Pressionada a apoiar o governo, CUT enfrenta queda de participação


Quando Dilma Rousseff chegou ao Palácio do Planalto, central tinha sob sua guarda 38,2% do total de trabalhadores do País; neste ano, índice é de 33,6%

Por Roldão Arruda
Manifestantes da CUT defendem Dilma e a Petrobrás em 13 de março, em SP Foto: Evelson de Freitas/Estadão

A Central Única dos Trabalhadores (CUT), criada em 1983 com um discurso de contestação à estrutura sindical corporativa da época, enfrenta hoje um processo de perda de representatividade. Isso ocorre justamente num momento em que o PT, partido ao qual está intimamente ligada, passa por sua maior crise política e vem demandando da central mobilizações populares a favor do governo.

Embora mantenha ainda a posição de maior central trabalhista do País, a organização vê sindicatos e trabalhadores migrarem para outras centrais ou passarem a atuar de forma independente. 

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Segundo dados do Ministério do Trabalho, as perdas se agravaram com a ascensão ao poder de Dilma Rousseff. Em 2011, primeiro ano da presidente que sucedeu ao sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, a CUT representava 38,2% do total de trabalhadores registrados na pasta. Neste ano, o número oficial baixou para 33,6%.

Nesse processo de mudança, a informação mais preocupante para os dirigentes da CUT é a perda de sindicatos na área do funcionalismo público – hoje o principal reduto da central que nasceu sob a inspiração das grandes greves de metalúrgicos da região do ABC Paulista, na década de 1980.

A perda mais recente foi a do Centro dos Professores do Rio Grande do Sul, com 81 mil filiados. Há poucos dias, em assembleia, os professores gaúchos decidiram se desvincular da CUT, à qual estavam ligados há 19 anos.

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A explicação mais visível para a redução do espaço da central de coloração petista é o surgimento de outras centrais sindicais. Entre as sete centrais hoje reconhecidas oficialmente, cinco surgiram de 2005 para cá. A mais nova, a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), foi reconhecida no fim de 2014.

“A CUT é a organização que mais sofre com a aparição de outras centrais”, diz Miguel Torres, da Força Sindical. A central que ele dirige, a segunda maior do País, também está perdendo espaço para novas organizações.

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Governismo. O surgimento de novas centrais, porém, não constitui a única explicação para as perdas da CUT. Na avaliação de sindicalistas e estudiosos ouvidos pelo Estado, a central estaria sendo prejudicada também pela sua excessiva identificação com o PT, que governa o País desde 2003. Na prática, isso teria resultado num certo acomodamento e redução da capacidade de combate cutista.

Nos anos em que a economia ia de vento em popa, com os níveis de emprego e de reajustes salariais em alta, a proximidade com o governo era até considerada positiva. Mas, com a mudança do vento e a necessidade de reajustes, que já começaram a ter efeitos sobre os trabalhadores, essa proximidade começou a ser vista como um defeito.

Na opinião do sindicalista Paulo Barela, da direção da Conlutas, central que ainda busca reconhecimento oficial e que disputa espaço com a CUT em várias frentes do funcionalismo público, a crise econômica está tornando mais agudas as contradições de central ligada ao PT.

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“Até a metade do primeiro governo Dilma, o Brasil vivia uma certa estabilidade econômica. A crise externa não batia com força aqui. Agora ela se tornou tão profunda que vem obrigando o governo a tomar medidas impopulares, que atingem desempregados, doentes, viúvas”, diz Barela. “Mas não é só isso. O País também vive uma crise institucional, com a polarização da política e o fortalecimento da direita. Nesse momento, o governo busca apoio nas centrais sindicais próximas. A CUT está sendo obrigada a desembarcar de mala e cuia na defesa do governo.”

Essa é a contradição na qual a CUT está mergulhada. De um lado, procura se alinhar com outras centrais na crítica ao reajuste econômico do governo. De outro, é pressionada a sair às ruas em defesa do mesmo governo, diante dos problemas de governabilidade e das ameaças de impeachment.

Ao lado de movimentos sociais, a central já foi às ruas no dia 13 de março com essa pauta ambígua, que mistura protestos contra o ajuste fiscal, contra medidas antitrabalhistas e a defesa do governo, num contraponto às manifestações que pedem o “Fora Dilma”. Ato semelhante, com apoio da CUT, está programado para amanhã, em todo o País.

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Na terça-feira passada, em evento promovido pela CUT e por movimentos sociais da base de apoio do governo, Lula, fundador da central, defendeu o reajuste – que inclui cortes em benefícios trabalhistas – e cobrou: “Somos militantes políticos, não apenas economicistas”.

