‘Governo Lula nos dá motivo para brigar todos os dias’, diz líder da bancada ruralista


Presidente da FPA, Pedro Lupion afirma que Planalto é ‘conivente’ com invasões do MST e chama de ‘patética’ declarações de ministro sobre ação do movimento na Embrapa

Por Iander Porcella, Giordanna Neves e Isadora Duarte
Foto: WILTON JUNIOR
Entrevista comPedro LupionDeputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA)

BRASÍLIA - Presidente da maior bancada do Congresso, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado federal Pedro Lupion (PP-PR) afirmou em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast que o governo Lula “todo dia dá motivos” para brigas com o setor. O parlamentar disse considerar que o Palácio do Planalto é conivente com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e chamou de “patética” a declaração do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, de que a invasão de uma área da Embrapa pelo grupo nesta semana era um protesto.

“Tem de separar as coisas. Não pode ter esse diálogo completamente fechado com o governo, porque a gente precisa avançar as nossas pautas. Muita coisa depende do governo. Mas existem temas que nos afastam bastante”, declarou Lupion. “As pessoas me perguntam como está a relação com governo e eu falo que todos os dias nos dão motivo para brigar”, afirmou. Segundo ele, a reação da FPA, com seus 374 parlamentares, tem se dado por meio da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os atos do MST.

O deputado federal Pedro Lupion (PP-PR); parlamentar é presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO - 30/01/23
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Mesmo assim, ele ponderou que a bancada ruralista não pode fechar o diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O deputado é contrário à entrada do PP no governo, após o líder do partido na Câmara, André Fufuca (MA), ter o nome chancelado pelo Planalto para ocupar um ministério. Para Lupion, a sigla deve fazer oposição ao governo petista para se firmar como um partido de direita e ter uma posição ideológica mais definida.

Abaixo, leia os principais trechos da entrevista:

Houve novas invasões do MST em meio à CPI que investiga os atos do grupo. Isso fragiliza a relação entre agro e governo e até mesmo entre bancada e governo?

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Tem que separar as coisas. Não pode ter esse diálogo completamente fechado com o governo, porque a gente precisa avançar as nossas pautas. Muita coisa depende do governo. Mas existem temas que nos afastam bastante. Essa questão de direito a propriedade é um tema muito caro para nós e a gente não aceita retrocesso. No final de semana, eu fiz críticas contundentes, a gente não pode aceitar isso de maneira alguma, principalmente tentar passar o pano nisso, tentar fazer igual à situação dizendo que não foi invasão, que foi protesto em uma área da Embrapa. É ridículo, é patético ter que ouvir isso. Aliás, o ministro Paulo Teixeira, eu falo claramente, ele precisa se retratar dessa fala, porque ele foi muito infeliz nessa fala. Eu sempre digo que cada um tem que controlar os seus aliados. O Lula andou com boné do MST a campanha inteira, então tem que controlar os aliados dele.

O governo está sendo conivente com as invasões?

Não tenho dúvida nenhuma. Os caras estão dentro do governo, o presidente do Incra é do MST, os diretores são do MST, tem diretoria do Ministério do Meio Ambiente, tem diretoria do Ministério do Paulo Teixeira, tem assessoria na Presidência da República, bancada na Câmara e no Senado. Se esses são os aliados que eles querem, é problema deles. Agora, eles têm que controlá-los. É o mínimo. Não se está falando nem em propriedade privada só. Está se falando em área da União, área produtiva, área de pesquisa, pior ainda.

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MST invade área da Embrapa em Petrolina; local já foi desocupado Foto: MST

E qual vai ser a reação da FPA a essas novas invasões?

A gente já está reagindo bem. Temos uma CPI, onde a gente dá porrada todos os dias, mostramos o lado contrário todos os dias e vamos tentar o tempo todo responsabilizar aqueles que estão por trás disso. As pessoas me perguntam como está a relação com governo e eu falo que todos os dias nos dão motivo para brigar. A CPI não é questão de ser instrumento da bancada, mas os membros da CPI são membros da bancada, a grande maioria.

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O senhor acha que a CPI vai dar resultado?

Eu, particularmente, não gosto do instituto de CPI, não vejo muito resultado prático nisso, porém fica a preocupação e o desejo de que essa CPI efetivamente tenha resultados práticos de mostrar quem está por trás, de responsabilizar aqueles que estão fazendo, quem está pagando a conta, quem está organizando (as invasões). E a gente sabe que, infelizmente, a grande maioria está diretamente ligada ao partido que é do presidente da República. É muito preocupante isso. As próprias falas da deputada Gleisi (Hoffmann), que representa o PT, deixa muito claro isso. A insegurança jurídica hoje voltou a ser uma realidade muito grande mesmo.

