Polícia Federal resgata 30 mil monitoramentos ilegais feitos e apagados pela Abin de Bolsonaro


No dia 20 de outubro, a operação Última Milha, da PF, vasculhou a sede da Abin e encontrou apenas 1.800 registros; restante, que foi recuperado, vai passar por perícia

Por Isabella Alonso Panho

A Polícia Federal resgatou 30 mil monitoramentos ilegais feitos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Esses registros haviam sido apagados e havia apenas 1.800 ainda disponíveis. O órgão foi alvo da operação Última Milha no dia 20 de outubro. Além de ter o prédio vasculhado, dois servidores da Abin foram presos e outros tiveram seus endereços como alvo de buscas e apreensões.

Esses 30 mil registros de monitoramentos ilegais haviam sido apagados  Foto: WILTON JUNIOR

A informação dos monitoramentos recuperados é do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo. A estimativa é de que os peritos da PF levem cerca de um mês para analisar todos esses monitoramentos. A corporação afirma que a Abin teria realizado atos ilegais de espionagem, inspecionando a localização de ministros, políticos, jornalistas e advogados.

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Isso era feito através de um programa chamado FirstMile, feito pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e comprado pelo governo brasileiro em 2018. A ferramenta detecta os sinais de 2G, 3G e 4G trocados entre celulares e torres de telecomunicações para fornecer a localização exata dos aparelhos. Basta, para essa busca, ter o número do telefone.

O deputado Alexandre Ramagem (esq.) foi diretor da Abin na época dos monitoramentos. Ele é amigo pessoal e emprega membros antigos do gabinete do ódio do vereador Carlos Bolsonaro (dir.) Foto: Reprodução/X/@CarlosBolsonaro

Nos 1.800 monitoramentos que foram inicialmente encontrados pela PF, havia um homônimo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o que reforça o indício de que ele foi um dos alvos dessa operação de espionagem. As demais pessoas da lista estão sob o sigilo das investigações.

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Durante a gestão Bolsonaro, a Abin foi comandada pelo seu correligionário Alexandre Ramagem (PL-RJ), que era delegado da PF e hoje é deputado federal. Ele fez a segurança do ex-presidente depois do atentado em Juiz de Fora, em 2018, e caiu nas graças do clã Bolsonaro. Prova disso é a proximidade com o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), que se interessava pelo funcionamento da inteligência do governo do pai.

Paulo Maurício Fortunato Pinto, o nº 3 da Abin, foi exonerado do cargo dia 24 de outubro Foto: BETO BARATA/AE
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Além do vínculo de amizade, o Estadão revelou que Ramagem emprega, no seu gabinete de deputado federal, uma empresa de comunicação comandada por dois ex-integrantes do “gabinete do ódio”, uma rede de comunicação violenta e ancorada no disparo de fake news. O “gabinete” era encabeçado por Carlos, o “02″ do ex-presidente.

As investigações da PF sobre a espionagem ilegal feita pela Abin colocam Ramagem e os Bolsonaro na mira. Isso porque, além de uma eventual responsabilidade vinda da gestão, em vários momentos o ex-presidente mencionou que possuía uma “Abin paralela”, que lhe fornecia informações “confiáveis”. Bolsonaro tentou colocar Ramagem na chefia da Polícia Federal, mas foi impedido pela Justiça.

Presos e afastados

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No dia da operação, 20 de outubro, dois servidores da Abin foram presos: Eduardo Arthur Izycki e Rodrigo Colli. Eles são suspeitos de estarem diretamente envolvidos com os mais de 30 mil monitoramentos ilegais.

Eduardo Izycki é um dos servidores presos e demitidos da Abin Foto: Reprodução/TV Câmara

Na noite desse mesmo dia, a Casa Civil - pasta à qual a Abin passou a ser subordinada no governo Lula, deixando o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) - anunciou a demissão dos dois.

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A causa, no entanto, foi outra: eles respondiam a um processo administrativo disciplinar por apresentarem-se como donos de uma empresa privada em um pregão do Comando do Exército, o que é vedado para servidores públicos.

