BRASÍLIA - Embora trabalhe na Câmara Municipal do Rio, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair Bolsonaro, tem uma espécie de representante no Palácio do Planalto, onde despacha seu desafeto Gustavo Bebianno, ministro da Secretaria-Geral da Presidência.
Primo de 1.º grau de Carlos e um de seus auxiliares na estratégia de redes sociais da campanha eleitoral, Leonardo Rodrigues de Jesus, de 35 anos, rodeia o presidente desde a transição de governo. Em Brasília, expandiu o livre acesso aos gabinetes do Palácio do Planalto, mesmo sem ter cargo na Presidência.
Sobrinho do presidente, filho de uma irmã de Rogéria Nantes, uma das ex-mulheres de Bolsonaro, ele é conhecido como Léo Índio e íntimo de Carlos. A proximidade com a família presidencial fez com que transitasse sempre muito próximo do tio, chegando a ser confundido como um dos agentes da escolta de Bolsonaro.
A Secretaria de Comunicação Social (Secom) afirmou que Léo Índio “não ocupa cargo em nenhum órgão da Presidência da República”. Apesar disso, ostenta um crachá amarelo da Presidência quando caminha livremente nas dependências do Planalto, em locais de acesso restrito. Nesta quarta-feira, 13, circulava no quarto andar, onde despacha o núcleo duro do governo. A desenvoltura gera desconfiança de assessores presidenciais, que veem no sobrinho do presidente uma espécie de “olhos e ouvidos” de Carlos.
A Secom não esclareceu o motivo de frequentar quase diariamente o Planalto. Ele chegou a participar de reuniões de autoridades com o governo de Minas, após o rompimento da barragem de Brumadinho. Segundo o Planalto, essa foi a única reunião que o “olheiro” de Carlos participou. A exemplo do primo, Leo Índio rechaça jornalistas.