PSDB elege Perillo presidente do partido em disputa que mostra influência de Aécio


Ex-governador de Goiás substitui Eduardo Leite, que comandou a sigla por nove meses, e quer ser candidato à sucessão de Lula, em 2026

Por Iander Porcella e Vera Rosa
Atualização:

BRASÍLIA – O PSDB escolheu nesta quinta-feira, 30, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo como seu novo presidente em eleição da Executiva Nacional que expôs o racha entre tucanos. O partido, que vem acumulando uma série de reveses políticos nos últimos anos, tenta se unir com foco nas disputas municipais do ano que vem e na campanha presidencial de 2026.

O novo presidente chega ao comando do PSDB apoiado pelo deputado Aécio Neves (PSDB-MG), que recuperou influência na legenda após ser absolvido de uma acusação de corrupção passiva.

Eleito presidente do PSDB, Marconi Perillo diz que quer ser "operário do partido". Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
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“Quero servir como operário do partido”, disse Perillo. “Chego para somar e solicito a todos que me ajudem a estruturar uma plataforma para que a gente possa chegar em 2026 com força. Estamos ancorados num trabalho que não nos envergonha, muito pelo contrário”, emendou ele, ao citar o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O acordo em torno do nome de Perillo, eleito por aclamação, foi alcançado apenas nesta quinta-feira, após muitas idas e vindas. O ex-senador José Aníbal (PSDB-SP) chegou a entrar na disputa para marcar posição contra o grupo de Aécio, mas retirou a candidatura na última hora.

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Perillo assume a sigla no lugar do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que decidiu deixar o cargo após nove meses sob a justificativa de que precisa se dedicar ao governo estadual.

Leite, porém, acumulou atritos ao promover intervenções nos diretórios da legenda na capital paulista e no Estado. A expectativa é de que ele seja candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026.

“Não somos candidatos a mito, nem a super-heróis e nem a salvadores da Pátria. Somos humanos”, afirmou Leite na convenção, após admitir os embates no PSDB. “Estar no PSDB não é a posição mais confortável para aqueles que querem estar em espaços de poder”.

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Aníbal, por sua vez, disse que o PSDB não pode se confundir com a “oposição odienta” e elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Eu até quero admitir que o atual ministro da Fazenda tem uma sensibilidade para esses temas (importantes da agenda econômica)”, disse o ex-senador, que já comandou o PSDB de 2001 a 2003, ao mencionar a importância da transição energética. “Mas o Congresso dificulta muito o trabalho dele. É uma tarefa árdua em que se tem de matar um leão por dia.”

O ex-senador destacou que o PSDB precisa não apenas superar as divergências como ter um programa. “Eu não acho que disputa divide. O Mário Covas se irritava com isso. Disputa unifica. O que nós não podemos é ficar fazendo de conta que a nossa unidade é sólida”, insistiu. “O PSDB está um pouco perdido no panorama da política brasileira.”

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Mote da convenção era ‘Um só Brasil’

Os discursos na convenção, sob o mote “Um só Brasil”, foram permeados de referências às próximas disputas eleitorais. O PSDB tem hoje 345 prefeitos – em 2020 eram 531.

“É natural que o PSDB tenha uma diminuição. Afinal, não ter o governo de São Paulo acaba fazendo com que prefeitos eventualmente migrem para partidos que estão dentro da composição do governo”, argumentou Leite.

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Na mesma toada, o líder do partido na Câmara, Adolfo Viana (BA), disse que “as eleições de 2024 são fundamentais para que o PSDB possa voltar a ganhar musculatura política em todo o Brasil”.

Como mostrou a Coluna do Estadão, um grupo de deputados federais também cogitou lançar Viana para a presidência do partido, mas a articulação não foi adiante.

Antes de Aníbal anunciar que disputaria a presidência do PSDB contra Perillo, Leite havia tentado construir uma chapa liderada pelo ex-senador Tasso Jereissati, mas não conseguiu. Motivo: Tasso e Aécio são desafetos e não houve acordo.

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Prévias causaram trauma nas fileiras tucanas

No ano passado, o PSDB sofreu mais uma derrota ao perder o governo de São Paulo, Estado que administrava há quase três décadas. Após uma debandada de tucanos históricos, como Geraldo Alckmin – hoje vice-presidente da República – e a saída do ex-governador João Doria, o partido acabou sem candidato próprio ao Palácio do Planalto e suas alas entraram em guerra.