A CPI tramita na Câmara, onde a frente acumula vários projetos aprovados. Na sua opinião, por que há maior resistência do Senado em relação à Câmara na aprovação das pautas ruralistas?

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O Senado funciona em ritmo diferente. Não tínhamos uma articulação de bancada eficiente no Senado, o que passamos a ter com a entrada da senadora Tereza (Cristina), que abriu portas, deu uma protagonismo e respeitabilidade da frente lá no Senado, porque senadores atuantes haviam saído, como o governador Ronaldo Caiado e a própria Kátia Abreu. No mandato passado, a nossa relação com o Senado ficou enfraquecida, não por erro, por ineficiência. Agora, temos uma bancada grande que precisa começar a dar os resultados. O Senado tem uma lógica completamente diferente. Não há como esperar a lógica de prazos e regimentos da Câmara dos Deputados. Nos pesticidas, quando achamos que ia avançar, volta o projeto e pedem para estruturar uma nova comissão. É uma relação um pouco mais complexa. E se o presidente não entrar de cabeça no assunto, não acontece nada. É um convencimento muito mais do presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) do que efetivamente fazer o trabalho regimental lá dentro.

Como tem sido a conversa com ele?

Ele é ótimo de conversa. Mas do mesmo jeito que ele sofre pressão de um lado, sofre do outro. Lá é paritário. Diferente da situação com o presidente Arthur Lira (PP-AL) na Câmara que a bancada fez campanha para sua reeleição, faz diferença, entrega votos e tem uma bancada ambientalista mais fraca. No Senado, cada senador representa um poder enorme. A Tereza fala de um lado, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) do outro, o Randolfe Rodrigues (sem partido) do outro. É difícil ele (Pacheco) conseguir equilibrar esse jogo, sabe? Ele dá um pouco aqui, dá um pouco ali. Cabe muito mais a nós conseguir fazer o que a Tereza está fazendo, que é compensar pontos. Que é “ajuda aqui no pesticida, que eu te ajudo no projeto tal”. Por isso que digo que a reforma tributária vai sapatear no Senado. Haverá muita discussão pela frente.

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Como o senhor está vendo a negociação para André Fufuca, do PP, ocupar um ministério?

Eu, particularmente, sou contrário. Eu tenho um entendimento muito claro de que nós fomos eleitos para fazer oposição. O nosso envolvimento na campanha do presidente Bolsonaro foi enorme, o PP estava na chapa, assim como estava o Republicanos, o PL. O nosso papel e o que o nosso eleitor espera é que a gente faça oposição. Não me agrada nem um pouco essa história, já deixei muito claro. Não é uma posição só minha, é uma posição grande dentro do partido. Mas a gente sabe como funciona. Acho que é capaz de acontecer, mas não será com o meu apoio.

Se o senhor fosse o presidente Lira, já teria rompido com o governo?

Há muito tempo. Tratar ele do jeito que o governo trata, fazer as coisas que o governo faz e ele ainda continuar querendo aderir, isso é masoquismo.

No primeiro semestre o PP entregou muitos votos ao governo.

Em pautas específicas do País eu não vejo problema. Por exemplo, a votação da MP ministerial. Depois que eu, como FPA, negociei o que tinha que negociar, tirei o que tinha que tirar, tenho que votar, fiz um acordo com o relator. Mesma coisa na tributária. Agora, principalmente nas pautas de costumes, mais ideologizadas, eu tenho um posicionamento muito claro. Agora, o PP é um partido enorme, que tem gente do Brasil inteiro, e a minha realidade no Paraná é diferente da realidade de um parlamentar da Bahia.

O senhor acha que o PP tem mais potencial eleitoral como oposição ao governo Lula?

Eu acho. Para ocupar esse papel de oposição o PP é muito mais articulado tecnicamente do que os outros partidos que estão aí tentando exercer oposição. Eu tenho um entendimento claro de que a gente tinha que ocupar esse espaço.

Para o senhor, a identidade partidária vai cada vez fazer mais diferença nas eleições?

Sem dúvida. Até porque vai diminuir cada vez mais o número de partidos. Então, vamos calcular que a gente fique com dez partidos. O posicionamento temático, ideológico de cada partido vai ficar cada vez mais claro. Onde a direita está presente hoje? Não é só no PL, tem no PP, no Republicanos, no próprio MDB. A eleição municipal vai ter um peso importante nisso também.

