Pressionado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a abrir mão de disputar o governo de São Paulo para apoiar a pré-candidatura petista do ex-ministro Fernando Haddad, o ex-governador Márcio França (PSB) abriu uma negociação com o PSD e o União Brasil para tentar sair do isolamento no Estado. Apesar de aparecer bem colocado nas pesquisas de intenção de voto, França ainda não conseguiu ampliar seu leque de alianças.
Após o deputado Luciano Bivar, presidente do União Brasil e pré-candidato ao Palácio do Planalto, anunciar o rompimento com o governador Rodrigo Garcia (PSDB), França e Kassab passaram a considerar a hipótese de formar um palanque com as três siglas em São Paulo – PSB, União Brasil e PSD –, o que daria ao ex-governador um amplo espaço no horário eleitoral na TV, além de estrutura para uma campanha competitiva.
Por esse arranjo, o PSD indicaria o vice, o União Brasil o candidato ao Senado, e Bivar teria a garantia de um palanque consistente para sua campanha presidencial no maior colégio eleitoral do Brasil.
O assunto ainda é tratado com cautela, mas Bivar e aliados de França confirmaram as conversas. Procurada, a assessoria do PSD disse que “não há novidade” sobre o assunto. O partido lançou o ex-prefeito de São José dos Campos Felício Ramuth na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. Na segunda-feira, 27, Kassab terá uma reunião com Ramuth. Segundo apurou a reportagem, a conversa entre PSD e França avançou.
Se as tratativas não prosperarem, França deve, segundo aliados, aderir ao projeto de uma “frente ampla” em São Paulo e subir no palanque de Haddad.
Em conversas reservadas, lideranças que integram a coligação de Haddad relatam que Lula e seu ex-ministro discordam sobre a estratégia em relação à França. O entorno de Haddad avalia que seria melhor França continuar na disputa pois assim ele serviria de anteparo a migração de votos moderados do ex-ministro Tarcísio de Freitas, que tem apoio do presidente Jair Bolsonaro, para Garcia, que busca a reeleição e é considerado o adversário mais difícil no segundo turno.
Já Lula acredita que com França no palanque de Haddad o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) assumiria a linha de frente das campanhas estadual e nacional em São Paulo, especialmente no interior. Dessa forma, o ex-presidente teria um palanque robusto.
A última cartada de França com PSD e União Brasil, porém, esbarra na desconfiança generalizada sobre as reais intenções de Bivar de romper com Garcia e na indecifrável estratégia de Kassab, que também negocia com Tarcísio em São Paulo.