RIO – A Câmara de Vereadores de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, rejeitou nesta terça-feira, dia 26, as contas do prefeito Wagner Carneiro, o Waguinho (Republicanos), um dos principais aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Estado berço do bolsonarista, e o tornou inelegível por oito anos. A decisão é apenas o primeiro revés político de Waguinho, que enfrenta um processo de impeachment na Casa legislativa.
Dos 25 vereadores do município, apenas os 13 parlamentares de oposição ao atual prefeito participaram da votação nesta terça-feira. Todos seguiram o entendimento do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), que rejeitou, no dia 23 de outubro, por unanimidade, as contas de gestão do prefeito no ano de 2022.
Procurado pelo Estadão, Waguinho ainda não se pronunciou.
De acordo com o tribunal, a gestão de Waguinho não realizou integralmente o pagamento dos valores decorrentes de acordos de parcelamentos ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), o regime de previdência dos servidores do município.
Processo de impeachment pode ser instaurado contra prefeito
O prefeito ainda deve enfrentar nos próximos dias um processo de impeachment na Câmara. Os vereadores aprovaram no início deste mês, no dia 5, a abertura da apuração contra Waguinho. De acordo com os parlamentares, o prefeito teria cometido uma infração político-administrativa causadora de um rombo de R$ 87 milhões no Instituto de Previdência de Belford Roxo.
Para ser retirado do cargo, ao menos 17 vereadores precisam votar a favor do impeachment do prefeito. Caso seja aprovado, Waguinho pode recorrer e processo chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O mandato do prefeito se encerra no fim deste ano. Ele tentou eleger o sobrinho nas eleições municipais deste ano, mas foi derrotado pelo deputado estadual Márcio Canella (União).
Aliado do presidente no Rio de Janeiro
O presidente se aproximou de Waguinho durante a campanha presidencial de 2022. Cortejado pelas campanhas do petista e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), devido à influência que exerce na Baixada Fluminense – região com forte presença evangélica –, Waguinho teve reuniões com os dois candidatos à Presidência antes de decidir que iria apoiar Lula.
O apoio de Waguinho ao petista foi considerado um dos pilares da campanha de Lula no Rio. A aliança gerou benefícios ao prefeito de Belford Roxo após a eleição do presidente. Prestes a completar dois anos na terceira passagem pelo Palácio do Planalto, o chefe do Executivo participou, em setembro deste ano, pela segunda vez no ano, de uma agenda ao lado do prefeito e reafirmou gratidão pelo empenho do político da Baixada Fluminense na disputa presidencial.
Em outra sinalização de gratidão ao apoio recebido na Baixada Fluminense, Lula nomeou a mulher de Waguinho, a deputada federal Daniela Carneiro (União) como ministra do Turismo. O compromisso firmado com a parlamentar, no entanto, não foi duradouro. Cerca de sete meses após a nomeação, o presidente recuou e decidiu exonerar a ministra para acomodar os interesses do União Brasil.
Daniela era tratada como uma escolha pessoal de Lula. Como a deputada recorreu à Justiça Eleitoral para deixar o União Brasil, o partido pressionou o Planalto para trocá-la por Celso Sabino.