BRASÍLIA - Presidente da maior bancada do Congresso, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado federal Pedro Lupion (PP-PR) afirmou em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast que o governo Lula “todo dia dá motivos” para brigas com o setor. O parlamentar disse considerar que o Palácio do Planalto é conivente com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e chamou de “patética” a declaração do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, de que a invasão de uma área da Embrapa pelo grupo nesta semana era um protesto.

“Tem de separar as coisas. Não pode ter esse diálogo completamente fechado com o governo, porque a gente precisa avançar as nossas pautas. Muita coisa depende do governo. Mas existem temas que nos afastam bastante”, declarou Lupion. “As pessoas me perguntam como está a relação com governo e eu falo que todos os dias nos dão motivo para brigar”, afirmou. Segundo ele, a reação da FPA, com seus 374 parlamentares, tem se dado por meio da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os atos do MST.

O deputado federal Pedro Lupion (PP-PR); parlamentar é presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO - 30/01/23

Mesmo assim, ele ponderou que a bancada ruralista não pode fechar o diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O deputado é contrário à entrada do PP no governo, após o líder do partido na Câmara, André Fufuca (MA), ter o nome chancelado pelo Planalto para ocupar um ministério. Para Lupion, a sigla deve fazer oposição ao governo petista para se firmar como um partido de direita e ter uma posição ideológica mais definida.

Abaixo, leia os principais trechos da entrevista:

Houve novas invasões do MST em meio à CPI que investiga os atos do grupo. Isso fragiliza a relação entre agro e governo e até mesmo entre bancada e governo?

Tem que separar as coisas. Não pode ter esse diálogo completamente fechado com o governo, porque a gente precisa avançar as nossas pautas. Muita coisa depende do governo. Mas existem temas que nos afastam bastante. Essa questão de direito a propriedade é um tema muito caro para nós e a gente não aceita retrocesso. No final de semana, eu fiz críticas contundentes, a gente não pode aceitar isso de maneira alguma, principalmente tentar passar o pano nisso, tentar fazer igual à situação dizendo que não foi invasão, que foi protesto em uma área da Embrapa. É ridículo, é patético ter que ouvir isso. Aliás, o ministro Paulo Teixeira, eu falo claramente, ele precisa se retratar dessa fala, porque ele foi muito infeliz nessa fala. Eu sempre digo que cada um tem que controlar os seus aliados. O Lula andou com boné do MST a campanha inteira, então tem que controlar os aliados dele.

O governo está sendo conivente com as invasões?

Não tenho dúvida nenhuma. Os caras estão dentro do governo, o presidente do Incra é do MST, os diretores são do MST, tem diretoria do Ministério do Meio Ambiente, tem diretoria do Ministério do Paulo Teixeira, tem assessoria na Presidência da República, bancada na Câmara e no Senado. Se esses são os aliados que eles querem, é problema deles. Agora, eles têm que controlá-los. É o mínimo. Não se está falando nem em propriedade privada só. Está se falando em área da União, área produtiva, área de pesquisa, pior ainda.

MST invade área da Embrapa em Petrolina; local já foi desocupado Foto: MST

E qual vai ser a reação da FPA a essas novas invasões?

A gente já está reagindo bem. Temos uma CPI, onde a gente dá porrada todos os dias, mostramos o lado contrário todos os dias e vamos tentar o tempo todo responsabilizar aqueles que estão por trás disso. As pessoas me perguntam como está a relação com governo e eu falo que todos os dias nos dão motivo para brigar. A CPI não é questão de ser instrumento da bancada, mas os membros da CPI são membros da bancada, a grande maioria.

O senhor acha que a CPI vai dar resultado?

Eu, particularmente, não gosto do instituto de CPI, não vejo muito resultado prático nisso, porém fica a preocupação e o desejo de que essa CPI efetivamente tenha resultados práticos de mostrar quem está por trás, de responsabilizar aqueles que estão fazendo, quem está pagando a conta, quem está organizando (as invasões). E a gente sabe que, infelizmente, a grande maioria está diretamente ligada ao partido que é do presidente da República. É muito preocupante isso. As próprias falas da deputada Gleisi (Hoffmann), que representa o PT, deixa muito claro isso. A insegurança jurídica hoje voltou a ser uma realidade muito grande mesmo.

A CPI tramita na Câmara, onde a frente acumula vários projetos aprovados. Na sua opinião, por que há maior resistência do Senado em relação à Câmara na aprovação das pautas ruralistas?

