PSDB tenta estancar encolhimento e reconquistar a identidade política


Sigla que já foi uma das principais do País tem perdido filiados, mas lideranças acreditam que o partido ainda pode recuperar sua relevância

Por Geovana Melo

SÃO PAULO - Principal adversário da gestão petista em governos anteriores, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) trabalha para encontrar um programa político no qual o eleitor se identifique, depois do esvaziamento da sigla na última corrida presidencial, potencializada com a saída de lideranças do porte de João Doria e Geraldo Alckmin. Atualmente, o partido está sem um projeto coeso, que una lideranças e conquiste o eleitor.

Governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, é presidente do PSDB desde o início de 2023 Foto: Reprodução/Site do PSDB

A crise mais recente é atribuída à falta de candidatura própria à presidência da República em 2022, em uma eleição polarizada entre a direita de Jair Bolsonaro (PL) e a esquerda de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além da perda da disputa ao Palácio dos Bandeirantes, depois de comandar o maior Estado do País por 28 anos consecutivos. Apesar disso, membros do partido falam que a debandada não é uma coisa isolada do PSDB e também ocorreu com outras siglas. “O PSDB pela primeira vez não lançou candidato ao Palácio do Planalto, o que foi fatal. Que fosse o Doria, que fosse o Eduardo Leite, que fosse alguém. Isso interferiu muito”, afirma o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF).

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O senador ainda pontua que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, é conhecido pela boa gestão estadual, mas há uma dificuldade em conciliar o cargo com a presidência do partido, que assumiu em fevereiro após a saída de Bruno Araújo. “A gente percebe que ele não tem muito tempo para cuidar do partido, vamos dizer assim. Mas ele acabou aceitando ser presidente no sentido de buscar um novo programa”, diz Izalci.

Senador Izalci Lucas, líder do PSDB no Senado, avalia que não ter um nome nas eleições presidenciais de 2022 prejudicou a sigla Foto: Pedro França/Agência Senado

A construção deste novo planejamento seria uma estratégia para tornar novamente o partido competitivo para 2026. Nesta corrida, Eduardo Leite está realizando seminários em todo o País, ouvindo lideranças, pesquisas e filiados, como ocorreu em Goiás. A ideia é atrair de volta o eleitor que se absteve no último pleito e os que, mesmo votando, não consideravam Lula e Bolsonaro candidatos ideais.

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“Sempre fomos um partido que teve identidade, que teve proposta concreta. Precisamos urgentemente encontrar um programa que o eleitor se identifique e tenha confiança e que o PSDB possa defender. Então o partido precisa ter uma nova linguagem, tem que ter de fato alguns temas que o eleitor entenda. Se você tem 500 propostas, não tem nenhuma. Então tem que ter aí alguns três ou quatro temas que o PSDB tem que se posicionar”, defende Izalci.

Segundo especialistas, o PSDB perdeu espaço que ocupava na direita para partidos bem mais fisiológicos e ideologicamente alinhados. Além disso, a estrutura interna do partido sofre um processo de desagregação causado por divergências e disputas. “Reconquistar uma identidade política é o primeiro desafio do PSDB. Ele ainda não deixou claro seu lugar e isso, para um partido que não fidelizou um eleitorado, é muito arriscado”, afirma a professora do Departamento de Geografia e Políticas Públicas e do Programa de Pós Graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense, Soraia Marcelino Vieira.

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Reconquistar uma identidade política é o primeiro desafio do PSDB. Ele ainda não deixou claro seu lugar e isso, para um partido que não fidelizou um eleitorado, é muito arriscado

Soraia Marcelino Vieira, professora do Departamento de Geografia e Políticas Públicas e do Programa de Pós Graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense

Soraia ainda pontua que desde que saiu do governo federal, em 2002, comandado por Fernando Henrique Cardoso, a sigla tinha se firmado na centro-direita e flertava com propostas mais progressistas no campo social e com a agenda liberal no campo econômico. Para ela, em 2018 foi o momento em que deveria ter fixado a posição nesse ponto do espectro ideológico, mas perdeu protagonismo quando a força mais à direita ganhou espaço.

