O deputado estadual Renato Freitas (PT-PR) afirmou ter sido vítima de um episódio de racismo durante um voo da Azul, quando passava pelo Aeroporto de Foz do Iguaçu, oeste do Paraná, com destino a Curitiba. Ele foi abordado pela Polícia Federal após ter embarcado na aeronave, pouco antes de decolar. O vídeo foi publicado na noite desta quarta-feira, 10.
Em nota divulgada na manhã desta quinta-feira, 11, o deputado esclareceu que o episódio aconteceu há uma semana, no dia 3 de maio. A Polícia Federal confirmou a data e disse que Freitas “teria se recusado a passar pelo procedimento (de revista da bagagem de mão) no local indicado e se dirigido diretamente até a aeronave”.
No começo do vídeo, Freitas se dirige à entrada da aeronave, onde um agente da Polícia Federal pede que ele se identifique e explica que o deputado foi escolhido para a abordagem de forma aleatória. Freitas, ex-vereador em Curitiba, é um homem negro.
Em seguida, um funcionário da Security Sata, empresa que presta serviços de segurança para o aeroporto, vasculha a mochila de Freitas, retirando os seus pertences, e faz uma revista pessoal no parlamentar. Ao final, o agente da PF encerra a abordagem e devolve um objeto ao deputado, que retorna para a poltrona.
“Bando de racistas ignorantes”, diz Freitas no vídeo. Uma passageira perguntou a ele se “está tudo bem” e ele rebateu: “Tirando o fato de ser humilhado. Quantas pessoas desse voo saíram escoltados pela PF para serem revistados?”
A reportagem entrou em contato com a Azul, que disse que não comentará o caso. Procurada, a Polícia Federal afirma em nota que “todos os procedimentos foram realizados em conformidade com a resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)” e diz ainda “que eventuais abusos ou falhas na condução do procedimento serão devidamente apurados”.
Freitas foi candidato a deputado estadual no ano passado após ter seu mandato como vereador de Curitiba cassado em agosto. O mandato foi restabelecido no mês seguinte por decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Freitas enfrentou processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara sob acusação de quebra de decoro por realizar um protesto na igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, na capital paranaense. A manifestação foi contra o assassinato do imigrante congolês Moïse Kabagambe, espancado por um grupo de homens num quiosque do Rio.