O Senado funciona em ritmo diferente. Não tínhamos uma articulação de bancada eficiente no Senado, o que passamos a ter com a entrada da senadora Tereza (Cristina), que abriu portas, deu uma protagonismo e respeitabilidade da frente lá no Senado, porque senadores atuantes haviam saído, como o governador Ronaldo Caiado e a própria Kátia Abreu. No mandato passado, a nossa relação com o Senado ficou enfraquecida, não por erro, por ineficiência. Agora, temos uma bancada grande que precisa começar a dar os resultados. O Senado tem uma lógica completamente diferente. Não há como esperar a lógica de prazos e regimentos da Câmara dos Deputados. Nos pesticidas, quando achamos que ia avançar, volta o projeto e pedem para estruturar uma nova comissão. É uma relação um pouco mais complexa. E se o presidente não entrar de cabeça no assunto, não acontece nada. É um convencimento muito mais do presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) do que efetivamente fazer o trabalho regimental lá dentro.

Como tem sido a conversa com ele?

Ele é ótimo de conversa. Mas do mesmo jeito que ele sofre pressão de um lado, sofre do outro. Lá é paritário. Diferente da situação com o presidente Arthur Lira (PP-AL) na Câmara que a bancada fez campanha para sua reeleição, faz diferença, entrega votos e tem uma bancada ambientalista mais fraca. No Senado, cada senador representa um poder enorme. A Tereza fala de um lado, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) do outro, o Randolfe Rodrigues (sem partido) do outro. É difícil ele (Pacheco) conseguir equilibrar esse jogo, sabe? Ele dá um pouco aqui, dá um pouco ali. Cabe muito mais a nós conseguir fazer o que a Tereza está fazendo, que é compensar pontos. Que é “ajuda aqui no pesticida, que eu te ajudo no projeto tal”. Por isso que digo que a reforma tributária vai sapatear no Senado. Haverá muita discussão pela frente.

Como o senhor está vendo a negociação para André Fufuca, do PP, ocupar um ministério?

Eu, particularmente, sou contrário. Eu tenho um entendimento muito claro de que nós fomos eleitos para fazer oposição. O nosso envolvimento na campanha do presidente Bolsonaro foi enorme, o PP estava na chapa, assim como estava o Republicanos, o PL. O nosso papel e o que o nosso eleitor espera é que a gente faça oposição. Não me agrada nem um pouco essa história, já deixei muito claro. Não é uma posição só minha, é uma posição grande dentro do partido. Mas a gente sabe como funciona. Acho que é capaz de acontecer, mas não será com o meu apoio.

Se o senhor fosse o presidente Lira, já teria rompido com o governo?

Há muito tempo. Tratar ele do jeito que o governo trata, fazer as coisas que o governo faz e ele ainda continuar querendo aderir, isso é masoquismo.

No primeiro semestre o PP entregou muitos votos ao governo.

Em pautas específicas do País eu não vejo problema. Por exemplo, a votação da MP ministerial. Depois que eu, como FPA, negociei o que tinha que negociar, tirei o que tinha que tirar, tenho que votar, fiz um acordo com o relator. Mesma coisa na tributária. Agora, principalmente nas pautas de costumes, mais ideologizadas, eu tenho um posicionamento muito claro. Agora, o PP é um partido enorme, que tem gente do Brasil inteiro, e a minha realidade no Paraná é diferente da realidade de um parlamentar da Bahia.

O senhor acha que o PP tem mais potencial eleitoral como oposição ao governo Lula?

Eu acho. Para ocupar esse papel de oposição o PP é muito mais articulado tecnicamente do que os outros partidos que estão aí tentando exercer oposição. Eu tenho um entendimento claro de que a gente tinha que ocupar esse espaço.

Para o senhor, a identidade partidária vai cada vez fazer mais diferença nas eleições?

Sem dúvida. Até porque vai diminuir cada vez mais o número de partidos. Então, vamos calcular que a gente fique com dez partidos. O posicionamento temático, ideológico de cada partido vai ficar cada vez mais claro. Onde a direita está presente hoje? Não é só no PL, tem no PP, no Republicanos, no próprio MDB. A eleição municipal vai ter um peso importante nisso também.

BRASÍLIA - Presidente da maior bancada do Congresso, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado federal Pedro Lupion (PP-PR) afirmou em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast que o governo Lula “todo dia dá motivos” para brigas com o setor. O parlamentar disse considerar que o Palácio do Planalto é conivente com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e chamou de “patética” a declaração do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, de que a invasão de uma área da Embrapa pelo grupo nesta semana era um protesto.

