PRF quer pagar curso de R$ 144 mil no exterior para diretor-geral alvo de investigação


Aliado do presidente Jair Bolsonaro, Silvinei Vasques é investigado por conduta nas eleições; próxima diretoria terá de aprovar despesa

Por Luiz Vassallo

Em um processo sigiloso, a cúpula da Polícia Rodoviária Federal prevê o empenho de R$ 144 mil para custear uma viagem do diretor-geral, Silvinei Vasques, a Madri, na Espanha, e Santiago, no Chile. A justificativa é a participação em um mestrado de “Alta Direção em Segurança Internacional” no Centro Universitário da Guarda Civil espanhola.

O pedido foi feito por Vasques há dois meses, e a documentação de indicação foi assinada pelo diretor-executivo substituto do órgão, Daniel Souto. Serão pagos R$ 122.808,18 em diárias e outros R$ 21.953,31 em passagens aéreas e seguro viagem.

O curso começa em dezembro, de maneira remota, e terá três módulos presenciais, que demandaram a aprovação de três viagens. Uma delas, para Madri, entre os dias 4 e 26 de fevereiro de 2023. A outra, para Santiago, no Chile, entre 27 de maio e 11 de junho. No terceiro módulo, Vasques voltará a Madri entre os dias 9 de setembro e 1 de outubro.

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O diretor da PRF, Silvinei Vasques; curso prevê viagem a Madri, na Espanha, e a Santiago, no Chile. Foto: Carolina Antunes/PR

Durante a gestão Vasques, processos de aprovação de viagens e respectivas despesas passaram a ser frequentemente tratados como restritos – casos em que apenas um seleto grupo de servidores e agentes têm acesso – e sigilosos – quando apenas a cúpula do órgão e partes diretamente relacionadas podem acessá-los. O diretor-geral não é o único da cúpula a desfrutar destes cursos no exterior com pagamento de diárias.

A autorização interna não foi publicada no Diário Oficial, e, segundo apurou o Estadão, ainda deve passar pelo crivo do Ministério da Justiça, chefiado pelo delegado da Polícia Civil de Brasília Anderson Torres, um aliado de Vasques. Em uma cerimônia oficial, antes das eleições de outubro, o chefe da pasta foi presenteado por Vasques com uma camisa de número 22 do Flamengo, em alusão ao número do presidente e então candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, nas urnas.

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O diretor-geral submergiu desde que passou a ser investigado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal em razão de sua conduta no dia das eleições, quando a PRF fiscalizou ônibus e foi acusada por eleitores de parar seletivamente apoiadores do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e pela inação nos dias seguintes, quando caminhoneiros passaram a bloquear estradas em atos contra o resultado do pleito.

Além de a PRF não responder há semanas questionamentos de jornalistas sobre detalhes destas operações, Vasques tirou férias na quarta-feira passada, no dia seguinte a um pedido do Ministério Público Federal do Rio por seu afastamento do cargo, em uma investigação sobre o fato do diretor-geral ter pedido, em suas redes sociais, votos para Bolsonaro. Vasques também apagou todas as suas fotos em redes sociais, que eram abarrotadas de imagens ao lado de Bolsonaro e aliados.

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Ele, no entanto, não foi abandonado por Bolsonaro. Na reunião com ministros do Supremo Tribunal Federal no dia 1º de novembro, após a derrota nas eleições, o presidente pediu para que a Corte não fizesse uma investida contra Vasques e disse aos magistrados que ele é um “bom menino”, como mostrou o Estadão.

Bolsonaro não tem deixado aliados desabrigados ao fim do governo. Nesta semana, por exemplo, indicou o ex-ministro do Turismo e sanfoneiro Gilson Rodrigues à diretoria da Embratur com mandato de quatro anos. No caso da PRF, o ex-diretor-geral, que também era da confiança do presidente, Eduardo Aggio, foi indicado a um cargo remunerado no conselho de administração na Pré-Sal Petróleo, empresa vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Estuda-se no governo a mesma saída para Silvinei Vasques.