Nas prévias realizadas pelo PSDB para a escolha do candidato à Presidência, há exatos dois anos, Aécio apoiou Leite, em um movimento que tinha como objetivo derrotar Doria. Mesmo assim, Doria venceu a eleição interna.

Pressionado pelo próprio partido, no entanto, o ex-governador renunciou à candidatura e, onze meses depois, pediu desfiliação. O PSDB fez aliança com o MDB, que lançou Simone Tebet, hoje ministra do Planejamento.

Eduardo Leite e Aécio Neves mediram forças na convenção do PSDB. Foto: Eduardo Beleske (Eduardo Leite) e Dida Sampaio/Estadão (Aécio Neves)

Além da expectativa de lançamento da candidatura de Leite ao Palácio do Planalto em 2026, Aécio também se prepara para disputar o governo de Minas, Estado que já governou.

“Isso está longe para mim, ainda. Eu não coloco o carro na frnte dos bois. Sou mineiro. Vamos dar tempo ao tempo”, desconversou ele, nesta quinta-feira. “Eduardo Leite, sim, é uma grande aposta do PSDB para as eleições de 2026. Nós não temos medo de enfrentar os extremos, o radicalismo.”

Aécio era senador e presidente do PSDB quando, em 2017, foi acusado de pedir propina de R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da JBS, em troca de favores no Congresso. Em julho deste ano, o Tribunal Regional da 3.ª Região (TRF-3) manteve sua absolvição por unanimidade.

Perillo, por sua vez, chegou a ser preso em 2018. Foi acusado de corrupção passiva e organização criminosa em caso envolvendo suspeita de pagamentos da empreiteira Odebrecht.

No ano passado, porém, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes anulou medidas da investigação contra Perillo, tornando inviável o processo contra ele. O ex-governador ainda tentou se eleger para uma cadeira no Senado, mas foi derrotado.

BRASÍLIA – O PSDB escolheu nesta quinta-feira, 30, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo como seu novo presidente em eleição da Executiva Nacional que expôs o racha entre tucanos. O partido, que vem acumulando uma série de reveses políticos nos últimos anos, tenta se unir com foco nas disputas municipais do ano que vem e na campanha presidencial de 2026.

O novo presidente chega ao comando do PSDB apoiado pelo deputado Aécio Neves (PSDB-MG), que recuperou influência na legenda após ser absolvido de uma acusação de corrupção passiva.

Eleito presidente do PSDB, Marconi Perillo diz que quer ser "operário do partido". Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

“Quero servir como operário do partido”, disse Perillo. “Chego para somar e solicito a todos que me ajudem a estruturar uma plataforma para que a gente possa chegar em 2026 com força. Estamos ancorados num trabalho que não nos envergonha, muito pelo contrário”, emendou ele, ao citar o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O acordo em torno do nome de Perillo, eleito por aclamação, foi alcançado apenas nesta quinta-feira, após muitas idas e vindas. O ex-senador José Aníbal (PSDB-SP) chegou a entrar na disputa para marcar posição contra o grupo de Aécio, mas retirou a candidatura na última hora.

Perillo assume a sigla no lugar do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que decidiu deixar o cargo após nove meses sob a justificativa de que precisa se dedicar ao governo estadual.

Leite, porém, acumulou atritos ao promover intervenções nos diretórios da legenda na capital paulista e no Estado. A expectativa é de que ele seja candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026.

“Não somos candidatos a mito, nem a super-heróis e nem a salvadores da Pátria. Somos humanos”, afirmou Leite na convenção, após admitir os embates no PSDB. “Estar no PSDB não é a posição mais confortável para aqueles que querem estar em espaços de poder”.

Aníbal, por sua vez, disse que o PSDB não pode se confundir com a “oposição odienta” e elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Eu até quero admitir que o atual ministro da Fazenda tem uma sensibilidade para esses temas (importantes da agenda econômica)”, disse o ex-senador, que já comandou o PSDB de 2001 a 2003, ao mencionar a importância da transição energética. “Mas o Congresso dificulta muito o trabalho dele. É uma tarefa árdua em que se tem de matar um leão por dia.”