“Tem de separar as coisas. Não pode ter esse diálogo completamente fechado com o governo, porque a gente precisa avançar as nossas pautas. Muita coisa depende do governo. Mas existem temas que nos afastam bastante”, declarou Lupion. “As pessoas me perguntam como está a relação com governo e eu falo que todos os dias nos dão motivo para brigar”, afirmou. Segundo ele, a reação da FPA, com seus 374 parlamentares, tem se dado por meio da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os atos do MST.

O deputado federal Pedro Lupion (PP-PR); parlamentar é presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO - 30/01/23

Mesmo assim, ele ponderou que a bancada ruralista não pode fechar o diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O deputado é contrário à entrada do PP no governo, após o líder do partido na Câmara, André Fufuca (MA), ter o nome chancelado pelo Planalto para ocupar um ministério. Para Lupion, a sigla deve fazer oposição ao governo petista para se firmar como um partido de direita e ter uma posição ideológica mais definida.

Abaixo, leia os principais trechos da entrevista:

Houve novas invasões do MST em meio à CPI que investiga os atos do grupo. Isso fragiliza a relação entre agro e governo e até mesmo entre bancada e governo?

Tem que separar as coisas. Não pode ter esse diálogo completamente fechado com o governo, porque a gente precisa avançar as nossas pautas. Muita coisa depende do governo. Mas existem temas que nos afastam bastante. Essa questão de direito a propriedade é um tema muito caro para nós e a gente não aceita retrocesso. No final de semana, eu fiz críticas contundentes, a gente não pode aceitar isso de maneira alguma, principalmente tentar passar o pano nisso, tentar fazer igual à situação dizendo que não foi invasão, que foi protesto em uma área da Embrapa. É ridículo, é patético ter que ouvir isso. Aliás, o ministro Paulo Teixeira, eu falo claramente, ele precisa se retratar dessa fala, porque ele foi muito infeliz nessa fala. Eu sempre digo que cada um tem que controlar os seus aliados. O Lula andou com boné do MST a campanha inteira, então tem que controlar os aliados dele.

O governo está sendo conivente com as invasões?

Não tenho dúvida nenhuma. Os caras estão dentro do governo, o presidente do Incra é do MST, os diretores são do MST, tem diretoria do Ministério do Meio Ambiente, tem diretoria do Ministério do Paulo Teixeira, tem assessoria na Presidência da República, bancada na Câmara e no Senado. Se esses são os aliados que eles querem, é problema deles. Agora, eles têm que controlá-los. É o mínimo. Não se está falando nem em propriedade privada só. Está se falando em área da União, área produtiva, área de pesquisa, pior ainda.

MST invade área da Embrapa em Petrolina; local já foi desocupado Foto: MST

E qual vai ser a reação da FPA a essas novas invasões?

A gente já está reagindo bem. Temos uma CPI, onde a gente dá porrada todos os dias, mostramos o lado contrário todos os dias e vamos tentar o tempo todo responsabilizar aqueles que estão por trás disso. As pessoas me perguntam como está a relação com governo e eu falo que todos os dias nos dão motivo para brigar. A CPI não é questão de ser instrumento da bancada, mas os membros da CPI são membros da bancada, a grande maioria.

O senhor acha que a CPI vai dar resultado?

Eu, particularmente, não gosto do instituto de CPI, não vejo muito resultado prático nisso, porém fica a preocupação e o desejo de que essa CPI efetivamente tenha resultados práticos de mostrar quem está por trás, de responsabilizar aqueles que estão fazendo, quem está pagando a conta, quem está organizando (as invasões). E a gente sabe que, infelizmente, a grande maioria está diretamente ligada ao partido que é do presidente da República. É muito preocupante isso. As próprias falas da deputada Gleisi (Hoffmann), que representa o PT, deixa muito claro isso. A insegurança jurídica hoje voltou a ser uma realidade muito grande mesmo.

A CPI tramita na Câmara, onde a frente acumula vários projetos aprovados. Na sua opinião, por que há maior resistência do Senado em relação à Câmara na aprovação das pautas ruralistas?