Viagem ainda não foi ‘aprovada’, diz PRF

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A Coordenação de Comunicação Institucional da Polícia Rodoviária Federal afirmou ao Estadão, por meio de nota, que ainda não “aprovou” a viagem de Silvinei Vasques. “Reiteramos que não há nenhum documento no Ministério da Justiça, pois o processo ainda está em fase de instrução e será de responsabilidade do próximo diretor-geral eventual custo e deslocamento para o curso”.

Segundo a PRF, “todas as viagens internacionais da estrutura” do ministério são autorizadas pela pasta e publicadas no Diário Oficial da União.

“O mestrado em comento é direcionado a cargos de alta direção – inclusive já realizado por outros diretores da PRF – e é ofertado pela Guarda Civil da Espanha aos gestores máximos das forças de Segurança Pública em razão da natureza do curso.”

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Procurado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública não se manifestou.

Em um processo sigiloso, a cúpula da Polícia Rodoviária Federal prevê o empenho de R$ 144 mil para custear uma viagem do diretor-geral, Silvinei Vasques, a Madri, na Espanha, e Santiago, no Chile. A justificativa é a participação em um mestrado de “Alta Direção em Segurança Internacional” no Centro Universitário da Guarda Civil espanhola.

O pedido foi feito por Vasques há dois meses, e a documentação de indicação foi assinada pelo diretor-executivo substituto do órgão, Daniel Souto. Serão pagos R$ 122.808,18 em diárias e outros R$ 21.953,31 em passagens aéreas e seguro viagem.

O curso começa em dezembro, de maneira remota, e terá três módulos presenciais, que demandaram a aprovação de três viagens. Uma delas, para Madri, entre os dias 4 e 26 de fevereiro de 2023. A outra, para Santiago, no Chile, entre 27 de maio e 11 de junho. No terceiro módulo, Vasques voltará a Madri entre os dias 9 de setembro e 1 de outubro.

O diretor da PRF, Silvinei Vasques; curso prevê viagem a Madri, na Espanha, e a Santiago, no Chile. Foto: Carolina Antunes/PR

Durante a gestão Vasques, processos de aprovação de viagens e respectivas despesas passaram a ser frequentemente tratados como restritos – casos em que apenas um seleto grupo de servidores e agentes têm acesso – e sigilosos – quando apenas a cúpula do órgão e partes diretamente relacionadas podem acessá-los. O diretor-geral não é o único da cúpula a desfrutar destes cursos no exterior com pagamento de diárias.

A autorização interna não foi publicada no Diário Oficial, e, segundo apurou o Estadão, ainda deve passar pelo crivo do Ministério da Justiça, chefiado pelo delegado da Polícia Civil de Brasília Anderson Torres, um aliado de Vasques. Em uma cerimônia oficial, antes das eleições de outubro, o chefe da pasta foi presenteado por Vasques com uma camisa de número 22 do Flamengo, em alusão ao número do presidente e então candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, nas urnas.

O diretor-geral submergiu desde que passou a ser investigado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal em razão de sua conduta no dia das eleições, quando a PRF fiscalizou ônibus e foi acusada por eleitores de parar seletivamente apoiadores do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e pela inação nos dias seguintes, quando caminhoneiros passaram a bloquear estradas em atos contra o resultado do pleito.

Além de a PRF não responder há semanas questionamentos de jornalistas sobre detalhes destas operações, Vasques tirou férias na quarta-feira passada, no dia seguinte a um pedido do Ministério Público Federal do Rio por seu afastamento do cargo, em uma investigação sobre o fato do diretor-geral ter pedido, em suas redes sociais, votos para Bolsonaro. Vasques também apagou todas as suas fotos em redes sociais, que eram abarrotadas de imagens ao lado de Bolsonaro e aliados.

