Número de militares em cargos civis no Executivo triplica em menos de 10 anos


Segundo estudo do Ipea, presença de representantes das Forças Armadas na administração federal saltou de 370 em 2013 para 1.085 em 2021; na gestão Bolsonaro aumento foi de 70%

Por Vinícius Valfré
Atualização:

BRASÍLIA – A presença de militares ocupando cargos civis no governo federal praticamente triplicou desde 2013. Os representantes das Forças Armadas estavam em 370 postos há nove anos, e passaram a ocupar 1.085 no ano passado, o que representa um aumento de 193%. Os dados são de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e revelam, ainda, que a gestão de Jair Bolsonaro distribuiu uma quantidade significativa de cargos para oficiais justamente em ministérios estratégicos, como Saúde, Economia e Meio Ambiente – áreas em que é alvo de críticas.

Desde o começo do atual governo, o presidente vem ampliando o espaço de militares na cúpula do Executivo. Durante a pandemia, recorreu ao general Eduardo Pazuello para assumir a Saúde. No Palácio do Planalto também se cercou de oficiais-generais. O Estadão mostrou no domingo passado que as Forças Armadas tiveram o maior ganho salarial entre os servidores federais nos últimos dez anos.

Encontro do presidente Jair Bolsonaro com oficiais do Exército no Palácio do Planalto em novembro de 2020. Foto: Marcos Correa/PR
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Segundo o Ipea, a maior ocupação de militares aparece nos cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS) e Função Comissionada do Poder Executivo (FCPE). Os titulares desses postos gozam de poder e prestígio administrativo na burocracia governamental. Entre 2013 e 2018, a presença de militares nessas posições variou de 303 cargos para 381.

Com a chegada de Bolsonaro ao poder, o número praticamente dobrou em 2019, chegando a 623 cargos. Em 2021, eram 742. Nos cargos de “natureza especial”, considerados de primeiro e segundo escalões, a presença de militares passou de 6 para 14.

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O estudo do Ipea também detectou que a presença militar em cargos de confiança alterou a lógica de anos anteriores e passou a se concentrar em escalões mais altos. Entre 2013 e 2021, o porcentual de militares em cargos DAS de 1 a 3, considerados mais baixos, caiu de 65% para 54,5%. Em contrapartida, a ocupação de DAS 5 e 6 por oficiais saltou de 8,9% para 20,5%.

Para o professor titular de Antropologia da UFSCar Piero Leirner – que se dedica ao estudo do contexto militar no Brasil –, os militares promovem, com Bolsonaro, um aparelhamento do Estado. E esse movimento acaba sendo ofuscado pela influência do Centrão. “Há uma militarização da política que não é recomendada em nenhum nível. O resto, isso que se chama de ‘bolsonarismo’ entre militares, é uma ilusão necessária para esse sistema se manter de pé”, afirmou. Na avaliação do especialista, há uma inegável associação entre a atuação dos militares no governo e os resultados obtidos pela atual gestão.

O presidente Jair Bolsonaro participa de ato político ao lado do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, em maio de 2021. Foto: Wilton Junior/Estadão
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Os maiores crescimentos da participação militar são registrados em pastas que cuidam de áreas em que o governo sofre fortes críticas. Conforme os dados do estudo do Ipea, o Ministério da Economia tinha um único militar em 2013. Em 2021 eram 84 em DAS e FCPE. Foi o maior aumento porcentual entre todas as pastas, superior a 8.000%.

Na Saúde, os militares passaram de 7 para 40, uma variação de 471%. Sob Pazuello, no período mais dramático da pandemia de covid-19, ele levou colegas de farda para a pasta.

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Os resultados e as investigações da CPI da Covid, no Senado, fizeram com que a cúpula do Exército precisasse atuar nos bastidores para que Pazuello tentasse descolar sua imagem como ministro das Forças Armadas. A possibilidade de o general comparecer fardado ao depoimento aos senadores foi descartada pelo comando da tropa. Na gestão Pazuello uma nota técnica autorizou o uso de medicamentos sem comprovação científica no tratamento da covid.

