Pesquisa Atlas: o que levou Pablo Marçal a crescer 4,9 pontos na disputa pela Prefeitura de SP?


Especialistas ouvidos pelo ‘Estadão’ afirmam que estratégias adotadas nos debates e nas redes sociais podem ajudar em primeiro momento da campanha oficial, mas que é preciso esperar pelas próximas pesquisas para de fato cravar uma ‘tendência de crescimento’

Por Karina Ferreira
Atualização:

A nova pesquisa divulgada pela AtlasIntel nesta quarta-feira, 21, desembolou o terceiro lugar da corrida pela Prefeitura de São Paulo entre Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB). O empresário e ex-coach tem 16,3% das intenções de voto – 4,9 pontos porcentuais a mais do que na última pesquisa do instituto, divulgada dia 8, e 4,3 pontos à frente da deputada federal, atual quarta colocada.

Especialistas ouvidos pelo Estadão avaliam que o comportamento de Pablo Marçal nos debates e nas redes sociais podem ajudar a explicar o resultado, mas pontuam que ainda é cedo para cristalizar uma tendência de crescimento de votos no candidato.

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Considerando a série temporal, Pablo Marçal foi o único a crescer desde o último levantamento divulgado em agosto. Na ocasião, o ex-coach registrou 11,4% das intenções de voto. No mesmo período, Guilherme Boulos (PSOL), que tinha 32,7%, caiu 4,2 pontos porcentuais, e Ricardo Nunes (MDB), com 24,9%, recuou 3,1 pontos. Na pesquisa divulgada agora, Boulos segue em primeiro lugar, com 28,5% de menções, e Nunes em segundo, com 21,8%. A margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais.

O levantamento ouviu 1.803 paulistanos de 16 anos ou mais entre os 15 e 20 de agosto e o índice de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a identificação SP-02504/2024.

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No segundo debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) mostrou uma carteira de trabalho para o oponente, Guilherme Boulos (PSOL). Foto: Werther Santana/Estadão

“Jogando em casa”, é assim que Pedro Paulo de Assis, pós-doutorando no Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP) avalia a estratégia usada pelo empresário ao usar as redes sociais, tanto para atacar concorrentes quanto para viralizar cortes de vídeos em embates em que “sai ganhando” e, como nova estratégia, “terceirizar” a tarefa de responder às perguntas dos entrevistados vista no debate de segunda-feira, 19, promovido pela Veja.

“Ele tenta fugir do debate político tradicional e trazê-lo para as redes sociais, que é onde ele se dá bem, afinal ele é um influencer com muitos seguidores”, disse Assis. O pesquisador afirma que a estratégia pode ainda ser nova no Brasil, mas é bastante vista no pleito americano, onde candidatos “outliers” também tentam trazer o jogo para suas zonas de conforto.

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Assis acredita, no entanto, que não será possível sustentar esse movimento ao longo de toda a campanha. Mesmo assim, para Pablo Marçal, a disputa até agora tem sido um jogo de “ganha-ganha”, em que, mesmo que não consiga o mandato na Prefeitura, servirá para atrair e aglomerar mais seguidores nas redes sociais, e seguir monetizando esses números, avalia o pesquisador.

Método da pesquisa

Esta é a primeira pesquisa AtlasIntel divulgada após o registro das candidaturas e depois do início da campanha e da realização dos primeiros debates entre os principais candidatos a prefeito de São Paulo.

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Para Vinícius Alves, pesquisador da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e diretor da Ipespe Analítica, a postura adotada por Marçal nos debates, que inclusive motivou a ausência de outros três candidatos – o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB) –, deve ser considerada para analisar o crescimento das intenções de voto no ex-coach, porém, o método de pesquisa, realizado pela internet, também pode ser um fato que explique o crescimento.

“Ele bagunçou um pouco o tabuleiro, bagunçou a dinâmica do debate e isso acaba trazendo uma visibilidade forte para o candidato, mas eu destacaria também que ele é muito forte nas redes sociais, então o método de recrutamento que a Atlas utiliza para fazer as entrevistas favorece pessoas que estão mais engajadas no ambiente digital”, explicou o professor, que pontuou que o aumento pode ter a ver com a disponibilidade de pessoas no ambiente online a responderem à pesquisa.