Outro ponto importante para a cientista política é a importância de construir essa nova agenda em torno de um nome que consiga unificar os interesses das diferentes tendências do partido, dos afiliados e eleitores. “Tem que começar a dar visibilidade a essa liderança o quanto antes, para que o eleitor possa identificá-lo”, afirma.

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Apesar da crise, membros do partido acreditam que a legenda pode voltar a ter a relevância que tinha em anos anteriores. “Não fracassamos, o partido está passando por um novo processo de novas lideranças, novos nomes, ideias e de uma reconexão com a sociedade. Nosso partido compreende essa importância histórica, mas sabe que, ao mesmo tempo, as demandas dos tempos atuais não são mais as mesmas. O PSDB vai voltar a expor o que ele sempre fez de bom, tendo gestão pública, programas sociais, inovação no setor público e desenvolvimento, sobretudo, econômico”, afirma a vice-presidente do partido e governadora de Pernambuco, Raquel Lyra.

Para as eleições de 2026, Raquel Lyra conta que o PSDB “é cobrado para ter candidato”. No entanto, pontua que a construção desta possível candidatura se dará no tempo certo. Com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de deixar Bolsonaro inelegível, especialistas apontam nomes para fazer oposição ao atual governo como os dos governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

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Eleições 2024

A tendência é que o partido perca ainda mais filiados nas eleições de 2024. O PSDB chegou a ter 245 prefeitos em São Paulo, mas pelo menos 30 já deixaram a sigla. “Grande parte dos prefeitos e vereadores, infelizmente, são dependentes dos governos e vão evidentemente aderir a outros partidos”, lamenta Izalci. Na conta de por qual partido se candidatar ainda entra o tempo que a legenda tem na televisão e os recursos disponíveis para a campanha.

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Atualmente, o partido conta com 14 deputados federais. Como comparativo, a bancada tucana elegeu 54 parlamentares na Câmara em 2014 e 29 em 2018. No Senado, são dois nomes. Do início do ano para cá, os senadores Mara Gabrilli e Alessandro Vieira se desfiliaram do PSDB.

O Estadão entrou em contato com o governador Eduardo Leite, mas ele não se manifestou sobre o futuro do PSDB e como o partido está se articulando para chegar nas eleições gerais de 2026 como uma sigla competitiva.

SÃO PAULO - Principal adversário da gestão petista em governos anteriores, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) trabalha para encontrar um programa político no qual o eleitor se identifique, depois do esvaziamento da sigla na última corrida presidencial, potencializada com a saída de lideranças do porte de João Doria e Geraldo Alckmin. Atualmente, o partido está sem um projeto coeso, que una lideranças e conquiste o eleitor.

Governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, é presidente do PSDB desde o início de 2023 Foto: Reprodução/Site do PSDB

A crise mais recente é atribuída à falta de candidatura própria à presidência da República em 2022, em uma eleição polarizada entre a direita de Jair Bolsonaro (PL) e a esquerda de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além da perda da disputa ao Palácio dos Bandeirantes, depois de comandar o maior Estado do País por 28 anos consecutivos. Apesar disso, membros do partido falam que a debandada não é uma coisa isolada do PSDB e também ocorreu com outras siglas. “O PSDB pela primeira vez não lançou candidato ao Palácio do Planalto, o que foi fatal. Que fosse o Doria, que fosse o Eduardo Leite, que fosse alguém. Isso interferiu muito”, afirma o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF).

O senador ainda pontua que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, é conhecido pela boa gestão estadual, mas há uma dificuldade em conciliar o cargo com a presidência do partido, que assumiu em fevereiro após a saída de Bruno Araújo. “A gente percebe que ele não tem muito tempo para cuidar do partido, vamos dizer assim. Mas ele acabou aceitando ser presidente no sentido de buscar um novo programa”, diz Izalci.

