A executiva nacional do PSDB reúne-se nesta terça-feira para decidir se a família Siqueira Campos pode ter o domínio dos tucanos em Tocantins. Ela já controla outros três partidos. O governador Siqueira Campos é do PFL; Telma, filha, suplente de senador do irmão Eduardo Siqueira Campos, está no PTB, juntamente com outra irmã, Estela. O irmão senador transferiu-se para o PSDB. Prepara-se para assumir a presidência do partido, na convenção do dia 9. O PPB não tem ninguém da família, mas apóia o governador. O controle quase completo do sistema partidário de Tocantins levou o deputado tucano Paulo Mourão a pedir socorro ao diretório nacional do PSDB. Mourão afirma que o senador Eduardo só foi para o PSDB para impedir o partido de lançar candidato à sucessão de Siqueira Campos, o pai. A preferida do governador para a sucessão na chapa governista é a prefeita de Palmas, Nilmar Ruiz, do PPB. Mourão levou ao diretório nacional a informação de que a família de Siqueira Campos tomaria o Senado de assalto. Seria assim: Eduardo Siqueira Campos renunciaria ao mandato para disputar uma nova eleição para senador. Com isso, sua irmã ganharia a vaga de titular. O pai também renunciaria ao mandato e disputaria a segunda vaga. Como a família é muito forte politicamente, Eduardo e o pai venceriam a disputa. Os três Siqueira Campos ficariam com as três vagas do Senado. Eduardo Siqueira Campos rebate Mourão. Diz que encontrou pela frente um partido completamente desorganizado, com diretórios em apenas 28 dos 139 municípios de Tocantins. Assegura que vencerá a disputa, porque tem a preferência de 19 dos 23 prefeitos do partido. Tem ainda o controle sobre os deputados estaduais e um dos dois federais. O senador afirma que, ao contrário do que espalham seus adversários do PSDB, não entrou de surpresa no partido. "Minha ficha foi abonada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso", afirma ele. Diz que é tão ligado ao presidente, que logo que se transferiu de partido, foi chamado pelo líder do governo no Senado, Arthur da Távola (PSDB-RJ), para ser vice-líder. Aceitou. A ligação de Fernando Henrique com os Siqueira Campos é confirmada por dirigentes do PSDB. E, por pouco, essa amizade não envolve o ministro da Educação, Paulo Renato. Há mais de um ano, Siqueira Campos ofereceu o Estado de Tocantins para que o presidente da República disputasse uma vaga para o Senado. Fernando Henrique agradeceu, disse que permaneceria na Presidência da República até o fim, mas gostou da idéia. E logo tratou de levá-la para a frente. Em muitos de seus encontros com o ministro Paulo Renato, não falou somente de educação. Ofereceu a ele a vaga de senador por Tocantins. Insistiu muito. E não desistiu de fazer o ministro senador. Mas Paulo Renato recusou o convite. No dia 6 de outubro, último dia para a filiação ou troca de domicílio eleitoral dos que desejam se candidatar no ano que vem, Fernando Henrique tornou a procurar Paulo Renato. Perguntou se não queria mesmo ser senador por Tocantins. O ministro, envolvido com uma longa greve dos professores universitários e das escolas federais, disse mais um não.