Ele, no entanto, não foi abandonado por Bolsonaro. Na reunião com ministros do Supremo Tribunal Federal no dia 1º de novembro, após a derrota nas eleições, o presidente pediu para que a Corte não fizesse uma investida contra Vasques e disse aos magistrados que ele é um “bom menino”, como mostrou o Estadão.

Bolsonaro não tem deixado aliados desabrigados ao fim do governo. Nesta semana, por exemplo, indicou o ex-ministro do Turismo e sanfoneiro Gilson Rodrigues à diretoria da Embratur com mandato de quatro anos. No caso da PRF, o ex-diretor-geral, que também era da confiança do presidente, Eduardo Aggio, foi indicado a um cargo remunerado no conselho de administração na Pré-Sal Petróleo, empresa vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Estuda-se no governo a mesma saída para Silvinei Vasques.

Viagem ainda não foi ‘aprovada’, diz PRF

A Coordenação de Comunicação Institucional da Polícia Rodoviária Federal afirmou ao Estadão, por meio de nota, que ainda não “aprovou” a viagem de Silvinei Vasques. “Reiteramos que não há nenhum documento no Ministério da Justiça, pois o processo ainda está em fase de instrução e será de responsabilidade do próximo diretor-geral eventual custo e deslocamento para o curso”.

Segundo a PRF, “todas as viagens internacionais da estrutura” do ministério são autorizadas pela pasta e publicadas no Diário Oficial da União.

“O mestrado em comento é direcionado a cargos de alta direção – inclusive já realizado por outros diretores da PRF – e é ofertado pela Guarda Civil da Espanha aos gestores máximos das forças de Segurança Pública em razão da natureza do curso.”

Procurado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública não se manifestou.

Em um processo sigiloso, a cúpula da Polícia Rodoviária Federal prevê o empenho de R$ 144 mil para custear uma viagem do diretor-geral, Silvinei Vasques, a Madri, na Espanha, e Santiago, no Chile. A justificativa é a participação em um mestrado de “Alta Direção em Segurança Internacional” no Centro Universitário da Guarda Civil espanhola.

O pedido foi feito por Vasques há dois meses, e a documentação de indicação foi assinada pelo diretor-executivo substituto do órgão, Daniel Souto. Serão pagos R$ 122.808,18 em diárias e outros R$ 21.953,31 em passagens aéreas e seguro viagem.

O curso começa em dezembro, de maneira remota, e terá três módulos presenciais, que demandaram a aprovação de três viagens. Uma delas, para Madri, entre os dias 4 e 26 de fevereiro de 2023. A outra, para Santiago, no Chile, entre 27 de maio e 11 de junho. No terceiro módulo, Vasques voltará a Madri entre os dias 9 de setembro e 1 de outubro.

O diretor da PRF, Silvinei Vasques; curso prevê viagem a Madri, na Espanha, e a Santiago, no Chile. Foto: Carolina Antunes/PR

Durante a gestão Vasques, processos de aprovação de viagens e respectivas despesas passaram a ser frequentemente tratados como restritos – casos em que apenas um seleto grupo de servidores e agentes têm acesso – e sigilosos – quando apenas a cúpula do órgão e partes diretamente relacionadas podem acessá-los. O diretor-geral não é o único da cúpula a desfrutar destes cursos no exterior com pagamento de diárias.

A autorização interna não foi publicada no Diário Oficial, e, segundo apurou o Estadão, ainda deve passar pelo crivo do Ministério da Justiça, chefiado pelo delegado da Polícia Civil de Brasília Anderson Torres, um aliado de Vasques. Em uma cerimônia oficial, antes das eleições de outubro, o chefe da pasta foi presenteado por Vasques com uma camisa de número 22 do Flamengo, em alusão ao número do presidente e então candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, nas urnas.