O ex-senador destacou que o PSDB precisa não apenas superar as divergências como ter um programa. “Eu não acho que disputa divide. O Mário Covas se irritava com isso. Disputa unifica. O que nós não podemos é ficar fazendo de conta que a nossa unidade é sólida”, insistiu. “O PSDB está um pouco perdido no panorama da política brasileira.”

Mote da convenção era ‘Um só Brasil’

Os discursos na convenção, sob o mote “Um só Brasil”, foram permeados de referências às próximas disputas eleitorais. O PSDB tem hoje 345 prefeitos – em 2020 eram 531.

“É natural que o PSDB tenha uma diminuição. Afinal, não ter o governo de São Paulo acaba fazendo com que prefeitos eventualmente migrem para partidos que estão dentro da composição do governo”, argumentou Leite.

Na mesma toada, o líder do partido na Câmara, Adolfo Viana (BA), disse que “as eleições de 2024 são fundamentais para que o PSDB possa voltar a ganhar musculatura política em todo o Brasil”.

Como mostrou a Coluna do Estadão, um grupo de deputados federais também cogitou lançar Viana para a presidência do partido, mas a articulação não foi adiante.

Antes de Aníbal anunciar que disputaria a presidência do PSDB contra Perillo, Leite havia tentado construir uma chapa liderada pelo ex-senador Tasso Jereissati, mas não conseguiu. Motivo: Tasso e Aécio são desafetos e não houve acordo.

Prévias causaram trauma nas fileiras tucanas

No ano passado, o PSDB sofreu mais uma derrota ao perder o governo de São Paulo, Estado que administrava há quase três décadas. Após uma debandada de tucanos históricos, como Geraldo Alckmin – hoje vice-presidente da República – e a saída do ex-governador João Doria, o partido acabou sem candidato próprio ao Palácio do Planalto e suas alas entraram em guerra.

Nas prévias realizadas pelo PSDB para a escolha do candidato à Presidência, há exatos dois anos, Aécio apoiou Leite, em um movimento que tinha como objetivo derrotar Doria. Mesmo assim, Doria venceu a eleição interna.

Pressionado pelo próprio partido, no entanto, o ex-governador renunciou à candidatura e, onze meses depois, pediu desfiliação. O PSDB fez aliança com o MDB, que lançou Simone Tebet, hoje ministra do Planejamento.

Eduardo Leite e Aécio Neves mediram forças na convenção do PSDB. Foto: Eduardo Beleske (Eduardo Leite) e Dida Sampaio/Estadão (Aécio Neves)

Além da expectativa de lançamento da candidatura de Leite ao Palácio do Planalto em 2026, Aécio também se prepara para disputar o governo de Minas, Estado que já governou.

“Isso está longe para mim, ainda. Eu não coloco o carro na frnte dos bois. Sou mineiro. Vamos dar tempo ao tempo”, desconversou ele, nesta quinta-feira. “Eduardo Leite, sim, é uma grande aposta do PSDB para as eleições de 2026. Nós não temos medo de enfrentar os extremos, o radicalismo.”

Aécio era senador e presidente do PSDB quando, em 2017, foi acusado de pedir propina de R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da JBS, em troca de favores no Congresso. Em julho deste ano, o Tribunal Regional da 3.ª Região (TRF-3) manteve sua absolvição por unanimidade.

Perillo, por sua vez, chegou a ser preso em 2018. Foi acusado de corrupção passiva e organização criminosa em caso envolvendo suspeita de pagamentos da empreiteira Odebrecht.

No ano passado, porém, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes anulou medidas da investigação contra Perillo, tornando inviável o processo contra ele. O ex-governador ainda tentou se eleger para uma cadeira no Senado, mas foi derrotado.

BRASÍLIA – O PSDB escolheu nesta quinta-feira, 30, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo como seu novo presidente em eleição da Executiva Nacional que expôs o racha entre tucanos. O partido, que vem acumulando uma série de reveses políticos nos últimos anos, tenta se unir com foco nas disputas municipais do ano que vem e na campanha presidencial de 2026.

O novo presidente chega ao comando do PSDB apoiado pelo deputado Aécio Neves (PSDB-MG), que recuperou influência na legenda após ser absolvido de uma acusação de corrupção passiva.