Outro problema da central é a redução do número de parlamentares no Congresso ligados a ela. 

Procurado pelo Estado, o presidente da CUT, Vagner Freitas, não quis dar entrevista.

Manifestantes da CUT defendem Dilma e a Petrobrás em 13 de março, em SP Foto: Evelson de Freitas/Estadão

A Central Única dos Trabalhadores (CUT), criada em 1983 com um discurso de contestação à estrutura sindical corporativa da época, enfrenta hoje um processo de perda de representatividade. Isso ocorre justamente num momento em que o PT, partido ao qual está intimamente ligada, passa por sua maior crise política e vem demandando da central mobilizações populares a favor do governo.

Embora mantenha ainda a posição de maior central trabalhista do País, a organização vê sindicatos e trabalhadores migrarem para outras centrais ou passarem a atuar de forma independente. 

Segundo dados do Ministério do Trabalho, as perdas se agravaram com a ascensão ao poder de Dilma Rousseff. Em 2011, primeiro ano da presidente que sucedeu ao sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, a CUT representava 38,2% do total de trabalhadores registrados na pasta. Neste ano, o número oficial baixou para 33,6%.

Nesse processo de mudança, a informação mais preocupante para os dirigentes da CUT é a perda de sindicatos na área do funcionalismo público – hoje o principal reduto da central que nasceu sob a inspiração das grandes greves de metalúrgicos da região do ABC Paulista, na década de 1980.

A perda mais recente foi a do Centro dos Professores do Rio Grande do Sul, com 81 mil filiados. Há poucos dias, em assembleia, os professores gaúchos decidiram se desvincular da CUT, à qual estavam ligados há 19 anos.

A explicação mais visível para a redução do espaço da central de coloração petista é o surgimento de outras centrais sindicais. Entre as sete centrais hoje reconhecidas oficialmente, cinco surgiram de 2005 para cá. A mais nova, a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), foi reconhecida no fim de 2014.

“A CUT é a organização que mais sofre com a aparição de outras centrais”, diz Miguel Torres, da Força Sindical. A central que ele dirige, a segunda maior do País, também está perdendo espaço para novas organizações.

Governismo. O surgimento de novas centrais, porém, não constitui a única explicação para as perdas da CUT. Na avaliação de sindicalistas e estudiosos ouvidos pelo Estado, a central estaria sendo prejudicada também pela sua excessiva identificação com o PT, que governa o País desde 2003. Na prática, isso teria resultado num certo acomodamento e redução da capacidade de combate cutista.

Nos anos em que a economia ia de vento em popa, com os níveis de emprego e de reajustes salariais em alta, a proximidade com o governo era até considerada positiva. Mas, com a mudança do vento e a necessidade de reajustes, que já começaram a ter efeitos sobre os trabalhadores, essa proximidade começou a ser vista como um defeito.

Na opinião do sindicalista Paulo Barela, da direção da Conlutas, central que ainda busca reconhecimento oficial e que disputa espaço com a CUT em várias frentes do funcionalismo público, a crise econômica está tornando mais agudas as contradições de central ligada ao PT.

“Até a metade do primeiro governo Dilma, o Brasil vivia uma certa estabilidade econômica. A crise externa não batia com força aqui. Agora ela se tornou tão profunda que vem obrigando o governo a tomar medidas impopulares, que atingem desempregados, doentes, viúvas”, diz Barela. “Mas não é só isso. O País também vive uma crise institucional, com a polarização da política e o fortalecimento da direita. Nesse momento, o governo busca apoio nas centrais sindicais próximas. A CUT está sendo obrigada a desembarcar de mala e cuia na defesa do governo.”

Essa é a contradição na qual a CUT está mergulhada. De um lado, procura se alinhar com outras centrais na crítica ao reajuste econômico do governo. De outro, é pressionada a sair às ruas em defesa do mesmo governo, diante dos problemas de governabilidade e das ameaças de impeachment.

Ao lado de movimentos sociais, a central já foi às ruas no dia 13 de março com essa pauta ambígua, que mistura protestos contra o ajuste fiscal, contra medidas antitrabalhistas e a defesa do governo, num contraponto às manifestações que pedem o “Fora Dilma”. Ato semelhante, com apoio da CUT, está programado para amanhã, em todo o País.

Na terça-feira passada, em evento promovido pela CUT e por movimentos sociais da base de apoio do governo, Lula, fundador da central, defendeu o reajuste – que inclui cortes em benefícios trabalhistas – e cobrou: “Somos militantes políticos, não apenas economicistas”.

Outro problema da central é a redução do número de parlamentares no Congresso ligados a ela. 