O diretor-geral submergiu desde que passou a ser investigado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal em razão de sua conduta no dia das eleições, quando a PRF fiscalizou ônibus e foi acusada por eleitores de parar seletivamente apoiadores do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e pela inação nos dias seguintes, quando caminhoneiros passaram a bloquear estradas em atos contra o resultado do pleito.

Além de a PRF não responder há semanas questionamentos de jornalistas sobre detalhes destas operações, Vasques tirou férias na quarta-feira passada, no dia seguinte a um pedido do Ministério Público Federal do Rio por seu afastamento do cargo, em uma investigação sobre o fato do diretor-geral ter pedido, em suas redes sociais, votos para Bolsonaro. Vasques também apagou todas as suas fotos em redes sociais, que eram abarrotadas de imagens ao lado de Bolsonaro e aliados.

Ele, no entanto, não foi abandonado por Bolsonaro. Na reunião com ministros do Supremo Tribunal Federal no dia 1º de novembro, após a derrota nas eleições, o presidente pediu para que a Corte não fizesse uma investida contra Vasques e disse aos magistrados que ele é um “bom menino”, como mostrou o Estadão.

Bolsonaro não tem deixado aliados desabrigados ao fim do governo. Nesta semana, por exemplo, indicou o ex-ministro do Turismo e sanfoneiro Gilson Rodrigues à diretoria da Embratur com mandato de quatro anos. No caso da PRF, o ex-diretor-geral, que também era da confiança do presidente, Eduardo Aggio, foi indicado a um cargo remunerado no conselho de administração na Pré-Sal Petróleo, empresa vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Estuda-se no governo a mesma saída para Silvinei Vasques.

Viagem ainda não foi ‘aprovada’, diz PRF

A Coordenação de Comunicação Institucional da Polícia Rodoviária Federal afirmou ao Estadão, por meio de nota, que ainda não “aprovou” a viagem de Silvinei Vasques. “Reiteramos que não há nenhum documento no Ministério da Justiça, pois o processo ainda está em fase de instrução e será de responsabilidade do próximo diretor-geral eventual custo e deslocamento para o curso”.

Segundo a PRF, “todas as viagens internacionais da estrutura” do ministério são autorizadas pela pasta e publicadas no Diário Oficial da União.

“O mestrado em comento é direcionado a cargos de alta direção – inclusive já realizado por outros diretores da PRF – e é ofertado pela Guarda Civil da Espanha aos gestores máximos das forças de Segurança Pública em razão da natureza do curso.”

Procurado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública não se manifestou.

Em um processo sigiloso, a cúpula da Polícia Rodoviária Federal prevê o empenho de R$ 144 mil para custear uma viagem do diretor-geral, Silvinei Vasques, a Madri, na Espanha, e Santiago, no Chile. A justificativa é a participação em um mestrado de “Alta Direção em Segurança Internacional” no Centro Universitário da Guarda Civil espanhola.

O pedido foi feito por Vasques há dois meses, e a documentação de indicação foi assinada pelo diretor-executivo substituto do órgão, Daniel Souto. Serão pagos R$ 122.808,18 em diárias e outros R$ 21.953,31 em passagens aéreas e seguro viagem.

O curso começa em dezembro, de maneira remota, e terá três módulos presenciais, que demandaram a aprovação de três viagens. Uma delas, para Madri, entre os dias 4 e 26 de fevereiro de 2023. A outra, para Santiago, no Chile, entre 27 de maio e 11 de junho. No terceiro módulo, Vasques voltará a Madri entre os dias 9 de setembro e 1 de outubro.

O diretor da PRF, Silvinei Vasques; curso prevê viagem a Madri, na Espanha, e a Santiago, no Chile. Foto: Carolina Antunes/PR

Durante a gestão Vasques, processos de aprovação de viagens e respectivas despesas passaram a ser frequentemente tratados como restritos – casos em que apenas um seleto grupo de servidores e agentes têm acesso – e sigilosos – quando apenas a cúpula do órgão e partes diretamente relacionadas podem acessá-los. O diretor-geral não é o único da cúpula a desfrutar destes cursos no exterior com pagamento de diárias.