Senador Izalci Lucas, líder do PSDB no Senado, avalia que não ter um nome nas eleições presidenciais de 2022 prejudicou a sigla Foto: Pedro França/Agência Senado

A construção deste novo planejamento seria uma estratégia para tornar novamente o partido competitivo para 2026. Nesta corrida, Eduardo Leite está realizando seminários em todo o País, ouvindo lideranças, pesquisas e filiados, como ocorreu em Goiás. A ideia é atrair de volta o eleitor que se absteve no último pleito e os que, mesmo votando, não consideravam Lula e Bolsonaro candidatos ideais.

“Sempre fomos um partido que teve identidade, que teve proposta concreta. Precisamos urgentemente encontrar um programa que o eleitor se identifique e tenha confiança e que o PSDB possa defender. Então o partido precisa ter uma nova linguagem, tem que ter de fato alguns temas que o eleitor entenda. Se você tem 500 propostas, não tem nenhuma. Então tem que ter aí alguns três ou quatro temas que o PSDB tem que se posicionar”, defende Izalci.

Segundo especialistas, o PSDB perdeu espaço que ocupava na direita para partidos bem mais fisiológicos e ideologicamente alinhados. Além disso, a estrutura interna do partido sofre um processo de desagregação causado por divergências e disputas. “Reconquistar uma identidade política é o primeiro desafio do PSDB. Ele ainda não deixou claro seu lugar e isso, para um partido que não fidelizou um eleitorado, é muito arriscado”, afirma a professora do Departamento de Geografia e Políticas Públicas e do Programa de Pós Graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense, Soraia Marcelino Vieira.

Reconquistar uma identidade política é o primeiro desafio do PSDB. Ele ainda não deixou claro seu lugar e isso, para um partido que não fidelizou um eleitorado, é muito arriscado

Soraia Marcelino Vieira, professora do Departamento de Geografia e Políticas Públicas e do Programa de Pós Graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense

Soraia ainda pontua que desde que saiu do governo federal, em 2002, comandado por Fernando Henrique Cardoso, a sigla tinha se firmado na centro-direita e flertava com propostas mais progressistas no campo social e com a agenda liberal no campo econômico. Para ela, em 2018 foi o momento em que deveria ter fixado a posição nesse ponto do espectro ideológico, mas perdeu protagonismo quando a força mais à direita ganhou espaço.

Outro ponto importante para a cientista política é a importância de construir essa nova agenda em torno de um nome que consiga unificar os interesses das diferentes tendências do partido, dos afiliados e eleitores. “Tem que começar a dar visibilidade a essa liderança o quanto antes, para que o eleitor possa identificá-lo”, afirma.

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Apesar da crise, membros do partido acreditam que a legenda pode voltar a ter a relevância que tinha em anos anteriores. “Não fracassamos, o partido está passando por um novo processo de novas lideranças, novos nomes, ideias e de uma reconexão com a sociedade. Nosso partido compreende essa importância histórica, mas sabe que, ao mesmo tempo, as demandas dos tempos atuais não são mais as mesmas. O PSDB vai voltar a expor o que ele sempre fez de bom, tendo gestão pública, programas sociais, inovação no setor público e desenvolvimento, sobretudo, econômico”, afirma a vice-presidente do partido e governadora de Pernambuco, Raquel Lyra.

Para as eleições de 2026, Raquel Lyra conta que o PSDB “é cobrado para ter candidato”. No entanto, pontua que a construção desta possível candidatura se dará no tempo certo. Com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de deixar Bolsonaro inelegível, especialistas apontam nomes para fazer oposição ao atual governo como os dos governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Eleições 2024

A tendência é que o partido perca ainda mais filiados nas eleições de 2024. O PSDB chegou a ter 245 prefeitos em São Paulo, mas pelo menos 30 já deixaram a sigla. “Grande parte dos prefeitos e vereadores, infelizmente, são dependentes dos governos e vão evidentemente aderir a outros partidos”, lamenta Izalci. Na conta de por qual partido se candidatar ainda entra o tempo que a legenda tem na televisão e os recursos disponíveis para a campanha.