O Ministério do Meio Ambiente também recebeu uma grande quantidade de comissionados militares. Em 2014, era 1. No ano passado, o total passou para 21. Houve ainda uma alta de 650% nas funções comissionadas da Educação, com salto de 2 militares para 15. Na Defesa, o crescimento foi de 34%.

BRASÍLIA – A presença de militares ocupando cargos civis no governo federal praticamente triplicou desde 2013. Os representantes das Forças Armadas estavam em 370 postos há nove anos, e passaram a ocupar 1.085 no ano passado, o que representa um aumento de 193%. Os dados são de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e revelam, ainda, que a gestão de Jair Bolsonaro distribuiu uma quantidade significativa de cargos para oficiais justamente em ministérios estratégicos, como Saúde, Economia e Meio Ambiente – áreas em que é alvo de críticas.

Desde o começo do atual governo, o presidente vem ampliando o espaço de militares na cúpula do Executivo. Durante a pandemia, recorreu ao general Eduardo Pazuello para assumir a Saúde. No Palácio do Planalto também se cercou de oficiais-generais. O Estadão mostrou no domingo passado que as Forças Armadas tiveram o maior ganho salarial entre os servidores federais nos últimos dez anos.

Encontro do presidente Jair Bolsonaro com oficiais do Exército no Palácio do Planalto em novembro de 2020. Foto: Marcos Correa/PR

Segundo o Ipea, a maior ocupação de militares aparece nos cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS) e Função Comissionada do Poder Executivo (FCPE). Os titulares desses postos gozam de poder e prestígio administrativo na burocracia governamental. Entre 2013 e 2018, a presença de militares nessas posições variou de 303 cargos para 381.

Com a chegada de Bolsonaro ao poder, o número praticamente dobrou em 2019, chegando a 623 cargos. Em 2021, eram 742. Nos cargos de “natureza especial”, considerados de primeiro e segundo escalões, a presença de militares passou de 6 para 14.

O estudo do Ipea também detectou que a presença militar em cargos de confiança alterou a lógica de anos anteriores e passou a se concentrar em escalões mais altos. Entre 2013 e 2021, o porcentual de militares em cargos DAS de 1 a 3, considerados mais baixos, caiu de 65% para 54,5%. Em contrapartida, a ocupação de DAS 5 e 6 por oficiais saltou de 8,9% para 20,5%.

Para o professor titular de Antropologia da UFSCar Piero Leirner – que se dedica ao estudo do contexto militar no Brasil –, os militares promovem, com Bolsonaro, um aparelhamento do Estado. E esse movimento acaba sendo ofuscado pela influência do Centrão. “Há uma militarização da política que não é recomendada em nenhum nível. O resto, isso que se chama de ‘bolsonarismo’ entre militares, é uma ilusão necessária para esse sistema se manter de pé”, afirmou. Na avaliação do especialista, há uma inegável associação entre a atuação dos militares no governo e os resultados obtidos pela atual gestão.

O presidente Jair Bolsonaro participa de ato político ao lado do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, em maio de 2021. Foto: Wilton Junior/Estadão

Os maiores crescimentos da participação militar são registrados em pastas que cuidam de áreas em que o governo sofre fortes críticas. Conforme os dados do estudo do Ipea, o Ministério da Economia tinha um único militar em 2013. Em 2021 eram 84 em DAS e FCPE. Foi o maior aumento porcentual entre todas as pastas, superior a 8.000%.

Na Saúde, os militares passaram de 7 para 40, uma variação de 471%. Sob Pazuello, no período mais dramático da pandemia de covid-19, ele levou colegas de farda para a pasta.

Os resultados e as investigações da CPI da Covid, no Senado, fizeram com que a cúpula do Exército precisasse atuar nos bastidores para que Pazuello tentasse descolar sua imagem como ministro das Forças Armadas. A possibilidade de o general comparecer fardado ao depoimento aos senadores foi descartada pelo comando da tropa. Na gestão Pazuello uma nota técnica autorizou o uso de medicamentos sem comprovação científica no tratamento da covid.