Eleito presidente do PSDB, Marconi Perillo diz que quer ser "operário do partido". Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

“Quero servir como operário do partido”, disse Perillo. “Chego para somar e solicito a todos que me ajudem a estruturar uma plataforma para que a gente possa chegar em 2026 com força. Estamos ancorados num trabalho que não nos envergonha, muito pelo contrário”, emendou ele, ao citar o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O acordo em torno do nome de Perillo, eleito por aclamação, foi alcançado apenas nesta quinta-feira, após muitas idas e vindas. O ex-senador José Aníbal (PSDB-SP) chegou a entrar na disputa para marcar posição contra o grupo de Aécio, mas retirou a candidatura na última hora.

Perillo assume a sigla no lugar do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que decidiu deixar o cargo após nove meses sob a justificativa de que precisa se dedicar ao governo estadual.

Leite, porém, acumulou atritos ao promover intervenções nos diretórios da legenda na capital paulista e no Estado. A expectativa é de que ele seja candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026.

“Não somos candidatos a mito, nem a super-heróis e nem a salvadores da Pátria. Somos humanos”, afirmou Leite na convenção, após admitir os embates no PSDB. “Estar no PSDB não é a posição mais confortável para aqueles que querem estar em espaços de poder”.

Aníbal, por sua vez, disse que o PSDB não pode se confundir com a “oposição odienta” e elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Eu até quero admitir que o atual ministro da Fazenda tem uma sensibilidade para esses temas (importantes da agenda econômica)”, disse o ex-senador, que já comandou o PSDB de 2001 a 2003, ao mencionar a importância da transição energética. “Mas o Congresso dificulta muito o trabalho dele. É uma tarefa árdua em que se tem de matar um leão por dia.”

O ex-senador destacou que o PSDB precisa não apenas superar as divergências como ter um programa. “Eu não acho que disputa divide. O Mário Covas se irritava com isso. Disputa unifica. O que nós não podemos é ficar fazendo de conta que a nossa unidade é sólida”, insistiu. “O PSDB está um pouco perdido no panorama da política brasileira.”

Mote da convenção era ‘Um só Brasil’

Os discursos na convenção, sob o mote “Um só Brasil”, foram permeados de referências às próximas disputas eleitorais. O PSDB tem hoje 345 prefeitos – em 2020 eram 531.

“É natural que o PSDB tenha uma diminuição. Afinal, não ter o governo de São Paulo acaba fazendo com que prefeitos eventualmente migrem para partidos que estão dentro da composição do governo”, argumentou Leite.

Na mesma toada, o líder do partido na Câmara, Adolfo Viana (BA), disse que “as eleições de 2024 são fundamentais para que o PSDB possa voltar a ganhar musculatura política em todo o Brasil”.

Como mostrou a Coluna do Estadão, um grupo de deputados federais também cogitou lançar Viana para a presidência do partido, mas a articulação não foi adiante.

Antes de Aníbal anunciar que disputaria a presidência do PSDB contra Perillo, Leite havia tentado construir uma chapa liderada pelo ex-senador Tasso Jereissati, mas não conseguiu. Motivo: Tasso e Aécio são desafetos e não houve acordo.

Prévias causaram trauma nas fileiras tucanas

No ano passado, o PSDB sofreu mais uma derrota ao perder o governo de São Paulo, Estado que administrava há quase três décadas. Após uma debandada de tucanos históricos, como Geraldo Alckmin – hoje vice-presidente da República – e a saída do ex-governador João Doria, o partido acabou sem candidato próprio ao Palácio do Planalto e suas alas entraram em guerra.

Nas prévias realizadas pelo PSDB para a escolha do candidato à Presidência, há exatos dois anos, Aécio apoiou Leite, em um movimento que tinha como objetivo derrotar Doria. Mesmo assim, Doria venceu a eleição interna.

Pressionado pelo próprio partido, no entanto, o ex-governador renunciou à candidatura e, onze meses depois, pediu desfiliação. O PSDB fez aliança com o MDB, que lançou Simone Tebet, hoje ministra do Planejamento.

Eduardo Leite e Aécio Neves mediram forças na convenção do PSDB. Foto: Eduardo Beleske (Eduardo Leite) e Dida Sampaio/Estadão (Aécio Neves)

Além da expectativa de lançamento da candidatura de Leite ao Palácio do Planalto em 2026, Aécio também se prepara para disputar o governo de Minas, Estado que já governou.