Atualmente, o partido conta com 14 deputados federais. Como comparativo, a bancada tucana elegeu 54 parlamentares na Câmara em 2014 e 29 em 2018. No Senado, são dois nomes. Do início do ano para cá, os senadores Mara Gabrilli e Alessandro Vieira se desfiliaram do PSDB.

O Estadão entrou em contato com o governador Eduardo Leite, mas ele não se manifestou sobre o futuro do PSDB e como o partido está se articulando para chegar nas eleições gerais de 2026 como uma sigla competitiva.

SÃO PAULO - Principal adversário da gestão petista em governos anteriores, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) trabalha para encontrar um programa político no qual o eleitor se identifique, depois do esvaziamento da sigla na última corrida presidencial, potencializada com a saída de lideranças do porte de João Doria e Geraldo Alckmin. Atualmente, o partido está sem um projeto coeso, que una lideranças e conquiste o eleitor.

Governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, é presidente do PSDB desde o início de 2023 Foto: Reprodução/Site do PSDB

A crise mais recente é atribuída à falta de candidatura própria à presidência da República em 2022, em uma eleição polarizada entre a direita de Jair Bolsonaro (PL) e a esquerda de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além da perda da disputa ao Palácio dos Bandeirantes, depois de comandar o maior Estado do País por 28 anos consecutivos. Apesar disso, membros do partido falam que a debandada não é uma coisa isolada do PSDB e também ocorreu com outras siglas. “O PSDB pela primeira vez não lançou candidato ao Palácio do Planalto, o que foi fatal. Que fosse o Doria, que fosse o Eduardo Leite, que fosse alguém. Isso interferiu muito”, afirma o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF).

O senador ainda pontua que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, é conhecido pela boa gestão estadual, mas há uma dificuldade em conciliar o cargo com a presidência do partido, que assumiu em fevereiro após a saída de Bruno Araújo. “A gente percebe que ele não tem muito tempo para cuidar do partido, vamos dizer assim. Mas ele acabou aceitando ser presidente no sentido de buscar um novo programa”, diz Izalci.

Senador Izalci Lucas, líder do PSDB no Senado, avalia que não ter um nome nas eleições presidenciais de 2022 prejudicou a sigla Foto: Pedro França/Agência Senado

A construção deste novo planejamento seria uma estratégia para tornar novamente o partido competitivo para 2026. Nesta corrida, Eduardo Leite está realizando seminários em todo o País, ouvindo lideranças, pesquisas e filiados, como ocorreu em Goiás. A ideia é atrair de volta o eleitor que se absteve no último pleito e os que, mesmo votando, não consideravam Lula e Bolsonaro candidatos ideais.

“Sempre fomos um partido que teve identidade, que teve proposta concreta. Precisamos urgentemente encontrar um programa que o eleitor se identifique e tenha confiança e que o PSDB possa defender. Então o partido precisa ter uma nova linguagem, tem que ter de fato alguns temas que o eleitor entenda. Se você tem 500 propostas, não tem nenhuma. Então tem que ter aí alguns três ou quatro temas que o PSDB tem que se posicionar”, defende Izalci.

Segundo especialistas, o PSDB perdeu espaço que ocupava na direita para partidos bem mais fisiológicos e ideologicamente alinhados. Além disso, a estrutura interna do partido sofre um processo de desagregação causado por divergências e disputas. “Reconquistar uma identidade política é o primeiro desafio do PSDB. Ele ainda não deixou claro seu lugar e isso, para um partido que não fidelizou um eleitorado, é muito arriscado”, afirma a professora do Departamento de Geografia e Políticas Públicas e do Programa de Pós Graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense, Soraia Marcelino Vieira.