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O método do instituto recruta entrevistados online, de forma aleatória, e conta com procedimentos estatísticos para calibrar a amostra e garantir que seja representativa. “Os entrevistados são recrutados organicamente durante a navegação de rotina na web em territórios geolocalizados em qualquer dispositivo (smartphones, tablets, laptops ou PCs)”, informa o documento sobre a metodologia utilizada.

Transferência de votos e campanha oficial

A entrada de Marçal na disputa em meados de abril mexeu nas posições que ocupavam o terceiro lugar dos cenários colocados, com a desistência do deputado Kim Kataguiri (União-SP) e um “freio” no aumento gradual de Tabata, avalia Assis, pesquisador da USP.

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Para ele, parte desses votos já podem ter sido transferidos para o empresário, que agora disputa o eleitorado de Nunes – apoiado oficialmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) –, candidato mais próximo a ele no espectro político – mesmo que Marçal insista em chamar o atual prefeito de “comunista”.

“Os votos que Marçal está ganhando agora se devem muito a ele ser um ator de fora do círculo político mais tradicional, eu acho que chama grande atenção, no primeiro momento, do eleitorado”, disse o pesquisador, que fez a ressalva de que o “fator novidade” pesa agora, mas há possibilidade de essa ascensão não se manter com o passar do tempo.

“Até antes da semana passada, a gente estava lidando com um cenário de pré-campanha, que basicamente são cenários simulados de quem seriam os candidatos. Agora que esses candidatos são oficiais, é natural essa redistribuição de voto”, explicou o professor, afirmando que as próximas pesquisas serão fundamentais para revelarem tendências reais de crescimento ou não na disputa.

A nova pesquisa divulgada pela AtlasIntel nesta quarta-feira, 21, desembolou o terceiro lugar da corrida pela Prefeitura de São Paulo entre Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB). O empresário e ex-coach tem 16,3% das intenções de voto – 4,9 pontos porcentuais a mais do que na última pesquisa do instituto, divulgada dia 8, e 4,3 pontos à frente da deputada federal, atual quarta colocada.

Especialistas ouvidos pelo Estadão avaliam que o comportamento de Pablo Marçal nos debates e nas redes sociais podem ajudar a explicar o resultado, mas pontuam que ainda é cedo para cristalizar uma tendência de crescimento de votos no candidato.

Considerando a série temporal, Pablo Marçal foi o único a crescer desde o último levantamento divulgado em agosto. Na ocasião, o ex-coach registrou 11,4% das intenções de voto. No mesmo período, Guilherme Boulos (PSOL), que tinha 32,7%, caiu 4,2 pontos porcentuais, e Ricardo Nunes (MDB), com 24,9%, recuou 3,1 pontos. Na pesquisa divulgada agora, Boulos segue em primeiro lugar, com 28,5% de menções, e Nunes em segundo, com 21,8%. A margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais.

O levantamento ouviu 1.803 paulistanos de 16 anos ou mais entre os 15 e 20 de agosto e o índice de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a identificação SP-02504/2024.

No segundo debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) mostrou uma carteira de trabalho para o oponente, Guilherme Boulos (PSOL). Foto: Werther Santana/Estadão

“Jogando em casa”, é assim que Pedro Paulo de Assis, pós-doutorando no Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP) avalia a estratégia usada pelo empresário ao usar as redes sociais, tanto para atacar concorrentes quanto para viralizar cortes de vídeos em embates em que “sai ganhando” e, como nova estratégia, “terceirizar” a tarefa de responder às perguntas dos entrevistados vista no debate de segunda-feira, 19, promovido pela Veja.

“Ele tenta fugir do debate político tradicional e trazê-lo para as redes sociais, que é onde ele se dá bem, afinal ele é um influencer com muitos seguidores”, disse Assis. O pesquisador afirma que a estratégia pode ainda ser nova no Brasil, mas é bastante vista no pleito americano, onde candidatos “outliers” também tentam trazer o jogo para suas zonas de conforto.

Assis acredita, no entanto, que não será possível sustentar esse movimento ao longo de toda a campanha. Mesmo assim, para Pablo Marçal, a disputa até agora tem sido um jogo de “ganha-ganha”, em que, mesmo que não consiga o mandato na Prefeitura, servirá para atrair e aglomerar mais seguidores nas redes sociais, e seguir monetizando esses números, avalia o pesquisador.

Método da pesquisa

Esta é a primeira pesquisa AtlasIntel divulgada após o registro das candidaturas e depois do início da campanha e da realização dos primeiros debates entre os principais candidatos a prefeito de São Paulo.

