O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira, 5, que os militares “se apoderaram” do 7 de Setembro em decorrência da ditadura militar. Para o chefe do Executivo, a data deve ser uma celebração para toda a sociedade comemorar a autonomia do País em relação à Coroa portuguesa. A declaração ocorre dois dias antes da data usada por Jair Bolsonaro (PL) como endosso à gestão dele nos últimos anos.
“Todo país do mundo tem na festa da independência uma grande festa. O que aconteceu no Brasil é que, como nós tivemos um regime autoritário (a ditadura militar), a verdade é que os militares se apoderaram do 7 de Setembro. Deixou de ser algo da sociedade como um todo”, disse Lula, durante live semanal “Conversa com o Presidente”, produzida pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
“O que nós estamos querendo fazer agora, com participação do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, é voltar a fazer um 7 de Setembro de todos.”
Para Lula, a celebração será “pacífica”. “Acho que vai ser um 7 de Setembro bom, pacífico, normal. Eu acho que o 7 de Setembro é o dia de a gente comemorar a nossa autonomia diante da Coroa (portuguesa). Esse foi o grande feito. Ou seja, nós somos donos de nós mesmos”, afirmou. O presidente confirmou presença no evento e informou que, logo depois, deve embarcar para a Índia onde participará da reunião do G-20.
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A celebração do Dia da Independência do Brasil está prevista para começar às 9h em Brasília com o slogan “Democracia, soberania e união”. Com uma previsão de duração de duas horas, o evento terá execução do Hino Nacional, passagem das tropas das Forças Armadas, show aéreo da Esquadrilha da Fumaça e desfiles de escolas, bombeiros e bandas. A expectativa de público é de 30 mil pessoas.
A cerimônia deste ano deve contar com a participação de cerca de dois mil militares, que vão desfilar pela Esplanada dos Ministérios e fazer demonstrações aéreas na capital federal. Ao todo, serão 1 mil membros do Exército Brasileiro, 600 da Marinha do Brasil e 400 da Força Aérea Brasileira (FAB) na realização de uma marcha para o público.
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Como mostrou o Estadão, o governo Lula já desembolsou R$ 3 milhões na contratação da empresa responsável pela montagem e organização do desfile do 7 de Setembro. A quantia representa mais que o dobro do gasto pelo ex-presidente em seu primeiro ano de mandato. A vencedora da licitação foi a mesma que realizou o primeiro desfile cívico-militar de Bolsonaro em 2019. Neste ano, ela embolsará R$ 1,8 milhão a mais do que quatro anos atrás.
O governo pretende desvincular a comemoração do 7 de Setembro da imagem de Bolsonaro e quebrar a associação entre símbolos nacionais e o apoio ao ex-presidente. Na gestão passada, o ex-chefe do Executivo convocava aliados a comparecerem ostentando símbolos como camisetas e bandeiras verdes e amarelas. Durante as eleições de 2022, os objetos tinham o rosto e faziam alusões à campanha de reeleição do então presidente.
Confira a programação do 7 de Setembro de 2023
- Abertura: Fanfarra do 1º Regimento da Cavalaria de Guardas e coral dos alunos do Colégio Militar de Brasília executarão o Hino Nacional Brasileiro e o Hino da Independência.
- Início do desfile: Comandante militar do Planalto, general de Divisão Ricardo Piai Carmona, apresentará a tropa ao presidente Lula e pedirá autorização para dar início ao desfile.
- Fogo simbólico da Pátria: Será conduzido pelo medalhista de ouro no boxe nas Olimpíadas de Tóquio-2020, o 3º sargento Hebert Conceição.
- Desfile: Mais de 500 alunos de escolas públicas e projetos sociais do DF passarão pela Esplanada dos Ministérios. Na sequência, cerca de 2.000 militares seguirão com veículos e tropas.
- Show aéreo: Esquadrilha da Fumaça fará apresentação nos céus de Brasília.