Reconquistar uma identidade política é o primeiro desafio do PSDB. Ele ainda não deixou claro seu lugar e isso, para um partido que não fidelizou um eleitorado, é muito arriscado

Soraia Marcelino Vieira, professora do Departamento de Geografia e Políticas Públicas e do Programa de Pós Graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense

Soraia ainda pontua que desde que saiu do governo federal, em 2002, comandado por Fernando Henrique Cardoso, a sigla tinha se firmado na centro-direita e flertava com propostas mais progressistas no campo social e com a agenda liberal no campo econômico. Para ela, em 2018 foi o momento em que deveria ter fixado a posição nesse ponto do espectro ideológico, mas perdeu protagonismo quando a força mais à direita ganhou espaço.

Outro ponto importante para a cientista política é a importância de construir essa nova agenda em torno de um nome que consiga unificar os interesses das diferentes tendências do partido, dos afiliados e eleitores. “Tem que começar a dar visibilidade a essa liderança o quanto antes, para que o eleitor possa identificá-lo”, afirma.

Relevância

Apesar da crise, membros do partido acreditam que a legenda pode voltar a ter a relevância que tinha em anos anteriores. “Não fracassamos, o partido está passando por um novo processo de novas lideranças, novos nomes, ideias e de uma reconexão com a sociedade. Nosso partido compreende essa importância histórica, mas sabe que, ao mesmo tempo, as demandas dos tempos atuais não são mais as mesmas. O PSDB vai voltar a expor o que ele sempre fez de bom, tendo gestão pública, programas sociais, inovação no setor público e desenvolvimento, sobretudo, econômico”, afirma a vice-presidente do partido e governadora de Pernambuco, Raquel Lyra.

Para as eleições de 2026, Raquel Lyra conta que o PSDB “é cobrado para ter candidato”. No entanto, pontua que a construção desta possível candidatura se dará no tempo certo. Com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de deixar Bolsonaro inelegível, especialistas apontam nomes para fazer oposição ao atual governo como os dos governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Eleições 2024

A tendência é que o partido perca ainda mais filiados nas eleições de 2024. O PSDB chegou a ter 245 prefeitos em São Paulo, mas pelo menos 30 já deixaram a sigla. “Grande parte dos prefeitos e vereadores, infelizmente, são dependentes dos governos e vão evidentemente aderir a outros partidos”, lamenta Izalci. Na conta de por qual partido se candidatar ainda entra o tempo que a legenda tem na televisão e os recursos disponíveis para a campanha.

Atualmente, o partido conta com 14 deputados federais. Como comparativo, a bancada tucana elegeu 54 parlamentares na Câmara em 2014 e 29 em 2018. No Senado, são dois nomes. Do início do ano para cá, os senadores Mara Gabrilli e Alessandro Vieira se desfiliaram do PSDB.

O Estadão entrou em contato com o governador Eduardo Leite, mas ele não se manifestou sobre o futuro do PSDB e como o partido está se articulando para chegar nas eleições gerais de 2026 como uma sigla competitiva.

SÃO PAULO - Principal adversário da gestão petista em governos anteriores, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) trabalha para encontrar um programa político no qual o eleitor se identifique, depois do esvaziamento da sigla na última corrida presidencial, potencializada com a saída de lideranças do porte de João Doria e Geraldo Alckmin. Atualmente, o partido está sem um projeto coeso, que una lideranças e conquiste o eleitor.

Governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, é presidente do PSDB desde o início de 2023 Foto: Reprodução/Site do PSDB

A crise mais recente é atribuída à falta de candidatura própria à presidência da República em 2022, em uma eleição polarizada entre a direita de Jair Bolsonaro (PL) e a esquerda de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além da perda da disputa ao Palácio dos Bandeirantes, depois de comandar o maior Estado do País por 28 anos consecutivos. Apesar disso, membros do partido falam que a debandada não é uma coisa isolada do PSDB e também ocorreu com outras siglas. “O PSDB pela primeira vez não lançou candidato ao Palácio do Planalto, o que foi fatal. Que fosse o Doria, que fosse o Eduardo Leite, que fosse alguém. Isso interferiu muito”, afirma o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF).

O senador ainda pontua que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, é conhecido pela boa gestão estadual, mas há uma dificuldade em conciliar o cargo com a presidência do partido, que assumiu em fevereiro após a saída de Bruno Araújo. “A gente percebe que ele não tem muito tempo para cuidar do partido, vamos dizer assim. Mas ele acabou aceitando ser presidente no sentido de buscar um novo programa”, diz Izalci.

Senador Izalci Lucas, líder do PSDB no Senado, avalia que não ter um nome nas eleições presidenciais de 2022 prejudicou a sigla Foto: Pedro França/Agência Senado

A construção deste novo planejamento seria uma estratégia para tornar novamente o partido competitivo para 2026. Nesta corrida, Eduardo Leite está realizando seminários em todo o País, ouvindo lideranças, pesquisas e filiados, como ocorreu em Goiás. A ideia é atrair de volta o eleitor que se absteve no último pleito e os que, mesmo votando, não consideravam Lula e Bolsonaro candidatos ideais.

“Sempre fomos um partido que teve identidade, que teve proposta concreta. Precisamos urgentemente encontrar um programa que o eleitor se identifique e tenha confiança e que o PSDB possa defender. Então o partido precisa ter uma nova linguagem, tem que ter de fato alguns temas que o eleitor entenda. Se você tem 500 propostas, não tem nenhuma. Então tem que ter aí alguns três ou quatro temas que o PSDB tem que se posicionar”, defende Izalci.

Segundo especialistas, o PSDB perdeu espaço que ocupava na direita para partidos bem mais fisiológicos e ideologicamente alinhados. Além disso, a estrutura interna do partido sofre um processo de desagregação causado por divergências e disputas. “Reconquistar uma identidade política é o primeiro desafio do PSDB. Ele ainda não deixou claro seu lugar e isso, para um partido que não fidelizou um eleitorado, é muito arriscado”, afirma a professora do Departamento de Geografia e Políticas Públicas e do Programa de Pós Graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense, Soraia Marcelino Vieira.

Reconquistar uma identidade política é o primeiro desafio do PSDB. Ele ainda não deixou claro seu lugar e isso, para um partido que não fidelizou um eleitorado, é muito arriscado

Soraia Marcelino Vieira, professora do Departamento de Geografia e Políticas Públicas e do Programa de Pós Graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense

Soraia ainda pontua que desde que saiu do governo federal, em 2002, comandado por Fernando Henrique Cardoso, a sigla tinha se firmado na centro-direita e flertava com propostas mais progressistas no campo social e com a agenda liberal no campo econômico. Para ela, em 2018 foi o momento em que deveria ter fixado a posição nesse ponto do espectro ideológico, mas perdeu protagonismo quando a força mais à direita ganhou espaço.

Outro ponto importante para a cientista política é a importância de construir essa nova agenda em torno de um nome que consiga unificar os interesses das diferentes tendências do partido, dos afiliados e eleitores. “Tem que começar a dar visibilidade a essa liderança o quanto antes, para que o eleitor possa identificá-lo”, afirma.

Relevância

Apesar da crise, membros do partido acreditam que a legenda pode voltar a ter a relevância que tinha em anos anteriores. “Não fracassamos, o partido está passando por um novo processo de novas lideranças, novos nomes, ideias e de uma reconexão com a sociedade. Nosso partido compreende essa importância histórica, mas sabe que, ao mesmo tempo, as demandas dos tempos atuais não são mais as mesmas. O PSDB vai voltar a expor o que ele sempre fez de bom, tendo gestão pública, programas sociais, inovação no setor público e desenvolvimento, sobretudo, econômico”, afirma a vice-presidente do partido e governadora de Pernambuco, Raquel Lyra.