Para Vinícius Alves, pesquisador da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e diretor da Ipespe Analítica, a postura adotada por Marçal nos debates, que inclusive motivou a ausência de outros três candidatos – o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB) –, deve ser considerada para analisar o crescimento das intenções de voto no ex-coach, porém, o método de pesquisa, realizado pela internet, também pode ser um fato que explique o crescimento.

“Ele bagunçou um pouco o tabuleiro, bagunçou a dinâmica do debate e isso acaba trazendo uma visibilidade forte para o candidato, mas eu destacaria também que ele é muito forte nas redes sociais, então o método de recrutamento que a Atlas utiliza para fazer as entrevistas favorece pessoas que estão mais engajadas no ambiente digital”, explicou o professor, que pontuou que o aumento pode ter a ver com a disponibilidade de pessoas no ambiente online a responderem à pesquisa.

O método do instituto recruta entrevistados online, de forma aleatória, e conta com procedimentos estatísticos para calibrar a amostra e garantir que seja representativa. “Os entrevistados são recrutados organicamente durante a navegação de rotina na web em territórios geolocalizados em qualquer dispositivo (smartphones, tablets, laptops ou PCs)”, informa o documento sobre a metodologia utilizada.

Transferência de votos e campanha oficial

A entrada de Marçal na disputa em meados de abril mexeu nas posições que ocupavam o terceiro lugar dos cenários colocados, com a desistência do deputado Kim Kataguiri (União-SP) e um “freio” no aumento gradual de Tabata, avalia Assis, pesquisador da USP.

Para ele, parte desses votos já podem ter sido transferidos para o empresário, que agora disputa o eleitorado de Nunes – apoiado oficialmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) –, candidato mais próximo a ele no espectro político – mesmo que Marçal insista em chamar o atual prefeito de “comunista”.

“Os votos que Marçal está ganhando agora se devem muito a ele ser um ator de fora do círculo político mais tradicional, eu acho que chama grande atenção, no primeiro momento, do eleitorado”, disse o pesquisador, que fez a ressalva de que o “fator novidade” pesa agora, mas há possibilidade de essa ascensão não se manter com o passar do tempo.

“Até antes da semana passada, a gente estava lidando com um cenário de pré-campanha, que basicamente são cenários simulados de quem seriam os candidatos. Agora que esses candidatos são oficiais, é natural essa redistribuição de voto”, explicou o professor, afirmando que as próximas pesquisas serão fundamentais para revelarem tendências reais de crescimento ou não na disputa.

A nova pesquisa divulgada pela AtlasIntel nesta quarta-feira, 21, desembolou o terceiro lugar da corrida pela Prefeitura de São Paulo entre Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB). O empresário e ex-coach tem 16,3% das intenções de voto – 4,9 pontos porcentuais a mais do que na última pesquisa do instituto, divulgada dia 8, e 4,3 pontos à frente da deputada federal, atual quarta colocada.

Especialistas ouvidos pelo Estadão avaliam que o comportamento de Pablo Marçal nos debates e nas redes sociais podem ajudar a explicar o resultado, mas pontuam que ainda é cedo para cristalizar uma tendência de crescimento de votos no candidato.

Considerando a série temporal, Pablo Marçal foi o único a crescer desde o último levantamento divulgado em agosto. Na ocasião, o ex-coach registrou 11,4% das intenções de voto. No mesmo período, Guilherme Boulos (PSOL), que tinha 32,7%, caiu 4,2 pontos porcentuais, e Ricardo Nunes (MDB), com 24,9%, recuou 3,1 pontos. Na pesquisa divulgada agora, Boulos segue em primeiro lugar, com 28,5% de menções, e Nunes em segundo, com 21,8%. A margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais.

O levantamento ouviu 1.803 paulistanos de 16 anos ou mais entre os 15 e 20 de agosto e o índice de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a identificação SP-02504/2024.

No segundo debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) mostrou uma carteira de trabalho para o oponente, Guilherme Boulos (PSOL). Foto: Werther Santana/Estadão

“Jogando em casa”, é assim que Pedro Paulo de Assis, pós-doutorando no Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP) avalia a estratégia usada pelo empresário ao usar as redes sociais, tanto para atacar concorrentes quanto para viralizar cortes de vídeos em embates em que “sai ganhando” e, como nova estratégia, “terceirizar” a tarefa de responder às perguntas dos entrevistados vista no debate de segunda-feira, 19, promovido pela Veja.

