Prefeituras do AM em emergência por secas gastaram R$ 2,7 milhões com cachês de estrelas do piseiro


Estrelas do ‘piseiro’ como Zé Vaqueiro e Xand Avião estão entre os contratados. Governo federal gastará R$ 627 milhões para remediar efeitos da seca, a pior dos últimos 100 anos; prefeituras não comentaram os gastos

Por André Shalders
Atualização:

BRASÍLIA – Mesmo atingidas pela seca mais severa dos últimos 100 anos, prefeituras do Estado do Amazonas desembolsaram ao menos R$ 2,77 milhões nas últimas semanas para pagar cachês de estrelas do ‘piseiro’ e do forró.

O piseiro – um subgênero de forró surgido na Bahia – é o estilo preferido dos prefeitos amazonenses. Zé Vaqueiro, Xand Avião e João Gomes estão entre os mais bem pagos. O primeiro, dono do hit “Volta Comigo BB”, faturou quase R$ 1 milhão tocando em eventos das cidades de Tabatinga e Manacapuru. Já Xand e João Gomes receberam R$ 500 mil cada da cidade de Itacoatiara para tocar na ExpoFest 2023, um dos principais eventos do calendário local.

A reportagem do Estadão procurou as prefeituras, mas não houve resposta. O espaço continua aberto. A princípio não há ilegalidade na contratação dos shows, mas os gastos ocorrem num momento em que as cidades precisam de recursos para combater os efeitos da seca.

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As contratações dos artistas foram publicadas no Diário Oficial dos municípios Foto: Diário Oficial dos municípios/Reprodução

Todos os shows foram contratados sem licitação. Os extratos dos contratos foram consultados pela reportagem do Estadão no Diário Oficial dos municípios.

Os shows foram contratados pelas prefeituras de Tabatinga, Novo Aripuanã, Itacoatiara, Manacapuru e Nova Olinda do Norte. Todas estão em situação de emergência desde setembro, segundo a Defesa Civil do Amazonas. A festança ocorre ao mesmo tempo em que a União concordou em gastar R$ 627 milhões para remediar os efeitos da seca. Ao menos duas das prefeituras que contrataram os shows já têm dinheiro federal empenhado (isto é, reservados para pagamento), para ações de defesa civil, no valor de R$ 1,9 milhão.

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Em Novo Aripuanã, município de 26 mil habitantes às margens do Rio Amazonas, a situação de emergência foi reconhecida pelo governo Federal por meio de decreto no dia 02 de outubro deste ano. Pouco depois, em 20 de outubro, a União empenhou a quantia de R$ 531,05 mil para “ações de proteção e defesa civil” em benefício da prefeitura local, comandada por Jocione Souza, do PSDB. No fim de agosto, porém, a cidade realizava a edição de 2023 do Festlendas. Foram contratados os artistas George Japa (por R$ 47 mil) e Israel Novaes (por R$ 238,6 mil).

Assim como em Novo Apurianã, a situação de emergência também já foi reconhecida pelo governo federal em Tabatinga e Nova Olinda do Norte. No caso desta última cidade, não foi possível descobrir quanto foi investido nos shows do Festival Folclórico de 2023, no começo de setembro. No dia 19 de outubro, no entanto, a União empenhou R$ 1.374.360,43 em favor da prefeitura, comandada por Adenilson Reis (MDB), também para ações de defesa civil.

Outra cidade amazonense, Apuí, gastou R$ 250 mil com o cachê do cantor Mano Walter. Ele se apresentou na 34ª Expoap, o evento agropecuário local, no fim de agosto. Embora tenha sido atingida pela seca, Apuí não vive uma situação de emergência – o quadro local é considerado de normalidade pela Defesa Civil.

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Seca já atinge 608 mil amazonenses

Segundo o último boletim da Defesa Civil amazonense, atualizado nesta terça-feira, 24, são ao menos 608 mil pessoas atingidas pela seca no Estado – a pior dos últimos 100 anos, pelo menos. Dos municípios amazonenses, apenas três não estão em situação de emergência, segundo a Defesa Civil. Na maioria deles, o estado de emergência foi decretado pelo governo estadual ainda em setembro.

Em vários dos municípios, os rios atingiram a cota mínima histórica – no contexto amazônico, isto significa que há dificuldades para transporte de pessoas e acesso a mercadorias. Na capital, Manaus, a estiagem já é a pior registrada em 121 anos. O rio Negro está com o menor volume de água desde 1902, quando as medições começaram a ser registradas.

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Na semana passada, o governo federal anunciou ações que somam R$ 628 milhões para combater os efeitos da estiagem no Estado. As ações foram detalhadas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), após reunião com o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil) e vários ministros de Estado, entre eles Marina Silva (Meio Ambiente) , Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social).