“Isso está longe para mim, ainda. Eu não coloco o carro na frnte dos bois. Sou mineiro. Vamos dar tempo ao tempo”, desconversou ele, nesta quinta-feira. “Eduardo Leite, sim, é uma grande aposta do PSDB para as eleições de 2026. Nós não temos medo de enfrentar os extremos, o radicalismo.”

Aécio era senador e presidente do PSDB quando, em 2017, foi acusado de pedir propina de R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da JBS, em troca de favores no Congresso. Em julho deste ano, o Tribunal Regional da 3.ª Região (TRF-3) manteve sua absolvição por unanimidade.

Perillo, por sua vez, chegou a ser preso em 2018. Foi acusado de corrupção passiva e organização criminosa em caso envolvendo suspeita de pagamentos da empreiteira Odebrecht.

No ano passado, porém, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes anulou medidas da investigação contra Perillo, tornando inviável o processo contra ele. O ex-governador ainda tentou se eleger para uma cadeira no Senado, mas foi derrotado.

BRASÍLIA – O PSDB escolheu nesta quinta-feira, 30, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo como seu novo presidente em eleição da Executiva Nacional que expôs o racha entre tucanos. O partido, que vem acumulando uma série de reveses políticos nos últimos anos, tenta se unir com foco nas disputas municipais do ano que vem e na campanha presidencial de 2026.

O novo presidente chega ao comando do PSDB apoiado pelo deputado Aécio Neves (PSDB-MG), que recuperou influência na legenda após ser absolvido de uma acusação de corrupção passiva.

Eleito presidente do PSDB, Marconi Perillo diz que quer ser "operário do partido". Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

“Quero servir como operário do partido”, disse Perillo. “Chego para somar e solicito a todos que me ajudem a estruturar uma plataforma para que a gente possa chegar em 2026 com força. Estamos ancorados num trabalho que não nos envergonha, muito pelo contrário”, emendou ele, ao citar o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O acordo em torno do nome de Perillo, eleito por aclamação, foi alcançado apenas nesta quinta-feira, após muitas idas e vindas. O ex-senador José Aníbal (PSDB-SP) chegou a entrar na disputa para marcar posição contra o grupo de Aécio, mas retirou a candidatura na última hora.

Perillo assume a sigla no lugar do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que decidiu deixar o cargo após nove meses sob a justificativa de que precisa se dedicar ao governo estadual.

Leite, porém, acumulou atritos ao promover intervenções nos diretórios da legenda na capital paulista e no Estado. A expectativa é de que ele seja candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026.

“Não somos candidatos a mito, nem a super-heróis e nem a salvadores da Pátria. Somos humanos”, afirmou Leite na convenção, após admitir os embates no PSDB. “Estar no PSDB não é a posição mais confortável para aqueles que querem estar em espaços de poder”.

Aníbal, por sua vez, disse que o PSDB não pode se confundir com a “oposição odienta” e elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Eu até quero admitir que o atual ministro da Fazenda tem uma sensibilidade para esses temas (importantes da agenda econômica)”, disse o ex-senador, que já comandou o PSDB de 2001 a 2003, ao mencionar a importância da transição energética. “Mas o Congresso dificulta muito o trabalho dele. É uma tarefa árdua em que se tem de matar um leão por dia.”

O ex-senador destacou que o PSDB precisa não apenas superar as divergências como ter um programa. “Eu não acho que disputa divide. O Mário Covas se irritava com isso. Disputa unifica. O que nós não podemos é ficar fazendo de conta que a nossa unidade é sólida”, insistiu. “O PSDB está um pouco perdido no panorama da política brasileira.”

Mote da convenção era ‘Um só Brasil’

Os discursos na convenção, sob o mote “Um só Brasil”, foram permeados de referências às próximas disputas eleitorais. O PSDB tem hoje 345 prefeitos – em 2020 eram 531.

“É natural que o PSDB tenha uma diminuição. Afinal, não ter o governo de São Paulo acaba fazendo com que prefeitos eventualmente migrem para partidos que estão dentro da composição do governo”, argumentou Leite.

Na mesma toada, o líder do partido na Câmara, Adolfo Viana (BA), disse que “as eleições de 2024 são fundamentais para que o PSDB possa voltar a ganhar musculatura política em todo o Brasil”.