“Ele tenta fugir do debate político tradicional e trazê-lo para as redes sociais, que é onde ele se dá bem, afinal ele é um influencer com muitos seguidores”, disse Assis. O pesquisador afirma que a estratégia pode ainda ser nova no Brasil, mas é bastante vista no pleito americano, onde candidatos “outliers” também tentam trazer o jogo para suas zonas de conforto.

Assis acredita, no entanto, que não será possível sustentar esse movimento ao longo de toda a campanha. Mesmo assim, para Pablo Marçal, a disputa até agora tem sido um jogo de “ganha-ganha”, em que, mesmo que não consiga o mandato na Prefeitura, servirá para atrair e aglomerar mais seguidores nas redes sociais, e seguir monetizando esses números, avalia o pesquisador.

Método da pesquisa

Esta é a primeira pesquisa AtlasIntel divulgada após o registro das candidaturas e depois do início da campanha e da realização dos primeiros debates entre os principais candidatos a prefeito de São Paulo.

Para Vinícius Alves, pesquisador da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e diretor da Ipespe Analítica, a postura adotada por Marçal nos debates, que inclusive motivou a ausência de outros três candidatos – o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB) –, deve ser considerada para analisar o crescimento das intenções de voto no ex-coach, porém, o método de pesquisa, realizado pela internet, também pode ser um fato que explique o crescimento.

“Ele bagunçou um pouco o tabuleiro, bagunçou a dinâmica do debate e isso acaba trazendo uma visibilidade forte para o candidato, mas eu destacaria também que ele é muito forte nas redes sociais, então o método de recrutamento que a Atlas utiliza para fazer as entrevistas favorece pessoas que estão mais engajadas no ambiente digital”, explicou o professor, que pontuou que o aumento pode ter a ver com a disponibilidade de pessoas no ambiente online a responderem à pesquisa.

O método do instituto recruta entrevistados online, de forma aleatória, e conta com procedimentos estatísticos para calibrar a amostra e garantir que seja representativa. “Os entrevistados são recrutados organicamente durante a navegação de rotina na web em territórios geolocalizados em qualquer dispositivo (smartphones, tablets, laptops ou PCs)”, informa o documento sobre a metodologia utilizada.

Transferência de votos e campanha oficial

A entrada de Marçal na disputa em meados de abril mexeu nas posições que ocupavam o terceiro lugar dos cenários colocados, com a desistência do deputado Kim Kataguiri (União-SP) e um “freio” no aumento gradual de Tabata, avalia Assis, pesquisador da USP.

Para ele, parte desses votos já podem ter sido transferidos para o empresário, que agora disputa o eleitorado de Nunes – apoiado oficialmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) –, candidato mais próximo a ele no espectro político – mesmo que Marçal insista em chamar o atual prefeito de “comunista”.

“Os votos que Marçal está ganhando agora se devem muito a ele ser um ator de fora do círculo político mais tradicional, eu acho que chama grande atenção, no primeiro momento, do eleitorado”, disse o pesquisador, que fez a ressalva de que o “fator novidade” pesa agora, mas há possibilidade de essa ascensão não se manter com o passar do tempo.

“Até antes da semana passada, a gente estava lidando com um cenário de pré-campanha, que basicamente são cenários simulados de quem seriam os candidatos. Agora que esses candidatos são oficiais, é natural essa redistribuição de voto”, explicou o professor, afirmando que as próximas pesquisas serão fundamentais para revelarem tendências reais de crescimento ou não na disputa.

A nova pesquisa divulgada pela AtlasIntel nesta quarta-feira, 21, desembolou o terceiro lugar da corrida pela Prefeitura de São Paulo entre Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB). O empresário e ex-coach tem 16,3% das intenções de voto – 4,9 pontos porcentuais a mais do que na última pesquisa do instituto, divulgada dia 8, e 4,3 pontos à frente da deputada federal, atual quarta colocada.

Especialistas ouvidos pelo Estadão avaliam que o comportamento de Pablo Marçal nos debates e nas redes sociais podem ajudar a explicar o resultado, mas pontuam que ainda é cedo para cristalizar uma tendência de crescimento de votos no candidato.

Considerando a série temporal, Pablo Marçal foi o único a crescer desde o último levantamento divulgado em agosto. Na ocasião, o ex-coach registrou 11,4% das intenções de voto. No mesmo período, Guilherme Boulos (PSOL), que tinha 32,7%, caiu 4,2 pontos porcentuais, e Ricardo Nunes (MDB), com 24,9%, recuou 3,1 pontos. Na pesquisa divulgada agora, Boulos segue em primeiro lugar, com 28,5% de menções, e Nunes em segundo, com 21,8%. A margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais.