O Senado funciona em ritmo diferente. Não tínhamos uma articulação de bancada eficiente no Senado, o que passamos a ter com a entrada da senadora Tereza (Cristina), que abriu portas, deu uma protagonismo e respeitabilidade da frente lá no Senado, porque senadores atuantes haviam saído, como o governador Ronaldo Caiado e a própria Kátia Abreu. No mandato passado, a nossa relação com o Senado ficou enfraquecida, não por erro, por ineficiência. Agora, temos uma bancada grande que precisa começar a dar os resultados. O Senado tem uma lógica completamente diferente. Não há como esperar a lógica de prazos e regimentos da Câmara dos Deputados. Nos pesticidas, quando achamos que ia avançar, volta o projeto e pedem para estruturar uma nova comissão. É uma relação um pouco mais complexa. E se o presidente não entrar de cabeça no assunto, não acontece nada. É um convencimento muito mais do presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) do que efetivamente fazer o trabalho regimental lá dentro.

Como tem sido a conversa com ele?

Ele é ótimo de conversa. Mas do mesmo jeito que ele sofre pressão de um lado, sofre do outro. Lá é paritário. Diferente da situação com o presidente Arthur Lira (PP-AL) na Câmara que a bancada fez campanha para sua reeleição, faz diferença, entrega votos e tem uma bancada ambientalista mais fraca. No Senado, cada senador representa um poder enorme. A Tereza fala de um lado, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) do outro, o Randolfe Rodrigues (sem partido) do outro. É difícil ele (Pacheco) conseguir equilibrar esse jogo, sabe? Ele dá um pouco aqui, dá um pouco ali. Cabe muito mais a nós conseguir fazer o que a Tereza está fazendo, que é compensar pontos. Que é “ajuda aqui no pesticida, que eu te ajudo no projeto tal”. Por isso que digo que a reforma tributária vai sapatear no Senado. Haverá muita discussão pela frente.

Como o senhor está vendo a negociação para André Fufuca, do PP, ocupar um ministério?

Eu, particularmente, sou contrário. Eu tenho um entendimento muito claro de que nós fomos eleitos para fazer oposição. O nosso envolvimento na campanha do presidente Bolsonaro foi enorme, o PP estava na chapa, assim como estava o Republicanos, o PL. O nosso papel e o que o nosso eleitor espera é que a gente faça oposição. Não me agrada nem um pouco essa história, já deixei muito claro. Não é uma posição só minha, é uma posição grande dentro do partido. Mas a gente sabe como funciona. Acho que é capaz de acontecer, mas não será com o meu apoio.

Se o senhor fosse o presidente Lira, já teria rompido com o governo?

Há muito tempo. Tratar ele do jeito que o governo trata, fazer as coisas que o governo faz e ele ainda continuar querendo aderir, isso é masoquismo.

No primeiro semestre o PP entregou muitos votos ao governo.

Em pautas específicas do País eu não vejo problema. Por exemplo, a votação da MP ministerial. Depois que eu, como FPA, negociei o que tinha que negociar, tirei o que tinha que tirar, tenho que votar, fiz um acordo com o relator. Mesma coisa na tributária. Agora, principalmente nas pautas de costumes, mais ideologizadas, eu tenho um posicionamento muito claro. Agora, o PP é um partido enorme, que tem gente do Brasil inteiro, e a minha realidade no Paraná é diferente da realidade de um parlamentar da Bahia.

O senhor acha que o PP tem mais potencial eleitoral como oposição ao governo Lula?

Eu acho. Para ocupar esse papel de oposição o PP é muito mais articulado tecnicamente do que os outros partidos que estão aí tentando exercer oposição. Eu tenho um entendimento claro de que a gente tinha que ocupar esse espaço.

Para o senhor, a identidade partidária vai cada vez fazer mais diferença nas eleições?

Sem dúvida. Até porque vai diminuir cada vez mais o número de partidos. Então, vamos calcular que a gente fique com dez partidos. O posicionamento temático, ideológico de cada partido vai ficar cada vez mais claro. Onde a direita está presente hoje? Não é só no PL, tem no PP, no Republicanos, no próprio MDB. A eleição municipal vai ter um peso importante nisso também.

BRASÍLIA - Presidente da maior bancada do Congresso, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado federal Pedro Lupion (PP-PR) afirmou em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast que o governo Lula “todo dia dá motivos” para brigas com o setor. O parlamentar disse considerar que o Palácio do Planalto é conivente com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e chamou de “patética” a declaração do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, de que a invasão de uma área da Embrapa pelo grupo nesta semana era um protesto.