Como mostrou a Coluna do Estadão, um grupo de deputados federais também cogitou lançar Viana para a presidência do partido, mas a articulação não foi adiante.

Antes de Aníbal anunciar que disputaria a presidência do PSDB contra Perillo, Leite havia tentado construir uma chapa liderada pelo ex-senador Tasso Jereissati, mas não conseguiu. Motivo: Tasso e Aécio são desafetos e não houve acordo.

Prévias causaram trauma nas fileiras tucanas

No ano passado, o PSDB sofreu mais uma derrota ao perder o governo de São Paulo, Estado que administrava há quase três décadas. Após uma debandada de tucanos históricos, como Geraldo Alckmin – hoje vice-presidente da República – e a saída do ex-governador João Doria, o partido acabou sem candidato próprio ao Palácio do Planalto e suas alas entraram em guerra.

Nas prévias realizadas pelo PSDB para a escolha do candidato à Presidência, há exatos dois anos, Aécio apoiou Leite, em um movimento que tinha como objetivo derrotar Doria. Mesmo assim, Doria venceu a eleição interna.

Pressionado pelo próprio partido, no entanto, o ex-governador renunciou à candidatura e, onze meses depois, pediu desfiliação. O PSDB fez aliança com o MDB, que lançou Simone Tebet, hoje ministra do Planejamento.

Eduardo Leite e Aécio Neves mediram forças na convenção do PSDB. Foto: Eduardo Beleske (Eduardo Leite) e Dida Sampaio/Estadão (Aécio Neves)

Além da expectativa de lançamento da candidatura de Leite ao Palácio do Planalto em 2026, Aécio também se prepara para disputar o governo de Minas, Estado que já governou.

“Isso está longe para mim, ainda. Eu não coloco o carro na frnte dos bois. Sou mineiro. Vamos dar tempo ao tempo”, desconversou ele, nesta quinta-feira. “Eduardo Leite, sim, é uma grande aposta do PSDB para as eleições de 2026. Nós não temos medo de enfrentar os extremos, o radicalismo.”

Aécio era senador e presidente do PSDB quando, em 2017, foi acusado de pedir propina de R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da JBS, em troca de favores no Congresso. Em julho deste ano, o Tribunal Regional da 3.ª Região (TRF-3) manteve sua absolvição por unanimidade.

Perillo, por sua vez, chegou a ser preso em 2018. Foi acusado de corrupção passiva e organização criminosa em caso envolvendo suspeita de pagamentos da empreiteira Odebrecht.

No ano passado, porém, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes anulou medidas da investigação contra Perillo, tornando inviável o processo contra ele. O ex-governador ainda tentou se eleger para uma cadeira no Senado, mas foi derrotado.

BRASÍLIA – O PSDB escolheu nesta quinta-feira, 30, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo como seu novo presidente em eleição da Executiva Nacional que expôs o racha entre tucanos. O partido, que vem acumulando uma série de reveses políticos nos últimos anos, tenta se unir com foco nas disputas municipais do ano que vem e na campanha presidencial de 2026.

O novo presidente chega ao comando do PSDB apoiado pelo deputado Aécio Neves (PSDB-MG), que recuperou influência na legenda após ser absolvido de uma acusação de corrupção passiva.

Eleito presidente do PSDB, Marconi Perillo diz que quer ser "operário do partido". Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

“Quero servir como operário do partido”, disse Perillo. “Chego para somar e solicito a todos que me ajudem a estruturar uma plataforma para que a gente possa chegar em 2026 com força. Estamos ancorados num trabalho que não nos envergonha, muito pelo contrário”, emendou ele, ao citar o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O acordo em torno do nome de Perillo, eleito por aclamação, foi alcançado apenas nesta quinta-feira, após muitas idas e vindas. O ex-senador José Aníbal (PSDB-SP) chegou a entrar na disputa para marcar posição contra o grupo de Aécio, mas retirou a candidatura na última hora.

Perillo assume a sigla no lugar do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que decidiu deixar o cargo após nove meses sob a justificativa de que precisa se dedicar ao governo estadual.

Leite, porém, acumulou atritos ao promover intervenções nos diretórios da legenda na capital paulista e no Estado. A expectativa é de que ele seja candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026.

“Não somos candidatos a mito, nem a super-heróis e nem a salvadores da Pátria. Somos humanos”, afirmou Leite na convenção, após admitir os embates no PSDB. “Estar no PSDB não é a posição mais confortável para aqueles que querem estar em espaços de poder”.

