Em resposta as acusações de fraude nas eleições proferidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na reunião ministerial do dia 5 de julho de 2022, a Comissão Executiva Nacional do PSDB emitiu, nesta sexta-feira, 9, nota repudiando toda desconfiança no processo eleitoral brasileiro. “Nunca colocamos o resultado eleitoral sob suspeita quando vencemos, como no caso de Bruno Covas, tampouco quando perdemos, com Aécio Neves. Perdemos porque nos faltaram votos, ganhamos porque tivemos o reconhecimento dos eleitores. E assim continuaremos”, afirma a manifestação.
Na citada reunião, Bolsonaro afirma que houve fraude na apuração do segundo turno do pleito de 2014, que o tucano Aécio Neves concorria à presidência da República. Ele também disse que houve burla na contagem dos votos no primeiro turno das eleições de 2020, quando Bruno Covas pleiteava a cadeira de prefeito de São Paulo.
No comunicado, a sigla afirma ainda que assistiu “estarrecida” à gravação e aproveitou a oportunidade para”manifestar seu total respeito e confiança nas instituições e no sistema eleitoral”.
‘Dinâmica golpista’
Neste encontro com o primeiro escalão do governo, e ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu que era preciso “reagir” ao resultado antes das eleições. Para a PF, tratou-se de um debate sobre a implantação de um golpe. Ao mesmo tempo, ele incentivou a equipe a divulgar desinformações sobre o processo eleitoral, o ex-presidente disse que não era o caso de o então ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira “botar tropa na rua, tocar fogo e metralhar”.
“Nós vamos esperar chegar 23, 24, pra se f...? Depois perguntar: porquê que não tomei providência lá trás? E não é providência de força não, car...! Não é dar tiro. Ô Paulo Sérgio (ministro da Defesa), vou botar a tropa na rua, tocar fogo aí, metralhar. Não é isso, p...!”, disse Bolsonaro.
O diálogo do ex-presidente com os ministros estava em uma gravação ordenada por Bolsonaro e que foi encontrada em um computador do ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid. Na reunião, Bolsonaro disse que as pesquisas eleitorais que indicavam uma vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estavam corretas e pediu que os presentes promovessem e replicassem desinformações e notícias fraudulentas sobre o processo eleitoral.
“Daqui para frente quero que todo ministro fale o que eu vou falar aqui, e vou mostrar. Se o ministro não quiser falar ele vai vim falar para mim porque que ele não quer falar. Se apresentar onde eu estou errado, eu topo. Agora, se não tiver argumento pra me demover do que eu vou mostrar, não vou querer papo com esse ministro. Tá no lugar errado”, afirmou o ex-presidente.
Para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a deflagração da Operação Tempus Veritatis nesta quinta-feira, 8, a gravação mostra o desvio de finalidade das funções do cargo de ministro de Estado que Bolsonaro estava exigindo.
“Nesse sentido, o então presidente da República exige que seus ministros – em total desvio de finalidade das funções do cargo – deveriam promover e replicar, em cada uma de suas respectivas áreas, todas as desinformações e notícias fraudulentas quanto à lisura do sistema de votação, com uso da estrutura do Estado brasileiro para fins ilícitos e dissociados do interesse público”, disse o ministro.
Leia a íntegra do comunicado emitido pelo PSDB
“Assistimos estarrecidos à reunião ministerial ocorrida em 5 de julho de 2022 no qual o então presidente e seus ministros desacreditavam o processo eleitoral brasileiro usando como exemplos duas eleições protagonizadas pelo PSDB: a presidencial de 2014, na qual Aécio Neves disputou o segundo turno, e a eleição para prefeito de São Paulo de 2020 vencida pelo nosso saudoso Bruno Covas.
A Comissão Executiva Nacional do PSDB manifesta seu total respeito e confiança nas instituições e no sistema eleitoral brasileiro. Nunca colocamos o resultado eleitoral sob suspeita quando vencemos, como no caso de Bruno Covas, tampouco quando perdemos, com Aécio Neves. Perdemos porque nos faltaram votos, ganhamos porque tivemos o reconhecimento dos eleitores. E assim continuaremos”.