“Tem de separar as coisas. Não pode ter esse diálogo completamente fechado com o governo, porque a gente precisa avançar as nossas pautas. Muita coisa depende do governo. Mas existem temas que nos afastam bastante”, declarou Lupion. “As pessoas me perguntam como está a relação com governo e eu falo que todos os dias nos dão motivo para brigar”, afirmou. Segundo ele, a reação da FPA, com seus 374 parlamentares, tem se dado por meio da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os atos do MST.

O deputado federal Pedro Lupion (PP-PR); parlamentar é presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO - 30/01/23

Mesmo assim, ele ponderou que a bancada ruralista não pode fechar o diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O deputado é contrário à entrada do PP no governo, após o líder do partido na Câmara, André Fufuca (MA), ter o nome chancelado pelo Planalto para ocupar um ministério. Para Lupion, a sigla deve fazer oposição ao governo petista para se firmar como um partido de direita e ter uma posição ideológica mais definida.

Abaixo, leia os principais trechos da entrevista:

Houve novas invasões do MST em meio à CPI que investiga os atos do grupo. Isso fragiliza a relação entre agro e governo e até mesmo entre bancada e governo?

Tem que separar as coisas. Não pode ter esse diálogo completamente fechado com o governo, porque a gente precisa avançar as nossas pautas. Muita coisa depende do governo. Mas existem temas que nos afastam bastante. Essa questão de direito a propriedade é um tema muito caro para nós e a gente não aceita retrocesso. No final de semana, eu fiz críticas contundentes, a gente não pode aceitar isso de maneira alguma, principalmente tentar passar o pano nisso, tentar fazer igual à situação dizendo que não foi invasão, que foi protesto em uma área da Embrapa. É ridículo, é patético ter que ouvir isso. Aliás, o ministro Paulo Teixeira, eu falo claramente, ele precisa se retratar dessa fala, porque ele foi muito infeliz nessa fala. Eu sempre digo que cada um tem que controlar os seus aliados. O Lula andou com boné do MST a campanha inteira, então tem que controlar os aliados dele.

O governo está sendo conivente com as invasões?

Não tenho dúvida nenhuma. Os caras estão dentro do governo, o presidente do Incra é do MST, os diretores são do MST, tem diretoria do Ministério do Meio Ambiente, tem diretoria do Ministério do Paulo Teixeira, tem assessoria na Presidência da República, bancada na Câmara e no Senado. Se esses são os aliados que eles querem, é problema deles. Agora, eles têm que controlá-los. É o mínimo. Não se está falando nem em propriedade privada só. Está se falando em área da União, área produtiva, área de pesquisa, pior ainda.

MST invade área da Embrapa em Petrolina; local já foi desocupado Foto: MST

E qual vai ser a reação da FPA a essas novas invasões?

A gente já está reagindo bem. Temos uma CPI, onde a gente dá porrada todos os dias, mostramos o lado contrário todos os dias e vamos tentar o tempo todo responsabilizar aqueles que estão por trás disso. As pessoas me perguntam como está a relação com governo e eu falo que todos os dias nos dão motivo para brigar. A CPI não é questão de ser instrumento da bancada, mas os membros da CPI são membros da bancada, a grande maioria.

O senhor acha que a CPI vai dar resultado?

Eu, particularmente, não gosto do instituto de CPI, não vejo muito resultado prático nisso, porém fica a preocupação e o desejo de que essa CPI efetivamente tenha resultados práticos de mostrar quem está por trás, de responsabilizar aqueles que estão fazendo, quem está pagando a conta, quem está organizando (as invasões). E a gente sabe que, infelizmente, a grande maioria está diretamente ligada ao partido que é do presidente da República. É muito preocupante isso. As próprias falas da deputada Gleisi (Hoffmann), que representa o PT, deixa muito claro isso. A insegurança jurídica hoje voltou a ser uma realidade muito grande mesmo.

A CPI tramita na Câmara, onde a frente acumula vários projetos aprovados. Na sua opinião, por que há maior resistência do Senado em relação à Câmara na aprovação das pautas ruralistas?

O Senado funciona em ritmo diferente. Não tínhamos uma articulação de bancada eficiente no Senado, o que passamos a ter com a entrada da senadora Tereza (Cristina), que abriu portas, deu uma protagonismo e respeitabilidade da frente lá no Senado, porque senadores atuantes haviam saído, como o governador Ronaldo Caiado e a própria Kátia Abreu. No mandato passado, a nossa relação com o Senado ficou enfraquecida, não por erro, por ineficiência. Agora, temos uma bancada grande que precisa começar a dar os resultados. O Senado tem uma lógica completamente diferente. Não há como esperar a lógica de prazos e regimentos da Câmara dos Deputados. Nos pesticidas, quando achamos que ia avançar, volta o projeto e pedem para estruturar uma nova comissão. É uma relação um pouco mais complexa. E se o presidente não entrar de cabeça no assunto, não acontece nada. É um convencimento muito mais do presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) do que efetivamente fazer o trabalho regimental lá dentro.

