PMDB lança ministro de Dilma e divide mais a base de Temer


Marcelo Castro, ex-titular da Saúde no governo da petista, é escolhido pela bancada peemedebista para Câmara; decisão acentua racha entre aliados do presidente em exercício

Por Julia Lindner, Tania Monteiro e Carla Araujo

BRASÍLIA - A bancada do PMDB lançou oficialmente nesta terça-feira a candidatura de Marcelo Castro (PI) à sucessão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara e agravou o racha na base aliada do governo Michel Temer. O Palácio do Planalto avaliou que a candidatura de Castro traz instabilidade à eleição marcada para hoje e considerada a mais pulverizada desde a redemocratização do País.

A decisão também acentuou a divisão no Centrão, grupo parlamentar formado por 13 partidos e ligado a Cunha. Aliados do deputado Rogério Rosso (PSD-DF), considerado até segunda-feira o que teria mais chance de vencer pelo Centrão, refaziam nesta terça-feira a estimativa de votos. 

O deputado federal Marcelo Castro (PMDB-PI) Foto: Dida Sampaio|Estadão
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Castro foi ministro da Saúde da presidente afastada Dilma Rousseff e chegou a deixar o cargo para votar contra o impeachment da petista no plenário da Câmara – contrariando a posição do próprio PMDB. Sua candidatura deverá ter o aval do PT, que, pressionado, desistiu de apoiar Rodrigo Maia (DEM-RJ). Até esta terça-feira, eram 14 candidaturas oficializadas. 

O presidente em exercício aproveitou a comemoração do aniversário do ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE), e se reuniu na noite de terça-feira com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG) e com Agripino Maia (RN), presidente do DEM. Segundo aliados, o Planalto vai agir nesta quarta-feira para tentar “desidratar” a candidatura do correligionário.

‘Marcar posição’. A decisão de lançar candidatura própria foi definida há dois dias pelo PMDB, que até então só teria candidatos avulsos. A opção evidenciou o descontentamento de parte do partido com a gestão Temer e desagradou ao Planalto. Além de ter sido ministro de Dilma, Castro insistiu em seu nome para a disputa, incentivado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Segundo o líder do PMDB, Baleia Rossi (SP), a falta de um candidato único da base aliada fez “crescer a vontade de o partido ter candidato próprio” e a escolha de Castro foi uma maneira de “marcar posição”. 

Dos 66 deputados do PMDB, a maior bancada da Casa, 46 participaram da sessão que elegeu Castro. Na disputa também estavam Carlos Marun (MS) e Osmar Serraglio (PR). No segundo turno, Castro disputou com Serraglio e recebeu 28 dos 46 votos. No primeiro turno, ele teve 17 votos, enquanto Marun e Serraglio empataram em 11 votos e outros 7 votaram em Fabio Ramalho (MG). O critério de desempate foi por idade. 

Apesar de Marun e Serraglio terem concordado em não concorrer, Ramalho decidiu manter candidatura avulsa. Ele faz parte da bancada mineira do partido, grupo declaradamente insatisfeito com Temer. Com a extinção da Secretaria de Aviação Civil, chefiada por Mauro Lopes, os mineiros perderam a pasta, e, agora, querem um novo espaço na Esplanada, como o Ministério do Turismo, cargo vago desde a saída de Henrique Eduardo Alves. “Isso é uma demonstração da insatisfação do PMDB com o governo e com o seu líder”, disse Leonardo Quintão (MG). Temer, entretanto, estaria pretendendo oferecer a vaga a um aliado do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).

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Além de reunir apoio entre os parlamentares insatisfeitos com Temer, Castro foi escolhido pela possibilidade de trazer votos do PT, segunda maior bancada da Casa, que tem 58 deputados. Com o PT, o ex-ministro da Saúde deve conseguir o apoio da minoria, formada por PCdoB, PDT, PSOL e Rede, totalizando 99 parlamentares.

Castro, que se reuniu com o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, disse que o fato de ter votado contra o impeachment não irá fazê-lo perder votos. “Não será um complicador. Acho que todos entenderam meu gesto, porque eu era ministro dela (Dilma). Meus colegas entenderam que, na situação em que eu me encontrava, não tinha como agir diferente. Eu estava moralmente e eticamente atrelado a aquele ato”, afirmou. 