O Ministério do Meio Ambiente também recebeu uma grande quantidade de comissionados militares. Em 2014, era 1. No ano passado, o total passou para 21. Houve ainda uma alta de 650% nas funções comissionadas da Educação, com salto de 2 militares para 15. Na Defesa, o crescimento foi de 34%.

BRASÍLIA – A presença de militares ocupando cargos civis no governo federal praticamente triplicou desde 2013. Os representantes das Forças Armadas estavam em 370 postos há nove anos, e passaram a ocupar 1.085 no ano passado, o que representa um aumento de 193%. Os dados são de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e revelam, ainda, que a gestão de Jair Bolsonaro distribuiu uma quantidade significativa de cargos para oficiais justamente em ministérios estratégicos, como Saúde, Economia e Meio Ambiente – áreas em que é alvo de críticas.

Desde o começo do atual governo, o presidente vem ampliando o espaço de militares na cúpula do Executivo. Durante a pandemia, recorreu ao general Eduardo Pazuello para assumir a Saúde. No Palácio do Planalto também se cercou de oficiais-generais. O Estadão mostrou no domingo passado que as Forças Armadas tiveram o maior ganho salarial entre os servidores federais nos últimos dez anos.

Encontro do presidente Jair Bolsonaro com oficiais do Exército no Palácio do Planalto em novembro de 2020. Foto: Marcos Correa/PR

Segundo o Ipea, a maior ocupação de militares aparece nos cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS) e Função Comissionada do Poder Executivo (FCPE). Os titulares desses postos gozam de poder e prestígio administrativo na burocracia governamental. Entre 2013 e 2018, a presença de militares nessas posições variou de 303 cargos para 381.

Com a chegada de Bolsonaro ao poder, o número praticamente dobrou em 2019, chegando a 623 cargos. Em 2021, eram 742. Nos cargos de “natureza especial”, considerados de primeiro e segundo escalões, a presença de militares passou de 6 para 14.

O estudo do Ipea também detectou que a presença militar em cargos de confiança alterou a lógica de anos anteriores e passou a se concentrar em escalões mais altos. Entre 2013 e 2021, o porcentual de militares em cargos DAS de 1 a 3, considerados mais baixos, caiu de 65% para 54,5%. Em contrapartida, a ocupação de DAS 5 e 6 por oficiais saltou de 8,9% para 20,5%.

Para o professor titular de Antropologia da UFSCar Piero Leirner – que se dedica ao estudo do contexto militar no Brasil –, os militares promovem, com Bolsonaro, um aparelhamento do Estado. E esse movimento acaba sendo ofuscado pela influência do Centrão. “Há uma militarização da política que não é recomendada em nenhum nível. O resto, isso que se chama de ‘bolsonarismo’ entre militares, é uma ilusão necessária para esse sistema se manter de pé”, afirmou. Na avaliação do especialista, há uma inegável associação entre a atuação dos militares no governo e os resultados obtidos pela atual gestão.

O presidente Jair Bolsonaro participa de ato político ao lado do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, em maio de 2021. Foto: Wilton Junior/Estadão

Os maiores crescimentos da participação militar são registrados em pastas que cuidam de áreas em que o governo sofre fortes críticas. Conforme os dados do estudo do Ipea, o Ministério da Economia tinha um único militar em 2013. Em 2021 eram 84 em DAS e FCPE. Foi o maior aumento porcentual entre todas as pastas, superior a 8.000%.

Na Saúde, os militares passaram de 7 para 40, uma variação de 471%. Sob Pazuello, no período mais dramático da pandemia de covid-19, ele levou colegas de farda para a pasta.

Os resultados e as investigações da CPI da Covid, no Senado, fizeram com que a cúpula do Exército precisasse atuar nos bastidores para que Pazuello tentasse descolar sua imagem como ministro das Forças Armadas. A possibilidade de o general comparecer fardado ao depoimento aos senadores foi descartada pelo comando da tropa. Na gestão Pazuello uma nota técnica autorizou o uso de medicamentos sem comprovação científica no tratamento da covid.

O Ministério do Meio Ambiente também recebeu uma grande quantidade de comissionados militares. Em 2014, era 1. No ano passado, o total passou para 21. Houve ainda uma alta de 650% nas funções comissionadas da Educação, com salto de 2 militares para 15. Na Defesa, o crescimento foi de 34%.