Dólares apreendidos pela PF na casa do ex-secretário Paulo Mauricio Fortunato Pinto Foto: Divulgação/Polícia Federal

Além dos dois, o secretário de Planejamento e Gestão, Paulo Mauricio Fortunato Pinto, foi exonerado do cargo no último dia 24. Ele era o número “03″ da Abin. Na operação do dia 20 de outubro, a PF apreendeu US$ 171,8 mil em espécie na casa dele. Dois diretores, cuja identidade não foi revelada, foram dispensados das funções.

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Conflito de narrativas

A operação FisrtMile e as investigações conduzidas pela PF antagonizam a sua versão e a da Abin. A Agência divulgou uma nota no último dia 20 afirmando que já possuía procedimentos administrativos internos para investigar as mesmas questões visadas pela PF, e que vinha municiando tanto a corporação quanto o Supremo Tribunal Federal com os resultados das usas diligências.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou a operação FirstMile, da PF, no dia 20 de outubro Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

É como se a PF, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, tivesse “atravessado” a Abin. Desde que o governo Lula assumiu a gestão, tem trabalhado para desmilitarizar as estruturas de governo. A mudança da pasta da Abin é um desses gestos.

A Polícia Federal resgatou 30 mil monitoramentos ilegais feitos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Esses registros haviam sido apagados e havia apenas 1.800 ainda disponíveis. O órgão foi alvo da operação Última Milha no dia 20 de outubro. Além de ter o prédio vasculhado, dois servidores da Abin foram presos e outros tiveram seus endereços como alvo de buscas e apreensões.

Esses 30 mil registros de monitoramentos ilegais haviam sido apagados  Foto: WILTON JUNIOR

A informação dos monitoramentos recuperados é do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo. A estimativa é de que os peritos da PF levem cerca de um mês para analisar todos esses monitoramentos. A corporação afirma que a Abin teria realizado atos ilegais de espionagem, inspecionando a localização de ministros, políticos, jornalistas e advogados.

Isso era feito através de um programa chamado FirstMile, feito pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e comprado pelo governo brasileiro em 2018. A ferramenta detecta os sinais de 2G, 3G e 4G trocados entre celulares e torres de telecomunicações para fornecer a localização exata dos aparelhos. Basta, para essa busca, ter o número do telefone.

O deputado Alexandre Ramagem (esq.) foi diretor da Abin na época dos monitoramentos. Ele é amigo pessoal e emprega membros antigos do gabinete do ódio do vereador Carlos Bolsonaro (dir.) Foto: Reprodução/X/@CarlosBolsonaro

Nos 1.800 monitoramentos que foram inicialmente encontrados pela PF, havia um homônimo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o que reforça o indício de que ele foi um dos alvos dessa operação de espionagem. As demais pessoas da lista estão sob o sigilo das investigações.

Durante a gestão Bolsonaro, a Abin foi comandada pelo seu correligionário Alexandre Ramagem (PL-RJ), que era delegado da PF e hoje é deputado federal. Ele fez a segurança do ex-presidente depois do atentado em Juiz de Fora, em 2018, e caiu nas graças do clã Bolsonaro. Prova disso é a proximidade com o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), que se interessava pelo funcionamento da inteligência do governo do pai.

Paulo Maurício Fortunato Pinto, o nº 3 da Abin, foi exonerado do cargo dia 24 de outubro Foto: BETO BARATA/AE

Além do vínculo de amizade, o Estadão revelou que Ramagem emprega, no seu gabinete de deputado federal, uma empresa de comunicação comandada por dois ex-integrantes do “gabinete do ódio”, uma rede de comunicação violenta e ancorada no disparo de fake news. O “gabinete” era encabeçado por Carlos, o “02″ do ex-presidente.

As investigações da PF sobre a espionagem ilegal feita pela Abin colocam Ramagem e os Bolsonaro na mira. Isso porque, além de uma eventual responsabilidade vinda da gestão, em vários momentos o ex-presidente mencionou que possuía uma “Abin paralela”, que lhe fornecia informações “confiáveis”. Bolsonaro tentou colocar Ramagem na chefia da Polícia Federal, mas foi impedido pela Justiça.

