O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques foi solto nesta quinta-feira, 8, por determinação de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Silvinei estava preso desde agosto de 2023, quando foi deflagrada a Operação Constituição Cidadã, da Polícia Federal (PF). O ex-diretor da PRF é suspeito de ter utilizado a estrutura do órgão que chefiava para interferir no resultado da eleição presidencial de 2022.
Em 28 de outubro daquele ano, dia do segundo turno do pleito presidencial, disputado entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a corporação dirigida por Silvinei realizou blitzes em diversas rodovias do País, com foco no Nordeste, região em que o candidato do PT concentrava mais eleitores, segundo as pesquisas de intenção de voto. O objetivo, segundo as investigações, era obstruir o trânsito de eleitores aos locais de votação, o que poderia beneficiar o então presidente.
Um relatório da PRF divulgado em abril de 2023 mostrou que, entre os dias 28 e 30 de outubro de 2022, quase metade dos ônibus (47%) abordados pela corporação estavam em Estados do Nordeste. Em números absolutos, isso corresponde a 2.185 dos 4.591 ônibus abordados pela corporação no período.
Ordem para blitzes partiu do Alvorada
A orientação para que a PRF atuasse dessa forma, como mostrou o Estadão, partiu do próprio Palácio do Alvorada. A estratégia foi selada em um encontro com a participação de Jair Bolsonaro, realizado no dia 19 de outubro de 2022, a 11 dias da eleição.
Naquele mesmo dia, o ministro do STF Luís Roberto Barroso autorizou prefeituras e empresas concessionárias de todo o País a oferecerem transporte público gratuito no dia do segundo turno. A avaliação na campanha de Bolsonaro era de que o passe livre no dia da eleição favorecia Lula, que aparecia mais intenções de voto entre o eleitorado mais pobre nas pesquisas.
Silvinei Vasques apoiou abertamente a reeleição de Bolsonaro nas eleições de 2022. Ele chegou a pedir votos ao então presidente em uma publicação no Instagram no dia da votação. “Vote 22, Bolsonaro presidente”, disse o então diretor da PRF em uma postagem que foi apagada horas depois.
Réu e aposentado com proventos integrais
Ainda em 2022, Vasques foi convocado a prestar esclarecimentos ao STF sobre a atuação da PRF no dia do segundo turno da eleição. Em novembro, ele se tornou réu na Justiça Federal do Rio de Janeiro, em uma ação de improbidade administrativa na qual era acusado de ter utilizado indevidamente a estrutura pública da PRF para beneficiar Jair Bolsonaro.
A denúncia pedia o afastamento dele como diretor da PRF, mas ele foi exonerado antes de o Judiciário decidir sobre o tema. Em dezembro, ele se aposentou e passou a receber proventos integrais da PRF, com paridade, recebendo ao menos R$ 16,5 mil (topo da tabela salarial da PRF) acrescidos de vantagens. Ele ingressou na PRF em 1995 e deixa a corporação aos 27 anos de carreira de policial rodoviário federal.