Por Mário Scheffer

Nísia Trindade vai pisar em terreno minado à frente do Ministério da Saúde


O alto padrão de servidores públicos com liberdade de ação na liderança dos sistemas de saúde é questão política fundamental, prioridade dos governos no mundo inteiro; Nísia, que se destacou à frente da Fiocruz, será a primeira mulher a comandar o Ministério da Saúde

Por Mário Scheffer

Depois da vacina que salvou vidas até então desprezadas por Bolsonaro, a escolha da sanitarista e pesquisadora Nísia Trindade para ministra da Saúde é uma das melhores notícias no Brasil pós-pandemia.

A habilidade de gestão e o amplo conhecimento em saúde pública a distanciam, já na largada, dos quatro últimos ministros que desmandaram na saúde federal, hoje terra arrasada.

Nas democracias do mundo inteiro, o alto padrão de servidores públicos com liberdade de ação na liderança dos sistemas de saúde é questão política fundamental, prioridade dos governos.

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O compasso de espera até o anuncio do nome pelo presidente Lula mostrou que esse intento no Brasil passa por beija-mão que voltará a atormentar a nova ministra.

Embora Nísia não fosse a preferida de alas do PT e de entidades que sonhavam com um ministério só para si, o fogo amigo não deve por ora alvejá-la. Até porque parte da mágoa de quem fez parte do grupo de transição pode ser acomodada em cargos, projetos, atividades de consultoria e eventos de cortesia.

Lula anunciou Nísia Trindade como nova ministra da Saúde nesta quinta-feira, 22, em Brasília. Foto: AP/Eraldo Peres
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Expectativas de clientes Vips que sugeriram para o posto seus médicos famosos também podem ser ajeitadas.

Mais difícil será lidar com Lira e Centrão que tiveram seu poder de barganha no atacado agora enfraquecido pelo STF. Sem orçamento secreto, voltarão a comer pelas beiradas na Fundação Nacional de Saúde (Funasa), na logística de distribuição de insumos e vacinas, nos hospitais federais do Rio de Janeiro, só para citar exemplos do varejão cobiçado do Ministério da Saúde.

Pressões para cargos da ANS e da Anvisa logo também vão surgir. Antes disso, diretores bolsonaristas ou indicados pelo Centrão, ainda em mandatos, farão passar nas agências pautas anti-SUS, da liberação do comércio de exames e consultas médicas em drogarias até a diminuição dos procedimentos cobertos por planos de saúde.

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O setor privado que não atende o SUS, que já movimenta mais de 60% de todos os recursos da saúde no Brasil, nem sempre precisa indicar o ministro para se manter no poder. Nisia negociou a produção nacional da vacina AstraZeneca em meio ao fogo cruzado do negacionismo. Tem credenciais para viabilizar políticas públicas de saúde, mas vai o tempo todo pisar em terreno minado.

Depois da vacina que salvou vidas até então desprezadas por Bolsonaro, a escolha da sanitarista e pesquisadora Nísia Trindade para ministra da Saúde é uma das melhores notícias no Brasil pós-pandemia.

A habilidade de gestão e o amplo conhecimento em saúde pública a distanciam, já na largada, dos quatro últimos ministros que desmandaram na saúde federal, hoje terra arrasada.

Nas democracias do mundo inteiro, o alto padrão de servidores públicos com liberdade de ação na liderança dos sistemas de saúde é questão política fundamental, prioridade dos governos.

O compasso de espera até o anuncio do nome pelo presidente Lula mostrou que esse intento no Brasil passa por beija-mão que voltará a atormentar a nova ministra.

Embora Nísia não fosse a preferida de alas do PT e de entidades que sonhavam com um ministério só para si, o fogo amigo não deve por ora alvejá-la. Até porque parte da mágoa de quem fez parte do grupo de transição pode ser acomodada em cargos, projetos, atividades de consultoria e eventos de cortesia.

Lula anunciou Nísia Trindade como nova ministra da Saúde nesta quinta-feira, 22, em Brasília. Foto: AP/Eraldo Peres

Expectativas de clientes Vips que sugeriram para o posto seus médicos famosos também podem ser ajeitadas.

Mais difícil será lidar com Lira e Centrão que tiveram seu poder de barganha no atacado agora enfraquecido pelo STF. Sem orçamento secreto, voltarão a comer pelas beiradas na Fundação Nacional de Saúde (Funasa), na logística de distribuição de insumos e vacinas, nos hospitais federais do Rio de Janeiro, só para citar exemplos do varejão cobiçado do Ministério da Saúde.

Pressões para cargos da ANS e da Anvisa logo também vão surgir. Antes disso, diretores bolsonaristas ou indicados pelo Centrão, ainda em mandatos, farão passar nas agências pautas anti-SUS, da liberação do comércio de exames e consultas médicas em drogarias até a diminuição dos procedimentos cobertos por planos de saúde.

O setor privado que não atende o SUS, que já movimenta mais de 60% de todos os recursos da saúde no Brasil, nem sempre precisa indicar o ministro para se manter no poder. Nisia negociou a produção nacional da vacina AstraZeneca em meio ao fogo cruzado do negacionismo. Tem credenciais para viabilizar políticas públicas de saúde, mas vai o tempo todo pisar em terreno minado.

Depois da vacina que salvou vidas até então desprezadas por Bolsonaro, a escolha da sanitarista e pesquisadora Nísia Trindade para ministra da Saúde é uma das melhores notícias no Brasil pós-pandemia.

A habilidade de gestão e o amplo conhecimento em saúde pública a distanciam, já na largada, dos quatro últimos ministros que desmandaram na saúde federal, hoje terra arrasada.

Nas democracias do mundo inteiro, o alto padrão de servidores públicos com liberdade de ação na liderança dos sistemas de saúde é questão política fundamental, prioridade dos governos.

O compasso de espera até o anuncio do nome pelo presidente Lula mostrou que esse intento no Brasil passa por beija-mão que voltará a atormentar a nova ministra.

Embora Nísia não fosse a preferida de alas do PT e de entidades que sonhavam com um ministério só para si, o fogo amigo não deve por ora alvejá-la. Até porque parte da mágoa de quem fez parte do grupo de transição pode ser acomodada em cargos, projetos, atividades de consultoria e eventos de cortesia.

Lula anunciou Nísia Trindade como nova ministra da Saúde nesta quinta-feira, 22, em Brasília. Foto: AP/Eraldo Peres

Expectativas de clientes Vips que sugeriram para o posto seus médicos famosos também podem ser ajeitadas.

Mais difícil será lidar com Lira e Centrão que tiveram seu poder de barganha no atacado agora enfraquecido pelo STF. Sem orçamento secreto, voltarão a comer pelas beiradas na Fundação Nacional de Saúde (Funasa), na logística de distribuição de insumos e vacinas, nos hospitais federais do Rio de Janeiro, só para citar exemplos do varejão cobiçado do Ministério da Saúde.

Pressões para cargos da ANS e da Anvisa logo também vão surgir. Antes disso, diretores bolsonaristas ou indicados pelo Centrão, ainda em mandatos, farão passar nas agências pautas anti-SUS, da liberação do comércio de exames e consultas médicas em drogarias até a diminuição dos procedimentos cobertos por planos de saúde.

O setor privado que não atende o SUS, que já movimenta mais de 60% de todos os recursos da saúde no Brasil, nem sempre precisa indicar o ministro para se manter no poder. Nisia negociou a produção nacional da vacina AstraZeneca em meio ao fogo cruzado do negacionismo. Tem credenciais para viabilizar políticas públicas de saúde, mas vai o tempo todo pisar em terreno minado.

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