BRASÍLIA – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva terá o PT no comando da articulação política no Congresso. Lula escolheu o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) para Relações Institucionais, pasta encarregada de fazer a “ponte” entre o Palácio do Planalto e o Legislativo. Padilha vai contar com o auxílio de dois conhecidos parlamentares petistas: o deputado José Guimarães (PT-CE) será líder do governo na Câmara e Jaques Wagner (PT-BA) ocupará a mesma função no Senado.
A Casa Civil, entregue ao governador da Bahia, Rui Costa, terá um perfil mais técnico e dedicado à gestão, nos moldes do que era quando Dilma Rousseff ocupou a pasta, de 2005 a 2010, ao substituir José Dirceu, defenestrado no escândalo do mensalão. Será, portanto, de Padilha a função mais política.
Para o Ministério do Desenvolvimento Social, um dos cotados é o senador eleito e ex-governador do Piauí Wellington Dias (PI). O PT pressiona Lula para que ele não nomeie Simone Tebet (MDB-MS) nessa pasta. O Desenvolvimento Social cuidará do Bolsa Família, programa considerado vitrine do PT, que vê em Simone uma potencial adversária nas eleições de 2026.
Ao que tudo indica, o deputado Márcio Macêdo (PT-SE), que foi tesoureiro da campanha presidencial e é um dos vice-presidentes do partido, ao lado de Guimarães, ficará com a Secretaria-Geral da Presidência.
Com essa configuração, o ‘núcleo duro’ do governo Lula 3, composto pela chamada “cozinha” do Planalto e pelo Ministério da Fazenda – cadeira para a qual irá o ex-prefeito Fernando Haddad – ficará nas mãos do PT.
Considerado hábil articulador político, Padilha já comandou a então Secretaria de Relações Institucionais no segundo mandato de Lula. Foi também ministro da Saúde na gestão de Dilma – presidente que sofreu impeachment em 2016 – e candidato ao governo de São Paulo, em 2014.
Na campanha deste ano, Padilha fez várias reuniões com empresários, a pedido de Lula, tanto que seu nome também chegou a ser cotado para a Fazenda. Médico, Padilha se aproximou ainda mais de Lula em 2019, quando o petista estava preso em Curitiba e perdeu o neto Arthur, de 7 anos.