O pacote de recursos inclui R$ 35 milhões para o Corpo de Bombeiros amazonense; cerca de R$ 100 milhões para a dragagem dos rios e R$ 232 milhões do Ministério da Saúde para a rede local. Além disso, o Ministério do Desenvolvimento Social, de Wellington Dias, prometeu liberar cerca de R$ 61 milhões para os municípios atingidos. A União também concordou em antecipar os pagamentos de R$ 100 milhões em emendas parlamentares para o Estado.

BRASÍLIA – Mesmo atingidas pela seca mais severa dos últimos 100 anos, prefeituras do Estado do Amazonas desembolsaram ao menos R$ 2,77 milhões nas últimas semanas para pagar cachês de estrelas do ‘piseiro’ e do forró.

O piseiro – um subgênero de forró surgido na Bahia – é o estilo preferido dos prefeitos amazonenses. Zé Vaqueiro, Xand Avião e João Gomes estão entre os mais bem pagos. O primeiro, dono do hit “Volta Comigo BB”, faturou quase R$ 1 milhão tocando em eventos das cidades de Tabatinga e Manacapuru. Já Xand e João Gomes receberam R$ 500 mil cada da cidade de Itacoatiara para tocar na ExpoFest 2023, um dos principais eventos do calendário local.

A reportagem do Estadão procurou as prefeituras, mas não houve resposta. O espaço continua aberto. A princípio não há ilegalidade na contratação dos shows, mas os gastos ocorrem num momento em que as cidades precisam de recursos para combater os efeitos da seca.

As contratações dos artistas foram publicadas no Diário Oficial dos municípios Foto: Diário Oficial dos municípios/Reprodução

Todos os shows foram contratados sem licitação. Os extratos dos contratos foram consultados pela reportagem do Estadão no Diário Oficial dos municípios.

Os shows foram contratados pelas prefeituras de Tabatinga, Novo Aripuanã, Itacoatiara, Manacapuru e Nova Olinda do Norte. Todas estão em situação de emergência desde setembro, segundo a Defesa Civil do Amazonas. A festança ocorre ao mesmo tempo em que a União concordou em gastar R$ 627 milhões para remediar os efeitos da seca. Ao menos duas das prefeituras que contrataram os shows já têm dinheiro federal empenhado (isto é, reservados para pagamento), para ações de defesa civil, no valor de R$ 1,9 milhão.

Em Novo Aripuanã, município de 26 mil habitantes às margens do Rio Amazonas, a situação de emergência foi reconhecida pelo governo Federal por meio de decreto no dia 02 de outubro deste ano. Pouco depois, em 20 de outubro, a União empenhou a quantia de R$ 531,05 mil para “ações de proteção e defesa civil” em benefício da prefeitura local, comandada por Jocione Souza, do PSDB. No fim de agosto, porém, a cidade realizava a edição de 2023 do Festlendas. Foram contratados os artistas George Japa (por R$ 47 mil) e Israel Novaes (por R$ 238,6 mil).

Assim como em Novo Apurianã, a situação de emergência também já foi reconhecida pelo governo federal em Tabatinga e Nova Olinda do Norte. No caso desta última cidade, não foi possível descobrir quanto foi investido nos shows do Festival Folclórico de 2023, no começo de setembro. No dia 19 de outubro, no entanto, a União empenhou R$ 1.374.360,43 em favor da prefeitura, comandada por Adenilson Reis (MDB), também para ações de defesa civil.

Outra cidade amazonense, Apuí, gastou R$ 250 mil com o cachê do cantor Mano Walter. Ele se apresentou na 34ª Expoap, o evento agropecuário local, no fim de agosto. Embora tenha sido atingida pela seca, Apuí não vive uma situação de emergência – o quadro local é considerado de normalidade pela Defesa Civil.

Seca já atinge 608 mil amazonenses

Segundo o último boletim da Defesa Civil amazonense, atualizado nesta terça-feira, 24, são ao menos 608 mil pessoas atingidas pela seca no Estado – a pior dos últimos 100 anos, pelo menos. Dos municípios amazonenses, apenas três não estão em situação de emergência, segundo a Defesa Civil. Na maioria deles, o estado de emergência foi decretado pelo governo estadual ainda em setembro.

Em vários dos municípios, os rios atingiram a cota mínima histórica – no contexto amazônico, isto significa que há dificuldades para transporte de pessoas e acesso a mercadorias. Na capital, Manaus, a estiagem já é a pior registrada em 121 anos. O rio Negro está com o menor volume de água desde 1902, quando as medições começaram a ser registradas.

Na semana passada, o governo federal anunciou ações que somam R$ 628 milhões para combater os efeitos da estiagem no Estado. As ações foram detalhadas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), após reunião com o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil) e vários ministros de Estado, entre eles Marina Silva (Meio Ambiente) , Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social).

O pacote de recursos inclui R$ 35 milhões para o Corpo de Bombeiros amazonense; cerca de R$ 100 milhões para a dragagem dos rios e R$ 232 milhões do Ministério da Saúde para a rede local. Além disso, o Ministério do Desenvolvimento Social, de Wellington Dias, prometeu liberar cerca de R$ 61 milhões para os municípios atingidos. A União também concordou em antecipar os pagamentos de R$ 100 milhões em emendas parlamentares para o Estado.

