Relatos de funcionários que participaram das negociações do caso Varig mostram que Erenice Guerra, a secretária executiva da Casa Civil e braço direito da ministra Dilma Rousseff, coordenou várias reuniões para tratar do assunto. Pelo menos seis delas foram dedicadas a tentar contornar um impasse criado pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), que exigia o repasse da responsabilidade pelo pagamento de dívidas tributárias da empresa - na época calculadas em R$ 2 bilhões - ao novo proprietário. De acordo com as fontes, Erenice era responsável por buscar soluções para pendências técnicas também na Infraero e no Ministério da Defesa. Ao longo do processo, Erenice acabou se tornando o principal canal do Planalto com as demais áreas do governo envolvidas na operação de venda. A ministra Dilma Rousseff entrava nas negociações para telefonar aos técnicos e dirigentes de outros órgãos quando o empenho de sua principal auxiliar não surtia efeito. Segundo um dirigente, a assessora de Dilma, embora fosse vista como uma funcionária rigorosa, era mais sutil no trato que a própria ministra. As divergências jurídicas do então procurador-geral da Fazenda, Manoel Felipe Brandão, em relação à venda da Varig foram reveladas pela ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu em entrevista ao Estado. A ex-diretora e outros ex-dirigentes de órgãos da aviação também acusam Dilma Rousseff de ter pressionado a Anac para que não exigisse documentos que atestassem a origem do capital dos sócios brasileiros da VarigLog. A exigência dificultaria a venda. Os interessados em adquirir a empresa eram clientes do advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.