesma modalidade de crime, como tráfico de drogas ou assalto a banco, e facilitavam que eles planejassem ações comuns", revelou. Um dos principais líderes da organização, Marcos Willian Herbas Camacho, o Marcola, comandava parte do sistema de comunicação e chegou a dirigir operações de lavagem dinheiro e transferências bancárias de dentro do Presídio da Papuda, em Brasília, onde ele se encontra. "Identificamos várias de suas contas bancárias", informou Fontes. Bloqueio nos presídios Fontes reconheceu que o desmonte das 12 estações não impedirá o PCC de reorganizar o sistema de comunicação da facção. "Só teremos controle absoluto depois que conseguirmos bloquear celulares dentro dos presídios", admitiu. Alckmin informou que a Secretaria da Administração Penitenciária do Estado já tem pronto o projeto para bloquear sinais de celulares em penitenciárias de zonas rurais e que estão em fase de conclusão estudos de bloqueio do sinal em penitenciárias de áreas urbanas. "O sistema sofisticado de comunicação era uma das bases do poder do PCC", afirmou o governador. O governador, o secretário de Segurança Pública Marco Vinício Petrelluzzi e a cúpula da Polícia Civil paulista estiveram hoje na sede do Departamento de Investigações de Crimes Patrimoniais (Depatri), de São Paulo, órgão que atuou nas investigações ao lado do Grupo de Atuação e Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaecco) do Ministério Público de São Paulo. Bomba no Fórum Alckmin não descartou a possibilidade de que a bomba que explodiu hoje à tarde no Fórum João Mendes, em São Paulo, ferindo três pessoas, tenha sido uma represália do PCC ao desmonte das centrais telefônicas da organização. "Não tenho informações sobre isso", disse ele, em resposta à pergunta dos repórteres sobre se o PCC poderia ser o responsável pela bomba. Mas não se recusou a comentar a possibilidade: "Não deixaremos de tomar nenhuma medida por medo de reação. Demos um duro golpe no PCC e vamos continuar agindo pesado", disse Alckmin.