A autorização interna não foi publicada no Diário Oficial, e, segundo apurou o Estadão, ainda deve passar pelo crivo do Ministério da Justiça, chefiado pelo delegado da Polícia Civil de Brasília Anderson Torres, um aliado de Vasques. Em uma cerimônia oficial, antes das eleições de outubro, o chefe da pasta foi presenteado por Vasques com uma camisa de número 22 do Flamengo, em alusão ao número do presidente e então candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, nas urnas.

O diretor-geral submergiu desde que passou a ser investigado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal em razão de sua conduta no dia das eleições, quando a PRF fiscalizou ônibus e foi acusada por eleitores de parar seletivamente apoiadores do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e pela inação nos dias seguintes, quando caminhoneiros passaram a bloquear estradas em atos contra o resultado do pleito.

Além de a PRF não responder há semanas questionamentos de jornalistas sobre detalhes destas operações, Vasques tirou férias na quarta-feira passada, no dia seguinte a um pedido do Ministério Público Federal do Rio por seu afastamento do cargo, em uma investigação sobre o fato do diretor-geral ter pedido, em suas redes sociais, votos para Bolsonaro. Vasques também apagou todas as suas fotos em redes sociais, que eram abarrotadas de imagens ao lado de Bolsonaro e aliados.

Ele, no entanto, não foi abandonado por Bolsonaro. Na reunião com ministros do Supremo Tribunal Federal no dia 1º de novembro, após a derrota nas eleições, o presidente pediu para que a Corte não fizesse uma investida contra Vasques e disse aos magistrados que ele é um “bom menino”, como mostrou o Estadão.

Bolsonaro não tem deixado aliados desabrigados ao fim do governo. Nesta semana, por exemplo, indicou o ex-ministro do Turismo e sanfoneiro Gilson Rodrigues à diretoria da Embratur com mandato de quatro anos. No caso da PRF, o ex-diretor-geral, que também era da confiança do presidente, Eduardo Aggio, foi indicado a um cargo remunerado no conselho de administração na Pré-Sal Petróleo, empresa vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Estuda-se no governo a mesma saída para Silvinei Vasques.

Viagem ainda não foi ‘aprovada’, diz PRF

A Coordenação de Comunicação Institucional da Polícia Rodoviária Federal afirmou ao Estadão, por meio de nota, que ainda não “aprovou” a viagem de Silvinei Vasques. “Reiteramos que não há nenhum documento no Ministério da Justiça, pois o processo ainda está em fase de instrução e será de responsabilidade do próximo diretor-geral eventual custo e deslocamento para o curso”.

Segundo a PRF, “todas as viagens internacionais da estrutura” do ministério são autorizadas pela pasta e publicadas no Diário Oficial da União.

“O mestrado em comento é direcionado a cargos de alta direção – inclusive já realizado por outros diretores da PRF – e é ofertado pela Guarda Civil da Espanha aos gestores máximos das forças de Segurança Pública em razão da natureza do curso.”

Procurado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública não se manifestou.

Em um processo sigiloso, a cúpula da Polícia Rodoviária Federal prevê o empenho de R$ 144 mil para custear uma viagem do diretor-geral, Silvinei Vasques, a Madri, na Espanha, e Santiago, no Chile. A justificativa é a participação em um mestrado de “Alta Direção em Segurança Internacional” no Centro Universitário da Guarda Civil espanhola.

O pedido foi feito por Vasques há dois meses, e a documentação de indicação foi assinada pelo diretor-executivo substituto do órgão, Daniel Souto. Serão pagos R$ 122.808,18 em diárias e outros R$ 21.953,31 em passagens aéreas e seguro viagem.