Presos e afastados

No dia da operação, 20 de outubro, dois servidores da Abin foram presos: Eduardo Arthur Izycki e Rodrigo Colli. Eles são suspeitos de estarem diretamente envolvidos com os mais de 30 mil monitoramentos ilegais.

Eduardo Izycki é um dos servidores presos e demitidos da Abin Foto: Reprodução/TV Câmara

Na noite desse mesmo dia, a Casa Civil - pasta à qual a Abin passou a ser subordinada no governo Lula, deixando o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) - anunciou a demissão dos dois.

A causa, no entanto, foi outra: eles respondiam a um processo administrativo disciplinar por apresentarem-se como donos de uma empresa privada em um pregão do Comando do Exército, o que é vedado para servidores públicos.

Dólares apreendidos pela PF na casa do ex-secretário Paulo Mauricio Fortunato Pinto Foto: Divulgação/Polícia Federal

Além dos dois, o secretário de Planejamento e Gestão, Paulo Mauricio Fortunato Pinto, foi exonerado do cargo no último dia 24. Ele era o número “03″ da Abin. Na operação do dia 20 de outubro, a PF apreendeu US$ 171,8 mil em espécie na casa dele. Dois diretores, cuja identidade não foi revelada, foram dispensados das funções.

Conflito de narrativas

A operação FisrtMile e as investigações conduzidas pela PF antagonizam a sua versão e a da Abin. A Agência divulgou uma nota no último dia 20 afirmando que já possuía procedimentos administrativos internos para investigar as mesmas questões visadas pela PF, e que vinha municiando tanto a corporação quanto o Supremo Tribunal Federal com os resultados das usas diligências.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou a operação FirstMile, da PF, no dia 20 de outubro Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

É como se a PF, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, tivesse “atravessado” a Abin. Desde que o governo Lula assumiu a gestão, tem trabalhado para desmilitarizar as estruturas de governo. A mudança da pasta da Abin é um desses gestos.

A Polícia Federal resgatou 30 mil monitoramentos ilegais feitos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Esses registros haviam sido apagados e havia apenas 1.800 ainda disponíveis. O órgão foi alvo da operação Última Milha no dia 20 de outubro. Além de ter o prédio vasculhado, dois servidores da Abin foram presos e outros tiveram seus endereços como alvo de buscas e apreensões.

Esses 30 mil registros de monitoramentos ilegais haviam sido apagados  Foto: WILTON JUNIOR

A informação dos monitoramentos recuperados é do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo. A estimativa é de que os peritos da PF levem cerca de um mês para analisar todos esses monitoramentos. A corporação afirma que a Abin teria realizado atos ilegais de espionagem, inspecionando a localização de ministros, políticos, jornalistas e advogados.

Isso era feito através de um programa chamado FirstMile, feito pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e comprado pelo governo brasileiro em 2018. A ferramenta detecta os sinais de 2G, 3G e 4G trocados entre celulares e torres de telecomunicações para fornecer a localização exata dos aparelhos. Basta, para essa busca, ter o número do telefone.

O deputado Alexandre Ramagem (esq.) foi diretor da Abin na época dos monitoramentos. Ele é amigo pessoal e emprega membros antigos do gabinete do ódio do vereador Carlos Bolsonaro (dir.) Foto: Reprodução/X/@CarlosBolsonaro

Nos 1.800 monitoramentos que foram inicialmente encontrados pela PF, havia um homônimo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o que reforça o indício de que ele foi um dos alvos dessa operação de espionagem. As demais pessoas da lista estão sob o sigilo das investigações.

Durante a gestão Bolsonaro, a Abin foi comandada pelo seu correligionário Alexandre Ramagem (PL-RJ), que era delegado da PF e hoje é deputado federal. Ele fez a segurança do ex-presidente depois do atentado em Juiz de Fora, em 2018, e caiu nas graças do clã Bolsonaro. Prova disso é a proximidade com o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), que se interessava pelo funcionamento da inteligência do governo do pai.

