BRASÍLIA – A possibilidade de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) divide a opinião dos brasileiros. Pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta sexta-feira, 18, aponta que 43% dos entrevistados acreditam que o ex-chefe do Executivo não deveria ser preso pelo suposto esquema de venda de joias recebidas em viagens oficiais investigado pela Polícia Federal (PF). Outros 41% avaliam que ele deveria, sim, ser detido pelo caso.
O posicionamento dos entrevistados é mais claro quando analisado a partir do voto no segundo turno das eleições de 2022. Para 68% dos eleitores de Bolsonaro, ele não deveria ser preso. Outros 19%, opinam de forma contrária. Entre os eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 62% acham que o ex-presidente deveria ir para a cadeia; enquanto 24% acreditam que ele não teria que ser punido dessa maneira.
Considerando quem votou branco, nulo ou não foi votar, a opinião está dividida. Para 39%, Bolsonaro deveria ser preso. Outros 36% acham que não.
Ao analisar as regiões do País, a Sul concentra mais pessoas que entendem que Bolsonaro não deveria ser preso, são 47%. Outros 41% acreditam que sim. Foi nessa região que o ex-presidente registrou melhor desempenho na tentativa de reeleição no ano passado.
Entre os entrevistados da região Nordeste, reduto petista, há empate. Para 42%, o ex-chefe do Executivo teria que ser preso e para outros 42%, ele não deveria ir para a prisão.
Em relação à religião, a maioria dos entrevistados evangélicos apontam que o ex-presidente não deveria ser preso (49%). Outros 35% opinam de forma contrária. Entre os católicos, 42% dizem que sim, e 41%, que não.
O levantamento mostra que 66% das pessoas estão informadas sobre as investigações acerca da suposta comercialização das joias por aliados do ex-presidente Bolsonaro. Já 34% não estão inteiradas sobre o assunto.
A pesquisa foi realizada de 10 a 14 de agosto. Foram feitas 2.029 entrevistas com brasileiros de 16 anos ou mais. A margem de erro de 2,2 pontos percentuais e a confiabilidade é de 95%.
Entenda o caso das joias
Auxiliares de Bolsonaro são investigados pela comercialização de itens de luxo que o ex-presidente ganhou de autoridades estrangeiras em compromissos a trabalho. No último dia 11, a PF deflagrou a Operação Lucas 12:2, que fez buscas contra aliados de primeira hora do ex-presidente: o general Mauro César Lourena Cid – pai de Mauro Cid –, o criminalista Frederick Wassef, advogado do ex-presidente, e o tenente Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens do de Bolsonaro.
De acordo com as investigações, essas peças deveriam ser incorporadas ao acervo da União, mas foram omitidas dos órgãos públicos, incorporadas ao estoque pessoal do ex-chefe do Executivo e negociadas para fins de enriquecimento ilícito.
As tentativas de vender as joias só foram paralisadas após o Estadão revelar, em março, que auxiliares de Bolsonaro tentaram entrar ilegalmente no Brasil com um kit com colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes entregues pelo governo da Arábia Saudita para o então presidente e Michelle Bolsonaro.