O curso começa em dezembro, de maneira remota, e terá três módulos presenciais, que demandaram a aprovação de três viagens. Uma delas, para Madri, entre os dias 4 e 26 de fevereiro de 2023. A outra, para Santiago, no Chile, entre 27 de maio e 11 de junho. No terceiro módulo, Vasques voltará a Madri entre os dias 9 de setembro e 1 de outubro.

O diretor da PRF, Silvinei Vasques; curso prevê viagem a Madri, na Espanha, e a Santiago, no Chile. Foto: Carolina Antunes/PR

Durante a gestão Vasques, processos de aprovação de viagens e respectivas despesas passaram a ser frequentemente tratados como restritos – casos em que apenas um seleto grupo de servidores e agentes têm acesso – e sigilosos – quando apenas a cúpula do órgão e partes diretamente relacionadas podem acessá-los. O diretor-geral não é o único da cúpula a desfrutar destes cursos no exterior com pagamento de diárias.

A autorização interna não foi publicada no Diário Oficial, e, segundo apurou o Estadão, ainda deve passar pelo crivo do Ministério da Justiça, chefiado pelo delegado da Polícia Civil de Brasília Anderson Torres, um aliado de Vasques. Em uma cerimônia oficial, antes das eleições de outubro, o chefe da pasta foi presenteado por Vasques com uma camisa de número 22 do Flamengo, em alusão ao número do presidente e então candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, nas urnas.

O diretor-geral submergiu desde que passou a ser investigado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal em razão de sua conduta no dia das eleições, quando a PRF fiscalizou ônibus e foi acusada por eleitores de parar seletivamente apoiadores do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e pela inação nos dias seguintes, quando caminhoneiros passaram a bloquear estradas em atos contra o resultado do pleito.

Além de a PRF não responder há semanas questionamentos de jornalistas sobre detalhes destas operações, Vasques tirou férias na quarta-feira passada, no dia seguinte a um pedido do Ministério Público Federal do Rio por seu afastamento do cargo, em uma investigação sobre o fato do diretor-geral ter pedido, em suas redes sociais, votos para Bolsonaro. Vasques também apagou todas as suas fotos em redes sociais, que eram abarrotadas de imagens ao lado de Bolsonaro e aliados.

Ele, no entanto, não foi abandonado por Bolsonaro. Na reunião com ministros do Supremo Tribunal Federal no dia 1º de novembro, após a derrota nas eleições, o presidente pediu para que a Corte não fizesse uma investida contra Vasques e disse aos magistrados que ele é um “bom menino”, como mostrou o Estadão.

Bolsonaro não tem deixado aliados desabrigados ao fim do governo. Nesta semana, por exemplo, indicou o ex-ministro do Turismo e sanfoneiro Gilson Rodrigues à diretoria da Embratur com mandato de quatro anos. No caso da PRF, o ex-diretor-geral, que também era da confiança do presidente, Eduardo Aggio, foi indicado a um cargo remunerado no conselho de administração na Pré-Sal Petróleo, empresa vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Estuda-se no governo a mesma saída para Silvinei Vasques.

Viagem ainda não foi ‘aprovada’, diz PRF

A Coordenação de Comunicação Institucional da Polícia Rodoviária Federal afirmou ao Estadão, por meio de nota, que ainda não “aprovou” a viagem de Silvinei Vasques. “Reiteramos que não há nenhum documento no Ministério da Justiça, pois o processo ainda está em fase de instrução e será de responsabilidade do próximo diretor-geral eventual custo e deslocamento para o curso”.

Segundo a PRF, “todas as viagens internacionais da estrutura” do ministério são autorizadas pela pasta e publicadas no Diário Oficial da União.

“O mestrado em comento é direcionado a cargos de alta direção – inclusive já realizado por outros diretores da PRF – e é ofertado pela Guarda Civil da Espanha aos gestores máximos das forças de Segurança Pública em razão da natureza do curso.”

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