Procurado pelo Estado, o presidente da CUT, Vagner Freitas, não quis dar entrevista.

Manifestantes da CUT defendem Dilma e a Petrobrás em 13 de março, em SP Foto: Evelson de Freitas/Estadão

A Central Única dos Trabalhadores (CUT), criada em 1983 com um discurso de contestação à estrutura sindical corporativa da época, enfrenta hoje um processo de perda de representatividade. Isso ocorre justamente num momento em que o PT, partido ao qual está intimamente ligada, passa por sua maior crise política e vem demandando da central mobilizações populares a favor do governo.

Embora mantenha ainda a posição de maior central trabalhista do País, a organização vê sindicatos e trabalhadores migrarem para outras centrais ou passarem a atuar de forma independente. 

Segundo dados do Ministério do Trabalho, as perdas se agravaram com a ascensão ao poder de Dilma Rousseff. Em 2011, primeiro ano da presidente que sucedeu ao sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, a CUT representava 38,2% do total de trabalhadores registrados na pasta. Neste ano, o número oficial baixou para 33,6%.

Nesse processo de mudança, a informação mais preocupante para os dirigentes da CUT é a perda de sindicatos na área do funcionalismo público – hoje o principal reduto da central que nasceu sob a inspiração das grandes greves de metalúrgicos da região do ABC Paulista, na década de 1980.

A perda mais recente foi a do Centro dos Professores do Rio Grande do Sul, com 81 mil filiados. Há poucos dias, em assembleia, os professores gaúchos decidiram se desvincular da CUT, à qual estavam ligados há 19 anos.

A explicação mais visível para a redução do espaço da central de coloração petista é o surgimento de outras centrais sindicais. Entre as sete centrais hoje reconhecidas oficialmente, cinco surgiram de 2005 para cá. A mais nova, a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), foi reconhecida no fim de 2014.

“A CUT é a organização que mais sofre com a aparição de outras centrais”, diz Miguel Torres, da Força Sindical. A central que ele dirige, a segunda maior do País, também está perdendo espaço para novas organizações.

Governismo. O surgimento de novas centrais, porém, não constitui a única explicação para as perdas da CUT. Na avaliação de sindicalistas e estudiosos ouvidos pelo Estado, a central estaria sendo prejudicada também pela sua excessiva identificação com o PT, que governa o País desde 2003. Na prática, isso teria resultado num certo acomodamento e redução da capacidade de combate cutista.

Nos anos em que a economia ia de vento em popa, com os níveis de emprego e de reajustes salariais em alta, a proximidade com o governo era até considerada positiva. Mas, com a mudança do vento e a necessidade de reajustes, que já começaram a ter efeitos sobre os trabalhadores, essa proximidade começou a ser vista como um defeito.

Na opinião do sindicalista Paulo Barela, da direção da Conlutas, central que ainda busca reconhecimento oficial e que disputa espaço com a CUT em várias frentes do funcionalismo público, a crise econômica está tornando mais agudas as contradições de central ligada ao PT.

“Até a metade do primeiro governo Dilma, o Brasil vivia uma certa estabilidade econômica. A crise externa não batia com força aqui. Agora ela se tornou tão profunda que vem obrigando o governo a tomar medidas impopulares, que atingem desempregados, doentes, viúvas”, diz Barela. “Mas não é só isso. O País também vive uma crise institucional, com a polarização da política e o fortalecimento da direita. Nesse momento, o governo busca apoio nas centrais sindicais próximas. A CUT está sendo obrigada a desembarcar de mala e cuia na defesa do governo.”

Essa é a contradição na qual a CUT está mergulhada. De um lado, procura se alinhar com outras centrais na crítica ao reajuste econômico do governo. De outro, é pressionada a sair às ruas em defesa do mesmo governo, diante dos problemas de governabilidade e das ameaças de impeachment.

Ao lado de movimentos sociais, a central já foi às ruas no dia 13 de março com essa pauta ambígua, que mistura protestos contra o ajuste fiscal, contra medidas antitrabalhistas e a defesa do governo, num contraponto às manifestações que pedem o “Fora Dilma”. Ato semelhante, com apoio da CUT, está programado para amanhã, em todo o País.

Na terça-feira passada, em evento promovido pela CUT e por movimentos sociais da base de apoio do governo, Lula, fundador da central, defendeu o reajuste – que inclui cortes em benefícios trabalhistas – e cobrou: “Somos militantes políticos, não apenas economicistas”.

Outro problema da central é a redução do número de parlamentares no Congresso ligados a ela. 

Procurado pelo Estado, o presidente da CUT, Vagner Freitas, não quis dar entrevista.

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