Como tem sido a conversa com ele?

Ele é ótimo de conversa. Mas do mesmo jeito que ele sofre pressão de um lado, sofre do outro. Lá é paritário. Diferente da situação com o presidente Arthur Lira (PP-AL) na Câmara que a bancada fez campanha para sua reeleição, faz diferença, entrega votos e tem uma bancada ambientalista mais fraca. No Senado, cada senador representa um poder enorme. A Tereza fala de um lado, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) do outro, o Randolfe Rodrigues (sem partido) do outro. É difícil ele (Pacheco) conseguir equilibrar esse jogo, sabe? Ele dá um pouco aqui, dá um pouco ali. Cabe muito mais a nós conseguir fazer o que a Tereza está fazendo, que é compensar pontos. Que é “ajuda aqui no pesticida, que eu te ajudo no projeto tal”. Por isso que digo que a reforma tributária vai sapatear no Senado. Haverá muita discussão pela frente.

Como o senhor está vendo a negociação para André Fufuca, do PP, ocupar um ministério?

Eu, particularmente, sou contrário. Eu tenho um entendimento muito claro de que nós fomos eleitos para fazer oposição. O nosso envolvimento na campanha do presidente Bolsonaro foi enorme, o PP estava na chapa, assim como estava o Republicanos, o PL. O nosso papel e o que o nosso eleitor espera é que a gente faça oposição. Não me agrada nem um pouco essa história, já deixei muito claro. Não é uma posição só minha, é uma posição grande dentro do partido. Mas a gente sabe como funciona. Acho que é capaz de acontecer, mas não será com o meu apoio.

Se o senhor fosse o presidente Lira, já teria rompido com o governo?

Há muito tempo. Tratar ele do jeito que o governo trata, fazer as coisas que o governo faz e ele ainda continuar querendo aderir, isso é masoquismo.

No primeiro semestre o PP entregou muitos votos ao governo.

Em pautas específicas do País eu não vejo problema. Por exemplo, a votação da MP ministerial. Depois que eu, como FPA, negociei o que tinha que negociar, tirei o que tinha que tirar, tenho que votar, fiz um acordo com o relator. Mesma coisa na tributária. Agora, principalmente nas pautas de costumes, mais ideologizadas, eu tenho um posicionamento muito claro. Agora, o PP é um partido enorme, que tem gente do Brasil inteiro, e a minha realidade no Paraná é diferente da realidade de um parlamentar da Bahia.

O senhor acha que o PP tem mais potencial eleitoral como oposição ao governo Lula?

Eu acho. Para ocupar esse papel de oposição o PP é muito mais articulado tecnicamente do que os outros partidos que estão aí tentando exercer oposição. Eu tenho um entendimento claro de que a gente tinha que ocupar esse espaço.

Para o senhor, a identidade partidária vai cada vez fazer mais diferença nas eleições?

Sem dúvida. Até porque vai diminuir cada vez mais o número de partidos. Então, vamos calcular que a gente fique com dez partidos. O posicionamento temático, ideológico de cada partido vai ficar cada vez mais claro. Onde a direita está presente hoje? Não é só no PL, tem no PP, no Republicanos, no próprio MDB. A eleição municipal vai ter um peso importante nisso também.

Entrevista por Iander Porcella

Repórter do Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. Formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com extensão em jornalismo econômico na Fundação Getulio Vargas (FGV). Em Brasília desde o fim de 2021, escreve sobre Congresso, com foco na Câmara. Em São Paulo, cobriu mercados financeiros internacionais.

Giordanna Neves

Repórter do Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. Formada pela UFJF, com extensão em economia pela FGV. Mestranda em Economia pelo IDP. Em Brasília desde 2023, escrevi sobre Congresso Nacional. Atualmente, atuo na cobertura econômica. Em SP, cobri a campanha presidencial de Lula. Vencedora do 9º Prêmio Sebrae de Jornalismo.

Isadora Duarte

Repórter do Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, em Brasília. Jornalista formada pela UFRGS, com extensão em economia pela FGV e especialização em agronegócio pelo Insper. Responsável pela cobertura do agronegócio na capital federal, acompanha a condução da política agrícola e os projetos setoriais no Legislativo.

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