Para as eleições de 2026, Raquel Lyra conta que o PSDB “é cobrado para ter candidato”. No entanto, pontua que a construção desta possível candidatura se dará no tempo certo. Com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de deixar Bolsonaro inelegível, especialistas apontam nomes para fazer oposição ao atual governo como os dos governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Eleições 2024

A tendência é que o partido perca ainda mais filiados nas eleições de 2024. O PSDB chegou a ter 245 prefeitos em São Paulo, mas pelo menos 30 já deixaram a sigla. “Grande parte dos prefeitos e vereadores, infelizmente, são dependentes dos governos e vão evidentemente aderir a outros partidos”, lamenta Izalci. Na conta de por qual partido se candidatar ainda entra o tempo que a legenda tem na televisão e os recursos disponíveis para a campanha.

Atualmente, o partido conta com 14 deputados federais. Como comparativo, a bancada tucana elegeu 54 parlamentares na Câmara em 2014 e 29 em 2018. No Senado, são dois nomes. Do início do ano para cá, os senadores Mara Gabrilli e Alessandro Vieira se desfiliaram do PSDB.

O Estadão entrou em contato com o governador Eduardo Leite, mas ele não se manifestou sobre o futuro do PSDB e como o partido está se articulando para chegar nas eleições gerais de 2026 como uma sigla competitiva.

SÃO PAULO - Principal adversário da gestão petista em governos anteriores, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) trabalha para encontrar um programa político no qual o eleitor se identifique, depois do esvaziamento da sigla na última corrida presidencial, potencializada com a saída de lideranças do porte de João Doria e Geraldo Alckmin. Atualmente, o partido está sem um projeto coeso, que una lideranças e conquiste o eleitor.

Governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, é presidente do PSDB desde o início de 2023 Foto: Reprodução/Site do PSDB

A crise mais recente é atribuída à falta de candidatura própria à presidência da República em 2022, em uma eleição polarizada entre a direita de Jair Bolsonaro (PL) e a esquerda de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além da perda da disputa ao Palácio dos Bandeirantes, depois de comandar o maior Estado do País por 28 anos consecutivos. Apesar disso, membros do partido falam que a debandada não é uma coisa isolada do PSDB e também ocorreu com outras siglas. “O PSDB pela primeira vez não lançou candidato ao Palácio do Planalto, o que foi fatal. Que fosse o Doria, que fosse o Eduardo Leite, que fosse alguém. Isso interferiu muito”, afirma o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF).

O senador ainda pontua que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, é conhecido pela boa gestão estadual, mas há uma dificuldade em conciliar o cargo com a presidência do partido, que assumiu em fevereiro após a saída de Bruno Araújo. “A gente percebe que ele não tem muito tempo para cuidar do partido, vamos dizer assim. Mas ele acabou aceitando ser presidente no sentido de buscar um novo programa”, diz Izalci.

Senador Izalci Lucas, líder do PSDB no Senado, avalia que não ter um nome nas eleições presidenciais de 2022 prejudicou a sigla Foto: Pedro França/Agência Senado

A construção deste novo planejamento seria uma estratégia para tornar novamente o partido competitivo para 2026. Nesta corrida, Eduardo Leite está realizando seminários em todo o País, ouvindo lideranças, pesquisas e filiados, como ocorreu em Goiás. A ideia é atrair de volta o eleitor que se absteve no último pleito e os que, mesmo votando, não consideravam Lula e Bolsonaro candidatos ideais.