BRASÍLIA – Mesmo atingidas pela seca mais severa dos últimos 100 anos, prefeituras do Estado do Amazonas desembolsaram ao menos R$ 2,77 milhões nas últimas semanas para pagar cachês de estrelas do ‘piseiro’ e do forró.

O piseiro – um subgênero de forró surgido na Bahia – é o estilo preferido dos prefeitos amazonenses. Zé Vaqueiro, Xand Avião e João Gomes estão entre os mais bem pagos. O primeiro, dono do hit “Volta Comigo BB”, faturou quase R$ 1 milhão tocando em eventos das cidades de Tabatinga e Manacapuru. Já Xand e João Gomes receberam R$ 500 mil cada da cidade de Itacoatiara para tocar na ExpoFest 2023, um dos principais eventos do calendário local.

A reportagem do Estadão procurou as prefeituras, mas não houve resposta. O espaço continua aberto. A princípio não há ilegalidade na contratação dos shows, mas os gastos ocorrem num momento em que as cidades precisam de recursos para combater os efeitos da seca.

As contratações dos artistas foram publicadas no Diário Oficial dos municípios Foto: Diário Oficial dos municípios/Reprodução

Todos os shows foram contratados sem licitação. Os extratos dos contratos foram consultados pela reportagem do Estadão no Diário Oficial dos municípios.

Os shows foram contratados pelas prefeituras de Tabatinga, Novo Aripuanã, Itacoatiara, Manacapuru e Nova Olinda do Norte. Todas estão em situação de emergência desde setembro, segundo a Defesa Civil do Amazonas. A festança ocorre ao mesmo tempo em que a União concordou em gastar R$ 627 milhões para remediar os efeitos da seca. Ao menos duas das prefeituras que contrataram os shows já têm dinheiro federal empenhado (isto é, reservados para pagamento), para ações de defesa civil, no valor de R$ 1,9 milhão.

Em Novo Aripuanã, município de 26 mil habitantes às margens do Rio Amazonas, a situação de emergência foi reconhecida pelo governo Federal por meio de decreto no dia 02 de outubro deste ano. Pouco depois, em 20 de outubro, a União empenhou a quantia de R$ 531,05 mil para “ações de proteção e defesa civil” em benefício da prefeitura local, comandada por Jocione Souza, do PSDB. No fim de agosto, porém, a cidade realizava a edição de 2023 do Festlendas. Foram contratados os artistas George Japa (por R$ 47 mil) e Israel Novaes (por R$ 238,6 mil).

Assim como em Novo Apurianã, a situação de emergência também já foi reconhecida pelo governo federal em Tabatinga e Nova Olinda do Norte. No caso desta última cidade, não foi possível descobrir quanto foi investido nos shows do Festival Folclórico de 2023, no começo de setembro. No dia 19 de outubro, no entanto, a União empenhou R$ 1.374.360,43 em favor da prefeitura, comandada por Adenilson Reis (MDB), também para ações de defesa civil.

Outra cidade amazonense, Apuí, gastou R$ 250 mil com o cachê do cantor Mano Walter. Ele se apresentou na 34ª Expoap, o evento agropecuário local, no fim de agosto. Embora tenha sido atingida pela seca, Apuí não vive uma situação de emergência – o quadro local é considerado de normalidade pela Defesa Civil.

Seca já atinge 608 mil amazonenses

Segundo o último boletim da Defesa Civil amazonense, atualizado nesta terça-feira, 24, são ao menos 608 mil pessoas atingidas pela seca no Estado – a pior dos últimos 100 anos, pelo menos. Dos municípios amazonenses, apenas três não estão em situação de emergência, segundo a Defesa Civil. Na maioria deles, o estado de emergência foi decretado pelo governo estadual ainda em setembro.

Em vários dos municípios, os rios atingiram a cota mínima histórica – no contexto amazônico, isto significa que há dificuldades para transporte de pessoas e acesso a mercadorias. Na capital, Manaus, a estiagem já é a pior registrada em 121 anos. O rio Negro está com o menor volume de água desde 1902, quando as medições começaram a ser registradas.

Na semana passada, o governo federal anunciou ações que somam R$ 628 milhões para combater os efeitos da estiagem no Estado. As ações foram detalhadas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), após reunião com o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil) e vários ministros de Estado, entre eles Marina Silva (Meio Ambiente) , Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social).

O pacote de recursos inclui R$ 35 milhões para o Corpo de Bombeiros amazonense; cerca de R$ 100 milhões para a dragagem dos rios e R$ 232 milhões do Ministério da Saúde para a rede local. Além disso, o Ministério do Desenvolvimento Social, de Wellington Dias, prometeu liberar cerca de R$ 61 milhões para os municípios atingidos. A União também concordou em antecipar os pagamentos de R$ 100 milhões em emendas parlamentares para o Estado.

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