Um dos candidatos na disputa, Beto Mansur (PRB-SP) avaliou que a entrada de Castro como candidato “embolou” a eleição à presidência da Câmara. Para o deputado do PRB, “muito provavelmente” Castro irá para o segundo turno, caso consiga confirmar o apoio da oposição. / COLABOROU ERICH DECAT

BRASÍLIA - A bancada do PMDB lançou oficialmente nesta terça-feira a candidatura de Marcelo Castro (PI) à sucessão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara e agravou o racha na base aliada do governo Michel Temer. O Palácio do Planalto avaliou que a candidatura de Castro traz instabilidade à eleição marcada para hoje e considerada a mais pulverizada desde a redemocratização do País.

A decisão também acentuou a divisão no Centrão, grupo parlamentar formado por 13 partidos e ligado a Cunha. Aliados do deputado Rogério Rosso (PSD-DF), considerado até segunda-feira o que teria mais chance de vencer pelo Centrão, refaziam nesta terça-feira a estimativa de votos. 

O deputado federal Marcelo Castro (PMDB-PI) Foto: Dida Sampaio|Estadão

Castro foi ministro da Saúde da presidente afastada Dilma Rousseff e chegou a deixar o cargo para votar contra o impeachment da petista no plenário da Câmara – contrariando a posição do próprio PMDB. Sua candidatura deverá ter o aval do PT, que, pressionado, desistiu de apoiar Rodrigo Maia (DEM-RJ). Até esta terça-feira, eram 14 candidaturas oficializadas. 

O presidente em exercício aproveitou a comemoração do aniversário do ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE), e se reuniu na noite de terça-feira com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG) e com Agripino Maia (RN), presidente do DEM. Segundo aliados, o Planalto vai agir nesta quarta-feira para tentar “desidratar” a candidatura do correligionário.

‘Marcar posição’. A decisão de lançar candidatura própria foi definida há dois dias pelo PMDB, que até então só teria candidatos avulsos. A opção evidenciou o descontentamento de parte do partido com a gestão Temer e desagradou ao Planalto. Além de ter sido ministro de Dilma, Castro insistiu em seu nome para a disputa, incentivado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o líder do PMDB, Baleia Rossi (SP), a falta de um candidato único da base aliada fez “crescer a vontade de o partido ter candidato próprio” e a escolha de Castro foi uma maneira de “marcar posição”. 

Dos 66 deputados do PMDB, a maior bancada da Casa, 46 participaram da sessão que elegeu Castro. Na disputa também estavam Carlos Marun (MS) e Osmar Serraglio (PR). No segundo turno, Castro disputou com Serraglio e recebeu 28 dos 46 votos. No primeiro turno, ele teve 17 votos, enquanto Marun e Serraglio empataram em 11 votos e outros 7 votaram em Fabio Ramalho (MG). O critério de desempate foi por idade. 

Apesar de Marun e Serraglio terem concordado em não concorrer, Ramalho decidiu manter candidatura avulsa. Ele faz parte da bancada mineira do partido, grupo declaradamente insatisfeito com Temer. Com a extinção da Secretaria de Aviação Civil, chefiada por Mauro Lopes, os mineiros perderam a pasta, e, agora, querem um novo espaço na Esplanada, como o Ministério do Turismo, cargo vago desde a saída de Henrique Eduardo Alves. “Isso é uma demonstração da insatisfação do PMDB com o governo e com o seu líder”, disse Leonardo Quintão (MG). Temer, entretanto, estaria pretendendo oferecer a vaga a um aliado do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).

Além de reunir apoio entre os parlamentares insatisfeitos com Temer, Castro foi escolhido pela possibilidade de trazer votos do PT, segunda maior bancada da Casa, que tem 58 deputados. Com o PT, o ex-ministro da Saúde deve conseguir o apoio da minoria, formada por PCdoB, PDT, PSOL e Rede, totalizando 99 parlamentares.

Castro, que se reuniu com o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, disse que o fato de ter votado contra o impeachment não irá fazê-lo perder votos. “Não será um complicador. Acho que todos entenderam meu gesto, porque eu era ministro dela (Dilma). Meus colegas entenderam que, na situação em que eu me encontrava, não tinha como agir diferente. Eu estava moralmente e eticamente atrelado a aquele ato”, afirmou. 