“Sempre fomos um partido que teve identidade, que teve proposta concreta. Precisamos urgentemente encontrar um programa que o eleitor se identifique e tenha confiança e que o PSDB possa defender. Então o partido precisa ter uma nova linguagem, tem que ter de fato alguns temas que o eleitor entenda. Se você tem 500 propostas, não tem nenhuma. Então tem que ter aí alguns três ou quatro temas que o PSDB tem que se posicionar”, defende Izalci.

Segundo especialistas, o PSDB perdeu espaço que ocupava na direita para partidos bem mais fisiológicos e ideologicamente alinhados. Além disso, a estrutura interna do partido sofre um processo de desagregação causado por divergências e disputas. “Reconquistar uma identidade política é o primeiro desafio do PSDB. Ele ainda não deixou claro seu lugar e isso, para um partido que não fidelizou um eleitorado, é muito arriscado”, afirma a professora do Departamento de Geografia e Políticas Públicas e do Programa de Pós Graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense, Soraia Marcelino Vieira.

Reconquistar uma identidade política é o primeiro desafio do PSDB. Ele ainda não deixou claro seu lugar e isso, para um partido que não fidelizou um eleitorado, é muito arriscado

Soraia Marcelino Vieira, professora do Departamento de Geografia e Políticas Públicas e do Programa de Pós Graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense

Soraia ainda pontua que desde que saiu do governo federal, em 2002, comandado por Fernando Henrique Cardoso, a sigla tinha se firmado na centro-direita e flertava com propostas mais progressistas no campo social e com a agenda liberal no campo econômico. Para ela, em 2018 foi o momento em que deveria ter fixado a posição nesse ponto do espectro ideológico, mas perdeu protagonismo quando a força mais à direita ganhou espaço.

Outro ponto importante para a cientista política é a importância de construir essa nova agenda em torno de um nome que consiga unificar os interesses das diferentes tendências do partido, dos afiliados e eleitores. “Tem que começar a dar visibilidade a essa liderança o quanto antes, para que o eleitor possa identificá-lo”, afirma.

Relevância

Apesar da crise, membros do partido acreditam que a legenda pode voltar a ter a relevância que tinha em anos anteriores. “Não fracassamos, o partido está passando por um novo processo de novas lideranças, novos nomes, ideias e de uma reconexão com a sociedade. Nosso partido compreende essa importância histórica, mas sabe que, ao mesmo tempo, as demandas dos tempos atuais não são mais as mesmas. O PSDB vai voltar a expor o que ele sempre fez de bom, tendo gestão pública, programas sociais, inovação no setor público e desenvolvimento, sobretudo, econômico”, afirma a vice-presidente do partido e governadora de Pernambuco, Raquel Lyra.

Para as eleições de 2026, Raquel Lyra conta que o PSDB “é cobrado para ter candidato”. No entanto, pontua que a construção desta possível candidatura se dará no tempo certo. Com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de deixar Bolsonaro inelegível, especialistas apontam nomes para fazer oposição ao atual governo como os dos governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Eleições 2024

A tendência é que o partido perca ainda mais filiados nas eleições de 2024. O PSDB chegou a ter 245 prefeitos em São Paulo, mas pelo menos 30 já deixaram a sigla. “Grande parte dos prefeitos e vereadores, infelizmente, são dependentes dos governos e vão evidentemente aderir a outros partidos”, lamenta Izalci. Na conta de por qual partido se candidatar ainda entra o tempo que a legenda tem na televisão e os recursos disponíveis para a campanha.

Atualmente, o partido conta com 14 deputados federais. Como comparativo, a bancada tucana elegeu 54 parlamentares na Câmara em 2014 e 29 em 2018. No Senado, são dois nomes. Do início do ano para cá, os senadores Mara Gabrilli e Alessandro Vieira se desfiliaram do PSDB.

O Estadão entrou em contato com o governador Eduardo Leite, mas ele não se manifestou sobre o futuro do PSDB e como o partido está se articulando para chegar nas eleições gerais de 2026 como uma sigla competitiva.

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