O levantamento ouviu 1.803 paulistanos de 16 anos ou mais entre os 15 e 20 de agosto e o índice de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a identificação SP-02504/2024.

No segundo debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) mostrou uma carteira de trabalho para o oponente, Guilherme Boulos (PSOL). Foto: Werther Santana/Estadão

“Jogando em casa”, é assim que Pedro Paulo de Assis, pós-doutorando no Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP) avalia a estratégia usada pelo empresário ao usar as redes sociais, tanto para atacar concorrentes quanto para viralizar cortes de vídeos em embates em que “sai ganhando” e, como nova estratégia, “terceirizar” a tarefa de responder às perguntas dos entrevistados vista no debate de segunda-feira, 19, promovido pela Veja.

“Ele tenta fugir do debate político tradicional e trazê-lo para as redes sociais, que é onde ele se dá bem, afinal ele é um influencer com muitos seguidores”, disse Assis. O pesquisador afirma que a estratégia pode ainda ser nova no Brasil, mas é bastante vista no pleito americano, onde candidatos “outliers” também tentam trazer o jogo para suas zonas de conforto.

Assis acredita, no entanto, que não será possível sustentar esse movimento ao longo de toda a campanha. Mesmo assim, para Pablo Marçal, a disputa até agora tem sido um jogo de “ganha-ganha”, em que, mesmo que não consiga o mandato na Prefeitura, servirá para atrair e aglomerar mais seguidores nas redes sociais, e seguir monetizando esses números, avalia o pesquisador.

Método da pesquisa

Esta é a primeira pesquisa AtlasIntel divulgada após o registro das candidaturas e depois do início da campanha e da realização dos primeiros debates entre os principais candidatos a prefeito de São Paulo.

Para Vinícius Alves, pesquisador da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e diretor da Ipespe Analítica, a postura adotada por Marçal nos debates, que inclusive motivou a ausência de outros três candidatos – o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB) –, deve ser considerada para analisar o crescimento das intenções de voto no ex-coach, porém, o método de pesquisa, realizado pela internet, também pode ser um fato que explique o crescimento.

“Ele bagunçou um pouco o tabuleiro, bagunçou a dinâmica do debate e isso acaba trazendo uma visibilidade forte para o candidato, mas eu destacaria também que ele é muito forte nas redes sociais, então o método de recrutamento que a Atlas utiliza para fazer as entrevistas favorece pessoas que estão mais engajadas no ambiente digital”, explicou o professor, que pontuou que o aumento pode ter a ver com a disponibilidade de pessoas no ambiente online a responderem à pesquisa.

O método do instituto recruta entrevistados online, de forma aleatória, e conta com procedimentos estatísticos para calibrar a amostra e garantir que seja representativa. “Os entrevistados são recrutados organicamente durante a navegação de rotina na web em territórios geolocalizados em qualquer dispositivo (smartphones, tablets, laptops ou PCs)”, informa o documento sobre a metodologia utilizada.

Transferência de votos e campanha oficial

A entrada de Marçal na disputa em meados de abril mexeu nas posições que ocupavam o terceiro lugar dos cenários colocados, com a desistência do deputado Kim Kataguiri (União-SP) e um “freio” no aumento gradual de Tabata, avalia Assis, pesquisador da USP.

Para ele, parte desses votos já podem ter sido transferidos para o empresário, que agora disputa o eleitorado de Nunes – apoiado oficialmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) –, candidato mais próximo a ele no espectro político – mesmo que Marçal insista em chamar o atual prefeito de “comunista”.

“Os votos que Marçal está ganhando agora se devem muito a ele ser um ator de fora do círculo político mais tradicional, eu acho que chama grande atenção, no primeiro momento, do eleitorado”, disse o pesquisador, que fez a ressalva de que o “fator novidade” pesa agora, mas há possibilidade de essa ascensão não se manter com o passar do tempo.

“Até antes da semana passada, a gente estava lidando com um cenário de pré-campanha, que basicamente são cenários simulados de quem seriam os candidatos. Agora que esses candidatos são oficiais, é natural essa redistribuição de voto”, explicou o professor, afirmando que as próximas pesquisas serão fundamentais para revelarem tendências reais de crescimento ou não na disputa.

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