Um dos candidatos na disputa, Beto Mansur (PRB-SP) avaliou que a entrada de Castro como candidato “embolou” a eleição à presidência da Câmara. Para o deputado do PRB, “muito provavelmente” Castro irá para o segundo turno, caso consiga confirmar o apoio da oposição. / COLABOROU ERICH DECAT

BRASÍLIA - A bancada do PMDB lançou oficialmente nesta terça-feira a candidatura de Marcelo Castro (PI) à sucessão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara e agravou o racha na base aliada do governo Michel Temer. O Palácio do Planalto avaliou que a candidatura de Castro traz instabilidade à eleição marcada para hoje e considerada a mais pulverizada desde a redemocratização do País.

A decisão também acentuou a divisão no Centrão, grupo parlamentar formado por 13 partidos e ligado a Cunha. Aliados do deputado Rogério Rosso (PSD-DF), considerado até segunda-feira o que teria mais chance de vencer pelo Centrão, refaziam nesta terça-feira a estimativa de votos. 

O deputado federal Marcelo Castro (PMDB-PI) Foto: Dida Sampaio|Estadão

Castro foi ministro da Saúde da presidente afastada Dilma Rousseff e chegou a deixar o cargo para votar contra o impeachment da petista no plenário da Câmara – contrariando a posição do próprio PMDB. Sua candidatura deverá ter o aval do PT, que, pressionado, desistiu de apoiar Rodrigo Maia (DEM-RJ). Até esta terça-feira, eram 14 candidaturas oficializadas. 

O presidente em exercício aproveitou a comemoração do aniversário do ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE), e se reuniu na noite de terça-feira com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG) e com Agripino Maia (RN), presidente do DEM. Segundo aliados, o Planalto vai agir nesta quarta-feira para tentar “desidratar” a candidatura do correligionário.

‘Marcar posição’. A decisão de lançar candidatura própria foi definida há dois dias pelo PMDB, que até então só teria candidatos avulsos. A opção evidenciou o descontentamento de parte do partido com a gestão Temer e desagradou ao Planalto. Além de ter sido ministro de Dilma, Castro insistiu em seu nome para a disputa, incentivado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o líder do PMDB, Baleia Rossi (SP), a falta de um candidato único da base aliada fez “crescer a vontade de o partido ter candidato próprio” e a escolha de Castro foi uma maneira de “marcar posição”. 

Dos 66 deputados do PMDB, a maior bancada da Casa, 46 participaram da sessão que elegeu Castro. Na disputa também estavam Carlos Marun (MS) e Osmar Serraglio (PR). No segundo turno, Castro disputou com Serraglio e recebeu 28 dos 46 votos. No primeiro turno, ele teve 17 votos, enquanto Marun e Serraglio empataram em 11 votos e outros 7 votaram em Fabio Ramalho (MG). O critério de desempate foi por idade. 

Apesar de Marun e Serraglio terem concordado em não concorrer, Ramalho decidiu manter candidatura avulsa. Ele faz parte da bancada mineira do partido, grupo declaradamente insatisfeito com Temer. Com a extinção da Secretaria de Aviação Civil, chefiada por Mauro Lopes, os mineiros perderam a pasta, e, agora, querem um novo espaço na Esplanada, como o Ministério do Turismo, cargo vago desde a saída de Henrique Eduardo Alves. “Isso é uma demonstração da insatisfação do PMDB com o governo e com o seu líder”, disse Leonardo Quintão (MG). Temer, entretanto, estaria pretendendo oferecer a vaga a um aliado do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).

Além de reunir apoio entre os parlamentares insatisfeitos com Temer, Castro foi escolhido pela possibilidade de trazer votos do PT, segunda maior bancada da Casa, que tem 58 deputados. Com o PT, o ex-ministro da Saúde deve conseguir o apoio da minoria, formada por PCdoB, PDT, PSOL e Rede, totalizando 99 parlamentares.

Castro, que se reuniu com o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, disse que o fato de ter votado contra o impeachment não irá fazê-lo perder votos. “Não será um complicador. Acho que todos entenderam meu gesto, porque eu era ministro dela (Dilma). Meus colegas entenderam que, na situação em que eu me encontrava, não tinha como agir diferente. Eu estava moralmente e eticamente atrelado a aquele ato”, afirmou. 

Um dos candidatos na disputa, Beto Mansur (PRB-SP) avaliou que a entrada de Castro como candidato “embolou” a eleição à presidência da Câmara. Para o deputado do PRB, “muito provavelmente” Castro irá para o segundo turno, caso consiga confirmar o apoio da oposição. / COLABOROU ERICH DECAT

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