As investigações feitas pela Polícia Federal confirmaram o envolvimento do ex-senador Jader Barbalho nos desvios de recursos do Banco do Estado do Pará (Banpará). Jader pode ser indiciado nos próximos dias. Desde a semana passada, a Divisão de Repressão ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais (Decoie) da PF vinha analisando documentos enviados pelo Banco Central sobre o caso, e concluiu que Jader foi beneficiado com o dinheiro de aplicações movimentadas com cheques administrativos do Banpará no período em que foi governador do Estado, de 1984 a 1987. As apurações da PF praticamente ratificam o que já havia sido investigado pela Comissão de Ética do Senado, que em seu relatório final apontou o ex-senador como beneficiário dos recursos desviados do Banpará, que foram aplicados em contas de bancos do Rio de Janeiro. Jader, sua família e suas empresas teriam recebido, em valores atualizados, em torno de R$ 13 milhões. Outras investigações, que vêm sendo feitas pelo Ministério Público Federal em diversos Estados, podem trazer novos fatos relacionados às fraudes na extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Na próxima semana, procuradores da República em Tocantins, Amazonas, Pará e Mato Grosso voltam a se reunir para cruzar informações e podem denunciar o ex-presidente do Senado, que renunciou ao mandato por causa de denúncias sobre seu envolvimento em desvios do Banpará. Em pelo menos cinco depoimentos de empresários de Altamira, Jader é citado como um dos beneficiados com dinheiro de financiamentos da Sudam para projetos na região. O inquérito que apura o fato foi enviado há mais de um mês para o Supremo Tribunal Federal (STF) pelo delegado Hélbio Dias Leite, que pediu a quebra de sigilo bancário do ex-senador. Dias Leite quer saber se Jader recebeu mesmo dinheiro, por meio do ranário Touro Gigante, pertencente à sua mulher, Márcia Cristina Zaluth Centeno. Mas o caminho que os procuradores devem tomar para denunciar o ex-senador é o que leva ao empresário José Osmar Borges, seu amigo e ex-sócio em uma fazenda no interior do Pará. Os representantes do Ministério Público Federal estão reunindo mais provas do envolvimento de Jader com Borges. Até agora, o que os procuradores têm são trocas de mais de 700 telefonemas entre os dois.