Aníbal, por sua vez, disse que o PSDB não pode se confundir com a “oposição odienta” e elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Eu até quero admitir que o atual ministro da Fazenda tem uma sensibilidade para esses temas (importantes da agenda econômica)”, disse o ex-senador, que já comandou o PSDB de 2001 a 2003, ao mencionar a importância da transição energética. “Mas o Congresso dificulta muito o trabalho dele. É uma tarefa árdua em que se tem de matar um leão por dia.”

O ex-senador destacou que o PSDB precisa não apenas superar as divergências como ter um programa. “Eu não acho que disputa divide. O Mário Covas se irritava com isso. Disputa unifica. O que nós não podemos é ficar fazendo de conta que a nossa unidade é sólida”, insistiu. “O PSDB está um pouco perdido no panorama da política brasileira.”

Mote da convenção era ‘Um só Brasil’

Os discursos na convenção, sob o mote “Um só Brasil”, foram permeados de referências às próximas disputas eleitorais. O PSDB tem hoje 345 prefeitos – em 2020 eram 531.

“É natural que o PSDB tenha uma diminuição. Afinal, não ter o governo de São Paulo acaba fazendo com que prefeitos eventualmente migrem para partidos que estão dentro da composição do governo”, argumentou Leite.

Na mesma toada, o líder do partido na Câmara, Adolfo Viana (BA), disse que “as eleições de 2024 são fundamentais para que o PSDB possa voltar a ganhar musculatura política em todo o Brasil”.

Como mostrou a Coluna do Estadão, um grupo de deputados federais também cogitou lançar Viana para a presidência do partido, mas a articulação não foi adiante.

Antes de Aníbal anunciar que disputaria a presidência do PSDB contra Perillo, Leite havia tentado construir uma chapa liderada pelo ex-senador Tasso Jereissati, mas não conseguiu. Motivo: Tasso e Aécio são desafetos e não houve acordo.

Prévias causaram trauma nas fileiras tucanas

No ano passado, o PSDB sofreu mais uma derrota ao perder o governo de São Paulo, Estado que administrava há quase três décadas. Após uma debandada de tucanos históricos, como Geraldo Alckmin – hoje vice-presidente da República – e a saída do ex-governador João Doria, o partido acabou sem candidato próprio ao Palácio do Planalto e suas alas entraram em guerra.

Nas prévias realizadas pelo PSDB para a escolha do candidato à Presidência, há exatos dois anos, Aécio apoiou Leite, em um movimento que tinha como objetivo derrotar Doria. Mesmo assim, Doria venceu a eleição interna.

Pressionado pelo próprio partido, no entanto, o ex-governador renunciou à candidatura e, onze meses depois, pediu desfiliação. O PSDB fez aliança com o MDB, que lançou Simone Tebet, hoje ministra do Planejamento.

Eduardo Leite e Aécio Neves mediram forças na convenção do PSDB. Foto: Eduardo Beleske (Eduardo Leite) e Dida Sampaio/Estadão (Aécio Neves)

Além da expectativa de lançamento da candidatura de Leite ao Palácio do Planalto em 2026, Aécio também se prepara para disputar o governo de Minas, Estado que já governou.

“Isso está longe para mim, ainda. Eu não coloco o carro na frnte dos bois. Sou mineiro. Vamos dar tempo ao tempo”, desconversou ele, nesta quinta-feira. “Eduardo Leite, sim, é uma grande aposta do PSDB para as eleições de 2026. Nós não temos medo de enfrentar os extremos, o radicalismo.”

Aécio era senador e presidente do PSDB quando, em 2017, foi acusado de pedir propina de R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da JBS, em troca de favores no Congresso. Em julho deste ano, o Tribunal Regional da 3.ª Região (TRF-3) manteve sua absolvição por unanimidade.

Perillo, por sua vez, chegou a ser preso em 2018. Foi acusado de corrupção passiva e organização criminosa em caso envolvendo suspeita de pagamentos da empreiteira Odebrecht.

No ano passado, porém, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes anulou medidas da investigação contra Perillo, tornando inviável o processo contra ele. O ex-governador ainda tentou se eleger para uma cadeira no Senado, mas foi derrotado.

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