BRASÍLIA - O prefeito reeleito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), considera que a influência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Jair Bolsonaro, que o apoiou, não foi o fator decisivo para o resultado no município. No segundo turno, o prefeito venceu, com 61% dos votos válidos, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).
Em que pese tenha sido formalmente endossado pelo ex-presidente, ele avalia que o pleito foi definido pelo debate sobre temas da gestão da cidade, principalmente as ações para contornar as fortes chuvas que castigaram Porto Alegre e o restante do Rio Grande do Sul em abril.
“Eu posso dizer que, nas pesquisas, que são um dos elementos que uso para tomar decisão todos os dias, a influência do Lula e do Bolsonaro para a eleição no meu município não foi uma coisa decisiva.”
O prefeito, no entanto, avalia ser difícil prever como chegarão Lula e Bolsonaro em 2026 em termos de sua influência sobre o eleitorado. Para ele, isso vai depender se o petista será, de fato, candidato à reeleição e se Bolsonaro conseguirá reverter a condenação que o tornou inelegível.
Melo repetiu a estratégia adotada em 2020, quando se elegeu para o cargo pela primeira vez: firmou apoio com o PL, que indicou sua vice, a tenente coronel do Exército Betina Worm, mas evitou temas nacionais e a agenda de costumes, cara ao eleitorado de direita. Ele diz que essa postura é parte de uma concertação com o próprio partido de Bolsonaro.
“Eu conversei muito com o PL estadual e o municipal que eu gostaria manter o tom de uma campanha municipalista, não polarizar e levar teses nacionais sem enfrentar os temas da cidade. Isso foi compreendido.”
O prefeito prega uma formação de secretarias que contemple todos os 11 partidos que o apoiaram no segundo turno,desde que ofereçam figuras com capacidade técnica. O PL vai ter gente do governo? Vai. O MDB vai ter gente no governo? Vai. Agora, se tiver uma determinada área em que nenhum partido ofertar um quadro que tenha qualidade de gestão, eu vou dizer: ‘me desculpe, não posso contemplar os partidos se não apresentarem quadros bons”, diz.
As enchentes ocorridas em abril durante as fortes chuvas que castigaram o Rio Grande do Sul foram um dos principais temas da campanha. Mais de 13 mil moradores de Porto Alegre ficaram desabrigados.
Maria do Rosário tentou, em peças de campanha e nos debates, responsabilizar a administração municipal pelas cheias. O prefeito disse se tratar de efeitos de eventos meteorológicos atípicos e defendeu a realização de novas obras de drenagem para evitar novos desastres.
“Uma tragédia nos traz dores, perdas, mas também nos traz uma oportunidade de fazer diferente. O sistema (de drenagem) concebido na década de 1960 e que nunca foi modificado se mostrou insuficiente para o volume de chuva que chegou. Tem que ter uma governança estadual com o governo federal e limpar o Rio Guaíba, que está com uma tonelada de sujeira.”
Ele também defende que as gestões do Executivo deem prioridade à pauta ambiental.
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