Paulo Maurício Fortunato Pinto, o nº 3 da Abin, foi exonerado do cargo dia 24 de outubro Foto: BETO BARATA/AE

Além do vínculo de amizade, o Estadão revelou que Ramagem emprega, no seu gabinete de deputado federal, uma empresa de comunicação comandada por dois ex-integrantes do “gabinete do ódio”, uma rede de comunicação violenta e ancorada no disparo de fake news. O “gabinete” era encabeçado por Carlos, o “02″ do ex-presidente.

As investigações da PF sobre a espionagem ilegal feita pela Abin colocam Ramagem e os Bolsonaro na mira. Isso porque, além de uma eventual responsabilidade vinda da gestão, em vários momentos o ex-presidente mencionou que possuía uma “Abin paralela”, que lhe fornecia informações “confiáveis”. Bolsonaro tentou colocar Ramagem na chefia da Polícia Federal, mas foi impedido pela Justiça.

Presos e afastados

No dia da operação, 20 de outubro, dois servidores da Abin foram presos: Eduardo Arthur Izycki e Rodrigo Colli. Eles são suspeitos de estarem diretamente envolvidos com os mais de 30 mil monitoramentos ilegais.

Eduardo Izycki é um dos servidores presos e demitidos da Abin Foto: Reprodução/TV Câmara

Na noite desse mesmo dia, a Casa Civil - pasta à qual a Abin passou a ser subordinada no governo Lula, deixando o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) - anunciou a demissão dos dois.

A causa, no entanto, foi outra: eles respondiam a um processo administrativo disciplinar por apresentarem-se como donos de uma empresa privada em um pregão do Comando do Exército, o que é vedado para servidores públicos.

Dólares apreendidos pela PF na casa do ex-secretário Paulo Mauricio Fortunato Pinto Foto: Divulgação/Polícia Federal

Além dos dois, o secretário de Planejamento e Gestão, Paulo Mauricio Fortunato Pinto, foi exonerado do cargo no último dia 24. Ele era o número “03″ da Abin. Na operação do dia 20 de outubro, a PF apreendeu US$ 171,8 mil em espécie na casa dele. Dois diretores, cuja identidade não foi revelada, foram dispensados das funções.

Conflito de narrativas

A operação FisrtMile e as investigações conduzidas pela PF antagonizam a sua versão e a da Abin. A Agência divulgou uma nota no último dia 20 afirmando que já possuía procedimentos administrativos internos para investigar as mesmas questões visadas pela PF, e que vinha municiando tanto a corporação quanto o Supremo Tribunal Federal com os resultados das usas diligências.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou a operação FirstMile, da PF, no dia 20 de outubro Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

É como se a PF, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, tivesse “atravessado” a Abin. Desde que o governo Lula assumiu a gestão, tem trabalhado para desmilitarizar as estruturas de governo. A mudança da pasta da Abin é um desses gestos.

A Polícia Federal resgatou 30 mil monitoramentos ilegais feitos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Esses registros haviam sido apagados e havia apenas 1.800 ainda disponíveis. O órgão foi alvo da operação Última Milha no dia 20 de outubro. Além de ter o prédio vasculhado, dois servidores da Abin foram presos e outros tiveram seus endereços como alvo de buscas e apreensões.

Esses 30 mil registros de monitoramentos ilegais haviam sido apagados  Foto: WILTON JUNIOR

A informação dos monitoramentos recuperados é do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo. A estimativa é de que os peritos da PF levem cerca de um mês para analisar todos esses monitoramentos. A corporação afirma que a Abin teria realizado atos ilegais de espionagem, inspecionando a localização de ministros, políticos, jornalistas e advogados.

Isso era feito através de um programa chamado FirstMile, feito pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e comprado pelo governo brasileiro em 2018. A ferramenta detecta os sinais de 2G, 3G e 4G trocados entre celulares e torres de telecomunicações para fornecer a localização exata dos aparelhos. Basta, para essa busca, ter o número do telefone.

O deputado Alexandre Ramagem (esq.) foi diretor da Abin na época dos monitoramentos. Ele é amigo pessoal e emprega membros antigos do gabinete do ódio do vereador Carlos Bolsonaro (dir.) Foto: Reprodução/X/@CarlosBolsonaro

Nos 1.800 monitoramentos que foram inicialmente encontrados pela PF, havia um homônimo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o que reforça o indício de que ele foi um dos alvos dessa operação de espionagem. As demais pessoas da lista estão sob o sigilo das investigações.

