A primeira-dama do Brasil, Rosângela Lula da Silva, a Janja, repudiou nesta terça-feira, 12, a invasão hacker ao seu perfil do X (antigo Twitter) ocorrida na noite da última segunda-feira, 11. Janja classificou os ataques como “machistas e criminosos” e pediu punição aos responsáveis.
“Minha conta do X foi hackeada e, por minutos intermináveis, foram publicadas mensagens misóginas e violentas contra mim. Posts machistas e criminosos, típicos de quem despreza as mulheres, a convivência em sociedade, a democracia e a lei”, afirmou em uma publicação no Instagram.
“Eu já estou acostumada com ataques na internet, por mais triste que seja se acostumar com algo tão absurdo. Mas a realidade é que a internet é um espaço potente para o bem e para o mal. O que eu sofri ontem (segunda-feira) é o que muitas mulheres sofrem diariamente”, escreveu a primeira-dama. “O ódio, a intolerância e a misoginia precisam ser combatidos, e os responsáveis, punidos.”
Anunciado às 21h37, o ataque hacker durou pouco mais de uma hora, e o invasor utilizou a conta da primeira-dama para publicar mensagens de cunho sexual e de ameaças ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e aos políticos em geral. Por volta das 22h45, as postagens já haviam desaparecido do perfil. Em diversas publicações, o hacker diz que se for preso é pelo fato de ser uma “pessoa honesta”.
Nesta terça-feira, a Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou que o X congele a conta da Janja até o inquérito sobre o ataque hacker ser instalado. Além de preservar o perfil da primeira-dama, os administradores da plataforma devem manter os registros digitais até o fim da investigação preliminar, que já está em curso na Diretoria de Crimes Cibernéticos da Polícia Federal (PF).
Em reposta ao ato criminoso, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) emitiu nota de apoio a Janja, dizendo que “repudia veementemente o ataque hacker à conta da senhora Janja Lula da Silva, e informa que a Polícia Federal e a plataforma X (antigo Twitter) foram acionadas. Todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas. Não serão tolerados crimes, discursos misóginos, o ódio e a intolerância nas redes sociais.”
Pressão pela aprovação do PL das Fake News
Aliados do presidente Lula manifestaram apoio à primeira-dama. O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que o invasor deixou a digital de quem por trás das publicações. “O modus operandi fascista é surpreendentemente previsível na hora de cometer crimes: invadem o perfil de uma mulher admirável como Janja e postam ataques machistas e misóginos, deixando a digital completa do tipo de gente por trás dos ataques. Só não vale dizer depois que eram infiltrados. Que os responsáveis sejam punidos rápida e exemplarmente”, disse.
O projeto está parado desde maio na Câmara. Desde então, não houve pressão dos governistas para acelerar a tramitação e a proposta não entrou na lista de prioridades para o Poder Executivo. A base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) só retomou o debate depois do ataque hacker ao perfil da primeira-dama na rede social.
O relator do PL 2630, deputado Orlando Silva (PCdoB), diz que o hackeamento das contas de Janja são “um estímulo para que o governo do presidente Lula reflita sobre a urgência de aprovação” da proposta. O projeto tem sido chamado de “PL da Censura” pela oposição ao governo petista. “Espero que esse fato estimule o governo do presidente Lula a refletir sobre urgência de aprovar o PL 2630″, escreveu no X.
O projeto de lei pretende instituir a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet ao estabelecer regras, diretrizes e mecanismos de transparência para redes sociais, como Facebook, Instagram, TikTok e X, ferramentas de busca, como o Google, serviços de mensageria instantânea, como WhatsApp e Telegram, e indexadores de conteúdo.
O PL prevê que a legislação proposta não será aplicada a empresas cujas atividades sejam: comércio eletrônico, realização de reuniões fechadas por vídeo ou voz, enciclopédias online sem fins lucrativos, repositórios científicos e educativos e plataformas de desenvolvimento e compartilhamento de software de código aberto.