BRASÍLIA – A presença de militares ocupando cargos civis no governo federal praticamente triplicou desde 2013. Os representantes das Forças Armadas estavam em 370 postos há nove anos, e passaram a ocupar 1.085 no ano passado, o que representa um aumento de 193%. Os dados são de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e revelam, ainda, que a gestão de Jair Bolsonaro distribuiu uma quantidade significativa de cargos para oficiais justamente em ministérios estratégicos, como Saúde, Economia e Meio Ambiente – áreas em que é alvo de críticas.

Desde o começo do atual governo, o presidente vem ampliando o espaço de militares na cúpula do Executivo. Durante a pandemia, recorreu ao general Eduardo Pazuello para assumir a Saúde. No Palácio do Planalto também se cercou de oficiais-generais. O Estadão mostrou no domingo passado que as Forças Armadas tiveram o maior ganho salarial entre os servidores federais nos últimos dez anos.

Encontro do presidente Jair Bolsonaro com oficiais do Exército no Palácio do Planalto em novembro de 2020. Foto: Marcos Correa/PR

Segundo o Ipea, a maior ocupação de militares aparece nos cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS) e Função Comissionada do Poder Executivo (FCPE). Os titulares desses postos gozam de poder e prestígio administrativo na burocracia governamental. Entre 2013 e 2018, a presença de militares nessas posições variou de 303 cargos para 381.

Com a chegada de Bolsonaro ao poder, o número praticamente dobrou em 2019, chegando a 623 cargos. Em 2021, eram 742. Nos cargos de “natureza especial”, considerados de primeiro e segundo escalões, a presença de militares passou de 6 para 14.

O estudo do Ipea também detectou que a presença militar em cargos de confiança alterou a lógica de anos anteriores e passou a se concentrar em escalões mais altos. Entre 2013 e 2021, o porcentual de militares em cargos DAS de 1 a 3, considerados mais baixos, caiu de 65% para 54,5%. Em contrapartida, a ocupação de DAS 5 e 6 por oficiais saltou de 8,9% para 20,5%.

Para o professor titular de Antropologia da UFSCar Piero Leirner – que se dedica ao estudo do contexto militar no Brasil –, os militares promovem, com Bolsonaro, um aparelhamento do Estado. E esse movimento acaba sendo ofuscado pela influência do Centrão. “Há uma militarização da política que não é recomendada em nenhum nível. O resto, isso que se chama de ‘bolsonarismo’ entre militares, é uma ilusão necessária para esse sistema se manter de pé”, afirmou. Na avaliação do especialista, há uma inegável associação entre a atuação dos militares no governo e os resultados obtidos pela atual gestão.

O presidente Jair Bolsonaro participa de ato político ao lado do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, em maio de 2021. Foto: Wilton Junior/Estadão

Os maiores crescimentos da participação militar são registrados em pastas que cuidam de áreas em que o governo sofre fortes críticas. Conforme os dados do estudo do Ipea, o Ministério da Economia tinha um único militar em 2013. Em 2021 eram 84 em DAS e FCPE. Foi o maior aumento porcentual entre todas as pastas, superior a 8.000%.

Na Saúde, os militares passaram de 7 para 40, uma variação de 471%. Sob Pazuello, no período mais dramático da pandemia de covid-19, ele levou colegas de farda para a pasta.

Os resultados e as investigações da CPI da Covid, no Senado, fizeram com que a cúpula do Exército precisasse atuar nos bastidores para que Pazuello tentasse descolar sua imagem como ministro das Forças Armadas. A possibilidade de o general comparecer fardado ao depoimento aos senadores foi descartada pelo comando da tropa. Na gestão Pazuello uma nota técnica autorizou o uso de medicamentos sem comprovação científica no tratamento da covid.

O Ministério do Meio Ambiente também recebeu uma grande quantidade de comissionados militares. Em 2014, era 1. No ano passado, o total passou para 21. Houve ainda uma alta de 650% nas funções comissionadas da Educação, com salto de 2 militares para 15. Na Defesa, o crescimento foi de 34%.

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