Durante a gestão Bolsonaro, a Abin foi comandada pelo seu correligionário Alexandre Ramagem (PL-RJ), que era delegado da PF e hoje é deputado federal. Ele fez a segurança do ex-presidente depois do atentado em Juiz de Fora, em 2018, e caiu nas graças do clã Bolsonaro. Prova disso é a proximidade com o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), que se interessava pelo funcionamento da inteligência do governo do pai.

Paulo Maurício Fortunato Pinto, o nº 3 da Abin, foi exonerado do cargo dia 24 de outubro Foto: BETO BARATA/AE

Além do vínculo de amizade, o Estadão revelou que Ramagem emprega, no seu gabinete de deputado federal, uma empresa de comunicação comandada por dois ex-integrantes do “gabinete do ódio”, uma rede de comunicação violenta e ancorada no disparo de fake news. O “gabinete” era encabeçado por Carlos, o “02″ do ex-presidente.

As investigações da PF sobre a espionagem ilegal feita pela Abin colocam Ramagem e os Bolsonaro na mira. Isso porque, além de uma eventual responsabilidade vinda da gestão, em vários momentos o ex-presidente mencionou que possuía uma “Abin paralela”, que lhe fornecia informações “confiáveis”. Bolsonaro tentou colocar Ramagem na chefia da Polícia Federal, mas foi impedido pela Justiça.

Presos e afastados

No dia da operação, 20 de outubro, dois servidores da Abin foram presos: Eduardo Arthur Izycki e Rodrigo Colli. Eles são suspeitos de estarem diretamente envolvidos com os mais de 30 mil monitoramentos ilegais.

Eduardo Izycki é um dos servidores presos e demitidos da Abin Foto: Reprodução/TV Câmara

Na noite desse mesmo dia, a Casa Civil - pasta à qual a Abin passou a ser subordinada no governo Lula, deixando o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) - anunciou a demissão dos dois.

A causa, no entanto, foi outra: eles respondiam a um processo administrativo disciplinar por apresentarem-se como donos de uma empresa privada em um pregão do Comando do Exército, o que é vedado para servidores públicos.

Dólares apreendidos pela PF na casa do ex-secretário Paulo Mauricio Fortunato Pinto Foto: Divulgação/Polícia Federal

Além dos dois, o secretário de Planejamento e Gestão, Paulo Mauricio Fortunato Pinto, foi exonerado do cargo no último dia 24. Ele era o número “03″ da Abin. Na operação do dia 20 de outubro, a PF apreendeu US$ 171,8 mil em espécie na casa dele. Dois diretores, cuja identidade não foi revelada, foram dispensados das funções.

Conflito de narrativas

A operação FisrtMile e as investigações conduzidas pela PF antagonizam a sua versão e a da Abin. A Agência divulgou uma nota no último dia 20 afirmando que já possuía procedimentos administrativos internos para investigar as mesmas questões visadas pela PF, e que vinha municiando tanto a corporação quanto o Supremo Tribunal Federal com os resultados das usas diligências.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou a operação FirstMile, da PF, no dia 20 de outubro Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

É como se a PF, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, tivesse “atravessado” a Abin. Desde que o governo Lula assumiu a gestão, tem trabalhado para desmilitarizar as estruturas de governo. A mudança da pasta da Abin é um desses gestos.

A Polícia Federal resgatou 30 mil monitoramentos ilegais feitos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Esses registros haviam sido apagados e havia apenas 1.800 ainda disponíveis. O órgão foi alvo da operação Última Milha no dia 20 de outubro. Além de ter o prédio vasculhado, dois servidores da Abin foram presos e outros tiveram seus endereços como alvo de buscas e apreensões.

Esses 30 mil registros de monitoramentos ilegais haviam sido apagados  Foto: WILTON JUNIOR

A informação dos monitoramentos recuperados é do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo. A estimativa é de que os peritos da PF levem cerca de um mês para analisar todos esses monitoramentos. A corporação afirma que a Abin teria realizado atos ilegais de espionagem, inspecionando a localização de ministros, políticos, jornalistas e advogados.

Isso era feito através de um programa chamado FirstMile, feito pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e comprado pelo governo brasileiro em 2018. A ferramenta detecta os sinais de 2G, 3G e 4G trocados entre celulares e torres de telecomunicações para fornecer a localização exata dos aparelhos. Basta, para essa busca, ter o número do telefone.

O deputado Alexandre Ramagem (esq.) foi diretor da Abin na época dos monitoramentos. Ele é amigo pessoal e emprega membros antigos do gabinete do ódio do vereador Carlos Bolsonaro (dir.) Foto: Reprodução/X/@CarlosBolsonaro

Nos 1.800 monitoramentos que foram inicialmente encontrados pela PF, havia um homônimo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o que reforça o indício de que ele foi um dos alvos dessa operação de espionagem. As demais pessoas da lista estão sob o sigilo das investigações.

Durante a gestão Bolsonaro, a Abin foi comandada pelo seu correligionário Alexandre Ramagem (PL-RJ), que era delegado da PF e hoje é deputado federal. Ele fez a segurança do ex-presidente depois do atentado em Juiz de Fora, em 2018, e caiu nas graças do clã Bolsonaro. Prova disso é a proximidade com o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), que se interessava pelo funcionamento da inteligência do governo do pai.

Paulo Maurício Fortunato Pinto, o nº 3 da Abin, foi exonerado do cargo dia 24 de outubro Foto: BETO BARATA/AE

Além do vínculo de amizade, o Estadão revelou que Ramagem emprega, no seu gabinete de deputado federal, uma empresa de comunicação comandada por dois ex-integrantes do “gabinete do ódio”, uma rede de comunicação violenta e ancorada no disparo de fake news. O “gabinete” era encabeçado por Carlos, o “02″ do ex-presidente.

As investigações da PF sobre a espionagem ilegal feita pela Abin colocam Ramagem e os Bolsonaro na mira. Isso porque, além de uma eventual responsabilidade vinda da gestão, em vários momentos o ex-presidente mencionou que possuía uma “Abin paralela”, que lhe fornecia informações “confiáveis”. Bolsonaro tentou colocar Ramagem na chefia da Polícia Federal, mas foi impedido pela Justiça.

Presos e afastados

No dia da operação, 20 de outubro, dois servidores da Abin foram presos: Eduardo Arthur Izycki e Rodrigo Colli. Eles são suspeitos de estarem diretamente envolvidos com os mais de 30 mil monitoramentos ilegais.

Eduardo Izycki é um dos servidores presos e demitidos da Abin Foto: Reprodução/TV Câmara

Na noite desse mesmo dia, a Casa Civil - pasta à qual a Abin passou a ser subordinada no governo Lula, deixando o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) - anunciou a demissão dos dois.

A causa, no entanto, foi outra: eles respondiam a um processo administrativo disciplinar por apresentarem-se como donos de uma empresa privada em um pregão do Comando do Exército, o que é vedado para servidores públicos.

Dólares apreendidos pela PF na casa do ex-secretário Paulo Mauricio Fortunato Pinto Foto: Divulgação/Polícia Federal

Além dos dois, o secretário de Planejamento e Gestão, Paulo Mauricio Fortunato Pinto, foi exonerado do cargo no último dia 24. Ele era o número “03″ da Abin. Na operação do dia 20 de outubro, a PF apreendeu US$ 171,8 mil em espécie na casa dele. Dois diretores, cuja identidade não foi revelada, foram dispensados das funções.

Conflito de narrativas

A operação FisrtMile e as investigações conduzidas pela PF antagonizam a sua versão e a da Abin. A Agência divulgou uma nota no último dia 20 afirmando que já possuía procedimentos administrativos internos para investigar as mesmas questões visadas pela PF, e que vinha municiando tanto a corporação quanto o Supremo Tribunal Federal com os resultados das usas diligências.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou a operação FirstMile, da PF, no dia 20 de outubro Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

É como se a PF, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, tivesse “atravessado” a Abin. Desde que o governo Lula assumiu a gestão, tem trabalhado para desmilitarizar as estruturas de governo. A mudança da pasta da Abin é um desses gestos.

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